terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Mulheres de criminosos do colarinho branco devem contratar seus próprios advogados

Advogados bem sucedidos




As mulheres dos EUA casadas com homens investigados – ou denunciados – por crimes do colarinho branco vêm aprendendo uma lição providencial: a de que a primeira medida que devem tomar, quando a notícia da provável condenação cai como uma bomba em suas vidas, é contratar um advogado próprio. Antes que fiquem privadas de seus direitos.

Nos EUA e em alguns outros países do mundo, isso acontece com frequência, diz a escritora Lisa Lawler, que fundou o Projeto Mulheres do Colarinho Branco (The White-Collar Wives Project). Mulheres perdem casas com tudo o que têm dentro, carros, alianças de casamento e outros bens que teriam chance de conservar.

Em um caso recente, uma mulher se divorciou do marido após saber que ele fora denunciado por corrupção. No divórcio, como é de praxe, ela ficou com metade do fundo de aposentadoria do casal. Mas o dinheiro, que pertencia apenas a ela, foi confiscado. Provavelmente, ela não teve um advogado para defendê-la.

“Essas mulheres, ainda que inocentes, se veem em um pântano jurídico, econômico e psicológico, no qual não sabem como navegar. Elas enfrentam uma crise de identidade, porque não sabem mais nem mesmo quem são”, diz Lisa Lawler, que começou a escrever um blog para “mulheres do colarinho branco”, como ela mesma.

Ela também escreveu o e-book “Guia de sobrevivência das mulheres do colarinho branco: O que esperar quando seu marido é denunciado por um crime do colarinho branco” (The White-Collar Wives Survival Guide: What to Expect When Your Husband Is Prosecuted for a White-Collar Crime).

A advogada Guinevere Moore, sócia da banca Johnson Moore, de Chicago, e conselheira da ABA (American Bar Association), aconselha as “mulheres do colarinho branco” a contratar seus próprios advogados imediatamente após saberem que seus maridos estão em apuros com a justiça.

Ela afirma que há medidas críticas que precisam ser tomadas para proteger uma “mulher inocente”, incluindo responsabilidades tributárias (que é de sua área de especialização), segundo o Jornal da ABA.

“Não venda nada, não transfira bens em seu nome, em nome do marido ou em nome do casal para terceiros, sem antes falar com seu advogado”, ela recomenda. “Não dá para fazer operações escondidas, para enganar os investigadores, porque elas sempre deixam pistas fáceis de seguir. Faça as coisas legalmente, para proteger seus ativos tanto quanto possível e evitar a ruína financeira”.

Segundo a advogada, muitas mulheres pensam que contratar um advogado próprio as coloca contra seus maridos. “Mas isso não é verdade. Contratar um advogado coloca a mulher e o marido (além de filhos) em uma posição melhor, porque ela pode proteger ativos que o marido não pode”, ela afirma.

O Projeto Mulheres do Colarinho Branco, segundo Lisa Lawler, vem se focando mais nos efeitos colaterais, muitas vezes negligenciado, da condenação de maridos corruptos. “Essas mulheres são tratadas como bens móveis, sem qualquer legitimidade jurídica para defender e reter a parte de propriedades não contaminadas pela acusação de corrupção contra seus maridos”.

Ela acredita que há outros tipos de crime que resultam na prisão do marido e deixam a mulher inocente em um “pântano jurídico e econômico”. Também nesses casos, ela deve contratar um advogado. E, em qualquer dos casos, deve buscar ajuda de um grupo de apoio para conseguir enfrentar melhor estigmas sociais, especialmente os que afetam as crianças nas escolas.

O estudo “Pais atrás das grades: o que acontece com seus filhos?” revelou que, nos EUA, mais de 5 milhões de crianças têm pais que foram para a cadeia ou prisão. E que, provavelmente, elas experimentam outros eventos traumáticos em algum ponto da vida, mais problemas emocionais e mais problemas na escola.

