Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Resolução disciplina visto temporário para estrangeiros.
Profissionais estrangeiros que vierem ao Brasil para participar de
conferências, seminários, congressos e reuniões poderão obter da
autoridade consular brasileira visto temporário de até 30 dias, quando
receberem pró-labore por suas atividades. A determinação consta de
resolução normativa do Conselho Nacional da Imigração (CNIg), vinculado
ao Ministério do Trabalho e Emprego.
A regra alcança cientistas, pesquisadores e professores, que ainda
poderão obter visto temporário de turista, desde que não recebam
remuneração pelas atividades ligadas ao evento para o qual veio
participar no País. Pela legislação, o prazo de validade do visto de
turista será de até cinco anos, fixado pelo Ministério das Relações
Exteriores, dentro de critérios de reciprocidade, e proporcionará
múltiplas entradas no País, com estadas não excedentes a 90 dias,
prorrogáveis por igual período, totalizando o máximo de 180 dias por
ano.
A resolução do CNIg ainda prevê que o visto temporário por um ano,
prorrogável, poderá ser concedido ao estudante de qualquer nível de
graduação ou pós-graduação, inclusive àqueles que participam de
programas denominados “sanduíche”, com ou sem bolsa concedida pelo
governo brasileiro. Os que não tiverem bolsa, no entanto, terão de
comprovar à autoridade consultar brasileira que possuem seguro de saúde,
dispõem de recursos suficientes para se manter durante o período de
estudo no País e que estão matriculado ou formalmente aceitos em
instituição de ensino ou pesquisa no Brasil.
Rio de Janeiro - O órgão de defesa do consumidor Procon-SP obteve liminar impedindo o bloqueio de Internet após o término de franquia de dados dos contratos de acesso à Web por telefonia móvel vendidos como ilimitados.
A decisão vale para o Estado de São Paulo e deverá ser aplicada às principais operadoras do país: Oi, Vivo, TIM e Claro.
A liminar foi concedida pela 3ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de
Justiça de São Paulo após ação civil pública movida pelo Procon-SP, que
alegou quebra unilateral de contrato por parte das operadoras de
telefonia.
Desde o início do ano, as operadoras passaram a cortar o acesso à
Internet móvel dos clientes que atingiam o fim da franquia de dados, em
vez de apenas reduzir a velocidade como faziam anteriormente.
A liminar foi concedida na terça-feira pelo juiz Fausto José Martins
Seabra, e determina que as operadoras não podem mais bloquear o acesso à
Internet de clientes que tenham contratado serviços ilimitados de
acesso à rede por telefonia móvel, prevendo multa diária de 25 mil reais
pelo descumprimento da decisão.
A decisão vale para planos ilimitados contratados até 11 de maio.
O Procon-SP não informou o volume de contratos que seriam afetados pela liminar.
O presidente da TIM, Rodrigo Abreu, comentou a liminar em evento no Rio
de Janeiro nesta quarta-feira. Segundo ele, a empresa e as demais
operadoras não oferecem mais planos ilimitados há cerca de dois anos.
"Esse é um modelo que ficou para trás há muito tempo", disse. "Nenhuma
empresa oferece mais acesso ilimitado há muito tempo", declarou.
Procuradas, Vivo e Oi disseram que não comentariam a decisão e que
ainda não tinham sido notificadas. A Claro não respondeu a pedidos de
comentários.
"Gaste menos do que você ganha e invista bem a
diferença", orienta o best-seller Gustavo Cerbasi, que traz palestra
exclusiva para o Administradores Premium
Redação, Administradores.com,
Seu dinheiro não é para o mês, mas para a vida toda. Essa máxima é
de Gustavo Cerbasi, maior especialista em finanças pessoais do Brasil,
autor de best-sellers como "Casais inteligentes enriquecem juntos" e
"Pais inteligentes enriquecem seus filhos". Em um workshop online
preparado com exclusividade para o Administradores Premium, ele fala
sobre educação financeira e aponta dicas valiosas para você evitar o
vermelho e prosperar.
