terça-feira, 9 de outubro de 2018

Miolo lança linha Single Vineyard na região Sul


Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre receberão eventos comandados por Adriano Miolo 

 

Por Marcos Graciani

 

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Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre receberão eventos comandados por Adriano Miolo


Adriano Miolo (foto), enólogo e superintendente da premiada vinícola Miolo, lançará a linha Single Vineyard em um tour pelo Sul. Curitiba será a primeira capital a receber o evento no dia 23 de outubro. No dia 25, Florianópolis será palco para a apresentação das novidades. Porto Alegre terá sua vez no dia 31 de outubro. A linha já foi lançada em São Paulo em agosto. Foz do Iguaçu, Recife e Brasília receberam o lançamento em setembro. Na terça-feira (2), a vinícola apresentou os novos rótulos em Belo Horizonte.  

Os rótulos integram uma categoria que carrega um novo conceito de vinhos no Brasil. Single Vineyard é um vinho de um único vinhedo, onde se encontra a máxima expressão do terroir.  A singularidade da linha provém da característica de solo do microlote selecionado onde foram produzidas as uvas. “Nosso objetivo é atender um nicho de mercado, uma categoria na qual ainda não atuávamos. Single Vineyard é um conceito pouco explorado no Brasil e que a Miolo emprega após vários anos de pesquisa e desenvolvimento de parcelas singulares de solo em seus vinhedos. O fato de termos praticamente 1 mil hectares de vinhedos com 275 parcelas mapeadas nos permitiu que realizássemos incontáveis testes em diversos tipos de solos nestes microlotes, num universo de mais de 40 variedades em quatro regiões diferentes do Brasil”, destaca Adriano.

Nas versões Riesling Johannisberg, Touriga Nacional, Pinot Noir e Syrah, a linha Single Vineyard (foto) foi elaborada com uvas dos vinhedos do Rio Grande do Sul e da Bahia. Os vinhos, que apresentam qualidade excepcional, vêm em lotes limitados e numerados, reforçando a exclusividade da proposta e a singularidade de cada garrafa. A nova linha tem como foco o canal on-trade, segmento que inclui restaurantes, wine bars, delis e casas especializadas. São bebidas exclusivas, gastronômicas e que trazem a interpretação ao estilo Miolo de produzir uvas diferenciadas, algumas ainda pouco conhecidas.
Entre as menos conhecidas está a Riesling Johannisberg, estrela do único vinho branco da linha Miolo Single Vineyard. Elaborado na safra 2018 – considerada a melhor da década para a vinícola – esse rótulo tem origem em um microlote do vinhedo da Toca do Tigre, terroir da Campanha Central (RS). A casta é uma das grandes uvas brancas da Alemanha, com personalidade marcada pela elegância e complexidade. Quem dá grandeza destacada à linha Miolo Single Vineyard é a variedade portuguesa Touriga Nacional, que proporciona vinhos sofisticados, sabores intensos e aromas distintos. O vinho, elaborado a partir das uvas colhidas em uma pequena parcela do Vinhedo da Tapera, na Campanha Meridional (RS), já nasceu premiado: este ano foi considerado, pelo Guia Descorchados, como o melhor tinto, com 93 pontos.

Também da Campanha Meridional (RS) vem o Miolo Single Vineyard Pinot Noir, cultivado em um microlote do Vinhedo da Ponte com uma das grandes uvas originárias da região da Borgonha, na França. A cepa entrega vinhos elegantes, delicados e admirados no mundo todo. No Vale do São Francisco, na Bahia, nasce o Miolo Single Vineyard Syrah, elaborado com uvas de um microlote do Vinhedo do Mandacaru. A casta, versátil e bem adaptada ao solo árido às margens do Rio São Francisco, dá origem a um vinho expressivo e complexo.


Serviço – Lançamentos da Single Vineyard no Sul 

Curitiba – 23 de outubro (19h30)Restaurante Saanga Grill
Av. Iguaçu, 2423 – Bairro Água Verde
Valor individual: R$ 115
Valor por casal: R$ 195
Reservas e Informações: (41) 3342-3474
Florianópolis – 25 de outubro (20h)
Restaurante Jay Bistrô
Avenida dos Búzios, 1136 - Jurerê Internacional
Valor por pessoa: 165
Reservas e Informações: (48) 3364-5997
Porto Alegre – 31 de outubro (20h)
Restaurante Le Bistrot
Alameda Alípio César, 22 – Boa Vista
Valor individual: R$ 168
Reservas e Informações: (51) 3346-9257


Indústrias gaúcha e paranaense crescem acima da média nacional


Santa Catarina, porém, teve queda maior, de acordo com dados divulgados pelo IBGE

 

Por Agência Brasil 

 

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Indústrias gaúcha e paranaense crescem acima da média nacional


Apesar da queda de 0,3% na indústria nacional, a produção cresceu em nove dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de julho para agosto deste ano. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, a maior alta foi observada em Mato Grosso (3%), seguido da Bahia (2,7%) e de Pernambuco (2,6%).