 é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.


 https://www.conjur.com.br/2018-dez-03/esposas-colarinho-branco-advogado-eua

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Um inovador que mantém a tradição


A melhoria do desempenho e dos resultados e a nova maneira de pensar a relação com o cliente garantiram o prêmio ao diretor-presidente do Bradesco

 

Um inovador que mantém a tradição
“Minha função ganhou mais propósitos. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, mas nós, brasileiros que lideramos grandes empresas, também temos de ser mais ativos para melhorar o País” - Octavio de Lazari Júnior: novo foco é vender produtos para os 28 milhões de clientes que não possuem contas-correntes



A gravata que Octavio De Lazari Júnior, o diretor-presidente do Bradesco, veste na foto ao lado, é uma deferência aos leitores da DINHEIRO. Há alguns meses, toda a alta cúpula do banco foi dispensada de vestir o acessório — uma liberalidade impensável para o fundador Amador Aguiar. “Agora só usamos gravatas quando temos reuniões com alguma autoridade”, diz Lazari.

Usar gravata pode ser um assunto secundário. No entanto, é apenas uma das muitas mudanças que vêm ocorrendo na Cidade de Deus, sede do Bradesco, em Osasco, região metropolitana de São Paulo. Há pouco menos de um ano na presidência, Lazari vem derrubando alguns dogmas, sobretudo na forma de encantar os clientes. E os resultados são claros. Nos três primeiros trimestres de 2018, a última linha do balanço exibiu um lucro líquido recorrente de R$ 15,7 bilhões, alta de 11,1% em relação ao mesmo período de 2017. O Bradesco emprestou mais: nesses nove meses, foram concedidos R$ 523 bilhões em empréstimos, ante R$ 487 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado. Também emprestou melhor: nesse período, a provisão para devedores duvidosos – a fatia dos empréstimos que são considerados praticamente perdidos – caiu 29%, de R$ 15,2 bilhões em 2017 para R$ 10,8 bilhões neste ano. Com tudo isso, a rentabilidade patrimonial anualizada no terceiro trimestre foi de 19%, um ponto percentual acima da média dos trimestres anteriores. “E eu já avisei que, a partir de agora, 19% ao ano é o piso, é o mínimo aceitável”, diz Lazari. Esses resultados garantiram ao executivo de 55 anos de idade e quase 40 de banco o prêmio de EMPREENDEDOR DO ANO de 2018.

Para manter os lucros em ascensão, Lazari está promovendo alterações profundas na maneira de tratar a freguesia. “Antes o banco era um couraçado e os clientes navegavam ao redor dele. Agora, colocamos o cliente no centro e pensamos o tempo todo como podemos atender melhor às necessidades dele.” Como essas inovações dependem bastante de tecnologia, as portas de abriram para quem pode desenvolver soluções. Por meio da InovaBra, misto de aceleradora e incubadora, já são 160 as fintechs e startups que auxiliam no desenvolvimento de produtos e serviços, especialmente para os celulares. No início do segundo trimestre, o Bradesco começou a distribuir seguros pelos celulares. E os resultados surpreenderam. “Esperávamos vender 250 mil apólices, mas vendemos 500 mil”, diz Lazari. “Ninguém imagina que alguém vai contratar um seguro odontológico às três horas da manhã do sábado, mas acontece.” Assim como nos seguros, os empréstimos concedidos por meio de celulares também vem crescendo aceleradamente.
Segundo o presidente, na média são concedidos 80 mil financiamentos para pessoas físicas nos fins de semana, 40 mil por dia. Às sextas-feiras, são fechados de 28 mil a 30 mil negócios desse tipo. A lógica é simples. Pedir dinheiro emprestado não é uma situação agradável. Se o cliente puder fazer isso sem ter de conversar com um gerente, fica mais fácil. “E aos fins de semana as pessoas têm mais tempo e tranquilidade para calcular se o total é adequado, se o prazo é o melhor e se as parcelas cabem no bolso.” O banco inovou também na maneira de conceder empréstimos imobiliários. Em vez do arranjo habitual, em que um gerente analisava a papelada de cada mutuário em potencial, agora os processos passam por uma estrutura semelhante à das linhas de montagem. Com isso, o prazo habitual de 60 dias para aprovação de um pedido caiu à metade, e o banco concedeu R$ 7,2 bilhões nesses financiamentos nos três primeiros trimestres.
A maior alteração foi criar novas formas de a clientela se relacionar com o Bradesco. Desde sua fundação, a meta era conquistar correntistas. Deu certo: hoje, são 27 milhões de contas-correntes ativas. Porém, de sua experiência na seguradora, Lazari percebeu um potencial não-explorado muito grande. Os computadores da Bradesco Seguros têm 50 milhões de pessoas em sua base de dados. Desses, 28 milhões não têm contas-correntes, mas possuem apólices de seguro, planos de previdência ou de capitalização. “A conta-corrente deixou de ser a única chave para o cliente entrar no banco”, diz o executivo. “Podemos nos relacionar com eles de várias maneiras, sem que eles sejam obrigados a abrir uma conta.” Por isso, no início do terceiro trimestre foi criada uma diretoria estatutária focada apenas em não-correntistas. E os prognósticos são animadores. “Quantas empresas começam com uma base de 28 milhões de clientes para trabalhar?”, pergunta o executivo.

