quinta-feira, 27 de março de 2014

A bolha estourou

É verdade, o preço de casas e apartamentos nunca foi tão alto. Mas não é lá que está a verdadeira bolha imobiliária brasileira. Prédios comerciais, shoppings e galpões vazios — é aí que está o problema

Ana Luiza Leal e Vicente Vilardaga, de

União da Cargill e Copersucar cria gigante do mercado global


Joint venture deve começar a operar no segundo semestre, reforçando a posição das gigantes do agronegócio mundial

Tadeu Fessel/Divulgação
Copersucar
Copersucar: nova instituição "estaria entre as maiores... se não a maior (trading de açúcar do mundo)", disse o analista Claudiu Covrig da Platts Kingsman

São Paulo - A multinacional do agronegócio Cargill e a brasileira Copersucar anunciaram nesta quinta-feira um acordo para combinar suas atividades globais de comercialização de açúcar em uma joint venture que deve começar a operar no segundo semestre, reforçando a posição das gigantes do agronegócio mundial.

A Copersucar é a maior comercializadora global de açúcar integrada à produção e a maior exportadora brasileira do produto, enquanto a Cargill, com sede nos Estados Unidos e faturamento de 137 bilhões de dólares com diversos negócios agropecuários, origina açúcar nos principais países produtores ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

"É basicamente o braço de mercado da Cargill juntando-se ao braço de produção da Copersucar. São instituições completamente diferentes, então é realmente uma combinação perfeita", disse um analista europeu.

Ambas estão entre as maiores comercializadoras de açúcar, tendo como principais concorrentes a Sucden, Louis Dreyfus e a ED&F Man.

A nova instituição "estaria entre as maiores... se não a maior (trading de açúcar do mundo)", disse o analista Claudiu Covrig da Platts Kingsman.

"A Copersucar é forte internamente (no Brasil), enquanto a Cargill é vista melhor no mercado internacional. A logística da Cargill é fantástica em diferentes commodities, então é um caso de ganha-ganha", disse ele.

Este não é o primeiro negócio do setor de açúcar e álcool a unir uma grande multinacional e uma empresa brasileira. A Raízen, maior exportadora individual de etanol, foi criada por uma joint venture entre a grande produtora de petróleo Royal Dutch Shell e a brasileira Cosan em 2010.

"Elas provavelmente terão alguns ganhos ao combinar as operações logísticas, no mínimo. É preciso ver os detalhes, mas se a Cargill entregar o trabalho de originação à Copersucar e focar no aspecto internacional da venda de açúcar, pode funcionar", disse o chefe da mesa de negociação de uma trading asiática que faz negócio com as duas empresas.

A Copersucar comercializa 8,5 milhões de toneladas de açúcar por ano, com exportações de 6,8 milhões na última temporada, ou cerca de um quarto dos embarques realizados pelo Brasil, o maior produtor e exportador da commodity.

"A operação faz sentido. É interessante que a Cargill havia dito anteriormente que estava obtendo melhor retorno ao reduzir sua originação de açúcar de 6 milhões para 4,5 milhões de toneladas por ano. É difícil fazer dinheiro com o comércio de açúcar, mesmo que você seja grande", disse o diretor da corretora e consultoria Bioagência, Tarcilo Rodrigues.

As duas companhias enfrentaram dificuldades nos últimos anos.

A Copersucar está com a capacidade reduzida em seu gigantesco terminal de exportação de açúcar no porto de Santos (SP), após um incêndio no final do ano passado.

Já a Cargill teve suas atividades de comercialização de açúcar abaladas no final de 2011, quando a unidade foi apontada como uma das responsáveis pelo pior resultado trimestral da empresa em uma década.

O líder de negociação de açúcar Jonathan Drake deixou a Cargill no fim de 2011, sendo substituído por Ivo Sarjanovic, que agora será indicado como presidente-executivo da nova joint venture com a Copersucar.
Operações


Cada companhia terá fatia de 50 por cento na nova empresa, que atuará independente das controladoras na originação e negociação de açúcar bruto e branco. As empresas não mencionaram valores envolvidos na negociação.

