quarta-feira, 20 de maio de 2015

Metade das empresas do país está inadimplente, diz pesquisa



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Dinheiro saindo pela janela
Somadas, as dívidas das empresas chegam a 86,4 bilhões de reais, segundo pesquisa da Serasa Experian 

 
 
São Paulo – Das 7 milhões de companhias que operam no Brasil, 3,8 milhões estão inadimplentes em março, aponta estudo da Serasa Experian divulgado hoje.

Somadas, as dívidas empresariais chegaram a 86,4 bilhões de reais, uma média de 22,8 mil reais por CNPJ.

“O atual quadro recessivo da economia afeta diretamente o ritmo dos negócios e, por consequência, a geração de caixa por parte das empresas”, diz o relatório.

Em setembro de 2014, o número de empresas endividadas no país havia atingido o recorde de 3,6 milhões, número ultrapassado em março.

O estudo mostra ainda que o setor mais endividado é o comércio, com 46,3% do total, seguido por serviços, com 43,7%, e indústria, com 9%.

A maioria das empresas, 59% delas, deve a apenas um credor e as com anos de atuação entre 2 e 5 anos são as mais inadimplentes e representam 36,7% do total.

O que você pode aprender sobre carreira com Mad Men


Hoje vai ao ar o último episódio da série Mad Men, exibida no Brasil pelo canal de TV a cabo HBO. Ele vai mostrar qual será o desfecho dos profissionais da agência de publicidade Sterling Cooper & Partners, na qual os personagens trabalharam por sete anos. 

Ambientada na Nova York dos anos 60, Mad Men acompanha a vida e a carreira de Don Draper (Jon Hamm), um diretor de criação brilhante e admirado que sofre com problemas de identidade, com a perda do vigor criativo causada pelo alcoolismo e com a sensação de que é inadequado a seu tempo. Não à toa, seu drinque favorito é o old fashioned. Enquanto retrata o estilo de vida de uma época romântica da publicidade, a  série expõe dilemas de carreira que continuam bastante atuais: jogadas sujas, ambição, frustração e disputas pelo poder. Descubra a seguir o que trazer da ficção para a vida real.

Recomeços:

Por Don Draper

A CENA: Don descobre que a agência será vendida para uma concorrente grande, a McCann — que tem uma cultura completamente diferente. Preocupado, ele divide a informação com os sócios e faz uma proposta ousada: todos serem demitidos, comprarem a empresa novamente e começarem tudo do zero. 

A LIÇÃO: diante de uma situação de perda grande, arriscar se torna uma oportunidade mais viável. Mas correr riscos demanda planejamento. “A melhor maneira é ter bem claro aonde se quer chegar e fazer escolhas de acordo com esse objetivo maior”, diz Gilberto Guimarães, professor de liderança da Business School São Paulo. A partir daí, é hora de encontrar aliados para aconselharem e até se unirem a você na estratégia. “Use sua rede para pensar bem sobre o novo caminho”, diz Beth Zorzi, da Quota Mais, consultoria de carreira de São Paulo.

Negociar uma promoção

Por Pete Campbell

A CENA: Pete (Vincent Kartheiser) é um dos personagens mais ambiciosos de Mad Men e logo consegue ser promovido a chefe de atendimento. A promoção é feita no meio da fusão da empresa, época em que todos que eram chamados à sala da diretoria temiam ser demitidos. Embora saiba exatamente o que quer, Pete trava e não consegue negociar os termos da promoção — não pergunta nem sobre salário nem sobre atribuições. Só depois descobre que terá de dividir o cargo com seu colega Ken Cosgrove, o que o deixa furioso. 

A LIÇÃO: por mais inseguro que esteja, na hora de uma promoção é necessário falar tanto quanto ouvir. “Descubra quais serão as novas funções e se haverá um aumento”, diz Gilberto, da BSP. E, se algo estiver fora do esperado, será o momento de negociar. Pense sobre os objetivos de carreira para estar preparado para uma conversa crítica. 

