quarta-feira, 13 de maio de 2015

MENOS ENTRAVES






Resolução disciplina visto temporário para estrangeiros.


Profissionais estrangeiros que vierem ao Brasil para participar de conferências, seminários, congressos e reuniões poderão obter da autoridade consular brasileira visto temporário de até 30 dias, quando receberem pró-labore por suas atividades. A determinação consta de resolução normativa do Conselho Nacional da Imigração (CNIg), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego.

A regra alcança cientistas, pesquisadores e professores, que ainda poderão obter visto temporário de turista, desde que não recebam remuneração pelas atividades ligadas ao evento para o qual veio participar no País. Pela legislação, o prazo de validade do visto de turista será de até cinco anos, fixado pelo Ministério das Relações Exteriores, dentro de critérios de reciprocidade, e proporcionará múltiplas entradas no País, com estadas não excedentes a 90 dias, prorrogáveis por igual período, totalizando o máximo de 180 dias por ano.

A resolução do CNIg ainda prevê que o visto temporário por um ano, prorrogável, poderá ser concedido ao estudante de qualquer nível de graduação ou pós-graduação, inclusive àqueles que participam de programas denominados “sanduíche”, com ou sem bolsa concedida pelo governo brasileiro. Os que não tiverem bolsa, no entanto, terão de comprovar à autoridade consultar brasileira que possuem seguro de saúde, dispõem de recursos suficientes para se manter durante o período de estudo no País e que estão matriculado ou formalmente aceitos em instituição de ensino ou pesquisa no Brasil.

(EM – 29/04/2015)

SP obtém liminar para impedir bloqueio de Internet móvel




Marcello Casal Jr./Agência Brasil
 
 
Aumentar o acesso à internet e garantir o financiamento para mídias públicas estão entre os desafios na área de comunicação
Internet móvel: decisão deverá ser aplicada às principais operadoras do país: Oi, Vivo, TIM e Claro
 
 
Da REUTERS


Rio de Janeiro - O órgão de defesa do consumidor Procon-SP obteve liminar impedindo o bloqueio de Internet após o término de franquia de dados dos contratos de acesso à Web por telefonia móvel vendidos como ilimitados.

A decisão vale para o Estado de São Paulo e deverá ser aplicada às principais operadoras do país: Oi, Vivo, TIM e Claro.

A liminar foi concedida pela 3ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo após ação civil pública movida pelo Procon-SP, que alegou quebra unilateral de contrato por parte das operadoras de telefonia.

Desde o início do ano, as operadoras passaram a cortar o acesso à Internet móvel dos clientes que atingiam o fim da franquia de dados, em vez de apenas reduzir a velocidade como faziam anteriormente.
A liminar foi concedida na terça-feira pelo juiz Fausto José Martins Seabra, e determina que as operadoras não podem mais bloquear o acesso à Internet de clientes que tenham contratado serviços ilimitados de acesso à rede por telefonia móvel, prevendo multa diária de 25 mil reais pelo descumprimento da decisão.

A decisão vale para planos ilimitados contratados até 11 de maio.

O Procon-SP não informou o volume de contratos que seriam afetados pela liminar.

O presidente da TIM, Rodrigo Abreu, comentou a liminar em evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira. Segundo ele, a empresa e as demais operadoras não oferecem mais planos ilimitados há cerca de dois anos.

"Esse é um modelo que ficou para trás há muito tempo", disse. "Nenhuma empresa oferece mais acesso ilimitado há muito tempo", declarou.

Procuradas, Vivo e Oi disseram que não comentariam a decisão e que ainda não tinham sido notificadas. A Claro não respondeu a pedidos de comentários.