O mercado concorda com o otimismo. No ano, até o dia 28 de novembro, as ações do banco subiram 26,6%, dez pontos percentuais acima do Índice Bovespa e um ponto percentual mais que o índice setorial do mercado financeiro. Segundo Tatiana Brandt, analista da Eleven Financial, o banco tem sido muito bem-sucedido em ampliar a concessão de empréstimos e, ao mesmo tempo, manter baixos tanto os custos quanto as provisões para devedores duvidosos. “A qualidade das novas safras de crédito é superior à das anteriores, algo fundamental para a sustentação dos resultados futuros”, escreveu ela em um relatório do início de novembro. Ela recomenda a compra dos papéis, com um preço-alvo de R$ 42,00, representando uma alta potencial de 9,3%.
Quinto presidente do banco em 75 anos, Lazari cumpriu a trajetória habitual. Começou a trabalhar no Bradesco, seu único empregador, aos 15 anos como contínuo, em boa parte por pressão familiar. O palmeirense Lazari treinava nas categorias de base da Sociedade Esportiva Palmeiras, mas seu pai preferia vê-lo seguir uma carreira menos incerta. Assim como Luiz Carlos Trabuco Cappi, seu antecessor no cargo, passou por vários postos até ascender ao comando da seguradora, divisão estratégica para garantir os resultados em anos difíceis. O bom trabalho o capacitou para a presidência entre os sete vice-presidentes executivos. Mesmo admitindo que a nova função ampliou uma jornada de trabalho já extensa, Lazari se diz animado. “Minha função ganhou mais propósitos. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, mas nós, brasileiros que lideramos grandes empresas, também temos de ser mais ativos para melhorar o País.”



“A transição do tijolo para o click está acelerada”

O diretor-presidente do Bradesco entende que novas tecnologias, capazes de melhorar produtos e serviços, são hoje cruciais para a boa performance de um banco. Sua resposta é o Inovabra, que abriga 160 startups. “As fintechs não são concorrentes, são parceiras”, afirma Lazari
Quando o sr. assumiu a presidência, em março, o sr. disse que sua função era preservar o que precisava ser preservado e adaptar o que precisava ser adaptado. Como isso está funcionando na prática?
A transição do tijolo para o click está acelerada. Não é por acaso. É uma consequência dos passos e das mudanças que implantamos para isso pudesse acontecer. Um bom exemplo é a Inovabra, que é um ecossistema criado para promover a inovação dentro do Bradesco. Há muita coisa lá. Temos 160 startups desenvolvendo novas tecnologias para melhorar depressa os produtos e serviços que precisamos entregar para nossos clientes.
O que mudou?
Nossa maneira de construir produtos e serviços. Antes era desenvolvido pela área de TI, agora que faz são as pessoas que vão vender os produtos e serviços do banco. Passamos a olhar o Bradesco sob a ótica do cliente, o que propiciou uma mudança muito grande na qualidade. Há vários exemplos. O cliente pode customizar os APPs como quiser. Também criamos um portal para microempreendedores individuais, os MEIs. Hoje, o empreendedor entra no portal que desenvolvemos e pode contratar um contador ou baixar um programa de controle de estoque, ou fazer um custo de educação financeira no Sebrae. Com nossos parceiros, desenvolvemos isso em apenas 90 dias. Também reduzimos o prazo de concessão de empréstimos imobiliários. Antes a aprovação demorava de 60 a 70 dias, hoje sai em 30 dias. Colocamos especialistas em uma esteira para analisar a documentação, e a contratação ficou mais ágil. Já concedemos R$ 7,2 bilhões em novos empréstimos neste ano.