A joint venture, que ainda não tem nome definido, depende da aprovação de autoridades regulatórias, que é esperada para a segunda metade do ano, segundo nota conjunta da Cargill e da Copersucar.

Os negócios de etanol e os ativos fixos das duas empresas, como terminais e usinas, não farão parte da transação.

A Copersucar também é a maior comercializadora mundial de etanol, após ter assumido no fim de 2012 o controle da trading norte-americana de combustíveis Eco-Energy.

As atividades de trading de açúcar da nova empresa serão sediadas em Genebra, na Suíça.

A joint venture terá escritórios em Hong Kong, São Paulo, Miami, Delhi, Moscou, Jacarta, Xangai, Bangkok e Dubai, mesmas cidades onde a unidade de açúcar da Cargill já tem atuação.

"Com a nova empresa, a Copersucar reforça sua estratégia de consolidar sua presença global no mercado de açúcar. A Copersucar também reforça seu modelo de negócios diferenciado, baseado na oferta em larga escala, capacidade logística e integração de todos os elos da cadeia, dos produtores aos clientes", disse em nota o presidente do Conselho de Administração da Copersucar, Luis Roberto Pogetti.

O brasileiro será o primeiro presidente rotativo do Conselho de Administração da nova sociedade.

"Acreditamos que a sólida capacidade analítica de nossas equipes de trading e comercialização combinada com a presença global dessa nova joint venture oferecerá aos nossos clientes um entendimento único do mercado global", disse o vice-presidente corporativo da Cargill, Olivier Kerr.

A Copersucar, que une a produção de quase 100 usinas de açúcar no Brasil, tem receita líquida anual de quase 15 bilhões de reais.

A gigante Cargill, uma das maiores empresas do mundo com capital fechado, opera no Brasil o Terminal de Exportação de Açúcar a Granel (Teag), no complexo portuário de Santos, em conjunto com outras empresas.

Atuando no Brasil desde 1965, a Cargill é uma das maiores indústrias de alimentos do país. Com sede em São Paulo, a empresa está presente em 16 Estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em cerca de 150 municípios, e com mais de 9 mil funcionários.

Entre as áreas de atuação globalmente, a empresa é uma das líderes na comercialização e processamento de grãos e oleaginosas, entre outros produtos como o açúcar.

Bovespa sobe mais de 3% após pesquisa CNI/Ibope


Índice da Bolsa de São Paulo teve a maior alta em quase sete meses

Alexandre Battibugli/EXAME
Telão da Bovespa
Telão da Bovespa: segundo dados preliminares, o Ibovespa subiu 3,35 por cento, a 49.573 pontos

São Paulo - A Bovespa teve sua maior alta em quase sete meses nesta quinta-feira, em um pregão de grande volume financeiro, com investidores indo às compras após pesquisa CNI/Ibope mostrar que a aprovação do governo Dilma Rousseff caiu em março, apesar da presidente ainda manter liderança em pesquisas eleitorais.

Segundo dados preliminares, o Ibovespa subiu 3,35 por cento, a 49.573 pontos, sua maior valorização desde 2 setembro de 2013, quando avançou 3,65 por cento. O giro financeiro do pregão foi de 9,3 bilhões de reais.

Especialistas alertam para pontos polêmicos do Marco Civil

A discussão em torno da aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Marco Civil da Internet ficou por conta das regras polêmicas que foram mantidas no texto. Entre as mais citadas pelos advogados consultados pela ConJur foram em relação a neutralidade de rede, responsabilidade civil dos usuários e localização de data centers.

O PL 2126/2011, com 32 artigos, estabelece direitos e deveres para usuários e provedores e foi aprovado nessa terça-feira (26/3) na Câmara. O projeto segue agora para votação no Senado Federal. Mesmo após a aprovação, alguns pontos aguardam regulamentação específica por meio de decretos, como a própria neutralidade da Rede e os procedimentos para apuração das infrações dos provedores de conexão.
O governo federal abriu mão da tentativa de obrigar que provedores tenham data centers no Brasil para armazenar dados de navegação em território nacional, com o objetivo de facilitar o acesso a informações em casos específicos.

