sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Dificuldade para inovar é a grande barreira da empresa familiar


Estudo da PwC mostra que famílias empresárias precisam abrir mão de certas tradições para se manterem competitivas no mercado

Da Redação


1-home1-1912A sétima edição da pesquisa “Empresa familiar: o desafio da governança” realizada pela consultoria PwC em 40 países, revelou que as empresas familiares brasileiras , apesar de todas as dificuldades econômicas do país, têm perspectivas otimistas em relação ao seu desempenho nos próximos cinco anos. Cerca de 76% das 121 entrevistadas preveem um crescimento contínuo durante o período. A maioria delas (79%), registrou crescimento nos últimos 12 meses - um índice, inclusive, acima da média global constatada pelo mesmo estudo, que foi de 65%.

Mas para manter o fôlego e crescer, as empresas familiares no Brasil vão ter que lidar com questões tradicionalmente delicadas para elas. Um dos principais desafios elencados pelos entrevistados é a necessidade de constante inovação. Assim como na edição da pesquisa de 2012, 71% das empresas acreditam que este é um fator fundamental para se manterem competitivas no mercado. “Provavelmente, o apelo decorrente do acelerado ritmo de transformações que estamos vivendo e da chegada das novas gerações mais identificadas com novos modelos, métodos e tecnologias é que está despertando atenção para a importância de inovar”, afirma Fábio Abreu, sócio da PwC Brasil.

No entanto, os analistas da PwC observam que, na prática, as empresas familiares, em todo o mundo, continuam apresentando resistência a mudanças. Elas possuem dificuldade de repensar suas atividades ou reestruturar o modelo de negócio. Nas empresas que estão sob o comando da terceira e quarta gerações, a aversão ao risco é ainda maior. Com a responsabilidade de manter o sucesso do negócio, os sucessores preferem estratégias mais seguras e tradicionais a empreender e inovar. Também mostram maior resistência à entrada de executivos de fora da à família.

A sucessão e a profissionalização da gestão são outros aspectos que a empresa familiar precisa administrar para garantir uma trajetória ascendente. Na pesquisa da PwC, somente 11% das brasileiras relataram ter um plano de sucessão bem estruturado. Para Abreu, o percentual reflete a falta de um planejamento de longo prazo. “Este tipo de prática [planejamento] faz com que a empresa esteja preparada para o futuro, seja ele qual for”, atenta. Na opinião de Mary Nicoliello, diretora da PwC Brasil e especialista em empresas familiares, para que o negócio perdure por muitas gerações, é importante que os membros da família participem do plano de desenvolvimento do negócio como um todo. “As futuras gerações de gestores e líderes das empresas familiares devem ser contempladas com um plano de carreira desde cedo, para que se sintam parte importante da empresa, não só da família. Assim, a chance de o herdeiro se interessar pelo negócio e, posteriormente, querer assumir a gestão são muito maiores”, analisa Mary.

No caso da profissionalização, 46% das empresas brasileiras admitiram a necessidade de iniciar o processo. As mais novas são as que demonstram maior interesse. Porém, em seu relatório, a PwC identifica que falta aos negócios familiares a percepção de que a profissionalização não se resume somente à contratação de gestores de fora. “Trata-se de conferir à administração familiar processos, estrutura e disciplina para que consiga inovar, diversificar-se de modo mais eficiente, exportar mais e crescer rapidamente. Em resumo, alcançar os seus objetivos principais: assegurar um futuro no longo prazo e melhorar a lucratividade”, aponta a análise da consultoria.

Para ter acesso ao estudo completo, clique aqui. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

De fabricante de cestos a dona do Ibope, quem é a WPP


Simon Dawson/Bloomberg
Martin Sorrell, da WPP
Martin Sorrell, da WPP: Ser a líder mundial é um objetivo constante da história do grupo, que começou como fabricante de cestos de metal e virou multinacional de comunicação
São Paulo - A Kantar Media, braço do grupo WPP responsável por gestão de informação, anunciou ontem, 17, que adquiriu o controle do Ibope Media. Assim, a empresa britânica se posiciona como líder em medição de audiência de televisão. 

O Ibope Media, comprado da família Montenegro, está presente em 16 países, com 3.500 funcionários. O grupo britânico já tinha participação de 44% na brasileira desde 1997, segundo comunicado.