O banco está usando os conceitos de marketplace?
A indústria financeira e especialmente o Bradesco enfrentam um grande desafio. Temos quatro gerações de clientes, dos baby boomers até os millenials. Como distribuir centenas de produtos para uma base tão diversificada? Optamos por colocar tudo no celular e o cliente contrata quando tiver tempo. A seguradora vendeu 500 mil itens por celular, o dobro do que havíamos previsto. Temos clientes que compram planos de seguro odontológico às 3 horas da manhã de um sábado. Não era algo que estávamos esperando, mas aconteceu. Atualmente, um terço dos empréstimos é concedido via celular. Já concedemos mais empréstimos nos fins de semana do que nos dias úteis. São 28 mil concessões em uma sexta-feira, e 40 mil no sábado e outros 40 mil no domingo.

Por que isso acontece?
O fim de semana é a hora que a pessoa tem tranquilidade para consultar o sistema, estudar a proposta, avaliar se o prazo ou o valor são os mais adequados. E isso evita que o cliente tenha aquele constrangimento de ter de pedir o crédito. O cliente se sente empoderado, protagonista do que quer fazer com a própria vida.

A parceria com as fintechs é para evitar que elas se tornem concorrentes?
As fintechs não são os concorrentes que tememos. Elas são muito mais parceiras que podem nos ajudar a encontrar soluções mais rápidas do que concorrentes. A minha preocupação é com as big techs, com Amazon, Google, Facebook. Essas é que são concorrentes pesadas. Seu poder de distribuição é grande. E a partir do momento que tudo é eletrônico, elas podem vir disputar nosso mercado. 

Essas empresas oferecem muito risco ao negócio?
Oferecem um risco de médio a alto. Elas têm tamanho e tecnologia e têm acesso a bases muito amplas de clientes. Temos de nos adaptar, mudar o modelo de negócios para poder concorrer. Mas eu sempre lembro as pessoas que banco, crédito e dinheiro dependem de confiança. Se nós tivermos a sabedoria de entender as necessidades de cliente e atendê-las com conveniência, vamos continuar no mercado. Por exemplo, criamos uma área exclusiva para não-correntistas no banco. Assim, quem não tem conta-corrente poderá ser atendido.

Para vender o que?
Esse é o desafio. Temos 27 milhões de correntistas. A conta corrente é a chave para a entrada no banco, mas ela é só um dos produtos do banco. A partir de agora, não mais. Na seguradora há 50 milhões de segurados, mas apenas 22 milhões são correntistas do Bradesco. Temos 28 milhões de pessoas que já tem relação, seja por meio de um seguro, de um plano de capitalização. Eu preciso estar perto deles. Claro que vou continuar querendo abrir contas, mas esses clientes poderão entrar no banco pelo CPF, pelo CNPJ. Eles terão um marketplace para se relacionar com o banco, sejam ou não correntistas.

Qual seu prognóstico para 2019?
Estamos otimistas. As pessoas que vêm sendo indicadas para a equipe econômica têm opiniões acertadas e ponderadas. A pauta é extensa. Temos de fazer uma reforma da previdência, uma reorganização tributária para gerar empregos. Mas eu converso com analistas internacionais, e todos querem investir no Brasil. O País é estratégico para a economia mundial.

O sr. está prestes a completar seu primeiro ano na presidência do banco. O que mudou na sua vida?
Estou trabalhando mais, mas estou tão feliz quanto antes. A maior mudança é perceber o quanto o nosso país é importante não só para os brasileiros, mas também para a economia mundial. Os propósitos da minha jornada aumentaram. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, fui escolhido para isso. Mas eu acredito que nós, brasileiros que lideram grandes empresas, temos de ser mais protagonistas. Temos de ser mais presentes, mais ativos no contato com os governos, para poder melhorar o País. Para que esse crescimento que se espera não seja mais um voo de galinha.