O que você precisa saber para cuidar melhor do seu dinheiro e prosperar


"Gaste menos do que você ganha e invista bem a diferença", orienta o best-seller Gustavo Cerbasi, que traz palestra exclusiva para o Administradores Premium

Redação, Administradores.com,  


Seu dinheiro não é para o mês, mas para a vida toda. Essa máxima é de Gustavo Cerbasi, maior especialista em finanças pessoais do Brasil, autor de best-sellers como "Casais inteligentes enriquecem juntos" e "Pais inteligentes enriquecem seus filhos". Em um workshop online preparado com exclusividade para o Administradores Premium, ele fala sobre educação financeira e aponta dicas valiosas para você evitar o vermelho e prosperar.
Na palestra, Cerbasi destaca alguns elementos que são importantes nesse aspecto e elenca também alguns erros que são fatais. Abaixo, elencamos os principais pontos do workshop, que está disponível na íntegra para Administradores Premium. Confira:

Os erros frequentes


O uso do crédito


O uso indevido do crédito é apontado pelo especialista como um problema extremamente sério e infelizmente muito presente nos lares da maioria dos brasileiros. Para ele, o crédito só deve ser utilizado para enriquecer e não para consumo comum, por se tratar – na maioria das vezes – de um gasto desnecessário. O valor será cobrado e maior do que o realmente gasto, graças aos juros e taxas presentes. No entanto, em caso de investimento – algo com retorno futuro – o uso do crédito é aceitavel, uma vez que o lucro deve cobrir as despesas.

“As pessoas lidam com o crédito como se fosse um complemento do salário, sem perceber que ele pode estar tirando boa parte do poder de consumo que a pessoa vai ter ao longo da vida, sem perceber que esse crédito talvez esteja custando mais caro que o necessário”, diz Cerbasi.


As compras a prazo


Compras com parcelas muito longas podem comprometer sua capacidade de lidar com imprevistos futuros. Se possível, é recomendado que você opte por pagar suas compras à vista, uma vez que isso permite um melhor planejamento e evita as surpresas na fatura do cartão no final do mês, além de gerar bons descontos na maioria das compras.

“A compra a prazo, matematicamente, pode ser um bom negócio, principalmente se não há nenhum desconto no caso de pagar à vista. Mas a condição é ter flexibilidade no orçamento e ter uma reserva para lidar com imprevistos no futuro”, orienta Cerbasi.


O corte de gastos


Crie um ranking de preferências sobre os itens do seu consumo. Ou seja, numere o que você prioriza mais e, dessa forma, elimine o que ficar por último na lista, como o IPTU, por exemplo.
Mas, calma, não estamos dizendo para você parar de pagar o IPTU, mas sim alterar o que gera o alto gasto com esse imposto, por exemplo.

"Se o IPTU for muito caro, talvez seja porque sua moradia é muito cara. O caminho para gastar melhor é priorizar qualidade de vida, bem estar, lazer, mesmo que você tenha que simplificar outras escolhas, como um carro melhor e uma casa melhor. Não é eliminar um item, mas simplificá-lo. Se você pode comprar uma casa de R$ 200 mil, compre uma de R$ 180 mil, por exemplo, e tenha assim uma verba extra para imprevistos", explica o especialista em finanças.
Para o uso inteligente do dinheiro, Cerbasi acredita que alguns elementos são chave, como, por exemplo, a adoção de um orçamento flexível, um estímulo às compras planejadas (e não as motivadas por impulso), a boa utilização do crédito para produção (e não para o consumo), a adoção de investimentos de longo prazo e, claro, um planejamento que permita ter segurança e regras que permitam crescer e não gerar dívidas.


Os sabotadores

"Muitas vezes, chega gente numa noite de autógrafos e diz que está comprando o livro para educar alguém em casa. Jogar a culpa no outro é fácil. Mas, muitas vezes, essa pessoa que é vista como a sabotadora dos planos é a mais sabotada, porque, nos planos, o que ela quer não está incluso. E aí ela gasta fora dos planos e descontrola o que foi planejado", diz Gustavo Cerbasi.


O cheque especial


O cheque especial só deve ser utilizado para cobrir um imprevisto, temporariamente, e jamais para gastos desnecessários e nada urgentes. Por exemplo: caso um cliente atrase um pagamento e você precise dele para pagar um fornecedor, utilize o cheque especial pelo tempo necessário sem se desfazer do planejamento inicial. Segundo Cerbasi, o prejuízo no caso acima é muito pouco se comparado às outras opções disponíveis.

Gastar dinheiro gera prazer, mas é preciso controlar

 

Mesmo diante dos vários conselhos, experiências já vivídas e até daquele aperto do final do mês, sabemos que não é nada fácil fechar a mão e o bolso diante das várias oportunidades de gastar aquele dinheiro. Uma volta no shopping e pronto, a tentação bate na porta, senta no sofá e por lá fica, quase implorando para levar para casa aquele presente desnecessário que vem, 'de brinde', com um gasto extra na fatura do mês.