Também apresentaram crescimento as indústrias do Ceará (1,5%), Rio Grande do Sul (0,8%), Paraná (0,7%), Minas Gerais (0,5%) e Goiás (0,2%). O IBGE também analisa o comportamento da indústria nos nove estados da Região Nordeste como um todo. Nessa região, a produção cresceu 1,5%. Por outro lado, seis estados tiveram queda na indústria: Amazonas (-5,3%), Pará (-1,1%), Espírito Santo (-0,9%), São Paulo (-0,9%), Santa Catarina (-0,7%) e Rio de Janeiro (-0,3%).

Na comparação com agosto de 2017, a indústria cresceu em 11 dos 15 locais pesquisados, com destaque para Rio Grande do Sul (12,3%), Pernambuco (11,7%) e Pará (11%). Dos quatro locais em queda, o recuo mais acentuado foi observado no Amazonas (-6,7%). No acumulado do ano, também houve altas em 11 dos 15 locais pesquisados. Os maiores crescimentos foram registrados no Amazonas (10,9%) e Pará (9,2%). Quatro locais tiveram queda, as mais expressivas em Goiás (-3,6%) e no Espírito Santo (-3,4%). Já no acumulado de 12 meses, a produção cresceu em 13 locais. Amazonas e Pará tiveram os melhores desempenhos, com altas de 10,1%. Os dois locais em queda foram Espírito Santo (-3,1%) e Minas Gerais (-0,8%).



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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Mercado erra ao subestimar riscos com Bolsonaro, diz economista

Para Paulo Leme, ex-presidente do Goldman Sachs no Brasil, investidores desconsideram falta de habilidade política para aprovar reformas no Congresso

 


Ao preferir o candidato Jair Bolsonaro (PSL) ao petista Fernando Haddad (PT), o mercado financeiro está “grosseiramente subestimando os riscos futuros”, diz o economista Paulo Leme, professor visitante na Universidade de Miami. Para ele, os investidores estão desconsiderando a falta de habilidade política de Bolsonaro, que deverá pesar na hora de aprovar reformas no Congresso.

O economista, ex-presidente do Goldman Sachs no Brasil, afirma que ambos os candidatos são “péssimos” e a tendência é de deterioração ainda maior do cenário econômico e político brasileiro. “Em resumo, eu vendo”, diz, o economista, usando um jargão do mercado financeiro, que faz referência à aposta de que os ativos vão se desvalorizar. A seguir, trechos da entrevista.

Em abril, o sr. disse que a probabilidade de um candidato do establishment ser eleito era de 60%. O que ocorreu que os 40% prevaleceram?
O mesmo fenômeno que vimos nos EUA e no mundo inteiro. Os formadores de opinião e de preços de mercado não estão conectados com a realidade do País. O Brasil está dividido mais para a esquerda e para a direita do que no centro. E foi nessa leitura que errei grosseiramente. Eu achava que dois terços (da população) estavam no centro. Mas, na realidade, não passa de 20%.

Não houve também uma confusão no mercado entre desejo e realidade?
Acho que sim. Uma coisa é o que você gostaria e outra é a realidade. Mas houve um viés. Esse foi o passado. E o futuro será igual. O mercado está precificando o Haddad como o cenário ruim e, goste ou não goste do Bolsonaro, acha que ele não é tao ruim. Novamente o mercado está grosseiramente subestimando os riscos futuros.
O que tem de ser feito no País de ajuste fiscal e reformas para retomar crescimento e distribuição de renda precisa de habilidade política, o que não vejo nesse candidato. Espero estar errado. O mercado está recaindo em um novo erro ao subestimar a dificuldade de governar, da mesma maneira que superestimou o PIB no começo do ano, superestimou a chance do centro ganhar as eleições e de ter um candidato reformista.

Haddad seria uma opção melhor? Teria capacidade política e interesse em reformas?
Não estou dizendo que seria melhor. O mercado está achando que Bolsonaro seria melhor que Haddad. Eles são péssimos, cada um por suas razões.

Há quem veja o Haddad como um petista moderado…
Acho difícil. Acho que serão as mesmas pessoas (dos governos petistas anteriores) fazendo as mesmas coisas e com resultados piores, porque o País está em condições piores.

Há então uma responsabilidade dos políticos de centro, que não se uniram para lançar uma candidatura competitiva?
Acho que há uma desconexão. As lideranças não fizeram as escolhas acertadas, não só de candidatos como também de coalizões. Há também a questão de que a correia de transmissão está quebrada. Não há formações de novos líderes na velocidade suficiente para preencher esse vácuo deixado penosamente pela Operação Lava Jato.