O grupo amplia sua presença na América Latina para brigar contra sua rival o instituto alemão GfK. Em 2013, o instituto assinou uma carta de intenções com as emissoras SBT, Record, RedeTV! e Band para medir a audiência a partir de 2015. 

Nos últimos meses, o Kantar Media adquiriu as empresas Data Republic, Precise e a unidade de áudio da Civolution, com o objetivo de se tornar líder em pesquisa. Aquisições estão no cerne do crescimento do grupo WPP desde sua criação. 


De fabricante de cestos a líder global


A história da companhia começou em mercado completamente diferente. A Wire and Plastic Products foi criada no Reino Unido em 1971, para produzir objetos de cestas de metal. Em 1985, Martin Sorrell, seu atual presidente, entrou em cena,  ao comprar uma participação de 30% por US$ 676 mil. 

O objetivo de Sorrell nunca foi fabricar cestas, ainda que esse setor ainda esteja ativo no grupo até hoje. Ele estava apenas buscando uma empresa pequena, já listada na bolsa, para transformá-la em uma multinacional de serviços de marketing.

A empresa foi renomeada para WPP Group e dois anos depois Sorrell se tornou diretor executivo. Com uma série de aquisições, começou a reunir oportunidades em comunicação e marketing.

Apenas dois anos depois de ter sido adquirida por Sorrell, a WPP passou a fazer aquisições milionárias. Em 1987, comprou o J. Walter Thompson Group por US$ 566 milhões, já iniciando sua atuação no setor de dados e pesquisa de mercado.

Em 1988, o grupo foi listado na Bolsa de Nova York e, no ano seguinte, realizou uma das maiores aquisições do setor de marketing em 1989, ao comprar o gurpo Ogilvy por US$ 864 milhões. 

As empresas de pesquisa Millward Brown, brasileira, e Research International também entram para o grupo, além de outro gigante, o Young & Rubicam Group.

Em rápida expansão, adquiriu dezenas de empresas nos anos seguintes. Formou aliança com a Asatsu-DK Inc, a terceira maior agência de publicidade do Japão e passa a fazer parte da lista FTSE 100 Index, da Bolsa de Londres.

Entrou no mercado chinês, coreano e taiwanês e, mais recentemente, na Rússia. Investiu em agências inovadoras para conteúdo digital, como a AKQA, e em mercados emergentes.

Já são mais de 350 empresas combinadas pelo grupo. Agora, o seu objetivo é se fortalecer na América Latina.

Mundialmente, sua concorrente é o grupo Publicis Omnicom, a fusão das empresas francesa e norte-americana. Com a aliança, o grupo ultrapassou a WPP, se tornando líder do mercado com uma gigante de US$ 35 bilhões.

11 filmes, livros e séries para curtir na folga do fim de ano


São obras que vão ocupar seus dias e, de quebra, acrescentar algum conteúdo


Fábio Zugman,  
 
 
Reprodução

Estamos chegando àquela época da piada do “pavê ou pracomê”, dos comentários sem noção direcionados aos nossos cônjuges, de virar alvo do julgamento daquelas tias de quem você tanto gosta. Sim, caro leitor, se está lendo isso, parabéns, você sobreviveu mais um ano e, salvo algum azar muito grande, pulará deste ano para o próximo com toda a pompa que o evento merece.

Provavelmente, também enfrentará horas de fila, viagens e discussões interessantes sobre o último exame ginecológico daquela parente distante. Se você quer dicas para passar o tempo, evitar situações sociais desagradáveis ou ter uma desculpa para passar alguns momentos a sós, seus problemas acabaram. Segue uma lista de livros, séries e filmes para alegrar seu fim de ano e fazer pensar um pouco na vida:

Filmes

1. Idiocracia (2006): Nos velhos tempos, quando os seres humanos andavam pelos campos, a seleção natural dava conta de mandar uns tigres para se livrar dos mais bobinhos. 500 anos no futuro, com a tecnologia resolvendo tudo e sem pressões da natureza, resta sentar em uma poltrona e ver TV o dia inteiro. Se você quer uma comédia de humor negro, falando de populismo, acomodação e as maravilhas do mundo moderno, vá até a locadora e seja feliz. 