“Talvez o aspecto comportamental seja o nosso maior desafio, porque quando se fala da dificuldade de manter o controle não faltam bons argumentos para justificar que a pessoa não consegue cumprir aquilo que sabe que deve ser feito”, acredita Gustavo Cerbasi.

Para ele, “nós temos dificuldades de construir algo para o futuro porque o presente demanda sensações de felicidade”, o que pode acarretar alguns probleminhas.

Portanto, como diz Gustavo Cerbasi: gaste menos do que você ganha e invista bem a diferença. 

Quer ver a aula completa do Cerbasi? Clique aqui.

Brasil fica em 60º lugar em ranking mundial de educação



LuminaStock/ThinkStock
Educação


São Paulo – O Brasil ficou em 60º lugar no ranking mundial de educação elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no qual foram considerados 76 países. Divulgado hoje, o estudo é baseado no desempenho dos estudantes em testes de matemática e ciências. 

As primeiras posições na lista ficaram com países asiáticos – Singapura conquistou o primeiro lugar, seguido por Hong-Kong, Coreia e Japão.

Dentre os latino-americanos, o Chile é o primeiro da lista, em 48º lugar. Costa Rica, México e Uruguai também estão na frente do Brasil, em 53º, 54º e 55º respectivamente. Os estudantes brasileiros tiveram desempenho melhor que os argentinos (62º lugar), colombianos (67º) e peruanos (71º). O último lugar no ranking é ocupado por Gana, na África.

Segundo o relatório, o desempenho do Brasil em matemática, ciência e leitura melhorou consideravelmente na última década. “A pontuação no PISA na área de matemática subiu numa média de 4,1 pontos por ano – de 356 pontos em 2003 para 391 pontos em 2012”, diz o relatório.

Zara é autuada por não cumprir acordo para acabar com trabalho escravo

Publicado por Âmbito Jurídico



A grife Zara, que produz e vende roupas masculinas e femininas e pertence ao grupo espanhol Inditex, foi autuada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por descumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2011 para corrigir condições degradantes que caracterizaram trabalho escravo na cadeia produtiva da empresa.

De acordo com a superintendência do órgão federal em São Paulo, uma auditoria com 67 fornecedores da marca mostrou 433 irregularidades em todo o país, como excesso da jornada de trabalho, atraso nos pagamentos, aumento dos acidentes, trabalho infantil, além de discriminação pela exclusão de imigrantes da produção, o que pode resultar em multa de mais de R$ 25 milhões.

Há quatro anos, a Zara foi autuada por manter 15 trabalhadores de nacionalidades bolivianos e peruanos em condição análogos à de escravo na atividade de costura. As oficinas subcontratadas pela marca receberam 52 autos de infração. Entre as irregularidades, foram constatadas jornada de trabalho excessiva, servidão por dívida e situação precária de higiene.

Na época, a empresa disse desconhecer esse tipo de exploração. Pelo TAC, assinado com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Zara deveria ter detectado e corrigido novas violações, por meio de auditoria interna, melhorando as condições gerais de trabalho na empresa.

O relatório mostra que mais de 7 mil trabalhadores foram prejudicados pelas irregularidades em fornecedoras da Zara. Entre eles, 46 empregados estavam sem registro em carteira, 23 empresas estavam em débito de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 22 tinham jornadas excessivas, irregulares ou fraudadas.

Em relação aos acidentes de trabalho, verificou-se um aumento de 73, em 2012, para 84 casos, no ano passado. A auditoria foi solicitada a partir da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de São Paulo que investigou trabalho escravo. As fiscalizações ocorreram entre agosto de 2015 a abril deste ano.

Para o Ministério do Trabalho e Emprego, a empresa não só continuou a cometer infrações à lei trabalhista como utilizou as informações da auditoria para excluir imigrantes da produção. 