Mudar de emprego

Por Peggy Olson

A CENA: profissional em ascensão, Peggy (Elisabeth Moss) é uma das redatoras mais talentosas da Sterling Cooper. Seu chefe, Don, sabe disso. Mas a deixa de lado no projeto mais importante da agência, embora ela fique responsável por quase todas as outras contas. A falta de reconhecimento e a pouca mobilidade na hierarquia causam descontentamento e Peggy decide descobrir se é valorizada fora da empresa — e obtém uma ótima proposta de emprego.

A LIÇÃO: a falta de motivação é o que faz com que a personagem repense sua trajetória, algo que costuma ocorrer com a maioria dos profissionais. Nesse momento, é importante pensar sobre os motivos do desânimo para ter certeza de que trocar de emprego é mesmo a melhor opção. “Os sinais estão sempre presentes. Podem ser uma sensação de estagnação ou de incompatibilidade com o chefe ou com a empresa”, diz Beth, da Quota Mais. Fique atento para descobrir se há chance de trabalhar em um local que seja mais alinhado com seu momento de carreira.

Assédio

Por Joan Holloway

A CENA: a gerente administrativa Joan (Christina Hendricks) é assediada por um cliente que diz que fecharia negócio com a agência se passasse uma noite com ela. Depois de pensar muito, ela diz que cederia caso se tornasse sócia. Diante da concordância dos publicitários, Joan se torna acionista, mas convive com a sombra de que nunca será respeitada por sua capacidade.
A LIÇÃO: a ficção cria uma situação de dubiedade moral insolúvel: Joan é vítima, mas se beneficia financeiramente. E depois é assombrada pela humilhação da proposta e pela desconfiança de que nunca chegaria à diretoria apenas por seus méritos. “Em momentos de dilemas éticos, pense sobre seus valores e se posicione dentro do que acredita”, diz Beth, da Quota Mais. 

Descontrole

por Lane Pryce

CENA: inglês, Lane (Jared Harris) chega à agência com a primeira fusão da Sterling Cooper e, depois da manobra de Don para comprar a empresa de volta, torna-se um dos sócios e diretor financeiro. O problema é que todos os seus investimentos vão para a empresa, que, por ser muito jovem, ainda não dá lucro. Quebrado e pressionado a pagar impostos na Inglaterra, caso contrário perderá seu visto, Lane esconde o problema dos colegas e falsifica um cheque com a assinatura de Don para tentar salvar a pele, mas é descoberto.

A LIÇÃO: em momentos de crise na vida pessoal que afetem o desempenho no trabalho, não tem jeito: é preciso falar a verdade. “Ser transparente é ser ético”, diz Beth,  da Quota Mais. Procure explicar o problema e peça ajuda se necessário. Os líderes devem ser compreensivos nesse momento. Só tome cuidado para não achar que será totalmente poupado das metas e entregas depois de ter compartilhado o problema. “A compreensão é necessária, mas o chefe também tem de cobrar resultados, qualquer que seja a circunstância”, diz Beth.

Limites

por Ken Cosgrove

A CENA: responsável por atender a conta da Chevy — a mais importante da empresa, por ser da montadora GM —, Ken Cosgrove (Aaron Staton) vive em viagens entre Nova York e Detroit. Até aí, tudo bem. O problema é o tipo de atendimento que os executivos da fabricante de carros exigem. Ken é obrigado a aguentar a bebedeira alheia e a correr acima da velocidade permitida nas estradas americanas. O personagem chega ao limite quando, em uma caçada, leva um tiro no olho. Casado e com um filho para nascer, ele percebe que o esforço não vale a pena e que prefere ser visto como uma “piada da publicidade”, nas palavras de um colega, a continuar com a conta.

A LIÇÃO: ninguém precisa chegar ao limite como Ken, mas, quando o trabalho prejudica a vida pessoal, é o momento de pensar sobre quais são as prioridades e fazer ajustes na carreira. “Somos os mesmos em casa e no trabalho. O importante é encontrar o ponto de equilíbrio e ver que ações são adequadas ou inadequadas em cada momento da vida”, diz Gilberto, da BSP.