O uso indevido do crédito é apontado pelo especialista como um
problema extremamente sério e infelizmente muito presente nos lares da
maioria dos brasileiros. Para ele, o crédito só deve ser utilizado para
enriquecer e não para consumo comum, por se tratar – na maioria das
vezes – de um gasto desnecessário. O valor será cobrado e maior do que o
realmente gasto, graças aos juros e taxas presentes. No entanto, em
caso de investimento – algo com retorno futuro – o uso do crédito é
aceitavel, uma vez que o lucro deve cobrir as despesas.
“As pessoas lidam com o crédito como se fosse um complemento do
salário, sem perceber que ele pode estar tirando boa parte do poder de
consumo que a pessoa vai ter ao longo da vida, sem perceber que esse
crédito talvez esteja custando mais caro que o necessário”, diz Cerbasi.
As compras a prazo
Compras com parcelas muito longas podem comprometer sua capacidade de
lidar com imprevistos futuros. Se possível, é recomendado que você opte
por pagar suas compras à vista, uma vez que isso permite um melhor
planejamento e evita as surpresas na fatura do cartão no final do mês,
além de gerar bons descontos na maioria das compras.
“A compra a prazo, matematicamente, pode ser um bom negócio,
principalmente se não há nenhum desconto no caso de pagar à vista. Mas a
condição é ter flexibilidade no orçamento e ter uma reserva para lidar
com imprevistos no futuro”, orienta Cerbasi.
O corte de gastos
Crie um ranking de preferências sobre os itens do seu consumo. Ou
seja, numere o que você prioriza mais e, dessa forma, elimine o que
ficar por último na lista, como o IPTU, por exemplo.
Mas, calma, não estamos dizendo para você parar de pagar o IPTU, mas
sim alterar o que gera o alto gasto com esse imposto, por exemplo.
"Se o IPTU for muito caro, talvez seja porque sua moradia é muito
cara. O caminho para gastar melhor é priorizar qualidade de vida, bem
estar, lazer, mesmo que você tenha que simplificar outras escolhas, como
um carro melhor e uma casa melhor. Não é eliminar um item, mas
simplificá-lo. Se você pode comprar uma casa de R$ 200 mil, compre uma
de R$ 180 mil, por exemplo, e tenha assim uma verba extra para
imprevistos", explica o especialista em finanças.
Para o uso inteligente do dinheiro, Cerbasi acredita que alguns
elementos são chave, como, por exemplo, a adoção de um orçamento
flexível, um estímulo às compras planejadas (e não as motivadas por
impulso), a boa utilização do crédito para produção (e não para o
consumo), a adoção de investimentos de longo prazo e, claro, um
planejamento que permita ter segurança e regras que permitam crescer e
não gerar dívidas.
Os sabotadores
"Muitas vezes, chega gente
numa noite de autógrafos e diz que está comprando o livro para educar
alguém em casa. Jogar a culpa no outro é fácil. Mas, muitas vezes, essa
pessoa que é vista como a sabotadora dos planos é a mais sabotada,
porque, nos planos, o que ela quer não está incluso. E aí ela gasta fora
dos planos e descontrola o que foi planejado", diz Gustavo Cerbasi.
O cheque especial
O cheque especial só deve ser utilizado para cobrir um imprevisto,
temporariamente, e jamais para gastos desnecessários e nada urgentes.
Por exemplo: caso um cliente atrase um pagamento e você precise dele
para pagar um fornecedor, utilize o cheque especial pelo tempo
necessário sem se desfazer do planejamento inicial. Segundo Cerbasi, o
prejuízo no caso acima é muito pouco se comparado às outras opções
disponíveis.
Gastar dinheiro gera prazer, mas é preciso controlar
Mesmo diante dos vários conselhos, experiências já vivídas e até
daquele aperto do final do mês, sabemos que não é nada fácil fechar a
mão e o bolso diante das várias oportunidades de gastar aquele dinheiro.
Uma volta no shopping e pronto, a tentação bate na porta, senta no sofá
e por lá fica, quase implorando para levar para casa aquele presente
desnecessário que vem, 'de brinde', com um gasto extra na fatura do mês.