O sr. está pessimista com os dois candidatos com maior intenção de votos. Acha que a situação vai se deteriorar ainda mais?
Em resumo, eu vendo. Dados os desafios, que são enormes, e que existe uma dificuldade de representatividade política, vai ser uma surpresa para mim, se der certo.

O sr. já falou da necessidade de se fazer ajuste fiscal, mas cuidando do crescimento. Como o novo governo pode fazer isso?
O equilíbrio fiscal tem de ser (buscado) muito rápido e com corte de gastos. Não tem mais ajuste gradual viável.

Com aumento de imposto também?
Tem de ser muito mais na parte de corte de gastos, de subsídios, de transferências. Você vai preencher o outro lado (de receitas) via crescimento da economia. Tem de cuidar de toda a parte estrutural para aumentar a produtividade, o investimento e o consumo privado. Pelo lado da produtividade, você pode fazer no dia zero: cortar barreiras alfandegárias. Isso barateia importação de máquinas.

Tem de ter uma reforma bancária abrangente para aumentar o volume de crédito e reduzir o seu custo. Vai ter de atacar um problema grave de falta de concorrência do setor privado brasileiro. Por último, tem de ter um esforço em mecanismos que atraiam segurança jurídica, regulatória, investimento privado estrangeiro para um grande aumento de obras de infraestrutura, para poder estimular investimento.

Na Argentina, quando Macri chegou ao poder, o mercado comemorou. O projeto dele era estabilizar a economia para atrair investimento estrangeiro, que não chegou. Isso pode ocorrer aqui? A Argentina é um excelente exemplo de que só papo não cola. Lá, não teve ajuste fiscal nenhum. Ele não fez absolutamente nada do que prometeu. O setor privado, o investidor estrangeiro, vai querer ver para crer, não o contrário.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Banco Mundial reduz pela metade previsão do PIB de 2018


Órgão também revisou estimativa para economia brasileira em 2019

 

Por Agência Brasil 

 

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Banco Mundial reduz pela metade previsão do PIB brasileiro
O Banco Mundial (foto) reduziu pela metade a previsão de crescimento da economia brasileira para este ano. No relatório regional semianual “Sobre Incertezas e Cisnes Negros: Como Gerenciar Riscos na América Latina e Caribe”, a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB)caiu de 2,4% de 1,2%. Para 2019, também houve diminuição na estimativa para o crescimento do PIB: de 2,5% para 2,2%.

No relatório, o Banco Mundial lembra que, no fim de junho, o Banco Central reduziu sua estimativa de crescimento em 2018 para 1,6% (a previsão anterior era de 2,6%), após a greve dos caminhoneiros que paralisou setores da economia. “A persistência de grandes e aparentemente intratáveis déficits fiscais, a falta de uma reforma previdenciária significativa e a crescente incerteza política sobre as eleições de outubro, em conjunto com a recente apreensão em mercados de capital internacional, colocaram em questão até mesmo esse crescimento modesto, com a previsão atual [do Banco Mundial] em 1,2% para 2018”, descreve o relatório.



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Dólar e bolsa agora, na visão de especialistas


Ações de estatais devem apresentar um desempenho positivo – entre elas a paranaense Copel

 

Da Redação

 

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Ações de estatais devem apresentar um desempenho positivo – entre elas a paranaense Copel


O mercado repercute nesta segunda-feira (8) o desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno. Com a manutenção de seu favoritismo na disputa e a distribuição das cadeiras da Câmara, na qual a centro-direita chegou perto de 380 – o que joga a favor da governabilidade de Bolsonaro caso seja eleito, assim como na potencial aprovação das reformas – os agentes econômicos reagem positivamente. Perto das 13h, o Ibovespa subia 3,5%, aos 85.210 pontos. Porém, pela manhã chegou a valorizar 6,1%. O giro financeiro já acumula um total de R$ 12 bilhões. No câmbio, o dólar comercial acumulava uma retração de 2%, cotado a R$ 3,7768.

Porém, como a bolsa e o dólar se comportarão a partir de agora? O portal AMANHÃ ouviu especialistas e recolheu opiniões sobre o tema. O JP Morgan avalia que o Ibovespa alcançará os 90 mil pontos rapidamente, o que representa um avanço de 9,3% em relação ao fechamento de sexta-feira (5). Na visão do banco, ações de estatais devem apresentar um desempenho positivo – entre elas a paranaense Copel (foto). Em relação aos cenários para a moeda norte-americana, o JP Morgan estima que a divisa possa ir até R$ 3,80, uma queda de 1,5%.