Atualização

por Harry Crane

A CENA: Harry (Rich Sommer) tem facilidade em entender quais serão as tecnologias que mudarão o modo como a publicidade vai trabalhar. Isso ocorre duas vezes ao longo da série. Na segunda temporada, ele convence um dos sócios de que todas as agências da cidade têm um departamento de televisão e de que é importante fazer anúncios para esse meio — e se torna diretor do departamento de mídia. Na sétima temporada, nota que a informática será essencial para fazer pesquisa e é o responsável pela compra do primeiro computador da empresa.

A LIÇÃO: o mérito de Harry é estar atento às novidades do mercado e ter coragem para propor inovações, mesmo que ainda não exista uma estrutura prévia de pessoas ou equipamentos. “O profissional deve ser uma solução para as necessidades que a empresa já tem e antecipar as necessidades futuras”, diz Gilberto, da BSP.

O que as cinco melhores escolas de negócios estão ensinando


Veja São Paulo/EXAME.com
 
Sala de aula do Insper, em São Paulo: centro de formação de profissionais para a área de finanças
Sala de aula do Insper, em São Paulo: o uso do big data do ponto de vista gerencial
 
 
 
As melhores escolas de negócios do Brasil já discutiam o problema da baixa produtividade há 15 anos. Agora, os assuntos mudaram. Veja o que é tratado nas principais escolas de negócios do país para que os alunos estejam preparados para dar respostas aos dilemas de negócios que surgirão nos próximos anos.
 
 
Inovação permanente


A Coppead, escola de negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que acaba de ter renovada a Equis — acreditação europeia de padrão de ensino em administração —, reforçou o ensino de inovação para seus alunos. Primeiro, ajuda os profissionais a compreender a importância da inovação para a perenidade dos negócios.

Em um segundo momento, mostra como a inovação deve ser um hábito permanente, já que os negócios estão em constante mudança. “Falamos aqui do gerenciamento do processo de inovação interno, desde o estímulo até a questão humana de querer fugir do risco e rejeitar o novo”, afirma Vicente Ferreira, diretor da Coppead.

Na sala de aula, fala-se em corporate venture capital, investimento da empresa na ideia de um funcionário para que ele crie um negócio ou uma solução e passe a ser fornecedor — e sócio da empresa matriz. “Para inovar não é preciso criar uma nova tecnologia, basta encontrar uma forma diferente de fazer o que já está feito, uma maneira mais econômica ou melhor para a sociedade. Qualquer funcionário pode ter uma ideia inovadora, as empresas precisam dar espaço a eles — e eles precisam aproveitar esse espaço”, diz.


Pessoas melhores são líderes melhores


Os executivos que começam o MBA na Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, costumam levar um susto no primeiro dia de aula. “Eles chegam à escola achando que vamos falar de gestão, dar ferramentas e ensinar técnicas desde o começo, mas apresentamos a eles assuntos ligados a filosofia, sociologia, autoconhecimento, ética e virtudes”, diz Paula Simões, gerente-coordenadora do programa de educação executiva.

“Não é exatamente uma aula de filosofia, mas questionamos o futuro da gestão e das organizações”, afirma. Os alunos vão para a cidade histórica de Ouro Preto e para o complexo artístico de Inhotim, relativamente próximos à sede da escola, para discutir arte, cultura e sustentabilidade. “Também tratamos da percepção de que as organizações serão julgadas cada vez menos pela rentabilidade aos acionistas e cada vez mais pelo impacto ambiental e social que geram”, afirma Paula.

O objetivo final é que o aluno volte para o mercado mais aberto a mudanças e consciente do resultado que seu trabalho gera. A ideia é que, provocando esses alunos, eles se tornem mais preparados para lidar com a complexidade do mundo. “Queremos formar líderes mais humanos”, diz Paula, e completa: “É importante que os gestores de agora façam um exercício de autoconhecimento para entender seu estilo de se comunicar e o impacto disso em suas relações”. 