“Talvez o aspecto comportamental seja o nosso maior desafio, porque
quando se fala da dificuldade de manter o controle não faltam bons
argumentos para justificar que a pessoa não consegue cumprir aquilo que
sabe que deve ser feito”, acredita Gustavo Cerbasi.
Para ele, “nós temos dificuldades de construir algo para o futuro
porque o presente demanda sensações de felicidade”, o que pode acarretar
alguns probleminhas.
Portanto, como diz Gustavo Cerbasi: gaste menos do que você ganha e invista bem a diferença.
São Paulo – O Brasil ficou em 60º lugar no ranking mundial de educação elaborado pela OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no qual
foram considerados 76 países. Divulgado hoje, o estudo é baseado no
desempenho dos estudantes em testes de matemática e ciências.
As primeiras posições na lista ficaram com países asiáticos – Singapura
conquistou o primeiro lugar, seguido por Hong-Kong, Coreia e Japão.
Dentre os latino-americanos, o Chile é o primeiro da lista, em 48º
lugar. Costa Rica, México e Uruguai também estão na frente do Brasil, em
53º, 54º e 55º respectivamente. Os estudantes brasileiros tiveram
desempenho melhor que os argentinos (62º lugar), colombianos (67º) e
peruanos (71º). O último lugar no ranking é ocupado por Gana, na África.
Segundo o relatório, o desempenho do Brasil em matemática, ciência e
leitura melhorou consideravelmente na última década. “A pontuação no
PISA na área de matemática subiu numa média de 4,1 pontos por ano – de
356 pontos em 2003 para 391 pontos em 2012”, diz o relatório.
A grife Zara, que produz e vende roupas masculinas e femininas e
pertence ao grupo espanhol Inditex, foi autuada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) por descumprir o Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) firmado em 2011 para corrigir condições degradantes que
caracterizaram trabalho escravo na cadeia produtiva da empresa.
De
acordo com a superintendência do órgão federal em São Paulo, uma
auditoria com 67 fornecedores da marca mostrou 433 irregularidades em
todo o país, como excesso da jornada de trabalho, atraso nos pagamentos,
aumento dos acidentes, trabalho infantil, além de discriminação pela
exclusão de imigrantes da produção, o que pode resultar em multa de mais
de R$ 25 milhões.
Há quatro anos, a Zara foi autuada por manter
15 trabalhadores de nacionalidades bolivianos e peruanos em condição
análogos à de escravo na atividade de costura. As oficinas
subcontratadas pela marca receberam 52 autos de infração. Entre as
irregularidades, foram constatadas jornada de trabalho excessiva,
servidão por dívida e situação precária de higiene.
Na época, a
empresa disse desconhecer esse tipo de exploração. Pelo TAC, assinado
com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Zara deveria ter detectado
e corrigido novas violações, por meio de auditoria interna, melhorando
as condições gerais de trabalho na empresa.
O relatório mostra
que mais de 7 mil trabalhadores foram prejudicados pelas irregularidades
em fornecedoras da Zara. Entre eles, 46 empregados estavam sem registro
em carteira, 23 empresas estavam em débito de Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) e 22 tinham jornadas excessivas, irregulares ou
fraudadas.
Em relação aos acidentes de trabalho, verificou-se um
aumento de 73, em 2012, para 84 casos, no ano passado. A auditoria foi
solicitada a partir da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Assembleia Legislativa de São Paulo que investigou trabalho escravo. As
fiscalizações ocorreram entre agosto de 2015 a abril deste ano.
Para
o Ministério do Trabalho e Emprego, a empresa não só continuou a
cometer infrações à lei trabalhista como utilizou as informações da
auditoria para excluir imigrantes da produção.
“Utilizou-se das
ferramentas de fiscalização de natureza privada para identificar
fornecedores com risco potencial de exploração de trabalho análogo à de
escravo, excluindo-os unilateralmente de sua cadeia produtiva, em vez de
identificar situações reais de lesão aos direitos humanos, corrigi-las e
comunicar às autoridades, de acordo com o que determinava o TAC”, diz
relatório da superintendência regional. Por conta da fiscalização, a
empresa transferiu parte de sua produção para outros estados, como Santa
Catarina.