2. Shaun of The Dead (2004): Antes de zumbis entrarem na moda, essa clássica comédia inglesa já era imbatível. O início do filme – em que os personagens, acostumados a todo mundo se arrastando e resmungando no dia a dia, não percebem que as pessoas estão se transformando em zumbis – continua sendo uma das melhores observações sobre a vida moderna que você vai ver na telinha. Tudo na tradição do melhor humor britânico.

3. Guardiões da Galáxia (2014): Por que não aproveitar as férias e relaxar com o melhor filme de ação do ano? Pegue uma pipoca e não pense demais enquanto vê uma árvore falante ajudar a salvar a galáxia. 

4. Herói (2002): Sempre é bom rodar um pouco o mundo. Esse filme, inspirado em uma lenda chinesa real e com Jet Li impecável, é ótimo para quem quer “perder tempo” na televisão com algo de conteúdo.

Livros

5) Zero to One (Peter Thiel): Faz tempo que não lia um livro que realmente tem algo diferente a dizer sobre empreendedorismo. Thiel é um dos mais respeitados empreendedores do Vale do Silício. O livro é baseado em um curso de empreendedorismo que deu por lá. O autor criou uma bolsa de estudos que motiva as pessoas a saírem da faculdade para perseguir suas ideias de negócio. Então não espere perder seu tempo com teorias furadas e longas explicações.

6) Scarcity (Mullainathan e Shafir): Quem é familiar com o campo de finanças comportamentais vai reconhecer muita coisa. Ainda assim, a visão dos autores é inovadora. O livro é um estudo sobre a “escassez”, ou como as pessoas se viram quando têm pouco tempo, dinheiro, comida e assim por diante. 

7) 1984 (George Orwell): Porque em ano que teve eleição, impossível não pensar nele.

8)  Busque Dentro de Você (Chade-Meng Tan): Sempre procuro ler uma ou outra coisa diferente, e esse livro foi uma boa surpresa. Apesar de livros de autoajuda me irritarem, esse tem o mérito de tratar a meditação de forma nova e aplicada ao mundo real. Um livro de meditação escrito por um engenheiro pode trazer bons resultados para quem está querendo fazer mudanças pela frente.

Séries

9) Como séries são a nova onda para passar o tempo na frente da TV, porque não assistir a Battlestar Galactica (2004 - 2009) e conhecer aquela que é considerada umas das melhores séries de ficção científica de todos os tempos?

10) Para acompanhar, se você ainda não viu, é hora de conhecer as manobras políticas de Frank Underwood em House of Cards.

11) Finalmente, a série Vikings é uma boa pedida para quem procura por algo diferente ou está com saudades de Game of Thrones.

Conheça a Nova Terceira Idade: um mercado com mais de 20 milhões de brasileiros e de 1 trilhão de reais


Italo Rufino - 10 de dezembro de 2014
Maria Correia, 70, com José Arcas, 76, o namorado com quem ela divide a porção de pastel com Malzebier (foto: Kalinca Maki).
Maria Correia, 70, com José Arcas, 76, o namorado com quem ela divide a porção de pastel com Malzebier (foto: Kalinca Maki).
 
A funcionária pública aposentada Maria Ruiz Correia, 70, é mãe de três filhas e avó de duas netas – a mais jovem tem 19 anos e está prestes a iniciar a faculdade. “Sou uma vovó, mas não me sinto uma velhinha”, diz ela. E não é para se sentir mesmo. Maria considera que começou a curtir a vida para valer após os 50, quando terminou um casamento de quase 20 anos e se aposentou. “Queria viver intensamente”, afirma. Ela mudou de casa e começou a cursar faculdade da terceira idade, onde participou de palestras sobre saúde da mulher e sexualidade. Também realizou um antigo desejo: fazer aulas de canto. Nos últimos anos Maria fez cursos de fotografia, informática, jardinagem e paisagismo. Pelo menos uma fez por ano, faz uma viagem internacional. Já foi a Portugal, França, Itália e Espanha.
“Viajo sozinha e gosto de fazer meus próprios passeios, não dependo de ninguém”
Três vezes por semana, Maria faz musculação e alongamento em uma academia, “ótimas atividades para enrijecer os braços”. Aos finais de semana, se diverte com amigos em bares da Vila Mariana, bairro da zona sul paulistana onde mora. Há cinco meses, passou a dividir o prato predileto – porção de pastel com cerveja Malzbier – com o novo namorado, o aposentado José Arcas, de 76 anos. “Ele é muito romântico e sempre me surpreende com flores e carinhos”, diz ela.