Olho na China e na Índia


“Nosso trabalho é prever o futuro”, diz James Wright, coordenador de MBA internacional da FIA, em São Paulo. A baixa produtividade do brasileiro, um assunto atual para exemplificar, foi discutida em sala de aula há dez anos. Hoje, a pauta é internacional. 

“O Brasil levou milhões de pessoas para a classe média. Na próxima década, os indianos e chineses passarão pela mesma inserção econômica”, diz James. “Sabemos vender para essas pessoas. Os executivos brasileiros devem estar prontos para entrar nesses mercados”, diz James. 

Na agenda de quem quer aproveitar a oportunidade devem constar viagens para os dois países e desenvolvimento de técnicas de negociação em culturas diferentes. “O brasileiro é muito orientado para o mercado interno, mas é hora de levar para fora o que sabemos fazer bem”, afirma. 


Uso de dados digitais


Para saber o que precisa ser ensinado aos executivos que procuram seu programa de MBA, o Insper, em São Paulo, monitora as demandas das organizações. “Pesquisamos o que as empresas entendem como características de funcionários acima da média e, depois, trabalhamos para desenvolver essas habilidades. 

Hoje, estamos focados em dois tipos: as interpessoais e as analíticas”, diz Silvio Laban, coordenador-geral dos programas de MBA do Insper. Para Silvio, profissionais de todas as áreas devem se adaptar ao uso do big data do ponto de vista gerencial. O assunto é trabalhado de duas maneiras: 1) o caráter estrutural que envolve a coleta de dados e 2) a visão estratégica para analisar, tomar decisões e gerenciar riscos levando em conta esses números.

“Há muitas bases de informações disponíveis. Os executivos precisam agora entender quais tipos de análise e de cruzamento podem ser feitos para apoiar as decisões que eles têm de tomar”, diz.


Habilidades avançadas


Na Saint Paul Escola de Negócios, de São Paulo, 70% da carga horária é preenchida por exercícios e atividades que colocam os alunos para resolver problemas bem atuais, como gestão estratégica de custo, já que todas as empresas estão revisando seu orçamento neste ano.

Por outro lado, o desenvolvimento de habilidades de liderança ganhou maior peso. “O profissional mais jovem que chega ao curso com pouca ou nenhuma experiência de gestão precisa ser mais preparado”, diz José Claudio Securato, presidente da Saint Paul. Uma novidade na sala de aula é a liderança silenciosa, aquela que estimula a humildade. 

“Hoje, desenvolver pessoas, uma das principais funções de um líder, deve acontecer em silêncio, porque o gestor ideal não busca glória nem fama pessoal; ao contrário, ele deve ser um bom ouvinte”, afirma.

Mulheres criativas, economias criativas



Arquivo pessoal
Irene Natividad
Irene Natividad: "muitas mudanças só acontecem mesmo quando quem está na liderança assume e acredita na causa"
 
Bárbara Nór, da VOCÊ S/A


Empresárias, líderes de governo e CEOs de mais de 50 países estarão presentes no encontro, que acontece em São Paulo, nos dias 14 a 16 de maio de 2015. Confira a nossa conversa com a criadora do evento e ativista Irene Natividad sobre a presença feminina no mercado de trabalho e o Summit, que, este ano, leva o tema de “Mulheres Criativas, Economias Criativas”.

VOCÊ S/A - Por que o Brasil esse ano?
Por que não o Brasil? É a sétima maior economia no mundo. E como esse é um encontro  de negócios que tenta introduzir diferentes mercados para os executivos, seria estúpido perder a maior economia da América Latina. É muito importante que saibam quais são as oportunidades aqui e como acessar esse mercado. É por isso que estamos felizes que o ministro Levy presidirá a conversa sobre fazer negócios com o Brasil. Nós queremos que ele nos fale a respeito disso, porque muitas mulheres que vêm ao encontro estão interessadas nesse mercado. É gigante.