Pelos cálculos do ministério, a empresa deve pagar R$
25 milhões pelo descumprimento do acordo e R$ 850 mil pela atitude
discriminatória. “Trabalhadores migrantes, notadamente de origem
boliviana, foram excluídos de sua cadeia produtiva, razão pela qual a
empresa foi autuada por restringir o acesso ao trabalho por motivos de
origem e etnia do trabalhador”, explica o relatório do órgão. A
estimativa do MTE é que 157 imigrantes que trabalhavam em 35 oficinas
foram desligados. O relatório aponta ainda que cerca de 3,2 mil postos
foram fechados em São Paulo por causa do deslocamento da produção da
empresa para outros estados.
O ministério destacou ainda que a
Zara foi omissa quando da contratação de uma oficina, onde se constatou
trabalho escravo em novembro do ano passado. Foram flagrados 37
trabalhadores em situação degradante, que costuravam para as Lojas
Renner. “A fiscalização constatou que, no período de 14 de agosto de
2013 a 23 de setembro de 2013, esse grupo de oficinas também havia
produzido 8.450 peças de roupas da Zara”, diz o documento. A grife
espanhola, no entanto, apesar do acordo firmado com o MPT, não informou
aos órgãos competentes as irregularidades deste fornecedor. A Zara não
foi responsabilizada por causa da ausência do flagrante.
Em
resposta à organização não governamental Repórter Brasil, que publicou
reportagem sobre o caso, a Inditex informou que está contestando
legalmente os autos de infração, pois considera que acusações infundadas
e que não contêm fato específico que viole o TAC.
Em relação à
prática discriminatória, a multinacional diz que não intervem no
recrutamento dos empregados de companhias com as quais mantém
relacionamento comercial. Acrescenta que a Zara é apenas um entre os
vários clientes desses fornecedores e que a empresa representa menos de
15% da produção desses fabricantes.
Sobre o fornecedor que foi
flagrado posteriormente empregando mão de obra escrava, a Inditex diz
que ele foi submetido a auditoria interna e não foram constatadas
situações de trabalho comparáveis a de escravidão. Para a empresa,
contestar esse fato é colocar em dúvida companhias especializadas em
autoria privada de “reconhecido prestígio internacional”.
As
demais violações, como trabalho infantil e funcionários sem registro em
carteira, são contestadas. Sobre jornadas excessivas e débitos de FGTS,
alega que medidas corretivas foram adotadas
O ajuste fiscal
proposto pelo governo federal deve elevar a carga tributária brasileira
em 0,8 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Isso
significa que, se tudo o que foi anunciado for colocado em prática, os
brasileiros pagarão 47,5 bilhões de reais a mais em impostos e
contribuições. E a projeção é que o adicional de tributos exigidos para
melhorar as contas públicas, por baixo, chegue a 100 bilhões de reais de
acréscimo até o final do atual governo.
Segundo os cálculos do Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), todas as medidas
anunciadas pela equipe econômica representam um adicional de 39,8
bilhões de reais à carga tributária. Outros 7,7 bilhões de reais virão
de Estados e municípios, que também reajustaram os impostos que lhes
cabem, como IPTU e IPVA. Confirmada a tendência, a alta de impostos em
2015 seria o dobro da registrada em 2014 e a carga tributária fecharia o
ano em 36,22%. “O governo não precisa negociar tributos e, assim, é
mais fácil empurrar a conta”, diz Gilberto Luiz do Amaral, coordenador
de estudos do IBPT.
O economista Mansueto Almeida também
estima uma alta de 0,8 ponto porcentual, mas incluiu também na
contabilidade outros 7,5 bilhões de reais correspondendo ao fim dos
subsídios ao setor elétrico. Na sua avaliação, a medida tem efeito
tributário: de um lado, alivia o Tesouro Nacional e, de outro, eleva a
conta de luz – e os impostos que recaem sobre ela. Por causa dos
reajustes, energia se transformou neste início de ano em um dos itens
que mais pesam no orçamento das famílias e na alta de custos das
empresas.
