segunda-feira, 5 de outubro de 2015

EUA fecham acordo comercial com Japão e outros dez países


Jim Watson/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
Transpacífico: o acordo abrirá os mercados agrícolas do Japão e Canadá, endurecerá as normas de propriedade intelectual e estabelecerá um bloco econômico para desafiar a China


Atlanta - Os EUA, o Japão e dez países da região do Pacífico fecharam hoje um histórico acordo para reduzir barreiras comerciais para bens e serviços, além de determinar regras de comércio para dois quintos da economia global, segundo fontes com conhecimento do assunto.

O pacto deverá ser anunciado oficialmente ainda nesta segunda-feira, durante coletiva de imprensa em Atlanta.

Para os EUA, a chamada Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) abrirá os mercados agrícolas do Japão e Canadá, endurecerá as normas de propriedade intelectual para beneficiar empresas farmacêuticas e de tecnologia e estabelecerá um bloco econômico integrado para desafiar a influência da China na região.
O acordo é considerado uma vitória para o presidente dos EUA, Barack Obama, que conta com o pacto para impulsionar o crescimento econômico, incentivar indústrias competitivas e aproximar países do Pacífico num momento em que a China - que não faz parte do bloco - adota uma postura econômica e militar mais agressiva na região.

Obama, no entanto, vai enfrentar sérios desafios nos próximos meses para garantir a aprovação da TPP no Congresso, que está dividido.

Poucos democratas apoiam a política comercial de Obama e o endosso dos republicanos será imprevisível no ano eleitoral de 2016, dependendo do comportamento dos candidatos à presidência e da nova liderança na Câmara dos Representantes.

A votação sobre o acordo não ocorrerá antes do começo do próximo ano.

Após dezenas de rodadas de negociações e de cinco dias de esforços de barganha em Atlanta, ministros do Comércio e outras autoridades disseram que resolveram conflitos sobre a proteção da propriedade intelectual de medicamentos biológicos, regras para a produção automotiva e produtos lácteos.

A TPP, se aprovada no Congresso norte-americano, marcará a efetiva expansão do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), lançado há duas décadas, ao incluir Japão, Austrália, Chile, Peru e vários países do Sudeste Asiático.

O pacto vem sendo negociado desde 2008.

Brasil e Alemanha acertam plano sobre terras-raras


O Brasil e a Alemanha começaram a definir os parâmetros de uma parceria entre os dois países para a utilização dos minerais de terras-raras.

O governo brasileiro elencou como prioritário o desenvolvimento conjunto de ímãs, catalisadores e ligas de aço ou ferro com base em terras-raras.

"Também destacamos a recuperação ambiental de áreas mineradas, com o fechamento de minas; a geologia marinha, para aproveitar recursos minerais de origem oceânica; e a formação, capacitação, treinamento e intercâmbio de pesquisadores especializados nesses elementos", afirmou Elzivir Guerra, do Ministério de Minas e Energia.

"Com esse trabalho já iniciado, esperamos que, em novembro, mesmo que seja por videoconferência, nos encontremos com mais dados e informações, a fim de finalizar a primeira etapa, porque o entendimento entre a presidente Dilma Rousseff e a chanceler Angela Merkel foi de que desenvolvamos essa parceria o mais rápido e da forma mais frutífera possível," disse a secretária executiva do MCTI, Emília Ribeiro.

O Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do mundo. O país já domina diversas tecnologias na área, como a fabricação de materiais luminescentes e a reciclagem das terras raras das lâmpadas fluorescentes - mas a produção nacional das terras raras depende de uma indústria de alta tecnologia que o país não detém.


Ímãs de neodímio


O representante alemão no encontro, Lothar Mennicken, reforçou que a cooperação necessita de "um impulso constante" para dar agilidade ao processo.

"A delegação alemã veio conhecer projetos em andamento na área de terras-raras. E, para facilitar a interação com pesquisadores alemães, a ideia é oferecer um instrumento que financie atividades de mobilidade, intercâmbio e colaboração," disse Mennicken.

Serão concentrados na Embrapa os esforços rumo à produção em escala industrial de ímãs de alta capacidade, como os baseados em neodímio, usados em discos rígidos e turbinas eólicas.