VOCÊ S/A - Por que o tema “Mulheres Criativas, Economia Criativa?”?
O Brasil é criativo em termos de crescer ao mesmo tempo tentando conservar recursos limitados e as mulheres são essenciais para criar economias em modelos novos e ainda desconhecidos. Elas não têm muitos modelos prontos, porque normalmente estão mais à margem, então não estão presas em uma moldura. O que quero mostrar nesse encontro é a criatividade das mulheres. Uma delas é a Robin Chase, que criou o Buzz Car e Zip Car, ela foi pioneira na nova economia, que usa a tecnologia para agregar pessoas, mercados e produtos e, no processo, maximizar o uso do que quer que você esteja trocando. E aí vem o lado brasileiro. Tem essa jovem, a Lorrana Scarpioni, que criou o Bliive. Nele você troca tempo, não dinheiro, o que acho criativo. E tem uma enorme reserva de mulheres talentosas e com diploma nos países emergentes ainda subempregadas – juntas, elas formariam uma economia equivalente à China e Índia combinadas.

VOCÊ S/A - Tem algum desafio em particular para o Brasil quanto à questão das mulheres?
Todo país enfrenta desafios relativos à questão de como integrar mulheres em um ambiente de trabalho que foi criado por homens. A cultura de trabalho não é delas, elas não estão no poder, elas não são a maioria de CEOs, diretores de conselho ou executivos sêniors no mundo, mas elas têm que ter um bom desempenho mesmo assim. É por isso que eu chamo as mulheres de imigrantes no trabalho, porque não é a linguagem delas, não é a cultura delas, não é o jeito delas de fazer as coisas. E é uma lógica que ainda não acomoda o fato de que as mulheres ainda são responsáveis pelo cuidado de famílias numa escala maior que os homens.

VOCÊ S/A - Como podemos melhorar isso?
Um exemplo é a controvérsia recente com Ellen Pao, no Silicon Valley. Ela processou a empresa em que trabalhava por discriminação sexual. Eram detalhes sutis, como não ser convidada para certas reuniões ou ser excluída de discussões. O nome dela está morto no Vale do Silicone, porque é uma comunidade bem fechada, mas nunca mais essas companhias vão ignorar esse tipo de problema. Essas são as heroínas. Como Anita Hill (advogada norte-americana), por exemplo. Foi só depois dela que aprendemos o que era assédio sexual, e empresas começaram a a falar sobre como identifica-lo e o que fazer a respeito. Mas muitas mudanças só acontecem mesmo quando quem está na liderança assume e acredita na causa. É por isso também que no encontro tenho discussões de CEOs homens, que vêm de companhias que já fazem um esforço pela diversidade – quero que eles falem disso e sirvam de modelo.

VOCÊ S/A - Qual seria uma das vantagens em ter mais mulheres na liderança?
Tem um estudo de um economista chinês, ele analisou casos de infrações de um período de 10 anos e descobriu que as empresas com mais mulheres nos conselhos tinham menos casos de infração do que as companhias que tinham maioria masculina. Eles tinham números que mostravam isso. E não é que as mulheres sejam puras. É só que elas se arriscam menos com o dinheiro dos outros. Elas também tendem a seguir regras e perguntar mais questões. Esse é um dos tópicos do nosso encontro, sobre como ter um negócio mais ético. Corrupção não é exclusividade do Brasil, está no mundo inteiro, nos países desenvolvidos, nos países emergentes. E estudos têm mostrado que mulheres acreditam mais em valores como transparência e responsabilidade.

VOCÊ S/A - Por que elas acreditam mais nisso?
Porque elas são tradicionalmente excluídas. Teve um estudo nos Estados Unidos sobre igualdade salarial e eles descobriram que a diferença salarial baseada em gênero era menor em empregos do governo do que no setor privado. Isso porque os salários, atribuições e requisitos para os empregos do governo são divulgados, todo mundo pode ver. Tem mais transparência em quanto você ganha, em como você é avaliado, como você pode ser promovido. O ponto chave do estudo é que as empresas deveriam ter descrições muito mais transparentes e do salário dos cargos. Nas empresas ninguém quer falar em salários, mas isso deveria acontecer.