Dito isso, se todas as medidas
anunciadas forem implementadas, o custo para a sociedade neste ano será
de cerca de 55 bilhões de reais. Se todo esse dinheiro fosse usado para o
superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida
pública), cobriria mais de 80% do total da meta que o ministro da
Fazenda Joaquim Levy estabeleceu.
Mansueto Almeida contemporiza que o
tamanho da contribuição tributária, ao final deste ano, vai depender do
fôlego da economia e da confiança dos consumidores. Com a crise, as
pessoas estão apertando o cinto, comprando menos e fazendo a arrecadação
cair muito abaixo do esperado. Mas ele prevê que, ainda assim, a alta
de impostos esteja apenas no começo.
“Ao longo de todo o mandato de quatro
anos, o ajuste vai exigir uns 200 bilhões de reais, e não há a menor
dúvida que no mínimo metade disso, uns 100 bilhões de reais, terão de
vir de aumentos de carga tributária”, diz Almeida. No fim, diz, a
história apenas se repete. Série histórica elaborada pelo economista
mostra que, após a Constituição de 1988, nenhum governo deixou de
herança um gasto público menor. “Quando todos os presidentes saíram do
Planalto, o gasto era maior, e o ajuste foi feito com aumento de
impostos”, conclui o economista.
Matéria publicada originalmente na edição de fevereiro de Época NEGÓCIOS
Você é maluco? Vai investir em um mercado em que está todo mundo
quebrando?” Não era exatamente isso que Antonio Setin queria ouvir de um
amigo engenheiro, quando lhe contou sobre seus planos de montar um
negócio na área de construção. O problema é que a desanimada reação do
colega fazia todo o sentido. E Setin sabia disso. Era final da década de
70 e, naquela época, ele trabalhava numa marcenaria, que entregava
produtos para grandes construtoras. Alguns de seus maiores clientes
estavam falindo. “Mas a vontade de ter a empresa era tanta que eu
simplesmente ignorei a reação do meu amigo”, conta Setin.
Foi uma aposta arriscadíssima. Mas deu certo. Um ano depois, o mercado
de construção virou. “Em 1980, quando minhas primeiras casas estavam
ficando prontas, eu tinha cliente correndo atrás de mim”, afirma Setin.
Em março, sua empresa completa 36 anos. A lição que ele aprendeu naquele
momento decisivo e que carrega desde então é que, às vezes, momentos
mais difíceis são ideais para começar um negócio. “Porque começar no
momento fácil todo mundo começa. Eu prefiro começar no momento árduo
porque você vai se beneficiar depois de uma retomada.”
Antonio Setin nasceu em uma família de trabalhadores rurais do Paraná
que veio para São Paulo na década de 60. Para ajudar na renda da casa,
começou a trabalhar ainda criança em pequenas fábricas.
Quando tinha 13
anos foi “recrutado” pelos irmãos mais velhos para ajudar na marcenaria
que eles acabavam de abrir no fundo do quintal da casa. A função de
Antonio era basicamente varrer e carregar madeira. De vez em quando,
atendia alguns clientes e entregava peças.
Aos poucos, a marcenaria cresceu e os Setin conseguiram se mudar para
uma loja no Bom Retiro. Com o dinheiro que sobrava no caixa, os irmãos
compravam terrenos e construíam casas populares na periferia da Zona
Norte de São Paulo “para multiplicar as moedas”. O lucro não ficava para
eles – era dividido com os pais para ajudar a criar os outros cinco
irmãos. Antonio fala com orgulho destes tempos. Lembra saudoso do
trabalho árduo mas recompensador, do hábito de acordar bem cedo, que
carrega até hoje (ele chega antes das 7h no escritório da Setin) e da
felicidade de ter participado da evolução daquele modesto comércio
criado pela família.
O começo e os planos
Aos 18 anos, Antonio Setin resolveu cursar faculdade de arquitetura. O
conhecimento do curso o ajudava a lidar com os clientes na hora de
planejar os móveis, ao mesmo tempo em que alimentava seu sonho de ter
uma empresa de construção. “Eu achava legal ver um terreno e pouco tempo
depois avistar lá em cima uma casa, outra casa, mais casas... E a
marcenaria podia subsidiar esse sonho”, diz. Foi o que ele fez. Abriu um
escritório na Casa Verde, onde atendia à demanda da marcenaria, ao
mesmo tempo em que fazia as vezes de arquiteto, engenheiro e mestre de
obras para erguer suas primeiras casas.