“Utilizou-se das ferramentas de fiscalização de natureza privada para identificar fornecedores com risco potencial de exploração de trabalho análogo à de escravo, excluindo-os unilateralmente de sua cadeia produtiva, em vez de identificar situações reais de lesão aos direitos humanos, corrigi-las e comunicar às autoridades, de acordo com o que determinava o TAC”, diz relatório da superintendência regional. Por conta da fiscalização, a empresa transferiu parte de sua produção para outros estados, como Santa Catarina.

Pelos cálculos do ministério, a empresa deve pagar R$ 25 milhões pelo descumprimento do acordo e R$ 850 mil pela atitude discriminatória. “Trabalhadores migrantes, notadamente de origem boliviana, foram excluídos de sua cadeia produtiva, razão pela qual a empresa foi autuada por restringir o acesso ao trabalho por motivos de origem e etnia do trabalhador”, explica o relatório do órgão. A estimativa do MTE é que 157 imigrantes que trabalhavam em 35 oficinas foram desligados. O relatório aponta ainda que cerca de 3,2 mil postos foram fechados em São Paulo por causa do deslocamento da produção da empresa para outros estados.

O ministério destacou ainda que a Zara foi omissa quando da contratação de uma oficina, onde se constatou trabalho escravo em novembro do ano passado. Foram flagrados 37 trabalhadores em situação degradante, que costuravam para as Lojas Renner. “A fiscalização constatou que, no período de 14 de agosto de 2013 a 23 de setembro de 2013, esse grupo de oficinas também havia produzido 8.450 peças de roupas da Zara”, diz o documento. A grife espanhola, no entanto, apesar do acordo firmado com o MPT, não informou aos órgãos competentes as irregularidades deste fornecedor. A Zara não foi responsabilizada por causa da ausência do flagrante.

Em resposta à organização não governamental Repórter Brasil, que publicou reportagem sobre o caso, a Inditex informou que está contestando legalmente os autos de infração, pois considera que acusações infundadas e que não contêm fato específico que viole o TAC.

Em relação à prática discriminatória, a multinacional diz que não intervem no recrutamento dos empregados de companhias com as quais mantém relacionamento comercial. Acrescenta que a Zara é apenas um entre os vários clientes desses fornecedores e que a empresa representa menos de 15% da produção desses fabricantes.

Sobre o fornecedor que foi flagrado posteriormente empregando mão de obra escrava, a Inditex diz que ele foi submetido a auditoria interna e não foram constatadas situações de trabalho comparáveis a de escravidão. Para a empresa, contestar esse fato é colocar em dúvida companhias especializadas em autoria privada de “reconhecido prestígio internacional”.
 
As demais violações, como trabalho infantil e funcionários sem registro em carteira, são contestadas. Sobre jornadas excessivas e débitos de FGTS, alega que medidas corretivas foram adotadas

Ajuste fiscal: brasileiro terá que pagar R$ 47 bi a mais em tributos


O ajuste fiscal proposto pelo governo federal deve elevar a carga tributária brasileira em 0,8 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Isso significa que, se tudo o que foi anunciado for colocado em prática, os brasileiros pagarão 47,5 bilhões de reais a mais em impostos e contribuições. E a projeção é que o adicional de tributos exigidos para melhorar as contas públicas, por baixo, chegue a 100 bilhões de reais de acréscimo até o final do atual governo.

Segundo os cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), todas as medidas anunciadas pela equipe econômica representam um adicional de 39,8 bilhões de reais à carga tributária. Outros 7,7 bilhões de reais virão de Estados e municípios, que também reajustaram os impostos que lhes cabem, como IPTU e IPVA. Confirmada a tendência, a alta de impostos em 2015 seria o dobro da registrada em 2014 e a carga tributária fecharia o ano em 36,22%. “O governo não precisa negociar tributos e, assim, é mais fácil empurrar a conta”, diz Gilberto Luiz do Amaral, coordenador de estudos do IBPT.

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O economista Mansueto Almeida também estima uma alta de 0,8 ponto porcentual, mas incluiu também na contabilidade outros 7,5 bilhões de reais correspondendo ao fim dos subsídios ao setor elétrico. Na sua avaliação, a medida tem efeito tributário: de um lado, alivia o Tesouro Nacional e, de outro, eleva a conta de luz – e os impostos que recaem sobre ela. Por causa dos reajustes, energia se transformou neste início de ano em um dos itens que mais pesam no orçamento das famílias e na alta de custos das empresas.