VOCÊ S/A - A senhora está otimista a respeito da situação das mulheres em geral e no Brasil?
Sim. E não quero me focar no que não temos, mas sim no que temos. Temos a força de trabalho, temos educação, somos jovens. É melhor falar disso do que do que não temos. Que a gente use o que temos como argumento para ter o que ainda falta, como horas flexíveis para que possamos ter uma família e também trabalhar e melhorar sua companhia. Ninguém faz nada baseado no que é justo. Nós normalmente pedimos no começo do encontro que os direitos básicos, que ainda não são cumpridos, sejam postos em prática, mas depois quero falar do que de fato temos, porque ainda temos uma cultura tradicionalista que diz o que mulheres podem ou não fazer.

Você sabe o que é "distinguishing" e "defiance"?

Esclarecendo institutos do Direito Processual.

Publicado por Tagore Fróes



Distinguishing e defiance são institutos precipuamente (mas não exclusivamente) atrelados às decisões vinculativas (que, no Brasil, são representadas pelas súmulas vinculantes do STF e pelas decisões prolatadas em processos de natureza objetiva, como ADI, ADC e ADPF). Essas decisões vinculantes obrigam todos os demais órgãos do Poder Judiciário à observância do entendimento nelas consubstanciado: ou seja, uma sentença proferida pelo juiz de primeira instância não pode deixar de aplicar uma súmula vinculante. É aí que se observa a importância do distinguishing e do defiance.

O distinguishing é a prática de não aplicar dado precedente vinculante por se reconhecer que a situação sub judice (aquela que se está julgando imediatamente) não se encarta nos parâmetros de incidência do precedente. Um exemplo, para facilitar a compreensão. A Reclamação 9.360/DF (Rel. Min. Dias Toffoli. 1ª T. J. 30/09/2014) foi ajuizada contra ato do CNMP, por pretensa violação à súmula vinculante nº 10/STF[1] e à ADI 3.227/MG. Alegava o reclamante que lhe fora aplicada a pena de demissão pelo CNMP por decisão colegiada de seis votos a três, o que afrontaria o quórum a SV 10. Ao decidir a causa, o STF verificou que a SV 10 somente se aplica aos Tribunais, excluindo-se, portanto, de sua incidência o CNMP. Com efeito, o STF realizou um distinguishing na hipótese, ao observar que o quórum qualificado para a declaração de inconstitucionalidade de dada norma (o que, no aludido caso foi determinante para a demissão) somente seria aplicável aos Tribunais (parâmetro de incidência): afastando a aplicação da SV 10 ao caso sub judice e, portanto, julgando a reclamação improcedente.

Já o defiance é a afronta direta ao entendimento consolidado no precedente. Vale, aqui também, um exemplo, para aclarar. A Reclamação 2.024-0/CE (Rel. Min. Gilmar Mendes. Pleno. J. 28/11/2002), ajuizada contra ato da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza, por ofensa à ADC 4/DF. No precedente (ADC 4/DF), o STF declarara a constitucionalidade do art. da Lei 9.494/97 que, por sua vez, tem o resultado prático de impedir que o Poder Judiciário profira decisão liminar contra o Poder Público que implique majoração do vencimento de funcionários públicos. A decisão reclamada era uma liminar que concedia majoração do vencimento de servidores públicos municipais. Ao julgar procedente a reclamação, o STF reconheceu que a decisão impugnada (da 2ª VFP de Fortaleza) afrontou diretamente (defiance) o precedente consubstanciado no acórdão da ADC 4/DF.

