quarta-feira, 11 de março de 2015

O que você quer para sua marca?


Ela deve ter a imagem de Disney/Apple ou a de um taxista do aeroporto do Santos Dumont ou Congonhas? Se você optou pela primeira opção, então, um bom começo é definir um propósito 


O propósito de marca da Disney é entregar uma experiência mágica
O propósito de marca da Disney é entregar uma experiência mágica
pesquisa Marketing 2020 aponta para vários temas que merecem reflexão por parte das equipes de marketing das empresas.

Uma delas, que considero muito relevante, é que as marcas bem-sucedidas possuem a declaração de propósito muito clara e explícita em sua organização.

O tema de definição de um propósito de marca é muito abordado no artigo “Define Your Brand's Purpose, Not Just Its Promise” de Allen Adamson.

O artigo compila uma série de descobertas de um congresso da ANA (Associação Nacional de Publicidade dos Estados Unidos) em 2009. Apesar de já se passarem quase seis anos, elas ainda são atuais no contexto do marketing.

O exemplo do Walmart, citado no artigo, continua válido. Por muito tempo, a marca Walmart sempre falava de preços baixos, porém sem questionar por que fazia isto. E a razão era que o fundador da empresa, o lendário empresário Sam Walton, o fazia para prover às pessoas melhores vidas para suas famílias.

Simples, até mesmo óbvio. Mas ao longo do tempo, as empresas esquecem de seu propósito e perdem seu rumo. Esta definição clara deste porque é o que definimos como sendo o propósito da marca.

Como a maioria dos brasileiros, estou acostumado a um padrão de atendimento muito ruim por parte de empresas de telefonia, companhias aéreas, instituições públicas e táxis em aeroportos – que vou abordar mais à frente.

Mas não deveria ser assim.  Tenho um filho de 10 anos e o levei para um Cruzeiro na Disney. A experiência foi ótima. Parecia que cada um dos colaboradores estava lá para transformar aqueles momentos em mágicos.

Foi realmente incrível. Parecia que os atendentes, desde a moça que arrumava a cabine até os faxineiros passando pelo capitão do barco, tinham claro que o propósito da marca não era simplesmente prover um bom atendimento ou um atendimento melhor que os concorrentes – o que comumente vemos nos posicionamento de marcas e em declarações de proposta de valor.

Para mim ficou claro que cada um deles queria transformar as minhas férias em família em uma experiência mágica. Este, para mim, é o propósito da marca Disney.

Outro caso que mostra como as empresas se posicionam é o da Apple. Em 2009, fui comprar um computador em uma Apple Store, nos Estados Unidos.

Expliquei minha necessidade para o vendedor, que me recomendou um MacBook Air, em vez de MacBook Pro, que era mais caro. Mais fino e leve, o Air era adequado para um consultor, que, como eu, viaja bastante.

Questionei o vendedor sobre o armazenamento físico. Foi então que ele me explicou o conceito de computação em nuvem, no qual os arquivos ficariam armazenados em um servidor da Apple.

Fiquei impressionado com o atendimento. Ao final, comprei absolutamente tudo de lá: desde o MacBook Air, um plano de armazenagem do iCloud, o serviço de computação em nuvem da Apple, até softwares de produtividade.

Na minha mente, ficou claro que a Apple é uma marca honesta, de vanguarda, mas que pensa a tecnologia de uma forma diferente. Parecia que o discurso de Steve Jobs, o fundador da empresa, estava na boca de cada funcionário da Apple Store.

Outro caso que ilustra como a questão do propósito de uma marca se torna tangível aconteceu recentemente comigo. Comprei um fone de ouvido sem fio para correr. Mas depois do primeiro uso, ele não funcionou mais.

Voltei à loja, no caso a Best Buy, nos Estados Unidos, e contei a minha história. Sem contestar – e ainda pedindo desculpas – o vendedor me ofereceu outro, novinho em folha. Como não havia na loja o modelo, recebi o dinheiro de volta.