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A vez da experiência


Uma vivência bem sucedida supera qualquer argumento lógico

 

Por Letícia Polydoro

Uma vivência bem sucedida supera qualquer argumento lógico


Amo filmes. Herdei esse gosto do meu pai. Filme bom não tem gênero ou época. Resiste ao tempo, garantindo algumas horas de verdadeira transcendência. Destaco aqui um em especial, trata-se de uma animação da qual vou relatar uma cena: um dos personagens, um homem sisudo, respeitado e conhecido, entre outras características por ser muito mal humorado, entra num restaurante. O chef pergunta o que ele deseja, ao que o senhor responde algo como "Surpreenda-me!". O chef retorna com um prato tradicional da cultura local. Inicialmente nosso personagem olha com desdém pela trivialidade da escolha. Ao engolir a primeira garfada, um fenômeno acontece. Em uma fração de segundo, esse senhor é transportado para o passado, vendo-se criança na cozinha de sua casa materna enquanto a mãe lhe entrega o mesmo prato. Ao usufruir do aroma, do sabor, das cores, ele experimenta uma sensação esquecida no tempo. A experiência é tão sublime, que a fisionomia do personagem se transforma imediatamente, fazendo dele, em uma fração de segundos, um amável senhor de idade. 

Quantos de nós já não passamos por algo semelhante? Em algum momento, sem aviso, somos surpreendidos por alguma imagem, vivência, sensação que não sabemos explicar, mas nos trazem, em menor ou maior grau, alguma satisfação. A isso chamamos de "experiência", e é esse o enfoque deste novo blog. Uma experiência bem sucedida supera qualquer argumento lógico. Ela nos cativa pela emoção, nos torna fiéis seguidores. Uma vez tendo "A" experiência, não só queremos passar por ela de novo, como divulgamos com entusiasmo a toda a nossa rede de conhecidos. Em contrapartida, uma experiência ruim pode ser ainda mais impactante, chegando até mesmo a destruir reputações que levaram anos para serem construídas.

Quando estamos falando de business, estamos também tratando de relações interpessoais. Todo e qualquer negócio, seja ele B2B ou B2C, é firmado entre pessoas. Gente como a gente. Já houve uma época em que conseguíamos deter algum diferencial competitivo que nos sobressaia da concorrência: algum produto exclusivo, uma tecnologia inovadora, ou mesmo muito dinheiro para investir pesado em propaganda para que todos acreditassem que éramos os melhores. Mas o mundo mudou. É difícil hoje em dia ser proprietário de um produto 100% exclusivo, as tecnologias estão cada vez mais acessíveis, e as redes sociais estão aí para divulgar — para o bem ou para o mal — pontos de vista muito diferentes do que a gente gostaria sobre o nosso negócio: não temos mais controle sobre os meios de divulgação.

Em meio a esse cenário, a saída não é tão difícil: temos de voltar ao básico, sermos verdadeiros, pensar como pessoas. Para prosperar, tem de se ter um propósito. E, em consonância com esse propósito, proporcionar a melhor experiência. Quando entramos em um shopping, por exemplo, com inúmeras opções equivalentes em funcionalidade e preço, optamos por aquelas alinhadas ao nosso propósito que nos proporcionam a melhor experiência. Simples assim. Por que em nosso próprio negócio haveria de ser diferente?

Mas o que significa proporcionar a melhor experiência? Aí é que a brincadeira começa a ficar bacana, pois existe ainda muita coisa que pode ser realizada nesta direção. Se focarmos no indivíduo, nos colocarmos no lugar dele, nos dispusermos a fazer esse exercício de empatia, poderemos ver onde estão as maiores frustrações e onde estão as melhores oportunidades. Resolver uma fila de espera, simplificar uma compra, dar acesso a novos perfis de consumidores antes excluídos, são alguns exemplos de soluções simples que podem fazer uma grande diferença nos resultados de seu negócio.

Retomando a cena do filme Ratatouille (pronto, revelei o nome do filme. Quem ainda não viu, recomendo), o surpreendente estava justamente no básico, um simples prato tradicional preparado cuidadosamente foi capaz de gerar uma experiência transformadora. E você, o que tem para oferecer? 

Surpreenda-me!


Carga tributária sobe para 32,43% do PIB, diz Receita Federal


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A carga tributária atingiu 32,43% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), em 2017. A informação foi divulgada hoje (3) pela Receita Federal. É o maior índice em quatro anos.