O advogado Caio Lúcio Montano Brutton, especializado em Direito das Relações de Consumo e sócio do Fragata e Antunes Advogados, considera o projeto positivo, porque ratifica garantias constitucionais, como a livre concorrência, a defesa do consumidor e a proteção da privacidade. “Foi, enfim, suprimida a esdrúxula e inócua ideia de manutenção de data centers em solo brasileiro, para armazenamento de dados”, diz.

Nesse caso, segundo Fábio Pereira, sócio do Veirano Advogados, o intuito do artigo 25, inciso VII, era o de permitir ao governo o rápido acesso aos dados de navegação dos infratores, que ainda devem ser armazenados. No entanto, “a dificuldade técnica da instalação dessa infraestrutura no Brasil, bem como reclamações de alguns setores, levaram o Plenário a reconsiderar tal medida, de modo que as empresas não precisarão fazer altos investimentos na criação de tal infraestrutura, desde que dados estejam acessíveis se requeridos judicialmente”, afirmou.

Em relação a neutralidade da rede, a Câmara determinou que os usuários sejam tratados da mesma forma pelas empresas que gerenciam conteúdo e pelas que vendem o acesso à internet. O relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), mudou trecho que concede à Presidência da República o poder de regulamentar exceções à neutralidade da rede por decreto. Essa possibilidade ficou restrita a exceções citadas expressamente na lei: serviços de emergência e por razões técnicas, com submissão à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e ao Comitê Gestor da Internet.

Sobre a responsabilidade dos provedores pelos conteúdos publicados, outra polêmica do texto, o substitutivo manteve o entendimento de que eles só serão considerados responsáveis por ofensas na rede caso descumpram ordem judicial mandando retirar o conteúdo. A exceção fica para imagens e vídeos com cenas de nudez ou sexo. Nesse caso, as empresas serão responsabilizadas subsidiariamente por conteúdo veiculado por terceiros se ignorarem notificação apresentada por um participante da cena em questão ou por seu representante legal.

Segundo Fábio Pereira, até hoje, a apuração de atos ofensivos e a atribuição de responsabilidade pelos danos causados na internet vem sendo discutida caso a caso, de modo que a lei oferece pouca segurança com relação aos limites da responsabilidade de cada um dos provedores de serviços, entre eles provedores de acesso, provedores de conteúdo ou de aplicações.

Dessa forma, de acordo com o advogado, as empresas que atuam no meio digital estarão amparadas por maior segurança jurídica já que os artigos 19 a 21 da versão aprovada o projeto preveem que não se iniba a liberdade de expressão, mas explicitam quais as consequências para a violação de direitos por terceiros — o provedor de acesso ou de conteúdo deverá ser notificado judicialmente para a retirada do conteúdo ofensivo, sob pena de responsabilização, sem prejuízo à extensão da aplicação de sanção ao terceiro causador do dano.

A advogada Tânia Aoki Carneiro, do Marinangelo & Aoki Advogados, defende a revisão da questão sobre responsabilidade dos provedores pelos danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. O texto estabelece que o provedor somente será responsável se, após ordem judicial, não tomar as providências para tornar indisponível o conteúdo ofensivo.

“Ao invés de conduzir a questão para o Poder Judiciário, deveria ser incorporado o entendimento no sentido de que, ao ser comunicado da existência de texto ou mensagem ofensiva, o provedor deve retirar o material do ar imediatamente, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano.” De acordo com a advogada, esse entendimento da matéria preservaria os direitos do ofendido, sem a necessidade de intervenção do Poder Judiciário, “devendo serem sopesados os casos em que houver dúvida a respeito da ilicitude do conteúdo”, afirma.

Segundo o advogado Marcelo Tostes, sócio fundador do escritório Marcelo Tostes Advogados, a regulação genérica de pontos como a responsabilização solidária de provedores por conteúdo publicado por usuários e terceiros, o arquivamento de informação privada e a obrigação de guarda de dados em aplicativos, gera insegurança jurídica e aumenta os custos para todas as empresas atuantes no setor, “inclusive as estrangeiras, que terão que adaptar seus serviços exclusivamente para atender a uma legislação que ainda não estabelece de forma clara como os seus objetivos básicos, elencados no artigo 2º, devem ser atendidos”. O especialista considera, assim, que o Senado deve recepcionar o projeto “com cautela, para melhor aparar as arestas e lacunas que ainda permanecem, de forma a proteger direitos de todos os envolvidos – dos usuários aos provedores”.