Esse exemplo me fez relembrar quantas vezes tive um problema similar no Brasil e tive de ir até o Procon para conseguir meu reembolso. É uma pequena diferença, certo? Mas ilustra como precisamos aprender com as marcas globais nisto.

Voltando ao artigo de Allen Adamson, veja como ele descreve o que é o brand purpose:

“Purpose-driven branding, while not new, has taken on new significance in this era of anxious consumers–not to mention anxious employees. A company that looks at its brand and asks not simply what promise does it make, but what purpose does it serve, to its customers and its shareholders, and brings this purpose to life through every customer experience will be the company most likely to beat its competition. When an employee can answer the question “Why am I here?” in a positively motivating way, everyone benefits”

Ter um posicionamento sem explicitar o propósito da marca pode ser uma restrição importante ao negócio. Entendo que, sem este propósito de marca muito explícito em seu posicionamento, marcas podem perder facilmente sua identidade e cometer erros tremendos de percepção.

Temos muito a aprender com empresas globais neste processo de construção de gerenciamento de marca. Um exemplo de não aplicação deste conceito são os táxis dos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e do Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Em diversas ocasiões, os taxistas dos dois aeroportos brigaram comigo, pois a corrida era curta. Mesmo em trechos longos, tive problemas de atendimento.

Obviamente existem exceções. Mas é essa imagem que você quer ter associado a sua marca? Se não, é a hora de começar a trabalhar o propósito de sua marca e estruturar um processo de gerenciamento, como mostrou o estudo Marketing 2020.

Tão importante quanto é garantir este processo seja implementado junto a todos os públicos estratégicos de interesse da marca e que os pontos de contatos estejam muito alinhados.

Brasileiras recebem prêmio para mulheres cientistas


NASA/CXC/M.Weiss
Buraco negro
Buracos negros: pesquisadora foi a primeira a discernir o movimento orbital de uma matéria em torno de um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia próxima 


 
 
Duas pesquisadoras brasileiras tiveram seus trabalhos reconhecidos pela 17ª edição da premiação internacional Para Mulheres na Ciência, iniciativa da multinacional francesa de cosméticos L’Oréal em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Thaisa Storchi Bergmann, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi escolhida por suas pesquisas sobre buracos negros; já Carolina Horta Andrade, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG), pelas suas contribuições no desenvolvimento de um medicamento multifunção contra a leishmaniose.

Bergmann é a única latino-americana entre as cinco pesquisadoras premiadas na categoria principal.
Elas foram selecionadas em cinco regiões do mundo por um júri independente formado por 12 cientistas internacionais proeminentes, escolhidos por Ahmed Zewail, ganhador do Nobel de Química em 1999.

Entre os membros do júri internacional está a brasileira Beatriz Barbuy, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), ganhadora do Para Mulheres na Ciência em 2009. 

Barbuy coordena o Projeto Temático Evolução química e populações estelares galácticas e extragalácticas, por espectroscopia e imageamento, realizado com apoio da FAPESP.

Entre os trabalhos de Bergmann que levaram à sua premiação estão pesquisas sobre como os buracos negros influenciam a evolução das galáxias via acreção (acumulação) e ejeção de matéria ao seu redor. 

A pesquisadora foi a primeira a discernir o movimento orbital de uma matéria em torno de um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia próxima.

Já Andrade é a única brasileira entre as 15 jovens pesquisadoras que receberão o prêmio na categoria “International Rising Talents”. 

O reconhecimento se deu por conta de suas pesquisas para o desenvolvimento de medicamentos multifunções contra a leishmaniose.

Em vez de atacar apenas uma das funções vitais do parasita, o novo medicamento o ataca em vários lugares, o que aumenta as chances de mata-lo ao mesmo tempo em que diminui sua resistência. 

Andrade foca no desenvolvimento de uma versão de baixo custo do medicamento, acessível a populações mais pobres, onde a prevalência da doença é maior.

