A brasileira Sense Bike anunciou no fim de semana a
compra da Swift Carbon, fabricante sul-africana de bicicletas de fibra
de carbono. A companhia é controlada pelo grupo Lagoa Participações, que
tem faturamento de R$ 1 bilhão por ano e atua também em outros
mercados, como concessionárias de automóveis, distribuidoras, fundos de
investimento e empreendimentos imobiliários.
A aquisição custou em torno de US$ 20 milhões, que serão pagos nos
próximos cinco anos. Segundo o presidente da empresa, Henrique Ribeiro, o
investimento faz parte da estratégia de oferecer produtos de alta
qualidade no mercado brasileiro. Com mais pessoas usando bicicletas como
meio de transporte, a demanda por produtos de mais durabilidade subiu.
“Houve uma transformação nesse mercado. Por volta de 2007, vimos mais
pessoas buscarem opções sustentáveis em relação à mobilidade”, diz o
executivo. Como primeiro movimento para se posicionar nesse novo
cenário, a empresa firmou em 2016 uma parceria para a produção de
quadros (estrutura metálica da bicicleta) com a própria Swift Carbon,
cuja fábrica fica no Porto, em Portugal, e exporta para 40 países.
A aquisição de uma empresa com foco na tecnologia de fibra de
carbono, mais leve e durável, vem para fortalecer esse posicionamento,
conta Ribeiro.
Em um mercado nacional voltado para o alumínio, que tem modelo
produtivo diferente do carbono, a companhia acredita que terá retornos
significativos, embora não revele números. “Adiantamos a nossa vida em
15 anos, se considerarmos o portfólio e conhecimento de tecnologia que
estamos absorvendo. Na produção com carbono não há molde, é um
desenvolvimento feito manualmente.”
Preço
De acordo com a Sense Bike, que produz atualmente 19 modelos de
alumínio e carbono, as bicicletas mais modernas no Brasil em geral são
feitas de alumínio, e custam em torno de R$ 2 mil e R$ 7 mil. Com esse
material, um quadro, por exemplo, leva um dia para ser produzido. Já as
feitas de carbono partem de R$ 10 mil e podem chegar a R$ 70 mil. O
quadro demora 30 dias para ser produzido.
A empresa, contudo, não pretende apenas sofisticar sua produção. Faz
parte da estratégia disputar o mercado europeu, significativamente maior
do que o brasileiro, vendendo lá também bicicletas produzidas em
Manaus, onde fica a planta da companhia desde 2011.
Dados da Confederação da Indústria Europeia de Bicicletas (Conebi)
mostram que são produzidas no continente cerca de 13 milhões de
unidades. No Brasil, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de
Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares
(Abraciclo) foram produzidas 2,5 milhões unidades, em 2017.