Em relação a 2016 (32,29%), a carga tributária aumentou 0,14 ponto percentual. De acordo com a Receita, a variação resultou da combinação dos acréscimos em termos reais (descontada a inflação) de 0,99% do PIB e de 1,4% da arrecadação tributária nos três níveis de governo.

O PIB no ano de 2017 apresentou aumento em relação ao ano anterior, alcançando aproximadamente R$ 6,56 trilhões. E a arrecadação chegou a R$ 2,13 trilhões.
Dentre os tributos federais, os que mais contribuíram para o aumento da carga tributária foram os programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), responsáveis pelo crescimento de 0,21 ponto percentual. Segundo a Receita, o acréscimo decorreu principalmente da elevação das alíquotas sobre combustíveis (gasolina e diesel).

Já as maiores reduções se devem ao Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), responsáveis por um decréscimo de 0,35 ponto percentual. Isso ocorreu porque, em 2016, houve aumento da arrecadação com o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária, conhecido como Lei da Repatriação. Esse regime permitiu a regularização de recursos, bens ou direitos remetidos ou mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no país, que não tinham sido declarados ou que tinham sido declarados incorretamente. No total, em 2016 foram arrecadados R$ 23,5 bilhões.

Quanto aos tributos estaduais, houve acréscimo de arrecadação em relação ao ano anterior do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) de 0,12 ponto percentual.


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Gasto no cartão internacional será fixado em real do dia da compra


Medida demorará mais de um ano para ser implementada

 

Por Agência Brasil 

 

redacao@amanha.com.br
Gasto no cartão internacional será fixado em real do dia da compra


Os gastos feitos em moeda estrangeira nos cartões de crédito internacionais terão seu valor fixado em reais pela taxa de conversão vigente no dia de cada gasto realizado. A medida foi anunciada pelo Banco Central (BC) e passa a valer a partir a partir de 1º de março de 2020. Dessa forma, afirma o BC, o cliente ficará sabendo já no dia seguinte quanto vai desembolsar em reais, eliminando a necessidade de eventual ajuste na fatura subsequente. “A medida aumenta a previsibilidade para os clientes em relação ao valor a ser pago, evitando o efeito da variação da cotação da moeda estrangeira entre o dia do gasto e o dia de pagamento da fatura”, explicou o BC, em nota. Além disso, acrescenta o BC, a medida eleva a transparência e a comparabilidade na prestação do serviço, padronizando as informações sobre o histórico das taxas de conversão nas faturas que terão de ser divulgadas em formato de dados abertos, de forma que os rankings de taxas possam ser estruturados e divulgados.

Para a sistemática de fixação do valor em reais na data do gasto, a fatura terá de apresentar, além da identificação da moeda, a discriminação de cada gasto na moeda em que foi realizado e o seu valor equivalente em reais e as seguintes informações adicionais: data, valor equivalente em dólares (quando a moeda usada na compra for diferente da divisa norte-americana) e a taxa de conversão do dólar para o real. De acordo com a circular, as instituições poderão ofertar ao cliente sistemática alternativa de pagamento da fatura pelo valor equivalente em reais no dia de seu pagamento. Nesse caso, regulariza a circular, o cliente terá de aceitar “expressamente” essa opção.

Segundo o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a medida demorará mais de um ano para ser implementada pelas instituições financeiras. “Algumas instituições já oferecem, outras ainda precisam mudar o sistema. O consumidor vai se sentir mais confortável em saber na hora da compra quando ele gastou. É algo que facilita a vida do cidadão”, destacou.



 http://www.amanha.com.br/posts/view/6669

Gerdau, Tigre e Votorantim lançam a Juntos Somos Mais


Empresa quer modernizar o varejo da construção civil

 

Por Marcos Graciani

 

graciani@amanha.com.br
Gerdau, Tigre e Votorantim lançam a Juntos Somos Mais


A Juntos Somos Mais Fidelização Ltda. anunciou nesta quarta-feira (28) o início de suas operações como empresa independente, tendo como acionistas Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre (na foto, da esquerda para a direita: Otto von Sothen, CEO do Grupo Tigre; Walter Dissinger, CEO da Votorantim Cimentos; Antônio Serrano , CEO da Juntos Somos Mais, e Gustavo Werneck, CEO da Gerdau). A nova empresa vai gerir o Juntos Somos +, maior programa nacional de fidelidade do varejo de material de construção, que funciona como um plano de benefícios para as lojas, vendedores e profissionais da obra com o objetivo de desenvolver e modernizar o varejo da construção civil. No Brasil, a construção civil movimenta aproximadamente R$ 300 bilhões ao ano, o que equivale a 4,5% do PIB. É também um dos maiores empregadores no país, com mais de 100 mil lojas de materiais de construção e seis milhões de profissionais da obra.