A entrega dos prêmios será feira no dia 18 de março, na Universidade de Sorbonne, na França.

FMI prevê que Índia cresça 7,2% em 2015, acima da China


Amit Dave/Files/Reuters
 
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi: Modi é um amante do ioga
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi: anúncios de novos projetos de investimentos começaram a subir, particularmente nos setores de energia e transporte 


Da EFE
 
 
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou nesta quarta-feira para cima as previsões de crescimento da Índia no ano fiscal de 2015 (de março a março), de 6,3% para 7,2%, e de 6,5% para 7,5% em 2016, superando a China.

O FMI qualificou a Índia como o "ponto brilhante" no panorama internacional, e aplaudiu a agenda de reformas anunciada pelo novo governo de Narendra Modi, que chegou ao poder em maio de 2014.
Desta forma, a Índia supera a China como o país com maior crescimento do mundo, em um momento no qual a previsão de crescimento do gigante asiático para 2015 é de menos 7% pela primeira vez em muitos anos.

"Os números de crescimento são muito mais altos e o déficit por conta corrente é mais cômodo, em parte devido à queda das importações de ouro e os preços mais baixos do petróleo", afirmou Paul Cashin, chefe da missão do FMI na Índia.

Cashin afirmou que "os anúncios de novos projetos de investimentos começaram a subir, particularmente nos setores de energia e transporte".

Além disso, ressaltou a "resistência" dos setores de serviços e manufatura em um contexto de arrefecimento da demanda global.

Por outro lado, avaliou positivamente a adoção de um sistema de meta inflacionária por parte do Banco da Índia, com o qual se espera que o índice fique em torno de 4%.

Ação da Avon mostra que a verdade não pode ser maquiada


Divulgação
Campanha do Instituto Avon  com o objetivo conscientizar a sociedade sobre o combate à violência doméstica no país
Campanha do Instituto Avon com o objetivo conscientizar a sociedade sobre o combate à violência doméstica no país

Do AdNews
 
As discussões que dizem respeito aos direitos e deveres das mulheres, além da delicada questão da violência doméstica, não se esgotam apenas porque o Dia Internacional das Mulheres já passou. 

O Instituto Avon lançou a campanha "Linha 180", criada pela NewStyle com o objetivo conscientizar a sociedade sobre o combate ao problema no País.

No Brasil, seis a cada 10 mulheres já sofreram algum tipo de agressão. E, para fazer com que a Lei Maria da Penha entre em lares dominados pelo machismo e se torne ainda mais conhecida, a agência criou uma linha de "maquiagem" vazia, a Linha 180, e uma Revista Avon especial para suas revendedoras, que têm acesso fácil a estes lares. Com o conceito Não maquie a verdade, a campanha propõe o uso pelas mulheres em risco ou em situação de violência para que elas sejam encorajadas a usar a Linha 180 sem medo.

Além da Revista, a NewStyle desenvolveu peças especiais de mobiliário urbano da Otima em formato de vitrine com as embalagens vazias da Linha 180. Veiculadas em pontos de ônibus com grande circulação, o objetivo das peças é despertar, em uma ação de grande visibilidade, a curiosidade do público para acessar o site e saber mais sobre os novos "produtos".

A estratégia contempla ainda duas produções especiais, em parceria com a BossaNovaFilms: um filme de 30 segundos para veiculação na internet e merchans na TV, e um vídeo-documentário.

"Estamos capacitando nossas revendedoras para falar com suas clientes e pessoas próximas sobre formas de enfrentar a violência doméstica. Esse diálogo informal incentiva as mulheres a perderem o medo e a denunciar, que é o primeiro passo do enfrentamento", comenta Lírio Cipriani, diretor executivo do Instituto Avon.


Confira o filme:

 https://www.youtube.com/watch?v=RiofinFLy_o

Fraude internacional na importação


Vêm ocorrendo, nos últimos anos, fraudes internacionais em que o lesado tem sido o importador brasileiro. Esses atos ilícitos são praticados de forma recorrente e em diversos tipos de empresas que importam os mais diversos tipos de mercadorias.