Dito isso, se todas as medidas anunciadas forem implementadas, o custo para a sociedade neste ano será de cerca de 55 bilhões de reais. Se todo esse dinheiro fosse usado para o superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida pública), cobriria mais de 80% do total da meta que o ministro da Fazenda Joaquim Levy estabeleceu.

Mansueto Almeida contemporiza que o tamanho da contribuição tributária, ao final deste ano, vai depender do fôlego da economia e da confiança dos consumidores. Com a crise, as pessoas estão apertando o cinto, comprando menos e fazendo a arrecadação cair muito abaixo do esperado. Mas ele prevê que, ainda assim, a alta de impostos esteja apenas no começo.

“Ao longo de todo o mandato de quatro anos, o ajuste vai exigir uns 200 bilhões de reais, e não há a menor dúvida que no mínimo metade disso, uns 100 bilhões de reais, terão de vir de aumentos de carga tributária”, diz Almeida. No fim, diz, a história apenas se repete. Série histórica elaborada pelo economista mostra que, após a Constituição de 1988, nenhum governo deixou de herança um gasto público menor. “Quando todos os presidentes saíram do Planalto, o gasto era maior, e o ajuste foi feito com aumento de impostos”, conclui o economista.


Fonte: Veja

terça-feira, 12 de maio de 2015

O empreendedor que passou de carregar tijolos a construir prédios para a classe A


Antonio Setin passava os finais de semana da sua adolescência construindo casas populares com as próprias mãos. Hoje, é dono de uma empresa milionária

Setin no apartamento de 18 m2: ele aposta nos compactos    (Foto: Helena Peixoto)
Selo - Movimento Empreenda 2014 (Foto: Editora Globo)
Matéria publicada originalmente na edição de fevereiro de Época NEGÓCIOS

Você é maluco? Vai investir em um mercado em que está todo mundo quebrando?” Não era exatamente isso que Antonio Setin queria ouvir de um amigo engenheiro, quando lhe contou sobre seus planos de montar um negócio na área de construção. O problema é que a desanimada reação do colega fazia todo o sentido. E Setin sabia disso. Era final da década de 70 e, naquela época, ele trabalhava numa marcenaria, que entregava produtos para grandes construtoras. Alguns de seus maiores clientes estavam falindo. “Mas a vontade de ter a empresa era tanta que eu simplesmente ignorei a reação do meu amigo”, conta Setin. 

Foi uma aposta arriscadíssima. Mas deu certo. Um ano depois, o mercado de construção virou. “Em 1980, quando minhas primeiras casas estavam ficando prontas, eu tinha cliente correndo atrás de mim”, afirma Setin. Em março, sua empresa completa 36 anos. A lição que ele aprendeu naquele momento decisivo e que carrega desde então é que, às vezes, momentos mais difíceis são ideais para começar um negócio. “Porque começar no momento fácil todo mundo começa. Eu prefiro começar no momento árduo porque você vai se beneficiar depois de uma retomada.”

Antonio Setin nasceu em uma família de trabalhadores rurais do Paraná que veio para São Paulo na década de 60. Para ajudar na renda da casa, começou a trabalhar ainda criança em pequenas fábricas. 
Quando tinha 13 anos foi “recrutado” pelos irmãos mais velhos para ajudar na marcenaria que eles acabavam de abrir no fundo do quintal da casa. A função de Antonio era basicamente varrer e carregar madeira. De vez em quando, atendia alguns clientes e entregava peças.

Aos poucos, a marcenaria cresceu e os Setin conseguiram se mudar para uma loja no Bom Retiro. Com o dinheiro que sobrava no caixa, os irmãos compravam terrenos e construíam casas populares na periferia da Zona Norte de São Paulo “para multiplicar as moedas”. O lucro não ficava para eles – era dividido com os pais para ajudar a criar os outros cinco irmãos. Antonio fala com orgulho destes tempos. Lembra saudoso do trabalho árduo mas recompensador, do hábito de acordar bem cedo, que carrega até hoje (ele chega antes das 7h no escritório da Setin) e da felicidade de ter participado da evolução daquele modesto comércio criado pela família.  
 