Criado em 2014 pela Votorantim Cimentos, o Juntos Somos + possui atualmente mais de 40 mil lojas e cerca de 60 mil profissionais cadastrados. Além das 3 acionistas, as empresas de serviços Santander e Linx e também outras empresas relevantes do setor de construção fazem parte do programa, como Vedacit, Eternit, Suvinil, Stam, Bosch, Casa do Construtor, Ciser, Ourolux e Cozimax. “A Juntos Somos Mais é o primeiro ecossistema do segmento de varejo da construção civil que envolve empresas, lojas e profissionais da obra. O Programa já é amplamente utilizado e, de 2014 a 2018, distribuiu mais de um bilhão de pontos, concedeu cerca de 300 mil prêmios e impactou mais de 100 mil pessoas diretamente”, afirma Antônio Serrano, CEO da nova empresa. 

As lojas e profissionais da obra acumulam pontos com a compra de produtos das empresas participantes que são transformados em prêmios, como equipamentos para as lojas (empilhadeira, computadores), sistemas de gestão, cursos profissionalizantes, ferramentas e ações de responsabilidade social dentro das comunidades locais. Todo esse ecossistema é acessado por meios digitais, como website e aplicativos de smartphones. Os consumidores também são beneficiados. Atualmente, eles podem encontrar dificuldade para fazer até mesmo uma pequena reforma, tendo que decidir qual material comprar e quais profissionais contratar. “Com o crescimento do programa de benefícios e o uso de inteligência artificial, a empresa aposta que as lojas de material de construção oferecerão a solução de obra e reforma. Em um futuro próximo, o cliente final poderá comprar, por exemplo, um novo banheiro para sua casa, contando com produtos e profissionais de qualidade”, revela Serrano.

Segundo o CEO, por meio do Juntos Somos +, o cliente perceberá cada vez mais melhorias em sua experiência de compra, resultado de um atendimento mais personalizado da loja, profissionais mais qualificados e a oferta de uma gama ampla de produtos financeiros como financiamento e seguros. Até 2020, a empresa planeja investir R$ 50 milhões na expansão do programa e no aprimoramento do ecossistema, adicionando novas funcionalidades e melhorando os benefícios para os participantes. A companhia emprega hoje 25 pessoas e adota uma cultura de startup com um propósito bem definido e uma estrutura pouco hierárquica, que encoraja o desenvolvimento de ideias inovadoras. “Nosso propósito é fortalecer e desenvolver o varejo de material de construção e os profissionais de obra do Brasil. Esse direcionamento gera entusiasmo no time que opera com muita autonomia no modelo de squads, ou seja, atuando como equipe multidisciplinar”, informa Serrano.


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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Briga de cachorro grande


Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”

 

Por Milton Pomar

Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”


A indústria asiática ocupa cada vez mais espaços comerciais no mundo, desde que a China iniciou seu processo de Reformas em 1980. Segundo estudo de 2010 da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Ásia respondia por 14% das exportações mundiais em 1948, tendo mais do que dobrado a sua participação em 2009, para 29,4% do total. E a China foi de 0,9% para 9,9%, sendo o seu maior salto nos anos 2000. Na sua publicação “Examen Estadístico del Comercio Mundial 2018”, disponível aqui, a OMC informa que a China respondeu em 2017 por 13% do total das exportações mundiais, com US$ 2,22 trilhões – e um superávit de US$ 421,4 bilhões.

Esses números impressionam ainda mais quando comparados com os de 2004, ano no qual a China era o terceiro maior importador e exportador do mundo, com 5,9% e 6,5% de participação, respectivamente. Naquele ano, a Alemanha detinha 10% das exportações mundiais e os EUA 9,0% – e este respondia também por 16% das importações, seguido à distância pelos alemães, com 7,6%. Importante registrar que Hong Kong e Taiwan, considerados pela China como integrantes do país, já pontuavam em 11º lugar e 15º lugar entre os maiores comerciantes do mundo, com 2,9% e 2% nas exportações, e 2,9% e 1,8% nas importações. 