O pagamento da importação de mercadorias ou de serviços sempre exige a interveniência de uma instituição financeira com uma carteira de câmbio autorizada pelo Banco Central. O importador efetua o fechamento de câmbio de acordo com a negociação com seu fornecedor no exterior, seja para o pagamento antecipado, à vista (no embarque da mercadoria) ou a prazo (após o embarque da mercadoria). O exportador fornece ao importador brasileiro os seus dados bancários para que a transferência seja efetuada no fechamento de câmbio, por meio de um e-mail ou mesmo informada na fatura comercial.

E como todo dia o fraudador acha uma forma de ludibriar alguém, o importador recebe um email com novas instruções de pagamento daquela importação em questão. Muitas vezes, o fraudador se utiliza de um endereço de e-mail muito semelhante ao do fornecedor e avisa da mudança das instruções de pagamento e, por incrível que pareça, tem informações comerciais sobre a importação em questão, que fazem com que o importador acredite que o remetente é mesmo seu fornecedor.

Assim, muda as instruções de pagamento, paga a um fraudador e seu fornecedor fica sem receber. Para não passar por inadimplente com seu fornecedor e ficar com pendência financeira, o importador se vê obrigado a novamente pagar. Isso lhe gera outro problema: o Banco Central e a Receita Federal não autorizam pagar duas vezes pela mesma importação, aumentando o prejuízo do importador. Ele, então, se vê obrigado a entrar com uma ação judicial, com custos advocatícios, para justificar tal fraude e não ter problemas futuros com o Banco Central e com a Receita Federal.

Algumas possibilidades já foram ventiladas na origem e obtenção de informações pelos fraudadores: e-mails maliciosos que permitem a instalação de trojan e, assim, a infiltração do famoso cavalo de tróia, que permite ao fraudador ter acesso aos e-mails e outros dados do computador do importador; pessoas de dentro dos fornecedores e que de forma ilícita criam emails falsos para tais ações; e diversas outras opções de obtenção de informação privilegiada. Todas essas hipóteses são fontes de elucubrações sem prova alguma efetiva.

Assim, recomendamos que, caso recebam qualquer e-mail desse gênero em situações semelhantes, antes de qualquer providência de pagamento efetivo, conforme nova instrução confirme com seu fornecedor obtendo garantias de que não terá problemas. Mais um detalhe: a legislação permite que o importador pague sua importação tendo somente o exportador como beneficiário da conta corrente no exterior. Todo cuidado é pouco. Todo dia temos noticias de novas fraudes pelos e-mails e pela internet.

Artigo de Roger C. Rohlfs, Presidente da CODACA MG – Associação das Empresas Comissárias e Agentes de Carga de MG, publicado no ESTADO DE MINAS de 05 de março de 2015 – caderno principal

Petrobras corre para incluir propinas em balanço



Paulo Whitaker/Reuters
Logotipo da Petrobras visto em refinaria em Cubatão
Petrobras: a inclusão das perdas por corrupção é necessária para que a auditoria aprove o balanço
 
 
 
 
São Paulo - A Petrobras corre para divulgar o balanço auditado de 2014. Com pouco tempo hábil, a nova diretoria decidiu calcular apenas o prejuízo com propinas a ex-funcionários e políticos e corrupção. Nesse balanço, deixará de lado o aumento dos gastos e sobrepreço causado pelo suposto cartel.

Para isso, montou uma força-tarefa para analisar os depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

A estatal tem até o dia 31 de maio para publicar o balanço do terceiro trimestre e o resultado de 2014 auditado. Se não cumprir o prazo, os credores podem pedir a antecipação do pagamento de dívidas. 

Segundo o jornal, o diretor financeiro Ivan Monteiro entrará em contato com os principais credores, para garantir que o balanço será apresentado a tempo.

A inclusão das perdas por corrupção é necessária para que a auditoria independente aprove o documento.