Robério Costa, economista-chefe do Grupo Confidence, avalia que é um momento especialmente delicado para fazer projeções para o câmbio, sobretudo durante a fase de definição até o segundo turno. Na possibilidade de Bolsonaro assumir a liderança imediata das pesquisas, retirando a incerteza do resultado, é mais provável que o dólar caia, podendo voltar ao patamar de R$ 3,40.  “O mercado vê no candidato a possibilidade da continuação da política macroeconômica com o ambiente propício para aprovar reformas constitucionais, principalmente a da previdência”, entende Costa. Porém, caso as próximas semanas apontem para a virada de Haddad sobre Bolsonaro, a volatilidade deve se elevar e o câmbio pode voltar a ficar acima dos R$ 4, podendo superar o recorde dos R$ 4,20. “Em meio a esses dois cenários, várias combinações podem ser imaginadas. Nenhum desses movimentos de curto prazo, no entanto, é determinante para o dólar ao longo do próximo ano. Muito mais importante será o fluxo de capitais estrangeiros nesse horizonte, que depende do interesse dos investidores externos no Brasil e das condições da economia global”, sintetiza Costa. 
 
Nicolas Takeo, analista da corretora Socopa, também prevê que o Ibovespa possa alcançar 91 mil pontos no curto prazo. “Os estrangeiros estão desalocados em [papéis do] Brasil, assim a vitória de um candidato mais alinhado com o mercado pode abrir caminho para os investidores recomporem posições em ações de risco doméstico”, opina Takeo. Para a corretora XP, “a bolsa será um dos ativos mais atrativos no Brasil (seguido pela curva longa e por último o dólar), seja pelo desconto que a bolsa negocia em relação ao seu histórico, pela potencial revisão positiva de lucro para os próximos anos ou pela alocação baixa a bolsa no Brasil vis a vis o histórico”. Ainda segundo a XP, vários segmentos poderão se beneficiar com a presidência exercida por Bolsonaro. “Entre eles, Cemig; bancos, como Banco do Brasil e Bradesco; Petrobras; companhias áreas, como a Gol; empresas ligadas ao consumo, como Localiza, B2W e Lojas Americanas; além do segmento de aço, com Usiminas em foco”, lista a corretora.  

De acordo com a Guide Investimentos, o risco Brasil medido pelo CDS de 5 anos cai 2,6%, abaixo dos 240 pontos. “Os ETFs de Brasil disparam mais de 6% na Europa, refletindo a força de Jair Bolsonaro, bem como a boa construção de uma base parlamentar por parte de seu partido, o PSL. O dia deve ser bastante positivo para os mercados de ações, juros e o câmbio deve continuar a tendência de apreciação, apesar do movimento global de aversão ao risco”, avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide. 


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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Crise de identidade impera nas empresas de telecomunicação


Para especialistas, setor precisa modernizar negócios em plena era da transformação digital 

 

Por Agência Brasil 

 

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Para especialistas, setor de telecomunicações precisa modernizar negócios em plena era da transformação digital



Com a transformação digital e o surgimento de inovações no mundo online, as operadoras de telecomunicações entraram em uma “crise de identidade” e precisam se reinventar. A análise foi a principal conclusão de seminário realizado nesta semana pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre o novo ecossistema digital e a sustentabilidade dos modelos de negócio de companhias do setor. O evento buscou discutir os desafios desses mercados em um momento de mudanças econômicas e tecnológicas.

Até a virada dos anos 2000, as chamadas teles se dedicaram a prover serviços clássicos, como telefonia fixa, telefonia móvel, TV paga e, mais recentemente, acesso à internet. Contudo, diversos novas companhias passaram a prover serviços antes de responsabilidade dessas operadoras, como serviços de voz (Skype), mensagens (WhatsApp), músicas (Spotify) e vídeo (YouTube e Netflix). Esses serviços passaram a ser conhecidos como over-the-top (sobre a rede), ou OTTs, por operarem sobre a a infraestrutura que garante o acesso à web. Em anos recentes, essa disputa de mercado vem motivando discussões intensas, seja dentro dos países ou na União Internacional de Telecomunicações. Operadoras tradicionais reclamam das receitas perdidas e da atuação de conglomerados como Facebook, Google e Microsoft sem investimento em redes. Já as gigantes da tecnologia rebatem argumentando que oferecem serviços atendendo à demanda de consumidores, aumentando as opções e gerando inovação.

O superintendente de Competição da Anatel, Abraão Balbino e Silva, apresentou dados registrando perda de lucratividade do setor entre 2010 e 2014. A receita média por usuário também caiu. A participação do segmento no bolo das indústrias de tecnologia da informação foi de 49%, em 2010, para 37%, em 2014. O preço das ações das teles e empresas de internet saiu de um patamar semelhante, em 2010, para uma queda nos primeiros e crescimento dos segundos. Na opinião de Balbino e Silva, o setor não deveria ficar limitado a uma percepção de “concorrência desleal” por parte das empresas de internet, mas compreender que a transformação digital está gerando uma mudança radical no setor, o que gera crise de identidade nas firmas de telecomunicações. “Estamos vivendo uma disrupção nos modelos de comunicação. E isso implica reorganização do ecossistema. O que antes era em camadas vai para uma coisa que não sabe para onde vai em termos de quem faz o quê. É preciso recompor a visão de estratégia”, afirmou.