O advogado Omar Kaminski citou também o artigo 15 que determina a necessidade do provedor de serviços de aplicativos guardar registros dos usuários por seis meses, e os provedores de conexão por um ano. Porém é vedado ao provedor de conexão a guarda de registro de acesso a aplicativos.

Segundo ele, essa exigência é necessária para a identificação de ilícitos cibernéticos por exemplo, mas em vários casos servirá para identificar coisas, e não efetivamente pessoas. “É um projeto ainda anacrônico no quesito privacidade, porque de um lado a defende e reforça, e de outro oferece potenciais vias de desrespeito ou violação a intimidade por essa via do "grampo", do quem fez o que, e quando", disse.

Em nota, o Google disse que sempre apoiou o Marco Civil da Internet, “resultado de um rico debate que levou a um projeto de lei moderno, composto de princípios reconhecidos globalmente.” Segundo a empresa, o resultado poderá se consolidar como um “sólido arcabouço para fomentar uma Internet livre e equilibrada, terreno fértil para inovação e liberdade de expressão, que contempla adequadamente todos os participantes do ecossistema online, assegura a proteção da rede, fomenta a inovação online e protege os direitos dos usuários”, afirmou.

O presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), José Horácio Halfeld Rezende Ribeiro, afirmou que uma lei como esta deve evitar o conflito com a Constituição Federal, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor. Ele lembra que muitos pontos destacados nos eixos constantes no site criado pelo Ministério da Justiça, como, por exemplo, a inviolabilidade do sigilo da correspondência e comunicações, já têm proteção, inclusive constitucional. “No que tange ao direito ao anonimato, o artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal, é explícito ao estabelecer que ‘é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato’”, observa.

*Notícia alterada às 9h50 do dia 27 de março de 2014 para correção de informações.

BC prevê que economia do país vai crescer 2% e preços vão subir 6,1%


Do UOL, em São Paulo



O Banco Central acredita que a economia brasileira vá crescer 2% neste ano, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto). A perspectiva foi divulgada nesta quinta-feira (27), no relatório trimestral de inflação do BC. 

No ano passado, o PIB brasileiro avançou 2,3% --exatamente o que era esperado pelo BC, segundo seu último relatório de inflação, divulgado em novembro.

A expectativa para a inflação oficial subiu: de acordo com o BC, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) ficará em 6,1% no final deste ano. A estimativa anterior era de 5,6%. 

O BC trabalha para que a média de alta dos preços seja de 4,5% em cada ano, mas há uma tolerância de dois pontos porcentuais para mais ou para menos (ou seja, aceita-se uma inflação entre 2,5% e 6,5%), de acordo com o sistema de metas de inflação.

Para projetar o PIB e a inflação, o BC considera que o dólar deve estar no patamar de R$ 2,35 e a Selic, a taxa básica de juros, em 10,75% ao ano. Este é o chamado "cenário de referência".

O BC também piorou a sua estimativa para a inflação em 2015, a 5,5%, um pouco acima da medida anterior (5,4%). A estimativa é que ela fechará o primeiro trimestre de 2016 em 5,4%.

Pão, carro e novela entram na conta; clique na imagem e entenda

  • Raphael Salimena/UOL

Avaliação do cenário econômico

O BC afirmou no relatório que as expectativas do mercado para a inflação pioraram, uma vez que os preços têm subido nos últimos meses.

Além disso, os investidores estão inseguros com relação ao reajuste de preços dos combustíveis e de alguns serviços públicos, como a eletricidade.

"A esse respeito, o Comitê tem agido no sentido de fazer com que a elevada variação dos índices de preços observada nos últimos doze meses seja percebida pelos agentes econômicos como um processo de curta duração", afirma o relatório do BC.