A importância do defiance e do distinguishing é que, na primeira hipótese, a decisão que afronta um precedente vinculante deve ser cassada, dada a sua nulidade. Na segunda hipótese, se as situações forem distintas, a decisão que deixa de aplicar o precedente vinculante deve ser mantida. De qualquer modo, conforme a Constituição Federal, a decisão que deixar de aplicar (defiance) ou que fizer incidir incorretamente (ausência de distinguishing) dado precedente vinculante pode ser impugnada por meio de reclamação (art. 103-A, § 3º, CF). Vale lembrar, mais uma vez, que distiguishing e defiance não são institutos atrelados somente á jurisdição constitucional do STF. Mais um exemplo, para esclarecer. Imagine-se que o juiz, em primeira instância, defere pedido liminar em ação ordinária e, contra esta decisão, é interposto agravo de instrumento, que é conhecido e desprovido pelo Tribunal Local (TJ ou TRF), mantendo-se hígida a decisão recorrida; contra o acórdão da Corte local, é interposto recurso especial, para o Superior Tribunal de Justiça, sendo este conhecido e provido, para reconhecer-se o error in judicando do acórdão impugnado, eis que, o pedido em relação ao qual se pretendia a liminar já fora, adrede, acoimado pela prescrição. Uma vez transitada em julgado esta decisão do Superior Tribunal de Justiça, não poderá o juiz de primeira instância, ao final do processo, julgar procedente aquele mesmo pedido cuja prescrição fora fixada pela instância superior, caso o fizesse incorreria no defiance, eis que desobedeceria decisão vinculante do STJ. Sim, a coisa julgada é uma decisão vinculativa inter partes dentro do mesmo processo!
Sublinho que estas são apenas noções básicas acerca dos institutos, mas que servem como uma orientação geral.

[1] Súmula vinculante nº 10/STF: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.”.

Arrecade fundos para iniciar sua empresa e consiga clientes antes de lançá-la


Com crowdfunding, você conta com a contribuição de milhares de pessoas que acreditam na sua ideia

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Um obstáculo para muitos empresários que estão iniciando suas empresas é a falta de capital. Devido a isso, crowdfunding tem se tornado um meio atrativo e desburocratizado para ajudar as empresas no momento em que mais precisam, a fase inicial. 

Se antes era necessário convencer os bancos ou investidores de que sua ideia é viável e merece receber um investimento, hoje, com crowdfunding, abrem-se possibilidades até então inexistentes ou inalcançáveis para certos empreendedores. Agora é possível arrecadar dinheiro através de uma multidão que acredita na sua ideia; transformar contribuidores em futuros clientes; e o melhor, é possível arrecadar muito mais do que a meta estipulada para iniciar seu negócio.

Porém, antes de criar a sua campanha de crowdfunding para arrecadar fundos para lançar sua empresa, confira algumas dicas valiosas que selecionamos para você:

- Saiba como divulgar seu negócio na plataforma de crowdfunding. É importante que explique para os contribuidores o que é o seu projeto e como pretende utilizar o dinheiro. Diferentemente de investidor, você não precisa mostrar um planejamento detalhado de marketing do seu negócio, basta apenas convencer os usuários porque sua ideia é boa e merece cada contribuição.

- Escolha uma plataforma de crowdfunding e estipule uma meta de arrecadação condizente com os custos de lançamento da empresa ou de seu produto, mais as taxas administrativas e custos com as recompensas da campanha. Coloque uma taxa mínima e factível, pois você se sentirá muito mais motivado para alcançá-la.

- Se você é novato em crowdfunding, o ideal é que seja assessorado de perto pela plataforma. A Kickante, por exemplo, possui assessoria de marketing gratuita, maximizando as chances de alcançar o objetivo de meta de sua campanha.

- Se a sua campanha visa arrecadar fundos para lançar um produto, nada mais justo do que dar o produto como recompensa para quem contribuir e acreditar na sua ideia mesmo antes de lançada. Campanhas assim, que oferecem produtos inovadores e exclusivos, que não se encontram no mercado, têm mais chances de ser um sucesso.

- É normal não prever todos os custos que possam envolver a sua empresa. Mas, tente se planejar ao máximo para evitar surpresas ruins no caminho. Inclua projeções. Seu negócio vai precisar de mais dinheiro durante o caminho? Lembre-se: a meta de arrecadação de sua campanha não poderá ser alterada.