O representante da consultoria Cullen Internacional, André Moura, destacou entre as reações do setor a onda de fusões e aquisições ocorrida em diversos países. Na Argentina, no ano passado, a operadora Telecom Argentina fundiu-se à Cablevisión. Nos Estados Unidos, a gigante Verizon (telefonia e Internet) adquiriu o Yahoo (serviços online) e a AT&T (telefonia e internet) está tentando comprar o conglomerado TimeWarner (programação e produção de TV paga). No Brasil, a Oi (telefonia e internet) e a Portugal Telecom (telefonia e internet) anunciaram fusão em 2014 e o grupo Vivo/Telefônica (telefonia e internet) comprou a empresa GVT (acesso à internet) em 2015. 

O movimento de concentração seria uma reação à “crise de identidade” dos grupos econômicos do segmento. “Quando você está no processo de decidir quem você é, sai tentando. As fusões e aquisições são para reagir a essa crise de sustentabilidade. Isso se mostra de maneira significativa, envolvendo valores significativos, como caso da AT&T e TimeWarner”, exemplificou. Moura citou casos de fusão de operadoras de telecomunicações com empresas de cabo, de companhias de infraestrutura (como gestoras de torres e de redes de fibra ótica) ou até mesmo teles com produtoras de conteúdo.

Para Fred Moraes, analista do banco Bradesco, a perspectiva é que esse movimento de concentração de mercado continue no Brasil. Ele sugeriu que dos quatro grandes em atuação no país (Claro/Net, Vivo/Telefônica, TIM e Oi), a Oi tende a ter maior dificuldade e pode ser comprada nos próximos anos. “Quando você olha para a Oi hoje, ela tem dificuldade grande de, em 2020, dar continuidade ao negócio. A cada ano que passa, a dívida está aumentando R$ 3,7 bilhões. Apesar da situação [estar] melhor que em anos anteriores, ainda é uma situação complicada”, avaliou Moraes.


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Cooperativismo: um sistema resiliente


Mesmo sofrendo o impacto da turbulência política e da crise econômica nos últimos anos, cooperativas se fortaleceram

 

Por Marcos Graciani

 

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C.Vale, de Palotina

Verdadeiros motores do setor primário, as cooperativas foram as principais impulsionadoras da economia no duro período recessivo que se desencadeou a partir de 2015. No quadriênio 2014-2017, por exemplo, o cooperativismo catarinense  avançou 36,5%, o equivalente a mais de 9% ao ano. O mesmo fenômeno se repete em toda a região Sul. “Não há empreendimento do mundo com tanta resiliência quanto o cooperativismo”, garante Vergílio Perius, presidente do Sistema Ocergs/Sescoop, que reúne as cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul. Perius se apoia em um número robusto. O cooperativismo gaúcho obteve um crescimento de receita que chegou a 38% nos últimos três anos. Se esse desempenho foi possível em meio à crise, cabe especular até onde essa expansão teria chegado se nesse período o país tivesse vivido um movimento de normalidade no comportamento da economia. 

O que faz as cooperativas resistentes diante de cenários tão desanimadores, como o que impôs pesados prejuízos à indústria e estagnação de vendas ao comércio? Uma das respostas pode estar na configuração legal do sistema, acredita Claudio Post, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro-SC). “Um dos princípios que conferem perenidade mesmo em tempos difíceis é o uso de fundos compostos pelas sobras [como se chama o lucro distribuído entre os associados ao final de cada ano fiscal] das nossas operações”, afiança.

Com essa filosofia, as cooperativas conseguiram, nos últimos anos, aproveitar os bons momentos para planejar e investir – especialmente em projetos que permitem adicionar valor à produção e libertar as organizações do mero papel de produtoras de commodities. Hoje, quase metade (48%) da receita das cooperativas agropecuárias advém da industrialização, o que dá a elas musculatura e flexibilidade para ultrapassar tempos bicudos. “Os cooperados precisam ter boas opções de renda e acesso aos mercados. As cooperativas buscaram isso com projetos de diversificação da produção e com a agroindustrialização. Em síntese, a opção do cooperativismo é pelo desenvolvimento”, sentencia José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, que congrega as cooperativas do Paraná. 

Exemplo notório dessa postura é a transformação da soja e do milho em carnes e leite. A C.Vale (foto), de Palotina (PR), é apenas um case que demonstra como essa estratégia transformou o cooperativismo. Apostando as fichas na indústria, desde 1995, a cooperativa viu o faturamento saltar de R$ 128 milhões, duas décadas atrás, para R$ 6,9 bilhões no ano passado. O investimento também foi o principal responsável pela grande oferta de novos postos de trabalho: a C.Vale tinha 540 funcionários em meados dos anos 1990 e agora são 9 mil. “A rentabilidade melhorou, as receitas cresceram de maneira sustentável e reduzimos nossa exposição ao risco climático. Isso nos deu maior previsibilidade, o que é fundamental para quem quer investir”, analisa Alfredo Lang, presidente da C.Vale.