Maria conversou com o Draft durante o Lab+60, um encontro que reuniu cerca de 500 pessoas para colocar em evidência a nova dinâmica social de quem tem mais de 60 anos. Organizado pela agência de marketing digital Garage e pela consultoria corporativa Via Gutenberg, teve patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil, Mapfre e Plenitud, a marca de fraldas geriátricas da Kimberly Clark.

Selfie não tem idade, mostram os participantes do Lab 60+ (da esq. para a dir.): Maria Correia, Raimundo Moura, José Arcas e Renilda Moura (foto: divulgação).
Selfie dos participantes do Lab 60+ (da esq. para a dir.) Maria Correia, Raimundo Moura, José Arcas e Renilda Moura (foto: divulgação).

Mulheres com blusas estampadas e homens de bermuda e camiseta eram figuras comuns no evento, que teve palestras sobre saúde, atividade física, programas culturais e consumo. Depois das apresentações, um grupo musical embalou o público com uma música que lembrava forró nordestino. Ninguém ficou parado. Foi também a hora de fazerem selfies e mostrarem intimidade com smartphones, apesar da idade. Mas, que idade? Terceira? Melhor? Idade de gente que continua trabalhando, se divertindo e tem agenda cheia. A faixa etária dos 60+ não é mais sinônimo de gente frágil que necessita de cuidados em tempo integral. A lógica é outra.

EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, ESTAREMOS TODOS VIVOS

Aumento da renda, maior acesso à saúde, novos tratamento médicos e hábitos de vida saudáveis têm feito os brasileiros viverem mais e melhor. Há pouco o IBGE divulgou que a expectativa de vida no Brasil é de 74,9 anos – um aumento de 12,4 anos em comparação à média em 1980. Hoje, o país tem 20,6 milhões de pessoas com mais de 60 anos (quando o IBGE considera alguém idoso), o que representa 10,8% do total da população. Em 2060, serão 58,4 milhões de idosos – cerca de um quarto da população brasileira.

Roni Ribeiro e Benjamin Rosenthal, da Gagarin. Pesquisa de mercado com pessoas maduras para as empresas desenvolverem e melhorarem produtos.
Roni Ribeiro e Benjamin Rosenthal, da Gagarin, que pesquisa o público maduro para empresas desenvolverem e melhorarem seus produtos (foto: Kalinca Maki).

Um estudo da consultoria paulista de geomarketing Escopo apontou que o consumo entre as pessoas com mais de 50 anos foi de quase 1 trilhão de reais em 2013. Desse montante, 135 bilhões de reais foram gastos em alimentos e bebidas, 64 bilhões em carros, 49 bilhões em artigos de vestuário, 24 bilhões em produtos de higiene e beleza. Ao todo, essa fatia foi responsável por 34% do consumo total da população, e esse número deve crescer para 44% em 2018.

Não é o caso de esperar. Hoje, os mais velhos já são um público consumidor relevante. Conversamos com alguns empreendedores que estão aproveitando esse mercado e criando novos negócios em torno dele.

Roni Ribeiro, 39, e Benjamin Rosenthal, 43, passam o dia conversando com pessoas maduras. Não que eles sejam psicólogos ou médicos geriatras – embora também acumulem conhecimento nessas áreas. São empreendedores e o motivo de tanto bate papo é conhecer seus hábitos sociais e de consumo para ajudar grandes empresas a desenvolverem ou aprimorarem produtos e serviços para os consumidores mais experientes. Eles são fundadores da Gagarin, empresa focada em pesquisa de mercado com pessoas acima de 45 anos e que tem como clientes empresas farmacêuticas, de cosméticos, planos de saúde e do mercado financeiro. Roni conta mais:
“Hoje é comum ver pessoas com 60 anos que trabalham, têm vida social ativa e estão no ápice de seu poder econômico. As empresas estão começando a entender isso”
Os dois sócios acreditam, por exemplo, que em breve o mercado de educação terá mais espaço para este público. Pessoas perto dos 60 anos estão iniciando novas carreiras em áreas que lhe dão prazer, como um engenheiro que começa a estudar filosofia. Por outro lado, também é comum profissionais experientes deixarem o mercado corporativo para empreender. “As universidades terão que olhar esse público com mais atenção”, acredita Rosenthal.