- Pense nas recompensas de sua campanha, elas são parte importante de sua campanha, afinal, muitos usuários só contribuem se as recompensas lhes agradarem. Suponha que você tem uma empresa de aplicativos, seus contribuidores receberiam uma versão grátis de seus produtos? Se você é um escritor querendo lançar um livro, seus contribuidores receberiam uma versão do livro? 

- Terminou a de criar sua campanha? Agora mostre para seus amigos e familiares. Eles poderão dar o feedback e sugerir melhorias que você não havia pensado. A melhor pessoa para avaliar a campanha nem sempre é o criador, e sim alguém de fora que não saiba sobre o projeto.

- Aliás, seus amigos e familiares devem ser os primeiros a conhecer e a contribuir com o seu projeto. Eles vão explicar apaixonadamente seu projeto para os outros, pois acreditam em você e desejam seu sucesso; eles são seus maiores apoiadores. E assim, a sua campanha será compartilhada logo no início, aumentando a sua rede de contatos exponencialmente.

- Tenha uma boa rede de contato. Uma vez revisada a sua campanha de crowdfunding, leve as pessoas até a plataforma para que contribuam e divulguem o projeto.

- É muito importante que você consiga, pelo menos, 30% da meta de arrecadação nas duas primeiras semanas após o lançamento. Este valor o deixará motivado para seguir rumo aos 100% da meta. E mais, os 30% iniciais criarão um poder de maximização e divulgação alta o bastante que irá gerar uma onda de contribuição para a sua campanha; uma campanha bem sucedida atrai mais contribuidores.

- Use as redes sociais para divulgação, mas também em sua campanha. Elas são um importante canal para que o contribuir conheça você e a sua empresa. Muitos contribuidores gostam de pesquisar, conhecer o criador antes de contribuir.

Você sabia que nos EUA, 10% das campanhas de financiamento coletivo que captaram acima de 100 mil dólares receberam investimento de venture capital? No Brasil, também já há diversos casos de empresas que só conseguiram grandes investidores após obterem sucesso em crowdfunding. Muitos investidores estão de olho nas plataformas de crowdfunding para verificar quais empresas ou produtos estão fazendo sucesso e merecem um investimento maior. Por isso, dê tudo de si para que sua campanha seja um sucesso!


     
   
     
Tahiana D’Egmont é CEO da Kickante. Empreendedora digital de longa data, é especialista e Marketing Digital e Community Building, tendo atingido mais de 40 milhões de usuários por mês em uma de suas startups. Na Kickante, Tahiana tem a missão de viralizar as campanhas de arrecadação digital na nossa plataforma liderando um time apaixonado por crowdfunding e arrecadação digitais.

Governo australiano oferece bolsas para estudantes e empresários brasileiros


As inscrições vão até o dia 30 de junho

Redação, Administradores.com,
 
 
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O Governo da Austrália está com inscrições abertas para estudantes e empresários que querem expandir suas carreiras através de cursos fora do Brasil. O programa da Endeavour está oferecendo bolsas de mestrado, doutorado, formação profissional e estágio executivo sênior, com despesas pagas integralmente pelo governo australiano, tal como o subsídio de alojamento, os gastos com a viagem, a bolsa mensal e o seguro de saúde.

Segundo a Embaixada da Austrália, a bolsa do mestrado não tem duração fixa, podendo variar em torno de dois anos. A do doutorado, por sua vez, pode variar em até 4. Para o mestrado, o suporte financeiro total é de AU$ 140,500 (R$ 340.000) e AU$ 272,500 (R$ 650.000) para o doutorado. Atualmente, segundoa embaixada da Austrália no Brasil, trinta e nove universidades participam deste programa.

Para candidatos que desejam obter um 'Diploma Avançado' ou 'Diploma Associado', o período máximo da bolsa é de dois anos e meio. O subsídio neste caso é de AU$131,000 (R$310.000). 

Já para a área de Executivo Sênior, o valor total da bolsa é de AU$18,500 (R$44.000). Esse tipo é especificamente dirigido aos profissionais de alto desempenho em áreas empresariais. Ela dura entre um e quatro meses.