Por cerca de cinco anos, a empresa viveu de construir casas para a
classe média. O financiamento na época era complicado, então Setin
costumava aceitar um sinal dos clientes e depois os ajudava a negociar
com o banco. Mas havia momentos em que ele ficava com dezenas de casas
prontas e vendidas, mas não podia entregá-las porque as pessoas não
conseguiam crédito. “Chegou uma hora em que as casinhas estavam paradas,
sendo pichadas, os clientes desesperados, os bancos não liberavam o
financiamento”, diz Setin. “Aí eu falei, quer saber? Vou trabalhar para
rico.”
Como a marcenaria não tinha chuveiro, Setin precisava levar uma roupa extra na mochila para não chegar cheio de pó na escola
Na mesma época em que colocou à venda o seu primeiro prédio, no bairro
de Moema, o governo anunciou o plano Cruzado. Setin sentiu de novo que
tinha feito a aposta certa, vendendo sem dificuldade os apartamentos.
Com o dinheiro, comprou outros dois terrenos no bairro para continuar
construindo. Até que veio o choque de realidade. O plano fracassou, a
inflação voltou e tudo que ele havia ganho parecia perdido. Pela
primeira (mas não última) vez, ele achou que ia quebrar.
A economia ainda lhe daria muitos sustos nos anos seguintes. Durante a
hiperinflação, ele chegou a criar uma moeda interna para não perder
dinheiro com as vendas. Com ela, era possível reajustar diariamente o
preço dos imóveis, para evitar que os compradores chegassem no dia 30 de
cada mês comprando pelo preço do dia 1º – em um curto período de tempo,
os preços chegavam a variar 70%.
Em março de 1990, veio o plano Collor. Setin perdeu o sono pela
primeira vez na vida. Sua esposa estava no último mês de gravidez e o
dinheiro na conta não seria suficiente para pagar o parto. Talvez nem
mesmo o supermercado. Na empresa, não fazia ideia de como resolveria a
folha de pagamentos.
Passado o susto inicial, ele não só conseguiu
resolver a situação – do parto e da empresa – como ainda saiu da crise
com a ideia de um novo negócio. A proposta era diversificar os
investimentos para contar com um plano B em momentos difíceis.
O empresário era dono de um terreno na Vila Mariana e não sabia
exatamente o que fazer com ele.
Até que veio o estalo: por que não
construir um hotel? O estudo de viabilidade mostrou que a ideia era
factível. Negociou com a rede Accor a operação do empreendimento e fez
um Novotel (depois transformado em Pullman, que hospedou a seleção
brasileira durante a Copa). Logo em seguida, ele traria, em parceria com
a empresa francesa, as bandeiras econômicas Ibis e Formule 1 para o
país.
Atualmente, são quatro hotéis sob sua administração – e Setin diz
que dará cada vez mais atenção para esse mercado. “O Brasil é um país em
que a gente dorme de um jeito e acorda de outro. Não dá pra deixar
muitos ovos numa cesta.”
Os obstáculos
A partir de 2006, várias empresas do setor imobiliário começaram a se
aventurar em um ambiente desconhecido até então: a bolsa. Houve um boom
de IPOs e cada uma delas captava milhões com a abertura de capital. O
empresário percebeu que o movimento do mercado não deixaria espaço para
as pequenas. “Eu pensei, esses caras com dinheiro vão comprar terrenos
mais baratos que eu, vão dominar o mercado e eu vou quebrar.”
Não bastassem os maus presságios nos negócios, Antonio Setin viveu um
drama familiar: perdeu seu irmão Valdemar em um acidente de carro. Os
dois trabalhavam juntos desde o início da marcenaria e ele era uma de
suas grandes referências na vida e nos negócios. A morte de Valdemar
desencadeou uma disputa judicial na família. Sua ex-mulher reclamava
direitos na Setin e o clã não estava disposto a ceder. A pendenga causou
dissabores particulares e atrapalhou os negócios. Em litígio, a empresa
não poderia abrir o capital – uma das ideias de Setin.