E como o plano da C.Vale se revelou vitorioso, a fórmula será aplicada na abertura de novas frentes. Recentemente,  a cooperativa inaugurou um frigorífico para peixes, com investimento de R$ 110 milhões. A planta tem capacidade de abate de 150 mil tilápias, mas a produção pode ser ampliada para 600 mil peixes. A C.Vale estima que a industrialização responderá por metade do faturamento no longo prazo. Hoje, ela se encontra na faixa de 25%. A cooperativa também ambiciona fortalecer sua posição no Rio Grande do Sul. A C.Vale começou a operar com os gaúchos em 2015 e acredita que há espaços para incrementar os negócios, principalmente para expandir o recebimento de grãos e comercializar máquinas e implementos. 

O desejo da C.Vale revela a necessidade da chamada intercooperação, movimento que representará um novo ganho de competitividade para o sistema cooperativista. Trata-se de um planejamento de negócios feito em conjunto por duas ou mais cooperativas. Em novembro de 2017, três das maiores cooperativas paranaenses anunciaram a união de suas marcas. Frísia, Castrolanda e Capal, de Castro, lançaram a marca Unium. A nova grife, resultado da fusão das palavras “união” e “um”, substituiu os selos das cooperativas em produtos como carnes, leite e farinha de trigo. 

A marca Unium é resultado de um modelo de negócios que concilia os interesses de diferentes cooperativas, embora elas sigam gestões independentes e continuem com cooperados próprios. “É o que chamamos de intercooperação. Estávamos buscando uma identidade para nossas marcas, que já trabalham e têm desenvolvimento conjunto”, revela o presidente da Castrolanda, Frans Borg. “A Unium surgiu da necessidade de dar empoderamento às cooperativas. E permite irmos para o mercado de forma conjunta”, complementa Renato Greidanus, que preside a Frísia. Apesar de não haver uma sede administrativa própria, os diretores não descartam uma futura fusão completa de suas grifes. Cada cooperativa tem uma participação nas diversas divisões da empresa, compartilhando algumas marcas no mercado. No segmento de lácteos, a atuação é com os produtos Colaso, Colônia Holandesa e Naturalle.  Juntas, as três cooperativas somam R$ 7 bilhões de faturamento anual.

Coincidentemente, a espinha dorsal do Plano Paraná Cooperativo 100 (PRC 100) – que tem a meta de fazer com que o faturamento das cooperativas do Estado chegue a R$ 100 bilhões em 2021 – é justamente a cooperação. O Comitê Parcerias e Alianças do PRC 100 reúne representantes de cooperativas de vários ramos que buscam ampliar as possibilidades de intercooperação. “As alianças entre cooperativas no Sul podem ser intensificadas, mas é preciso encontrar o modelo adequado para cada caso específico de intercooperação, respeitando a cultura, a autonomia e a identidade das parceiras”, avalia Ricken, da Ocepar. 

A cultura disseminada pela entidade ganha adeptos em toda a região. A Santa Clara, de Carlos Barbosa (RS), costuma fazer trabalhos de operação integrada com outras cooperativas. A Cotrisoja, de Tapera (RS), por exemplo, produz ração para a Santa Clara, que paga uma taxa pela industrialização do grão. A CCGL, de Encantado, fabrica leite em pó em troca de leite UHT da Santa Clara, o que faz com que os custos logísticos com matéria-prima diminuam. Agora, a Santa Clara está focada na construção da sua nova unidade de achocolatado que será sediada em Casca (RS), investimento de R$ 115 milhões que deve entrar em operação até dezembro. A cooperativa que faturou R$ 1,1 bilhão e distribuiu R$ 9 milhões aos seus mais de 5,5 mil associados no ano passado é dona de lojas e supermercados e tem se adaptado ao momento de baixa do varejo. “Notamos que até maio os preços estiveram 8% inferiores aos que eram praticados em igual período de 2017. O ramo de alimentos está vendendo mais itens de menor valor, mas o mercado é soberano”, conforma-se Alexandre Guerra, diretor administrativo e financeiro da Santa Clara.  

Adaptar-se às circunstâncias e manejar com destreza as ferramentas de negociação com fornecedores e clientes é a especialidade das cooperativas de excelência, caso da paranaense Coamo. José Aroldo Gallassini, que preside há 43 anos a maior cooperativa da América Latina, costuma utilizar a metáfora da toalha molhada. “Em um negócio, não queremos simplesmente comprar e vender, mas comprar e vender bem. Então, os negociantes da Coamo têm de tirar o máximo. É como se fosse uma toalha molhada: você vai torcendo, torcendo, até a última gota. Nós queremos a última gota. Nesse sentido, falamos para negociar bem. Se o cooperado fixou R$ 100, vendemos a alguém que paga o máximo possível, a última gota, R$ 105, R$ 107”, exemplifica. 