Brasil ainda atrai investimentos internacionais


 
 
Apesar de ser considerado como um mercado de alto crescimento, pesquisa da KPMG aponta problemas de infraestrutura (69%) e proteção da propriedade intelectual (51%)

Redação Brasil Alemanha News
 
Pesquisa realizada pela KPMG aponta que problemas de infraestrutura (69%), proteção da propriedade intelectual (51%) e complexidade das regulações (50%) são os principais desafios encontrados por companhias que almejam investir no Brasil. Apesar disso, o País, ao lado de China e Índia, continua, dentre os mercados de alto crescimento (High Growth Markets ou HGM, em inglês), no topo da lista de destinos de investimentos planejados para as empresas em expansão, seguidos por México, Cingapura e Coreia do Sul.

Os desafios encontrados no Brasil são os mesmos presentes nos outros HGMs, visto que mais da metade de todos os respondentes (56%) disseram que a falta de clareza em relação a regulamentações e leis é o maior desafio. A infraestrutura também foi citada por 52% dos investidores, seguido por proteção da propriedade intelectual (43%). Os entrevistados também mencionaram suborno e corrupção (36%) e a influência do governo e a segurança jurídica (33%).

“O crescimento em grande escala do consumo, o aumento da riqueza, da segurança jurídica e da população jovem criaram oportunidades significativas para aquelas organizações que são capazes de executar uma estratégia nos HGMs. No entanto, embora os investimentos nesses mercados estejam em ascensão, observamos que muitas organizações continuam a enfrentar dificuldades para entrar em mercados novos o que impede que esses investimentos sejam ainda maiores”, analisa o sócio da área de estratégia da KPMG, Augusto Sales.

Apesar das dificuldades, os executivos ainda colocam os HGMs no topo de suas estratégias de crescimento. Dos respondentes, 91% disseram que a perspectiva em relação aos mercados de alto crescimento é promissora ou muito promissora; dos participantes da pesquisa, 76% afirmaram que esperam um crescimento de receita maior de seus investimentos em HGM; e outros 54% apontaram que esses mercados já respondem por mais de 30% das receitas. “O que constatamos foi que ainda existe um alto nível de otimismo em relação aos HGMs. Também pudemos perceber que os investimentos serão canalizados para as operações na China, Índia ou Brasil, em vez de ser utilizada para expandir por novos mercados, através de joint ventures, alianças e parcerias, que foram citadas como a estratégia de entrada no mercado por 38% dos respondentes. Outros 30% disseram que vão realizar fusões e aquisições para atingir seus objetivos”, aponta Sales.

 
Sobre a pesquisa


O Global High Growth Markets Outlook 2015 é baseado em uma pesquisa com mais de 300 executivos realizada pela Forbes em nome da KPMG International. Os respondentes representavam empresas multinacionais de 16 países de mercados desenvolvidos nas Américas, Europa e Ásia-Pacífico. Sessenta e cinco por cento dos entrevistados ocupam cargos de nível executivo em organizações que variaram de US $ 250 milhões até US $ 20 bilhões em receita anual.


Para o estudo completo acesse: https://home.kpmg.com/xx/en/home/insights/2015/06/global-high-growth-markets-outlook-2015.html

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Dono da Pague Menos diz que CPMF pode ajudar país na crise



 
Divulgação/Pague Menos
O fundador e presidente da Pague Menos, Francisco Deusmar Queirós
Francisco Deusmar Queirós: fundador da Pague Menos espera faturar R$ 5 bilhões neste ano
 
 
 
São Paulo - “Do Oiapoque ao Chuí, remédio barato é aqui". Esse é o lema do fundador e presidente das drogarias Pague Menos, Francisco Deusmar Queirós.

O executivo se orgulha de ter levado a empresa cearense a todos os estados brasileiros e ao Distrito Federal.

Na próxima segunda-feira (5), a rede inaugura sua loja de número 800. O plano de expansão orgânica é agressivo e começou em 2012 com a meta de alcançar 1.000 pontos de venda até 2017. São 90 novas unidades a cada ano, uma média de quase 2 por semana.
No ano passado, o faturamento da rede foi de 4,3 bilhões de reais e as previsões para este ano não são modestas.

Em entrevista a EXAME.com, Queirós, falou sobre os projetos da Pague Menos e sobre o momento econômico difícil que o país atravessa. Confira os principais trechos da conversa. 
 
EXAME.com - A Pague Menos vai inaugurar no próximo dia 5 a sua loja de número 800. Quantas já foram abertas neste ano? Qual a meta de expansão?
Deusmar Queirós - Desde 2012, temos um projeto de atingir 1.000 lojas até 2017. Fechamos o ano passado com 738 e vamos terminar 2015 com 828. No ano que vem, serão 918. Vamos bater a meta. 