A nota também destaca que a alta nos preços de alimentos, a princípio, se trata de "choque temporário e que tende a se reverter nos próximos meses".

Relatório de inflação

O relatório de inflação é publicado a cada três meses pelo Banco Central, e serve como uma espécie de termômetro sobre os rumos futuros da política econômica do BC.

No relatório, o BC avalia o desempenho do regime de metas para a inflação e aponta suas perspectivas para o futuro, com relação ao comportamento dos preços dos bens de consumo.

Estes relatórios ajudam a orientar as decisões do Copom (Comitê de Política Monetária), que determinam, entre outras coisas, a taxa básica de juros do país.

Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne novamente. O mercado espera mais uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros. Para maio, também já existem apostas de outro movimento igual, o que levaria a Selic a 11,25%.
(Com Reuters)


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PIB daria para comprar seis PlayStation 4 para cada brasileiro; compare

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SEIS PLAYSTATION 4 PARA CADA BRASILEIRO - Com a soma de todas as riquezas produzidas no Brasil em 2013 daria para comprar seis PlayStation 4 para cada brasileiro. O videogame começou a ser vendido no Brasil por R$ 3.999 e, segundo o IBGE, o Brasil tem 201.032.714 de habitantes Divulgação/Arte UOL
 
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Mantega já falou em PIB de até 4%; veja idas e vindas do governo

12.nov.2012 - "O Brasil voltou a avançar no segundo semestre de 2012 e terá condições de ter um crescimento econômico acima de 4% em 2013", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, para que isso acontecesse, os investimentos deveriam crescer entre 8% a 10% em 2013 na comparação com 2012 Leia mais Arte/UOL

Governo concluiu só 11% das ações para saúde do PAC 2, denuncia CFM

Do UOL, em São Paulo
Apenas 11% das ações previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para a área da saúde foram concluídas desde 2011, ano de lançamento da segunda edição programa. Das 24.066 ações sob responsabilidade do Ministério da Saúde ou da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), pouco mais de 2.500 foram finalizadas até dezembro do ano passado. A denúncia foi realizada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), nesta quinta-feira (27), que, a partir dos relatórios oficiais do programa, fez críticas ao baixo desempenho dos projetos.

De acordo com o CFM, metade das mais de 24 mil ações programadas para o período de 2011 a 2014 permanece nos estágios classificados como "ação preparatória" (estudo e licenciamento), "em contratação" ou "em licitação".

Enquanto isso, 9.509 ações constam em obras ou em execução, quantidade que representa 39% do total. Na avaliação de Vital, mesmo que o Governo Federal consiga concluir os projetos em andamento, o programa chegará ao fim deste ano sem cumprir a metade do prometido.

Entre as regiões do país, a que apresentou pior resultado percentual de execução foi o Sudeste, onde o governo conseguiu concluir somente 318 (7%) das 2.441 obras previstas. Na sequência aparece o Nordeste, que apesar de concentrar o maior volume absoluto de obras – mais de 11 mil –, teve apenas 1.119 (10%) empreendimentos concluídos nos últimos três anos. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, o percentual de conclusão oscila entre 11% e 12%, respectivamente. Já os Estados do Norte tiveram um resultado relativamente melhor, mas considerados mínimos pelo conselho. Somente 464 (10%) das 2.861 ações foram concluídas.

As informações levantadas pelo CFM com base nos relatórios do próprio governo englobam investimentos previstos pela União, empresas estatais, iniciativa privada e contrapartida de Estados e municípios em projetos de construção e de reforma de UBS (Unidades Básicas de Saúde), UPA (Unidades de Pronto-Atendimento) e ações de saneamento. O levantamento consolida dados do 9º balanço oficial do PAC 2, divulgado em março deste ano.

Nesses três anos, foram contratadas a construção ou ampliação de 15.638 UBSs, das quais 33% estão em obras e 1.404 (9%) foram concluídas. No mesmo período, foram contratadas 503 UPAs, das quais 14 (3%) foram entregues. Também constam no programa iniciativas de saneamento voltadas a qualidade da saúde em áreas indígenas, rurais e melhorias sanitárias nas cidades. Dentre as quase 8.000 ações em saneamento geridas pela Funasa, 14% foram entregues até dezembro do ano passado.