O começo e os planos
 

Aos 18 anos, Antonio Setin resolveu cursar faculdade de arquitetura. O conhecimento do curso o ajudava a lidar com os clientes na hora de planejar os móveis, ao mesmo tempo em que alimentava seu sonho de ter uma empresa de construção. “Eu achava legal ver um terreno e pouco tempo depois avistar lá em cima uma casa, outra casa, mais casas... E a marcenaria podia subsidiar esse sonho”, diz. Foi o que ele fez. Abriu um escritório na Casa Verde, onde atendia à demanda da marcenaria, ao mesmo tempo em que fazia as vezes de arquiteto, engenheiro e mestre de obras para erguer suas primeiras casas.

Por cerca de cinco anos, a empresa viveu de construir casas para a classe média. O financiamento na época era complicado, então Setin costumava aceitar um sinal dos clientes e depois os ajudava a negociar com o banco. Mas havia momentos em que ele ficava com dezenas de casas prontas e vendidas, mas não podia entregá-las porque as pessoas não conseguiam crédito. “Chegou uma hora em que as casinhas estavam paradas, sendo pichadas, os clientes desesperados, os bancos não liberavam o financiamento”, diz Setin. “Aí eu falei, quer saber? Vou trabalhar para rico.”
 
Como a marcenaria não tinha chuveiro, Setin precisava levar uma roupa extra na mochila para não chegar cheio de pó na escola

Na mesma época em que colocou à venda o seu primeiro prédio, no bairro de Moema, o governo anunciou o plano Cruzado. Setin sentiu de novo que tinha feito a aposta certa, vendendo sem dificuldade os apartamentos. Com o dinheiro, comprou outros dois terrenos no bairro para continuar construindo. Até que veio o choque de realidade. O plano fracassou, a inflação voltou e tudo que ele havia ganho parecia perdido. Pela primeira (mas não última) vez, ele achou que ia quebrar.

A economia ainda lhe daria muitos sustos nos anos seguintes. Durante a hiperinflação, ele chegou a criar uma moeda interna para não perder dinheiro com as vendas. Com ela, era possível reajustar diariamente o preço dos imóveis, para evitar que os compradores chegassem no dia 30 de cada mês comprando pelo preço do dia 1º – em um curto período de tempo, os preços chegavam a variar 70%.

Em março de 1990, veio o plano Collor. Setin perdeu o sono pela primeira vez na vida. Sua esposa estava no último mês de gravidez e o dinheiro na conta não seria suficiente para pagar o parto. Talvez nem mesmo o supermercado. Na empresa, não fazia ideia de como resolveria a folha de pagamentos. 

Passado o susto inicial, ele não só conseguiu resolver a situação – do parto e da empresa – como ainda saiu da crise com a ideia de um novo negócio. A proposta era diversificar os investimentos para contar com um plano B em momentos difíceis.

O empresário era dono de um terreno na Vila Mariana e não sabia exatamente o que fazer com ele. 

Até que veio o estalo: por que não construir um hotel? O estudo de viabilidade mostrou que a ideia era factível. Negociou com a rede Accor a operação do empreendimento e fez um Novotel (depois transformado em Pullman, que hospedou a seleção brasileira durante a Copa). Logo em seguida, ele traria, em parceria com a empresa francesa, as bandeiras econômicas Ibis e Formule 1 para o país. 

Atualmente, são quatro hotéis sob sua administração – e Setin diz que dará cada vez mais atenção para esse mercado. “O Brasil é um país em que a gente dorme de um jeito e acorda de outro. Não dá pra deixar muitos ovos numa cesta.”

Maquete do prédio lançado no ano passado no centro de São Paulo com o menor apartamento do Brasil, de 18 m2 (Foto: Helena Peixoto)
 

Os obstáculos
 

A partir de 2006, várias empresas do setor imobiliário começaram a se aventurar em um ambiente desconhecido até então: a bolsa. Houve um boom de IPOs e cada uma delas captava milhões com a abertura de capital. O empresário percebeu que o movimento do mercado não deixaria espaço para as pequenas. “Eu pensei, esses caras com dinheiro vão comprar terrenos mais baratos que eu, vão dominar o mercado e eu vou quebrar.”