É importante lembrar desses fatos e conhecer os informes da OMC de 2017 e 2018 sobre o comércio mundial “Comercio, tecnologia y empleo” e “El futuro del comercio mundial: cómo las tecnologías digitales están transformando el comercio mundial”, disponíveis aqui, para se entender melhor o que está acontecendo e para onde vão a indústria, a inovação e o comércio mundiais nos próximos anos – e como tudo isso tem impactado e impactará ainda mais a indústria, empregos, salários, renda e arrecadação tributária no Brasil.

A Inovação entrou definitivamente nesse processo, e avança rápido em toda a Ásia e mais rápido ainda e em maior escala na China – cuja indústria cresceu 6,5% em 2017 e deverá avançar 6,1% neste ano, de acordo com o boletim “World Manufacturing Production – Statistics for Quarter II, 2018”, da Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (Unido) –, que passou do 22º lugar mundial em Inovação, em 2017, para o 17º em 2018, na 11ª edição do “World Innovation Index” (Índice Mundial de Inovação), da OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), e já está no 28º lugar (avanço significativo, em relação ao 54º lugar em 2006) no Ranking Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial. 

Escala e Inovação na indústria turbinam principalmente a economia da China, cuja meta modesta para os próximos 30 anos é tornar-se a maior potência tecnológica do mundo. Essa soma de inovação industrial e grande escala é responsável pelo surgimento de 200 bilionários na China, de 2012 para 2017, e 357, de 2006 para 2017, totalizando 373 neste ano, segundo o estudo “Billionaires report 2018”, da PwC-UBS disponível aqui. É tão grande o destaque para o “fenômeno China”, que a publicação deste ano intitula-se “New Visionaries and the Chinese Century”, e sua principal promessa é que os bilionários asiáticos ultrapassarão os bilionários norte-americanos até 2021.

Crises mundiais à parte, os novos 332 bilionários de 2017 agregaram 19% à riqueza já existente, que atingiu o recorde de US$ 8,9 trilhões. Desses novos bilionários, 107 são chineses, cuja riqueza somada cresceu 39%, de 2016 para 2017, atingindo US$ 1,2 trilhão. Hoje, a China tem 20% dos bilionários do mundo. Aumentou lá e diminuiu nos Estados Unidos: apenas 53 novos em 2017, contra 87 em 2012. Diferença qualitativa importante entre os bilionários dos dois países: os norte-americanos têm, em média, quase dez anos a mais do que os chineses (56 anos de idade média). 

Esses dados todos são interessantes para se avaliar o “mahjong” da geopolítica mundial, no qual o presidente dos EUA joga com uma estratégia muito própria. Talvez por ser muito duro de engolir o enorme e tão veloz crescimento econômico e comercial da Ásia, e em particular o da China. O fato é que os 585 bilionários dos EUA (eram 443 em 2012) já estão na poeira, quando comparados com os 814 da APAC – que engloba a “Grande China” (China continental, Taiwan e Hong Kong), com seus 475, mais os 43 da Oceania e os 296 do Sul e Leste da Ásia (Singapura, Malásia, Tailândia, Índia, Japão, Coréia do Sul, Filipinas e a Indonésia).

Toda essa situação, que antigamente era denominada “briga de cachorro grande”, afeta – ou pode afetar – muito o Brasil já em 2019, em todos os setores da economia: minérios e agronegócio à frente, enquanto exportadores; indústria e serviços, nos dois lados da balança comercial; e o comércio varejista enquanto grande importador. 

Na relação com a China, a nossa fraqueza é a indústria, dada a “desindustrialização” ocorrida a partir dos anos 1990. Câmbio, juros altos e logística precária encarecem os produtos brasileiros, deixando-nos sem condições de ofertar preços competitivos a nível internacional. Talvez a solução para a indústria seja o Brasil se aliar ao maior importador e concorrente da China, como alguns estão propondo, estilo “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, ou o contrário: buscar mais investimentos e tecnologia com os chineses para reindustrializar o país, com indústrias e ferrovias modernas e condições de financiamento semelhantes às dos países desenvolvidos. 


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