O relatório também irá inclui quanto os principais ativos da estatal valem hoje, como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj, ainda segundo a Folha.

Não auditado, o balanço do terceiro trimestre foi publicado no final de janeiro, após dois adiamentos. O documento, no entanto, não considera os prejuízos causados pela corrupção investigada no âmbito da Operação Lava Jato.

Na ocasião, a empresa concluiu que não era possível contabilizar de forma definitiva as baixas provocadas por propinas e sobrepreço nos contratos.

A companhia revelou ter identificado uma diferença líquida de R$ 61,4 bilhões entre o valor justo de ativos analisados e o valor imobilizado dos mesmos projetos, todos com contratos assinados entre 2004 e abril de 2012.

Em fevereiro, o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendini, disse que revisaria a metodologia usada.

Regras para investimentos em LCI e LCA podem mudar


filipefrazao/Thinkstock
São Paulo
Imóveis em São Paulo: uma aplicação para estimular o setor 




 São Paulo - A lei das consequências indesejadas, popularizada pelo sociólogo Robert Merton na década de 30, alerta para o baita risco de intervir em sistemas complexos. Na maioria das vezes, aquilo que se espera alcançar não acontece. Em compensação, pipocam problemas que ninguém queria causar. 

A Lei Seca, criada para coibir o consumo de álcool nos Estados Unidos na década de 20, reforçou o poder do crime organizado naquele país. A Lei das Consequências Indesejadas é particularmente profícua em países povoados por burocratas que acreditam ter capacidade para resolver, com sua cabeça iluminada, os mais variados problemas apenas com “vontade política”. Um caso recente está criando uma confusão danada no sistema financeiro brasileiro.

Tudo começou com a melhor das intenções. Há dez anos, o governo criou as letras de crédito imobiliário (LCI) e agrícola (LCA), títulos de renda fixa que tinham uma vantagem sobre os demais — seus compradores não pagariam imposto de renda sobre o rendimento.

Com a isenção, o investidor aceitaria um rendimento um pouco menor nesses títulos na comparação, por exemplo, com papéis da dívida pública. Isso significaria um custo mais baixo para empréstimos imobiliários e agrícolas, beneficiando compradores da casa própria e agricultores. Nascia, ali, um monstrengo que, hoje, o governo parece não ter ideia de como matar.

Para os investidores, rapidamente ficou óbvio que as LCIs e as LCAs eram os melhores investimentos da praça. Para conseguir o mesmo rendimento de uma letra que paga 96% do CDI, livre de impostos, o investidor precisaria obter um rendimento mínimo de 110% do CDI num fundo de renda fixa tributado para uma aplicação de dois anos.

Segundo levantamento da consultoria financeira TAG Investimentos, no ano passado só 20% dos fundos multimercado e 11% dos fundos de renda fixa tiveram rentabilidade acima desse patamar. “É difícil ganhar dos investimentos isentos”, afirma o professor William Eid, da Fundação Getulio Vargas. O resultado é que, hoje, nada menos do que 350 bilhões de reais estão aplicados nos dois títulos.

As letras fazem mais sucesso do que outros investimentos incentivados, como certificados de recebíveis, porque­, se o crédito na ponta não é pago, quem arca com o prejuízo é o banco, e não o investidor. A garantia de pagamento em caso de quebra do banco emissor é de até 250 000 ­reais.

Hoje, o governo gasta estimados 8 bilhões de reais por ano para, na prática, subsidiar investidores. Isso porque não demorou para que surgissem exageros. Segundo críticos do modelo, bancos médios começaram a utilizar créditos com garantia em “imóveis” como lastro, ainda que as operações de crédito não sejam exatamente imobiliárias.

Segundo a associação de entidades do mercado de capitais, Anbima, hoje já há mais aplicações em investimentos isentos de imposto do que em tributados: cerca de 1 trilhão de reais estão em investimentos isentos (incluindo a poupança); e 580 bilhões, em produtos que pagam imposto de renda.