Fica no passado a noção de que cooperativas dispensam instrumentos de gestão profissional ou relativizam sua importância. No Sul e em outras regiões em que o cooperativismo se desenvolveu com ímpeto, exporta-se conhecimento. O “Encadeamento Produtivo Cooperativa Central Aurora Alimentos – Sebrae/SC: suínos, aves e leite”, por exemplo, surgiu em Santa Catarina e transformou-se em um programa nacional desde junho de 2018. Agora, também contempla o Paraná, o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul. O Encadeamento Produtivo do agronegócio tem o objetivo de contribuir para a melhoria dos índices de produtividade e competitividade, promovendo a inserção de pequenos negócios em cadeias de valor de grandes empresas por meio de relacionamentos cooperativos. “A expectativa é muito grande com a nacionalização desse projeto no qual a propriedade rural é vista como uma empresa, levando aos empresários técnicas de gestão, inteligência em negócios e trabalho em rede, tendo em vista a melhoria do desempenho em toda a cadeia”, observa Renato Perlingeiro Salles Junior, coordenador do Programa Nacional de Encadeamento Produtivo do Sebrae Nacional.

Entre os resultados do programa está o fornecimento de produtos com maior qualidade ao consumidor final. Para 48% dos produtores rurais e das empresas encadeadas, houve aumento de receitas. O vice-presidente Neivor Canton lembra que as duas décadas do relacionamento entre a Aurora e o Sebrae foram essenciais para manter produtivas e competitivas as famílias rurais que formam a base produtiva da Cooperativa Central, sediada em Chapecó. “Graças a isso nos mantivemos no mercado nacional e internacional”, reconhece, ao anotar que as regiões onde atua a Aurora concentram a maior densidade populacional rural do Brasil.


Barreiras

 Ainda que tenham muito a comemorar, especialistas acreditam que o cooperativismo pode dar um passo à frente colocando em prática o gerenciamento de riscos, conceito que tem começado a ganhar corpo no Brasil, recentemente. “As cooperativas podem se antecipar a riscos como clima ou falta de mão de obra qualificada no campo, por exemplo. Há um movimento no Sul nesse sentido por meio das OCEs (Ocepar, Ocesc e Ocergs), que dialogam entre si e trabalham um ambiente propício para essas melhores práticas”, conta Adriano Machado, sócio da PwC Brasil e especialista em agronegócio.

Na visão de quem acompanha o setor há muito tempo, o cooperativismo nacional tem, ainda, algumas barreiras a vencer – a principal delas de natureza cultural, ligada ao modo como o sistema se vê e é visto pelos brasileiros. A desinformação sobre o que é e como atua uma cooperativa ainda preocupa o Sistema OCB, que lançou em novembro de 2017 o movimento SomosCoop – uma campanha nacional de valorização das cooperativas brasileiras, de seus cooperados e empregados. A campanha tem divulgado uma webserie sobre como as cooperativas colaboram com o desenvolvimento das comunidades onde estão instaladas. As cooperativas também enviam sugestões de histórias, cases, palestras e iniciativas capazes de promover a valorização e o pleno reconhecimento do cooperativismo no Brasil. O Paraná foi o primeiro Estado do país a aderir ao movimento SomosCoop, ainda em dezembro.

Para o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, a campanha veio para ficar. “Precisamos difundir melhor o modelo e mostrar a dignidade que é ser cooperativista no país para que todos percebam isso. Até mesmo os cooperados às vezes deixam de valorizar”, reconhece. Para ele, será preciso ao menos uma década para fazer com que o cooperativismo seja mais bem reconhecido pelos brasileiros. “No país, existe uma barreira para perceber o associativismo como uma grande ideia. É que dificilmente há disposição de abrir mão de um privilégio em nome do cooperativismo, pois corporações e pessoas colocam seus interesses acima de tudo”, evidencia Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS). Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, de Cascavel (PR), lembra ainda outra virtude do sistema cooperativo: o seu papel social. “No Sul, 80% dos associados são pequenos produtores. Com isso, o cooperativismo também presta um serviço à sociedade”, ressalta Grolli. Somente no ano passsado, a cooperativa do oeste paranaense distribuiu R$ 50 milhões em sobras e antecipações e faturou R$ 2,1 bilhões. 

Para além do embate cultural, cujos resultados são lentos, existem obstáculos mais tangíveis e emergenciais. O ramo agropecuário, que representa 63% das receitas do cooperativismo, enfrenta dois problemas crônicos: a escassez de insumos e as deficiências infraestruturais. Para manter a imensa cadeia agroindustrial da avicultura, da suinocultura e da bovinocultura de leite, Santa Catarina precisa importar todos os anos entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas de milho do Brasil Central ou do exterior. Essa operação impacta a competitividade do produto catarinense, afetando os criadores (na maioria, produtores integrados e associados às cooperativas) e as agroindústrias. “Também é urgente melhorar a logística de transporte com investimentos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e armazéns. O oeste catarinense, berço das principais empresas e cooperativas, reivindica uma ferrovia interestadual ligando Chapecó ao Centro-Oeste e uma ferrovia intraestadual unindo o extremo-oeste ao litoral”, clama Luiz Vicente Suzin, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc). 