Valores


No monitoramento do PAC, embora o critério de valores investidos seja indicado pelo governo como o "mais adequado", os resultados na área da saúde continuam críticos, segundo o CFM. Ao todo, o governo estima investir R$ 7,4 bilhões no PAC Saúde entre 2011 e 2014. Até agora, no entanto, os empreendimentos concluídos representam só 8% (R$ 624 milhões) desse valor. Sem as ações de saneamento, o cálculo estimado passa a ser de R$ 4,9 bilhões, com percentual de 4% (R$ 220 milhões) investidos.

Para a construção de novas UBSs, estão previstos cerca de R$ 3,9 bilhões no período, dos quais 5% (R$ 192 milhões) correspondem às obras já entregues. Nas UPAs, os investimentos em unidades concluídas somam R$ 28 milhões – 2% do investimento previsto (R$ 1 bilhão). Já as ações em saneamento totalizam R$ 404 milhões, montante que representa 16% dos R$ 2,5 bilhões estimados.


Falta de investimento


Em comunicado, o CFM afirma que o baixo índice de execução do PAC 2 para a área da saúde não é surpreendente, pois em 2013, dos R$ 47,3 bilhões gastos com investimentos pelo Governo Federal, o Ministério da Saúde e suas unidades vinculadas – dentre elas a Funasa – foram responsáveis por apenas 8% dessa quantia. Com base em dados do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), o CFM conta que, dentre os órgãos do Executivo, a Saúde aparece em quinto lugar na lista de prioridades no chamado "gasto nobre".

Isto significa que as obras em rodovias, estádios e mobilidade urbana ficaram à frente da construção, ampliação e reforma de unidades de saúde e da compra de equipamentos médico-hospitalares para atender o SUS (Sistema Único de Saúde).  Do total de R$ 9,4 bilhões disponíveis para investimentos em unidades de saúde em 2013, o governo desembolsou somente R$ 3,9 bilhões, incluindo os restos a pagar quitados (compromissos assumidos em anos anteriores rolados para os exercícios seguintes).

Nos últimos 13 anos (2001 a 2013), foram autorizados no Orçamento Geral da União para o Ministério da Saúde mais de R$ 1 trilhão, em valores corrigidos pela inflação do período. Deste montante, R$ 894 bilhões foram efetivamente aplicados e R$ 111 bilhões deixaram de ser gastos. Dentro destes recursos, R$ 80,5 bilhões estavam previstos especificamente para investimentos, dos quais R$ 47,5 bilhões deixaram de ser investidos. O conselho estima que, de cada R$ 10 previstos para a melhoria da infraestrutura em saúde, R$ 6 deixaram de ser aplicados.

O CFM calcula ainda que com esses R$ 47,5 bilhões, seria possível adquirir 386 mil ambulâncias (69 para cada município brasileiro); construir 237 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) de porte I (43 por cidade); edificar 34 mil Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de porte I (seis por cidade) ou, ainda, aumentar em 936 o número de hospitais públicos de médio porte.


Outro lado


Em nota, o Ministério da Saúde informou que atualmente existem 23.450 obras relacionadas à construção e ampliação de Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA), obras de saneamento básico e programa Água para Todos, esses dois últimos da Funasa. Destas, 6.353 são projetos recentes de UPA e UBS aprovados ainda no segundo semestre de 2013, portanto, o gestor local ainda está em fase de preparação para início das obras. Outras 14.104 já foram concluídas ou com obras iniciadas.

"É importante esclarecer que, diferentemente de outras obras do PAC, onde a execução é realizada diretamente pelo governo federal, a construção de UPA, UBS e obras de saneamento são executadas através dos Estados e principalmente dos municípios. Para auxiliar os gestores locais nesse processo, o Ministério da Saúde, desde agosto de 2013, oferece projetos arquitetônicos padrões para UPA e UBS, disponibilização de ata e registro de preço nacional para aquisição de equipamento para UPA e UBS e registro de preço nacional de para construção de UBS", declara o ministério.