O jeito foi buscar outra alternativa para não sucumbir aos rivais.
Setin contratou um banco de investimento para ajudá-lo nas negociações e
fechou uma operação de fusão com a Klabin Segall, que já tinha feito
IPO e precisava de fôlego para crescer. Setin se tornou sócio da empresa
ao lado dos irmãos Sérgio e Oscar Segall. As duas foram integradas –
exceção feita a alguns projetos e à parte de hotéis da Setin, mantidos
em um pequeno escritório separado. A vida parecia finalmente ter entrado
no eixo. Até que veio a crise de 2008.
“A empresa estava alavancada e com a dívida mal estruturada. Tivemos de
chamar os acionistas num momento em que estava todo mundo quebrando. No
banco, você não conseguia nem marcar reunião”, lembra Setin. Mais uma
vez, os dilemas com a empresa aconteciam em um momento complicado da
vida pessoal.
Polêmica
A Setin é dona do terreno do Parque Augusta, em São Paulo, que os vizinhos queriam que fosse desapropriado pela prefeitura
Uma de suas filhas foi sequestrada e ficou 29 dias no cativeiro. A
outra estava a dias de ir para a maternidade. Nem por isso ele deixava
de aparecer no escritório. “Eu ia ficar em casa chorando?
Meus sócios
não acreditavam. Talvez porque eu tenha passado por tantas experiências
difíceis acabei me tornando um cara mais cascudo”, diz. Segundo ele,
essa “casca” e sua paixão pelo trabalho o mantiveram empreendendo depois
de tantos altos e baixos.
Para a Klabin Segall, a solução para a crise foi a venda. Setin, porém,
não conseguiu ficar parado.
Voltou para o pequeno escritório onde
funcionavam os negócios que restaram da Setin, readquiriu o direito de
competir no mercado e recomeçou a empresa. Só que desta vez ela seria
apenas uma incorporadora. A parte de construção passou a ser
terceirizada, e a equipe exclusiva de vendas só começou a ser montada
novamente no ano passado, por conta da crise no mercado. Em 2014, os
empreendimentos lançados pela Setin somavam um potencial de vendas de R$
500 milhões, metade do resultado atingido em 2013. Para este ano, a
expectativa é chegar a pelo menos R$ 700 milhões.
O olho do dono
Depois dessa experiência, Setin hoje está certo de que nesse mercado é
importante que as empresas sejam “de dono”. Apesar de confiar em sua
equipe, ele diz ter um pouco de receio de deixar o que construiu na mão
de um executivo. O dilema que a empresa agora deve enfrentar é
a sucessão. Setin diz não ter pressa para se aposentar. “Eu não posso
morrer agora, tenho de dar um tempo”, brinca o empresário. De seus seis
filhos, a única que trabalha na empresa não tem vontade de ocupar a
cadeira do pai.
Enquanto a cadeira ainda é sua, ele planeja novos investimentos em
hotéis e continua fazendo prédios, a maior parte deles na Grande São
Paulo. Um dos segmentos em que a empresa tem apostado é o de
apartamentos compactos, especialmente na região central da capital
paulista. Ali, começará em breve a construção de um edifício com
apartamentos de 18 m² a 40 m². O menor deles custa R$ 270 mil.
“Eu não posso morrer agora, tenho de dar um tempo”, brinca Setin, quando o assunto é sucessão
E a marcenaria? “Vendemos”, responde Setin, com um ar melancólico.
Segundo ele, houve um momento em que as construções passaram a dar mais
dinheiro que os móveis. Mesmo assim, até o início dos anos 2000 ela
ainda tinha muita demanda, por conta dos hotéis. Quando a procura caiu,
achou que a melhor decisão era passar o negócio para a frente. Nas mãos
do novo dono, porém, não resistiu às crises e acabou fechando. Talvez
Setin esteja mesmo certo de não querer se aposentar tão cedo.