No ramo da saúde, há necessidade de linhas de crédito para que as cooperativas de trabalho médico possam tomar financiamento para a construção de hospitais e aquisição de equipamentos de tecnologia de ponta. É uma situação análoga à de cooperativas do ramo de infraestrutura, que precisam de aportes para o sistema de distribuição de energia elétrica e internet. “Ao se dirigirem ao mercado financeiro, as cooperativas não possuem taxas de juros diferenciadas para captação de crédito. Isso nos leva a profissionalizar cada vez mais a gestão”, entende Jeferson Smaniotto, presidente da cooperativa de laticínios Piá. A marca tem sede em Nova Petrópolis (RS), a Capital Nacional do Cooperativismo,  em virtude de ser o berço do cooperativismo de crédito da América Latina. Foi ali que surgiu, em 1902, a Caixa de Economias e Empréstimos Amstad (atual Sicredi Pioneira RS), primeira cooperativa de crédito. 

Na visão de Smaniotto, um modo de enfrentar os grandes players é apostar em agregação de valor dos produtos comercializados. Nos últimos sete anos, a Piá investiu R$ 90 milhões na modernização de seus processos produtivos. Com 75% do faturamento concentrado em solo gaúcho, a cooperativa pretende expandir negócios na direção do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo, que juntos respondem pelos 25% restantes. Dentro de cinco anos, a Piá prevê dobrar essa fatia. Para alcançar o objetivo, a média de crescimento das receitas deve se manter em torno de 8% a 10% ao ano. Em 2018, a previsão é de um faturamento de R$ 650 milhões, justamente 8% a mais do que no ano passado. Na base da estratégia está a comercialização de itens com maior valor agregado, receita seguida por um número cada vez maior de cooperativas.  Somente em junho de 2018, pelo menos dois produtos de cooperativas foram anunciados no mercado. A Cotripal, de Panambi (RS), apresentou uma carne de hambúrguer para sua linha Angus Supreme, já temperada e rica em Ômega 3. E a Cotrirosa, de Santa Rosa (RS), passou a ter no seu mix uma linha de feijão premium selecionado criteriosamente e com grãos nobres.


Ótima reputação

 O vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, gosta de comparar o cooperativismo em geral com o modo com que opera a Lojas Renner no mercado de capitais. A rede de lojas, como é sabido, foi a primeira corporation brasileira. Isso significa que a empresa não pertence a uma única pessoa, mas sim a muitas – espalhadas ao redor de todo o mundo, inclusive. “Quando os correntistas são os próprios donos do negócio, não existe caráter especulativo”, destaca o executivo. Essa é apenas uma das razões para que os juros cobrados pelas cooperativas de crédito sejam menores do que as taxas estipuladas pelos bancos tradicionais. Do mesmo modo, o índice de inadimplência também é proporcionalmente menor no sistema cooperativista. 

Na visão de Port, o Banco Central (BC) foi determinante para o desenvolvimento do cooperativismo de crédito no país. Segundo ele, o Brasil tem a melhor legislação para instituições financeiras cooperativas, e elas retribuem a confiança. “Temos ótima reputação com o BC”, afirma Port. A autoridade monetária tem se preocupado em colocar em pauta a agenda BC+, que busca, entre outros objetivos, a desburocratização e a inclusão financeira. Presente em muitos municípios pequenos, o Sicredi consegue ajudar o BC a cumprir parte da tarefa. No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde dois terços das cidades têm menos de 10 mil habitantes, há muitos lugares em que 60% da população é sócia do Sicredi. “Pergunte a um morador de localidades menores quanto a alta do dólar impacta a vida dele. Ele vai responder que não, pois os efeitos demoram mais a chegar. Eles baixam a cabeça, trabalham e fazem acontecer”, entusiasma-se Port.

Hoje, Sicredi e Sicoob respondem juntos por 80% do cooperativismo de crédito no Brasil. No que depender do Sicredi, essa fatia poderá crescer ainda mais. Até 2019, o banco cooperativo – que já está presente em 21 Estados – prepara uma grande expansão em Minas Gerais. O foco é mirar o crescimento não apenas nas capitais, mas também em grandes cidades do interior. “Muita gente liga o nome do Sicredi ao meio rural, mas nada menos que 80% de nossos associados vivem no meio urbano”, revela Port. Enfim, mais uma conquista do cooperativismo, que multiplica sua força – até mesmo nas crises, ou quem sabe como a melhor resposta para elas.



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