Com relação às obras de saneamento, o ministério afirmou que a Funasa informa que essas obras têm duração média de quatro anos. Portanto, as obras referentes ao PAC 2, ou seja, aquelas iniciadas no fim de 2011, estão dentro do prazo médio previsto. No comunicado, o Ministério da Saúde aponta que, das obras da Funasa, 84% estão concluídas ou em fase de obras.
Em relação aos recursos, o ministério afirma que, somente em 2013, foram repassados aos Estados e municípios R$ 57,4 bilhões para pagar o atendimento de equipes da Atenção Básica, ofertar medicamentos e vacinas, além de tratamento oncológico, cirurgias e internações realizados no SUS (Sistema Único de Saúde). "O orçamento executado pelo Ministério da Saúde mais que dobrou na última década, passando de R$ 28,3 bilhões (2002) para R$ 92,7 bilhões (2013)", relata a pasta.

No comunicado, o Ministério da Saúde aponta, ainda, que investiu nos últimos 12 anos R$ 5,7 bilhões acima do que prevê a Constituição, o que fez com que isso permitisse o crescimento de 109% no números de UPAs em funcionamento desde 2011, são 303 unidades atualmente. "O número de ambulâncias do SAMU cresceu 56% em relação a 2010, são 2.867 veículos. Atualmente, 39 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) prestam atendimento à população, sendo que 10,1 mil unidades foram financiadas para construção desde 2011", relata em nota.

Aprovação ao governo Dilma cai 7 pontos percentuais, diz CNI/Ibope


Bruna Borges
Do UOL, em Brasília
  • Beto Barata - 13.mar.2014/Folhapress
    A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff caiu, de acordo com pesquisa CNI/Ibope A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff caiu, de acordo com pesquisa CNI/Ibope
O índice de aprovação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) caiu sete pontos percentuais, para 36%, de acordo com a pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Ibope, divulgada na manhã desta quinta-feira (27). O levantamento revela a avaliação da população sobre o desempenho do governo federal e a atuação da presidente.

Na última pesquisa, divulgada em dezembro passado, 43% dos entrevistados aprovavam o governo Dilma. Após a brusca queda na pesquisa de julho de 2013, feita após a onda de manifestações que tomou o país e a aprovação chegou a 34%, esta é a segunda queda na popularidade do governo na série histórica da pesquisa.

Ainda de acordo com a pesquisa, a aprovação à maneira de governar caiu de 56% para 51%.

O índice de confiança na presidente caiu no limite da margem de erro, de 52% para 48%.

A pesquisa aponta que houve o descontentamento aumentou mais com relação às políticas econômicas, que tratam de inflação e desemprego.

Entre os entrevistados, o índice dos que consideram o governo Dilma ruim ou péssimo aumentou de 20% para 27%.

Ainda de sobre a avaliação pessoal da presidente, o índice dos que desaprovam a maneira de governar subiu de 36% pata 43%. A pesquisa aponta que a queda da aprovação foi mais intensa entre os entrevistados com renda familiar mais elevada (acima de cinco salários mínimos), entre os mais jovens (com 16 a 24 anos) e entre os residentes em municípios pequenos (com até 20 mil habitantes.

Segundo a pesquisa, em nenhuma das nove áreas de atuação avaliadas o percentual dos que aprovam supera o dos que desaprovam as ações do governo. São analisadas as áreas de educação, saúde, combate ao desemprego, segurança pública, combate á fome e à pobreza, meio ambiente, impostos, combate à inflação e taxa de juros.

Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 141 municípios, entre os dias 14 e 17 deste mês, para este levantamento. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa foi registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sob o número BR-00053/2014.


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Dilma Rousseff

25.mar.2014 - A presidente Dilma Rousseff (PT) assinou nesta terça-feira (25), em São José dos Campos, São Paulo, a ordem de serviço para o início da construção de 1.461 unidades habitacionais destinadas a famílias despejadas da área do Pinheirinho em 2012. As unidades fazem parte do programa federal Minha Casa, Minha Vida Roberto Stuckert Filho/PR