Não bastassem os maus presságios nos negócios, Antonio Setin viveu um drama familiar: perdeu seu irmão Valdemar em um acidente de carro. Os dois trabalhavam juntos desde o início da marcenaria e ele era uma de suas grandes referências na vida e nos negócios. A morte de Valdemar desencadeou uma disputa judicial na família. Sua ex-mulher reclamava direitos na Setin e o clã não estava disposto a ceder. A pendenga causou dissabores particulares e atrapalhou os negócios. Em litígio, a empresa não poderia abrir o capital – uma das ideias de Setin.

O jeito foi buscar outra alternativa para não sucumbir aos rivais. Setin contratou um banco de investimento para ajudá-lo nas negociações e fechou uma operação de fusão com a Klabin Segall, que já tinha feito IPO e precisava de fôlego para crescer. Setin se tornou sócio da empresa ao lado dos irmãos Sérgio e Oscar Segall. As duas foram integradas – exceção feita a alguns projetos e à parte de hotéis da Setin, mantidos em um pequeno escritório separado. A vida parecia finalmente ter entrado no eixo. Até que veio a crise de 2008.

“A empresa estava alavancada e com a dívida mal estruturada. Tivemos de chamar os acionistas num momento em que estava todo mundo quebrando. No banco, você não conseguia nem marcar reunião”, lembra Setin. Mais uma vez, os dilemas com a empresa aconteciam em um momento complicado da vida pessoal.
 
 
Polêmica
 
 
A Setin é dona do terreno do Parque Augusta, em São Paulo, que os vizinhos queriam que fosse desapropriado pela prefeitura

Uma de suas filhas foi sequestrada e ficou 29 dias no cativeiro. A outra estava a dias de ir para a maternidade. Nem por isso ele deixava de aparecer no escritório. “Eu ia ficar em casa chorando? 

Meus sócios não acreditavam. Talvez porque eu tenha passado por tantas experiências difíceis acabei me tornando um cara mais cascudo”, diz. Segundo ele, essa “casca” e sua paixão pelo trabalho o mantiveram empreendendo depois de tantos altos e baixos.

Para a Klabin Segall, a solução para a crise foi a venda. Setin, porém, não conseguiu ficar parado. 

Voltou para o pequeno escritório onde funcionavam os negócios que restaram da Setin, readquiriu o direito de competir no mercado e recomeçou a empresa. Só que desta vez ela seria apenas uma incorporadora. A parte de construção passou a ser terceirizada, e a equipe exclusiva de vendas só começou a ser montada novamente no ano passado, por conta da crise no mercado. Em 2014, os empreendimentos lançados pela Setin somavam um potencial de vendas de R$ 500 milhões, metade do resultado atingido em 2013. Para este ano, a expectativa é chegar a pelo menos R$ 700 milhões.
 

O olho do dono
 

Depois dessa experiência, Setin hoje está certo de que nesse mercado é importante que as empresas sejam “de dono”. Apesar de confiar em sua equipe, ele diz ter um pouco de receio de deixar o que construiu na mão de um executivo. O dilema que a empresa agora deve enfrentar é
a sucessão. Setin diz não ter pressa para se aposentar. “Eu não posso morrer agora, tenho de dar um tempo”, brinca o empresário. De seus seis filhos, a única que trabalha na empresa não tem vontade de ocupar a cadeira do pai.

Enquanto a cadeira ainda é sua, ele planeja novos investimentos em hotéis e continua fazendo prédios, a maior parte deles na Grande São Paulo. Um dos segmentos em que a empresa tem apostado é o de apartamentos compactos, especialmente na região central da capital paulista. Ali, começará em breve a construção de um edifício com apartamentos de 18 m² a 40 m². O menor deles custa R$ 270 mil.

“Eu não posso morrer agora, tenho de dar um tempo”, brinca Setin, quando o assunto é sucessão

E a marcenaria? “Vendemos”, responde Setin, com um ar melancólico. Segundo ele, houve um momento em que as construções passaram a dar mais dinheiro que os móveis. Mesmo assim, até o início dos anos 2000 ela ainda tinha muita demanda, por conta dos hotéis. Quando a procura caiu, achou que a melhor decisão era passar o negócio para a frente. Nas mãos do novo dono, porém, não resistiu às crises e acabou fechando. Talvez Setin esteja mesmo certo de não querer se aposentar tão cedo.