Atualmente, temos 62 unidades em construção. Algumas delas serão entregues ainda neste ano, outras no próximo.

No ano passado, inauguramos um centro de distribuição em Goiânia, com uma área de armazenagem de 400.000 metros cúbicos, o maior da América Latina para o setor.

Com ele, vamos expandir a nossa atuação nas regiões Sudeste e Sul. Hoje, estamos mais presentes no Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
 
EXAME.com - Quantas contratações serão feitas com a abertura dos novos pontos?
Deusmar Queirós - Até o fim de 2015, vamos gerar 2.000 empregos. Hoje temos 19.000 funcionários.
 
EXAME.com - De quanto foi o investimento para a abertura de lojas em 2015?
Deusmar Queirós - Investimos em torno de 120 milhões de reais não só em novas unidades, mas também em reformas e novas tecnologias, como softwares para relacionamento com o cliente.
 
EXAME.com - Como a Pague Menos consegue manter planos tão agressivos mesmo em um momento de crise?
Deusmar Queirós - Nosso segmento não sente tanto os efeitos da crise. Os economistas generalizam dizendo que está ruim para todo mundo, mas não é bem assim.

Quando se fala que o PIB brasileiro vai cair 2% neste ano, isso quer dizer que alguns setores vão cair até mais que isso, mas outros vão crescer. Nós estamos nesse segundo bloco. E também temos foco e um time bem treinado.
 
EXAME.com - Quanto a Pague Menos já pôde sentir da crise? Qual a expectativa de faturamento para este ano?
Deusmar Queirós - No ano passado, tivemos um crescimento de 17,71% ante 2013, com um faturamento de 4,378 bilhões de reais. Este ano esperamos um aumento um pouco menor, de cerca de 14%, com uma previsão de receitas de 5 bilhões de reais.

Mas, com esse cenário, crescer 14% já é muito bom, não é?
 
EXAME.com - E quais as expectativas de lucro?
Deusmar Queirós - No ano passado, nosso lucro líquido atingiu cerca de 3% do faturamento. Este ano, deve ficar em aproximadamente 2,8%.
 
EXAME.com - A empresa colocou o pé no freio em algum investimento?
Deusmar Queirós - Não, pelo contrário. Aqui é igual com a presidente, quando batemos a meta, dobramos a meta. Estamos colocando o pé no acelerador. É o que todos os empresários deveriam estar fazendo.
 
EXAME.com - Mas para isso é preciso ter dinheiro em caixa, e nem todas as empresas têm...
Deusmar Queirós - Não necessariamente, também dá para pedir empréstimos. O banqueiro também precisa da gente (risos). Meu conselho para outras empresas é: não tenham medo de dever (aos bancos), porque os juros vão cair.
 
EXAME.com - A Pague Menos fez financiamentos para sustentar seu programa de expansão?
Deusmar Queirós - A gente pede empréstimo, mas muito pouco. Não passa de duas vezes o nosso Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

O setor privado tem que ajudar a tirar o Brasil desta situação (de crise). Temos que fazer isso com o governo, sem o governo, ou apesar do governo.
 
EXAME.com - O que quer dizer com isso?
Deusmar Queirós - Por exemplo: a elite empresarial brasileira deveria para de reclamar e pagar a CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira) a 0,20% para que os programas sociais não sejam interrompidos. (A volta do imposto, extinto em 2007, é uma das medidas propostas no pacote de corte de custos e aumento de receita do governo).

Até 2007 a gente pagava isso a 0,38% e ninguém morreu. Vale a pena o empresariado se sacrificar para que o governo mantenha a Farmácia Popular, o Bolsa Família, o FIES, o Prouni, as UPAs.

A CPMF é cobrada sobre o faturamento. Se for preciso, estou disposto a sacrificar nosso lucro líquido para que os programas sociais continuem.
 
EXAME.com - Manter a Farmácia Popular é interessante para a Pague Menos. Quanto da receita da empresa vem dos subsídios desse programa?
Deusmar Queirós - É uma parcela pequena, de cerca de 2% do faturamento. A farmácia popular não dá lucro, mas se o consumidor está sadio, ele compra mais xampu, sabonete (produtos também vendidos pela Pague Menos). E se ele pode comprar remédio mais barato, sobra dinheiro para a roupa, o calçado. Movimenta toda a economia.