As pesquisas da Gagarin costumam durar de dois a oito meses, o tempo depende do objetivo do cliente: reformular uma embalagem para que seja mais aderente à mão do idoso ou criar um novo serviço de private bank, por exemplo. Para obter informações, a empresa faz entrevistas presenciais (conforme as respostas ficam homogêneas, as informações passam a ser validadas) e conversa com especialistas como médicos geriatras e pesquisadores em antropologia e etnografia.

Ao entregar os resultados aos clientes, Roni e Benjamin costumam esclarecer alguns mitos sobre a terceira idade. Por exemplo, a solidão. É comum achar que os mais velhos se sintam sós e, nesse caso, cuidar dos netos seria uma ocupação gratificante. “Não é bem por aí”, diz Rosenthal.
“Eles querem curtir os netos, mas sem a obrigação de serem responsáveis pela educação”
Na verdade, prossegue ele, muitos idosos querem ter sua própria agenda e não gostam de depender de ninguém – e nem que alguém dependa deles. Por outro lado, os mais velhos de fato se preocupam em deixar uma herança para os familiares. Além disso, pensam em qual será o legado após a morte e, por isso, muitos transferem recursos a entidades ligadas a causas sociais e empreendedoras. “É uma forma de se manterem vivos por meio de seus ideais”, acredita Rosenthal.

SMARTPHONE PARA TODOS

O Instituto de Artes Interativas, também conhecido como iai?, é uma escola de cursos livres focada em tecnologias móveis. Fundado em 2009 pelo engenheiro paulista Lucas Longo, 40, oferece cursos de programação, design e segurança de dados com ênfase em smartphones e tablets. Em 2011, Lucas percebeu que alguns clientes mais velhos procuravam o instituto para aprender funções mais básicas dos aparelhos.

Lucas Longo, do Instituto de Artes Interativas, abriu cursos para tornar smartphones acessíveis aos mais velhos.
Lucas Longo, do Instituto de Artes Interativas, abriu cursos rápidos específicos para ensinar os mais velhos a usarem smartphones iOS e Android (foto: Kalinca Maki).

Muitos ganhavam os dispositivos de filhos ou netos e as dúvidas iam desde como tirar fotos e acessar a internet até como criar arquivos de planilhas. “Os próprios familiares poderiam ensinar”, diz Lucas. “Mas faltava paciência, pois o que é intuitivo para um jovem pode não ser para uma pessoa com mais de 50 anos.” Foi aí que o empreendedor enxergou uma oportunidade de negócio e criou os cursos “iPhone para todos” e “Android para todos”, para quem tem mais de meio século de vida.

Em média, o valor do curso é de 1.200 reais e as aulas são particulares, com duração de quatro horas, em duas sessões. Na primeira etapa, o professor ensina conceitos, como o funcionamento dos serviços em nuvem. Depois, é hora de aprender na prática a configurar e-mail, conversar por chat, tirar fotos e acessar redes sociais. “Uma dúvida bem comum é o que fazer caso esqueça a senha do e-mail”, diz Lucas.

Em 2014, os clientes acima de 50 anos representarão 5% do faturamento da empresa, estimado em 3 milhões de reais. Lucas acredita que essa participação vá crescer, acompanhando a popularização dos smartphones. Segundo a consultoria de tecnologia de informação IDC, em 2013 foram vendidos 35,6 milhões de smartphones no Brasil, colocando o em quarto lugar no ranking mundial. Nos EUA, segundo levantamento da consultoria Forrester Research, os gastos de pessoas entre 50 a 64 anos representaram 40% do mercado de produtos tecnológicos.

Nos últimos anos, algumas empresas desenvolveram aplicativos exclusivos para idosos, como o Pillboxie, que lembra a hora de tomar remédios. E há novidades a caminho, como a rede social Stitch, que visa conectar pessoas com mais de 50 anos para amizades ou relacionamentos amorosos. O site ainda está em fase de testes, disponível apenas para cidades dos EUA e da Austrália.