Com isso, começou uma fuga crescente de recursos dos fundos. Só no ano passado os investidores sacaram 65 bilhões de reais das carteiras de renda fixa e multimercado. A indústria de fundos vem pressionando por alguma equiparação ao benefício fiscal. Para se antecipar, os gestores de fundos devem apresentar em março uma proposta ao governo de restrições à liquidez dos investimentos isentos.

Para ter acesso ao benefício, o investidor teria de deixar o dinheiro parado por um ano. Após uma intervenção do Banco Central em 2012, o prazo mínimo passou a ser de dois meses — mas, no auge da festa, os bancos chegavam a oferecer letras com liquidez diária desde o início do contrato. “Os fundos não conseguem competir com isenção de impostos aliada a liquidez”, afirma o vice-presidente da Anbima, Carlos Ambrósio. Os fundos têm descontos semestrais de IR.

Mas as mudanças decorrentes no mercado financeiro são bem mais profundas do que a fuga de dinheiro dos fundos. Com a demanda por LCIs e LCAs, os bancos mudaram a forma de se financiar. Hoje, o volume de letras já representa o dobro do total de CDBs, que, antes dos investimentos isentos, eram o principal meio de financiamento dos bancos.

O custo da captação é mais baixo usando as LCIs e as LCAs, e a diferença é maior para os bancos médios. Bancos que pagavam até 110% do CDI (taxa básica de juro) para emitir seus CDBs conseguem pagar hoje menos de 100% numa LCI, por exemplo. Alguns bancos, como o Indusval, que tem uma divisão atuante em crédito agrícola, e o Intermedium, concentrado em imobiliário, têm hoje mais de 30% de sua captação total nesses instrumentos.

“As letras reduziram o custo de captação dos bancos médios, junto com o benefício ao crédito agrícola e imobiliário”, afirma Ricardo Gelbaum, diretor do Daycoval. A mudança abrangeu bancos de todos os portes, o que torna a situa­ção mais complexa. Os públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal são os maiores emissores de letras do mercado, com 200 bilhões emitidos.

A captação de recursos com as letras também cresce muito rapidamente nos grandes bancos privados. No Bradesco, o total emitido subiu 42% no último ano, para 27 bilhões de reais. Mudar as regras das letras de crédito, portanto, é hoje um nó especialmente difícil de desatar — já que atingiria o modelo de financiamento dos bancos brasileiros.


Solução complexa


Cabe ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, desfazer a rede de consequências indesejadas criada pelos investimentos isentos — isso enquanto toca o já nada simples processo de ajuste fiscal. Em janeiro, Levy indicou que é necessário “harmonizar” a tributação dos investimentos, o que foi visto como senha para mudanças nas letras de crédito. Mas, de lá para cá, nada foi anunciado.

É fato que nos últimos anos não faltaram recursos para o crédito imobiliário e agrícola — embora, claro, nem todo aumento possa ser atribuído à isenção. O crédito agrícola dobrou, e o imobiliário mais que triplicou em quatro anos. Os defensores do modelo atual alegam que, caso o governo volte atrás, acabará tendo de subsidiar o crédito à moda antiga, por meio dos bancos públicos.

No mercado financeiro, mesmo os prejudicados pelo possível fim da isenção esperam que o governo decida sobre o assunto — e, principalmente, pare de mexer nas regras dos investimentos com tanta frequên­cia. “O problema é essa incerteza, montar toda a estrutura para nos adaptar às regras e ter de voltar atrás”, diz o acionista de um banco médio.

A grande dúvida a responder é se o mercado imobiliário, o agronegócio, os investidores e os bancos devem mesmo receber os 8 bilhões de reais de subsídios anuais — número que cresce ano a ano. Ainda: se direcionar parcela tão grande da poupança nacional a duas letras de crédito faz ou não sentido num país que precisa desesperadamente investir em infraestrutura, por exemplo. Esse é o tamanho da confusão que as tais aplicações de três letras criaram.