RIO - (Atualizada às 11h15)
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve expansão de 0,1% no
terceiro trimestre, comparado ao segundo trimestre deste ano, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o
país sai da chamada “recessão técnica”, quando há dois trimestres
consecutivos de queda da atividade econômica. No segundo trimestre deste
ano, o PIB teve contração de 0,6%, dado mantido. No primeiro trimestre,
houve queda de 0,2%.
O resultado ficou abaixo da estimativa média apurada pelo Valor Data
junto a 19 consultorias e instituições financeiras, que apontava
crescimento de 0,2% no PIB do período. As projeções variaram de queda de
0,6% a alta de 0,5%. O percentual do terceiro trimestre também veio
abaixo do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br),
considerado uma prévia do PIB e que mostrou expansão de 0,59% sobre o
período de abril a junho de 2014.
O crescimento de 0,1% na comparação com o segundo trimestre pode ser
considerado uma estabilidade. "É uma variação positiva, mas não é um
crescimento", disse a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Tampouco o IBGE considera que o país estava em “recessão técnica”. O
diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, voltou a afirmar que o
instituto não usa o conceito. "Este termo é usado fora de qualquer
padrão de normatização estatística. O conceito de recessão é complicado e
envolve muitas outras variáveis", disse.
Comparação anual
No confronto do terceiro trimestre deste ano com o mesmo período do
ano passado, houve queda de 0,2% no PIB. A média das estimativas do Valor Data apontava recuo de 0,2%, com intervalo entre alta de 0,1% e queda de 0,5%.
A queda na arrecadação de impostos teve uma influência negativa. Na
comparação com o terceiro trimestre de 2013, o recolhimento de impostos
sobre produtos caiu 1,3%. É o segundo consecutivo em queda e se explica
porque atividades econômicas que pagam muito imposto, como a indústria,
tiveram mau desempenho no trimestre.
O volume dos impostos sobre produtos caíram mais do que o valor
adicionado. Segundo Rebeca Palis, o ICMS e IPI tiveram queda no
trimestre. "O recuo maior do que o registrado no valor adicionado puxou
para baixo um pouco também o PIB na comparação interanual", explicou.
Oferta
Já a agropecuária caiu 1,9%, resultado abaixo da projeção média de queda de 0,6%.
Demanda
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias caiu 0,3% no terceiro trimestre deste ano, ante o segundo.
Já o consumo do governo aumentou 1,3% e a formação bruta de capital
fixo (FBCF - que representa o investimento em máquinas e equipamentos e
na construção civil) subiu 1,3% entre julho e setembro, sobre abril a
junho, feitos os ajustes sazonais.
Por fim, a taxa de investimento atingiu 17,4% do PIB no terceiro trimestre.
Analistas consultados pelo Valor Data estimaram alta
de 0,2% para o consumo das famílias, avanço de 1,2% no consumo do
governo e aumento de 1,3% na formação bruta de capital fixo.
Setor externo
No setor externo, as exportações cresceram 1%, segundo o IBGE,
enquanto as importações cresceram de 2,4% no terceiro trimestre, sobre o
segundo.
A média apurada pelo Valor Data foi de aumento de 0,7% para as exportações e crescimento de 2,2% para as importações.
(Alessandra Saraiva e Elisa Soares | Valor)