CURAR PARA FORTALECER, FORTALECER PARA CURAR

O médico ortopedista Benjamin Apter, que não revela a idade, pratica esportes desde a infância. Hoje, seus preferidos são surf e skate. Com 1,70m de altura e 68 quilos, exibe uma condição física invejável a muitos jovens. Benjamin tem um grande estímulo para manter a forma: é fundador da B-Active, a rede paulistana de academias terapêuticas que oferece musculação, pilates e fisioterapia para o público maduro. “Cerca de 80% dos nossos clientes tem mais de 60 anos”, diz.

O B-Active tem o conceito de ser um ambiente mais “médico” do que “fitness”: 80% dos 50 professores são fisioterapeutas que acompanham os alunos em atividades para tratar lesões musculares e nas articulações. “Mas a questão estética também entra em cena, pois muitos clientes querem ter um corpo mais magro e saudável.”
Benjamin Apter, o médico ortopedista que fundou a B-Active, uma academia terapêutica para os público acima de 50.
Benjamin Apter, o médico ortopedista que fundou uma academia terapêutica para o público acima dos 60.

Benjamim decidiu criar a academia quando atendia idosos e atletas em uma clínica de ortopedia. Ele recomendava aos pacientes exercícios de musculação no pós-operatório mas, poucos meses após a alta, eles voltavam ao consultório com as mesmas queixas de antes. Foi quando vislumbrou a oportunidade:
“Percebi que as academias convencionais não estavam preparadas para tratar lesões ortopédicas. Enxerguei um nicho de mercado promissor”
Na mesma época, Benjamin fez pós-graduação no departamento de geriatria da Universidade de São Paulo (USP) para conhecer melhor a fisiologia do idoso. Também fez MBA em economia e marketing, para aprender a gerir uma empresa. Era o início da B-Active, fundada em 2004 com outros dois sócios, os médicos Ari Radu Halpern e Nelson Wolosker.

Os aparelhos da B-Active foram fabricados quase artesanalmente. Os sócios buscaram projetos de equipamentos já testados por grupos médicos em centros de pesquisa de universidades de diversos países. Depois, terceirizavam a fabricação aqui no Brasil. “Começamos com seis equipamentos, hoje temos 60”, conta Benjamin.

As mensalidades variam de acordo com a frequência do aluno, que precisa marcar as aulas com antecedência. O pacote com duas aulas semanais sai por cerca de 350 reais ao mês. A empresa também oferece serviços avulsos, como um programa de massagens para reduzir gordura visceral e localizada. Este ano, a B-Active deve faturar cerca de 6 milhões de reais – um crescimento de 10 %.

No ano passado, a B-Active iniciou a expansão por franquias. Além das unidades próprias, localizadas em Higienópolis e Perdizes, abriu franquias no Ibirapuera, em Moema e no Jardim Anália Franco. Em março de 2015, será a vez de inaugurar uma unidade em Campinas. “O próximo passo será chegar a outras capitais brasileiras”, conta Benjamin. Ou seja, mais “velhinhos” saudáveis e fortes estão por vir. Seu negócio está preparado para recebê-los?

Petrobras não aprova pagamento a trabalhadores da Iesa



 

Estatal e funcionários do estaleiro de Charqueadas vão discutir novo acordo




A diretoria executiva da Petrobras não aprovou o pagamento dos trabalhadores da Iesa Óleo e Gás, de Charqueadas (RS), acertado na última segunda-feira (15) em encontro entre a presidente da estatal, Graça Foster, e políticos e sindicalistas gaúchos.

A proposta de acordo entre a Petrobras e os trabalhadores incluía o pagamento do salário atrasado referente a novembro, verbas rescisórias, cestas básicas e ajuda de custo para os funcionários de fora do Rio Grande do Sul voltarem aos estados de origem. São mais de mil trabalhadores que a Iesa pretende demitir devido à rescisão do contrato de fabricação de módulos de plataformas de petróleo pela Petrobras. Com o recuo da estatal, um novo encontro entre as partes será promovido em busca de um novo acordo. Caso não ocorra um acerto, as dívidas serão cobradas judicialmente. A Petrobras ainda não se manifestou sobre a decisão.