O Bolsa Família tirou 40 milhões de pessoas da miséria. Elas não podem voltar. O varejo cresceu por conta desse programa.

Além disso, sem a Farmácia Popular, vão aumentar as internações. E despesas hospitalares vão sair muito mais caro para o governo, é um tiro no pé.

Mas não estou dizendo isso porque estou preocupado em vender mais. Quero viver num país onde as pessoas tenham o mínimo de dignidade, onde sejam mais felizes.

E isso está acontecendo graças aos programas sociais. Quando eu era criança, no interior do Ceará, as casas não tinham banheiro. O hipertenso e o diabético morriam mais rápido, sem acesso a medicamento. Havia muitos analfabetos e hoje as pessoas vão para a universidade.
 
EXAME.com - E onde entra a responsabilidade do governo para solucionar a crise?
Deusmar Queirós - O governo deveria cortar os custos bilionários com o Congresso para um terço do que eles são hoje. Chega de passagem aérea e jatinho para parlamentares e ministros.

Também deveria direcionar as baterias para investimentos em infraestrutura. Mais estradas, ferrovias, portos e aeroportos. O Brasil precisa disso.

Dilma Bolada rompe com Dilma Rousseff e ataca pacto com PMDB


Reprodução/Instagram
Dilma cumprimenta Jeferson Monteiro, o criador do perfil Dilma Bolada
Dilma cumprimenta Jeferson Monteiro, o criador do perfil Dilma Bolada
 
 
 
São Paulo – Em post publicado em seu perfil pessoal no Facebook, o publicitário Jeferson Monteiro retirou na tarde hoje seu apoio à presidente Dilma Rousseff. O motivo, segundo o jovem, é a cessão de cargos e ministérios ofertados pela petista ao PMDB.

Monteiro é o rosto por trás da personagem Dilma Bolada, que usava de humor para ressaltar os feitos da presidente.

No texto divulgado na tarde de hoje (30), Monteiro critica a postura da presidente ao ceder às exigências do principal partido da base aliada por apoio em votações e para abafar os pedidos de impeachment no Congresso.
Diz que Dilma não precisa de seu apoio, pois "já tem o do PMDB para que se mantenha no cargo". 
"[Dilma] Trocou o Governo pelo cargo. Não é o Governo que eu e mais de 54 milhões de brasileiros elegemos", afirma o texto. "A vida é feita de escolhas e ela fez a dela."

Monteiro faz ainda referência à música "Vou Festejar", de Beth Carvalho, e seu verso "Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão". "Agora o que nos resta é que saia algo bom para o Brasil", diz. "Seguimos."

De acordo com informações da revista Época, Monteiro encabeçava a lista de pagamentos da Pepper, agência contratada pelo PT para propaganda online, recebendo pagamentos de R$ 20 mil mensais pela gestão da página.

Não se sabe se esse contrato — ou sua quebra — tenha motivado Monteiro a deixar de apoiar Dilma.

Veja abaixo o post e alguns comentários feitos por ele inclusive na página de Dilma Bolada. O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou.


Dilma não precisa do meu apoio no Governo dela, nem o meu e nem do apoio de ninguém que votou nela. Afinal, para ela só importa o apoio do PMDB e de parte do empresariado para que ela se mantenha lá onde está. Trocou o Governo pelo cargo. Não é o Governo que eu e mais de 54 milhões de brasileiros elegemos. A vida é feita de escolhas e ela fez a dela. Agora o que nos resta é que saia algo bom para o Brasil dali e repetir os versos de Beth Carvalho: "Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão." Seguimos.


Com doações privadas vamos montar um laranjal, diz Mendes




Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF)
Contra as doações: Mendes afirmou ainda que a "pouca capacidade" de que dispõe a Justiça Eleitoral em fiscalizar vai agravar ainda mais o problema
 
Carla Araújo, do Estadão Conteúdo
 
Daniel Carvalho e Ricardo Brito, do Estadão Conteúdo

Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes reafirmou sua posição contrária à proibição de financiamento empresarial de campanha e disse que o assunto ainda vai gerar "uma grande confusão".

"Com essa fórmula a gente vai montar talvez o maior laranjal. Nós estamos ganhando várias Copas do Mundo: estamos ganhando a copa do mundo de corrupção, perdemos a Copa do Mundo verdadeira, e também estamos ganhando a Copa do Mundo de laranjas, nesse sentido mais negativo", disse.

