Agentes já investigam há mais de cinco meses suspeitas de evasão de dividas e superfaturamento em negócios da petroleira
Tanques de armazenagem de gás natural da Petrobras: serão instaurados
até cinco inquéritos pela PF, todos ligados a negócios da área
Internacional e fechados no passado
Rio de Janeiro - Agentes da Polícia Federal
(PF) já investigam há mais de cinco meses, inclusive com viagens ao
exterior, suspeitas de evasão de dividas e superfaturamento em negócios
da Petrobras.
Há pelo menos três casos envolvidos, dois deles detonados após
reportagens do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência
Estado. Todos os contratos investigados têm origem na área Internacional
da estatal, que durante muitos anos sofreu influência do PMDB, segundo
fontes.
Serão instaurados até cinco inquéritos pela PF, todos ligados a
negócios da área Internacional e fechados no passado. A diretoria foi
ocupada até 2012 por Jorge Zelada, que renunciou ao cargo depois de
Graça Foster assumir a presidência da empresa. Graça, que acumula a
função desde julho de 2012, abriu investigações para apurar condutas
internas. A estatal foi notificada no ano passado sobre as
investigações. A petroleira não comentou o assunto até o início da noite
desta quinta-feira.
O ponto de partida para a PF foi o caso da compra da refinaria de
Pasadena, cuja suspeita de irregularidade foi relevada em julho de 2012
pelo Broadcast e posteriormente investigada pelo Ministério Público
Federal junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Após a conclusão dos
trabalhos, o procurador do MP/TCU Marinus Marsico enviou representação
ao Ministério Público Federal no Rio (MPF/RJ).
O procurador federal da República Orlando Monteiro Espíndola da Cunha
(MPF/RJ) abriu investigação criminal em junho do ano passado, depois de o
Broadcast revelar um segundo negócio suspeito: um contrato de US$ 825
milhões fechado em 2010 pela estatal com a Odebrecht para serviços em
dez países que caiu na auditoria interna da petroleira e foi reduzido
quase à metade no início de 2013.
Segundo a portaria, que cita os dois casos, a investigação envolveria
evasão de divisas e peculato e indício de superfaturamento. Procurado, o
procurador Cunha disse "desconhecer procedimento formal de investigação
no âmbito da Polícia Federal". "Coube a mim a investigação relativa à
Pasadena e eventuais apurações correlacionadas, como já foi amplamente
divulgado. O procedimento encontra-se sob sigilo, no âmbito do MPF".
Agentes da PF já estiveram pelo menos na Holanda e nos Estados Unidos.
As investigações envolvem também países da América Latina. A viagem à
Holanda aconteceu antes de vir à tona na imprensa brasileira o terceiro
caso, ligado à empresa holandesa afretadora de plataformas SBM. As
investigações ligadas à SBM estão em andamento desde 2012 na Holanda e
hoje também são acompanhadas por autoridades da Inglaterra e dos Estados
Unidos.
Odebrecht
Em nota, a Odebrecht disse desconhecer "qualquer investigação da
Policia Federal relacionada às suspeitas de irregularidades na
Petrobras". A empresa "nega veementemente qualquer irregularidade nos
contratos firmados com a empresa, conquistados legitimamente por meio de
concorrências públicas".
"A proposta foi elaborada com base no processo licitatório lançado pela
Petrobras, com informações necessárias para a formação de preços. A
Odebrecht desconhece o relatório da auditoria interna da Petrobras em
relação aos contratos. Esclareça-se que a redução do valor foi
consequência da diminuição do escopo dos contratos, decorrência do plano
de desinvestimentos da Petrobras no exterior, no qual a prestação de
serviços, originalmente prevista para nove países, foi reduzida para
quatro. As obras contratadas já foram concluídas e entregues", diz a
nota da empresa.