Sul, o campo de provas dos vinhos estrangeiros


Região tem se destacado como local para testes de rótulos que sonham em ganhar o apetite dos brasileiros. A mais nova iniciativa do gênero coube ao administrador de empresas Andre Roso que planeja exportar a bebida de pequenas vinícolas italianas a partir de 2015

Por Marcos Graciani


blog-cepasRaramente o Atelier de Massas, um dos restaurantes mais conhecidos de Porto Alegre, abre aos domingos. Quis o destino que uma das exceções fosse a apresentação para um seleto grupo de consumidores de vinhos que provaram nada menos que mais de duas dezenas de rótulos italianos. A última vez que um fato desses se repetiu foi há praticamente três anos quando o local acomodou a apresentação de uma importadora. Agora, o local, que fica no coração da capital gaúcha, foi palco de uma apresentação conduzida pelo administrador de empresas Andre Roso (na foto, à esquerda, acompanhado do pai em Verona), um amante de vinhos e proprietário da Legno Brasile, uma construtora de São Leopoldo (RS). "Em mais de três décadas lidando com o segmento, nunca vi uma degustação de tão alto nível", opina Gelson Radaelli, artista plástico e um dos sócios do restaurante.



O objetivo de Roso, que tem como projeto comercializar vinhos sob demanda a partir do ano que vem, foi medir a temperatura de consumidores comuns, aqueles mais acostumados a beber vinhos – algo raro de acontecer tendo em vista que vinícolas e importadoras se satisfazem com as avaliações de técnicos. As fichas para os participantes do encontro eram muito simples. O visual pesava até 4 pontos, o aroma até 8 pontos e o gosto até 10 pontos, uma soma de 22 – bem distante do 100, o maior índice de pontos em concursos nacionais e internacionais, por exemplo. Do Paraná para baixo, a iniciativa de Roso é a mais nova proposição do gênero. Em solo catarinense, a importadora Porto Mediterrâneo já costuma fazer ações parecidas na região.



Na apresentação exclusiva de sete horas que Cepas & Cifras participou, a análise final dá conta que todas as amostras são de altíssima qualidade. E o melhor: os preços de mercado tendem a não ser abusivos. Tanto é verdade que o rótulo mais caro deve ser comercializado por algo em torno de R$ 420 – metade do preço cobrado por um grande Barbaresco hoje no Brasil. A Roso Azienda Alimentare deve trabalhar com margens entre 30% e 50%. Roso planeja trazer os vinhos italianos via transporte aéreo – o que deve preservar a qualidade dos rótulos. Em uma segunda fase do projeto o empresário deve apostar nas castas francesas. “Pretendo atender tudo e todos, pois teremos vinhos únicos e preços bons”, garante Roso. “Mas não podemos esquecer que vinho bom não é barato – e sim ´buon mercatto´ como falamos em italiano”, defende.



blog-enzo_bogliettiOs 15 seletos consumidores tiveram a oportunidade de provar 27 rótulos de seis pequenas vinícolas. Roso procurou escolher pequenos empreendimentos familiares que não produzem mais do que 170 mil litros anualmente. “Sono vini fatti a mano”, explicou Roso, que é também cidadão italiano, fazendo referência à produção da bebida feita em pequena escala. Na oportunidade foram apresentados rótulos de Dolcettos, Amarones, Barolos e Barbarescos. Na opinião de Cepas & Cifras, os rótulos mais representativos são os da vinícola Enzo Boglietti (na foto, à esquerda) – especialmente os Barolos 2008 e o 2007 (dos vinhedos Arione e Fossati, respectivamente). Outro que chamou a atenção foi o espumante extra Dry Pinot Grigio, da Benotto Luigino. Outra surpresa foi o assemblage de Cabernet Sauvignon com Cabernet Franc, produzido pela Corte Moschina. O Moscato Bianco, da Marcarini, também vale a pena ser provado. Por fim, o corte de Merlot e Cabernet Sauvignon, da Colli Vicentini, um ITG, também estava muito bom.



Tudo leva a crer que os três estados do sul continuam tendo potencial para se tornarem verdadeiros campos de provas para os vinhos estrangeiros e também os nacionais. Nós, paranaenses, catarinenses e gaúchos só temos a agradecer iniciativas como essas!

Por que a melhor construtora da Bolsa pode dobrar de valor nos próximos anos?