O ministro ponderou que a decisão da presidente Dilma Rousseff em vetar o financiamento empresarial de campanha "é normal" já que houve uma decisão da Justiça em relação ao tema.
"Se o Supremo sinalizou que a doação privada de empresas é inconstitucional, então a presidente fez a avaliação que poderia fazer. A sua assessoria só poderia chegar a essa conclusão."

Mendes afirmou ainda que a "pouca capacidade" de que dispõe a Justiça Eleitoral em fiscalizar vai agravar ainda mais o problema. "Um serviço de avião, um carro emprestado, a rigor é uma doação, como fiscalizar tudo isso?", questionou. "Nós estamos apelando de novo para o simbólico e isso não vai ser positivo."

O ministro comentou a iniciativa dos parlamentares, que estudam apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para permitir a doação de empresas a campanhas políticas. Segundo ele, não há um controle preventivo de constitucionalidade e a PEC "pode ter sentido".

"Vamos ter que discutir a PEC", disse. Questionado se esse tipo de medida pode criar uma guerra de poderes, Mendes afirmou que sim. "Pode ocorrer, nós já tivemos alguns casos. Aí tem a discussão sobre se a matéria é cláusula pétrea ou não", disse.

Ao criticar novamente a decisão do Supremo em relação ao financiamento de campanha, Mendes disse que não se pode declarar inconstitucional um modelo apenas por "não gostar dele".

"É preciso respeitar um pouco a inteligência das pessoas", afirmou, destacando que o Supremo precisa de vez em quando calçar "as sandálias da humildade". "Não quero ser futurólogo, mas tudo indica que vamos ter uma grande confusão."

Mendes conversou na manhã desta quarta-feira, 30, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Congresso.
Segundo ele, o tema das conversas foi Código de Processo Civil.

"Estou conversando sobre o CPC, a questão da admissibilidade uma vez que a Câmara deve votar daqui a pouco essa matéria e a gente precisa saber dessa matéria no âmbito também do Senado para que haja um encaminhamento uma vez que o CPC novo entra em vigor em março do ano que vem."

Lula pede ao PT que não atrapalhe reforma ministerial




Reprodução/Facebook/Lula
Luiz Inácio Lula da Silva em vídeo postado no Facebook
Reforma ministerial: Lula voltou a defender mudanças na política econômica como forma de reconectar o governo com os setores ligados ao PT e que hoje estão descontentes
 
Ricardo Galhardo e Elizabeth Lopes, do Estadão Conteúdo


São Paulo - Em reunião com a executiva nacional do PT na manhã desta quarta-feira, 30, na sede do partido, no centro de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu mudanças na política econômica do governo e pediu que o PT não crie obstáculos à reforma ministerial desencadeada pela presidente Dilma Rousseff.

Lula aproveitou o encontro para confirmar que vai a Brasília nesta quinta para um almoço com Dilma no qual serão discutidos os detalhes finais da reforma ministerial.

Segundo fontes que participaram da reunião, Lula voltou a defender mudanças na política econômica como forma de reconectar o governo com os setores historicamente ligados ao PT e que hoje estão descontentes com o ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Conforme relatos, Lula disse que Dilma precisa fazer um gesto para "o nosso povo".
Ainda conforme relatos de participantes da reunião, Lula disse que o PT precisa aceitar a perda de cargos no primeiro escalão do governo.
A reforma, de acordo com o presidente, é a maneira encontrada por Dilma de recompor uma base parlamentar que garanta maioria no Congresso e governabilidade à presidente. "Tomara que ela (Dilma) consiga", teria dito Lula, segundo um dos presentes no encontro.
 

Pedido


O ex-presidente falou durante quase duas horas à executiva petista. Além de comentar as ações do governo, Lula pediu empenho aos dirigentes do partido na defesa do PT e do governo.

Ele estimulou os participantes do encontro a "se assumirem enquanto dirigentes" e viajarem pelo país "mesmo que seja de ônibus", a exemplo do que ocorria nos primórdios do partido.

A reunião atende a um pedido do presidente do PT, Rui Falcão, que vinha recebendo pedidos da executiva petista para uma conversa com o ex-presidente.

Lula tem feito reiteradas críticas à direção petista que, segundo ele, tem perfil excessivamente burocrata, estaria mais empenhada nas disputas internas por espaço do que no futuro da legenda e não estaria à altura dos desafios do PT.

O ex-presidente não se reunia com a direção petista desde o 5º Congresso Nacional do PT, realizado em junho, em Salvador.