A Eztec mostrou que escolher pela regionalização foi a chave do sucesso

Por Infomoney


21-construtora-da-bolsaA Eztec (foto) tem provado que acertou sua estratégia ao concentrar suas operações na região metropolitana de São Paulo entre as classes média e alta. O resultado surpreende: enquanto o setor atingiu, em média, uma margem líquida com vendas de 8% de 2007 até o terceiro trimestre deste ano, a construtora alcançou uma margem de 35%. A alavancagem (medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido) foi de 4% no período contra 74% das concorrentes.

A empresa, que é considerada pelos analistas do setor como a melhor construtora da Bolsa, teve sucesso na sua estratégia de escolher pela regionalização. Hoje, 71% dos seus projetos estão na cidade de São Paulo, 20% na região metropolitana e 1% no litoral. Por conta disso, a Eztec conseguiu ganhar reconhecimento do mercado. Prova disso é que nenhum terreno vai à venda hoje na capital sem passar pela companhia. "Temos sempre a opção de comprar os melhores terrenos", disse Sílvio Zarzur, vice-presidente e diretor de incorporação da Eztec, durante evento realizado na terça-feira (16), quando foi entregue o mais promissor projeto da empresa: a torre A do megaempreendimento comercial EZ Towers, vendida por R$ 564 milhões à São Carlos.

A possibilidade de comprar bons terrenos permite que a companhia mantenha uma satisfatória velocidade de vendas – que ficou em 22,3% no terceiro trimestre – e consiga, principalmente, preservar a rentabilidade. A margem líquida do landback (estoques de terrenos) da companhia é de 40% e dos novos terrenos de 36%. O reflexo disso pode ser observado na Bolsa: atualmente, a ação da Eztec tem o melhor ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) do setor, de 22,3% (contra média de 5,5%).

Com resultados consistentes nos últimos anos, o papel da companhia acumula ganhos de 1.300% do seu menor patamar atingido em 2008 até hoje, embora neste ano ela acumule queda de 29%, em linha com o desempenho do Imob (Índice que acompanha as ações do setor imobiliário e de shopping centers), que recuou 23% até terça-feira (16). A valorização, contudo, não é um sinal de que o preço potencial já foi alcançado. Embora a Eztec seja negociada em Bolsa R$ 5,44 acima do seu patrimônio líquido (um indicador muito utilizado por analistas de mercado para mensurar se uma ação está "cara"), Emílio Fugazza, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, afirma que o papel ainda tem grande potencial.

Quando olha-se apenas para o P/L (Preço/Lucro), por exemplo, para medir em quanto tempo demorará para o investidor ter o retorno do seu capital, a primeira leitura pode ser oposta a essa, com o P/L da Eztec em 6,7 vezes, enquanto a média do setor é 4,9 vezes. No entanto, por trás disso há ainda muita oportunidade. A conta é simples: com resultado do backlog (R$ 604 milhões), estoques (R$ 1,3 bilhão) e landback (R$ 5,4 bilhões) – lembrando que esse último ainda deva ter um incremento de mais de R$ 600 milhões até o final deste ano com a compra de mais um ou dois terrenos –, a companhia tem um potencial adicional de R$ 25,90 por ação em relação a seu patrimônio líquido, que pode chegar a R$ 29,30, incluindo a venda da torre B do EZTowers.

Isto é, considerando que R$ 16,65 do valor da ação da empresa corresponde a seu patrimônio líquido, há ainda mais R$ 29,30 de valor adicional que o papel pode alcançar nos próximos anos, chegando a R$ 45,95. Levando em consideração a cotação do fechamento de segunda-feira (15), a ação tem potencial para subir 130%. Além do que já está "na conta", a companhia tem planos robustos pela frente. A conclusão do EZ Towers, localizado no bairro Morumbi, em São Paulo, colocou a incorporadora em um patamar ainda mais alto. O projeto é o mais importante empreendimento da empresa e sua execução deu a eles competência para replicá-lo em novas oportunidades. "São poucas as construtoras que possuem \'expertise\' para construir um prédio desses no Brasil. Estar entre essas poucas nos coloca muito à frente da concorrência", comenta Flávio Ernesto Zarzur, diretor vice-presidente e diretor de incorporação. O próximo grande projeto que a companhia pretende lançar é o "Chucri Zaidan", também no bairro Morumbi, com VGV (Valor Geral de Vendas) entre R$ 800 e R$ 900 milhões e lançamento previsto para início de 2017.