sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Renault poderá ter centro de inovação em Santa Catarina


Espaço em Joinville pesquisará conectividade para veículos

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Renault poderá ter centro de inovação em Joinville

Uma comitiva da Renault esteve presente em Joinville nesta quarta-feira (8) para discutir a possível instalação de uma unidade de inovação, de acordo com o colunista Jefferson Saavedra, do portal NSC Total. “No roteiro, esteve a UFSC, Ágora Park (no Perini), Instituto Senai, Embraco e Prefeitura de Joinville”, detalhou. 

Ainda segundo a publicação, em setembro, mais diretores devem ir à cidade para dar continuidade às tratativas. O espaço seria dedicado para o desenvolvimento de modelos de conectividade para veículos.

A fabricante de automóveis Renault (foto) é a 13ª empresa da região, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ em parceria técnica com a PwC. 


 http://www.amanha.com.br/posts/view/7932

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Filial da chilena CMPC adquire paranaense Sepac por R$ 1,3 bi


Softys se consolida como a maior operadora de papel tissue no país

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Filial da chilena CMPC adquire paranaense Sepac por R$ 1,3 bilhão

A Softys, filial de produção e comercialização de produtos tissue e de cuidado pessoal do grupo CMPC, anunciou nesta terça-feira (6) que finalizou o acordo para controle da Sepac (foto), empresa com sede no Paraná. A aquisição das operações industriais e marcas registradas da Sepac implica um montante de R$ 1,3 bilhão (cerca de US$ 332 milhões) e está sujeito por lei à aprovação das agências de concorrência brasileiras. 

Criada em 1974 no município de Mallet, sul do Paraná, a Sepac é uma empresa familiar brasileira de papel tissue (usado para produção de papel higiênico, papel toalha, fraldas e lenços de papel), fundada pelo empresário João Ferreira Dias, com um portfólio de produtos que incluem marcas conhecidas pelos consumidores locais, como Duetto, Paloma, Stylus e Maxim. Conta com uma importante planta de tissue, com uma capacidade de produção anual de 135 mil toneladas de papel tissue, com seis máquinas de papel, 17 linhas de conversão e uma linha de fraldas com capacidade para produzir 175 milhões de unidades por ano. Suas vendas anuais em 2019 chegarão à casa dos US$ 200 milhões (cerca de R$ 800 milhões). 

“Trata-se de uma operação muito relevante e coerente com o nosso objetivo de crescer nos mercados com alto potencial de desenvolvimento para o negócio de tissue, como é o caso do Brasil”, avalia Francisco Ruiz-Tagle, presidente do Grupo CMPC. “A Sepac é um excelente complemento para as operações atuais da Softys Brasil, considerando, por exemplo, sua importante presença no sul do país e sua carteira diversificada de clientes”, detalha Gonzalo Darraidou, gerente geral da Softys. De fato, a integração das duas empresas consolidará a Softys como a maior operadora da indústria de tissue no Brasil, destacando a presença que a Sepac tem no sul do país e que é complementada pela atual relevância da Softys nos estados centrais. 

A Softys está presente no mercado brasileiro desde 2009 e possui operações industriais no estado de São Paulo com capacidade para produzir 145 mil toneladas de papel tissue, que será elevada para 280 mil toneladas ao integrar-se à Sepac, posicionando a subsidiária da CMPC como maior produtora de tissue do Brasil. A Softys Brasil comercializa produtos para cuidados pessoais e tissue, tendo as marcas Elite e Sublimes entre suas principais.

http://www.amanha.com.br/posts/view/7913

VTEX fortalece atuação no setor de e-commerce com aquisição da Ciashop


 

A VTEX, empresa de tecnologia voltada para digital commerce, após aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), finalizou o processo de compra da Ciashop, empresa que era controlada pela TOTVS. Com a aquisição, a companhia amplia a sua liderança no setor de varejo digital e acrescenta ao seu portfólio cerca de 700 clientes e um faturamento de R$ 8 milhões anuais.

Agora, os clientes da Ciashop podem migrar suas operações para a plataforma da VTEX, uma tecnologia mais robusta e preparada para expansão e internacionalização. Com uma interface intuitiva para o consumidor e o lojista, a solução registra em média um aumento de 54% na taxa de conversão. Entre os principais benefícios estão: módulo de marketplace, que permite ao varejista ampliar seu mix de produtos sem precisar investir em um estoque próprio; e o recurso de omnichannel para impulsionar a estratégia de vendas nos ambientes on e offline.

A sede da Ciashop, em Curitiba, passa a ser o escritório VTEX CWB e o time de profissionais serão fundamentais na estratégia da VTEX de escalar o desenvolvimento de novas funcionalidades. Os fundadores da Ciashop, Maurício Trezub e Kleber Albertini, tornam-se sócios da VTEX.

“Estamos muito felizes porque a aquisição da Ciashop fortalece ainda mais a VTEX no setor e, juntas, temos a missão de fomentar a inovação no varejo global. A chegada de novos profissionais também vai acelerar o desenvolvimento de soluções complementares à nossa plataforma”, afirma Rafael Forte, country manager Brasil da VTEX.

Oferta combinada
A VTEX também firmou uma joint operation com a TOTVS, líder brasileira no desenvolvimento de software de gestão. No acordo comercial e operacional aprovado pelo CADE, a solução de comércio eletrônico da VTEX já pode ser contratada por meio da rede de 52 franqueados da TOTVS, atendendo assim os mais de 30 mil clientes da companhia.

Os clientes da TOTVS poderão adotar o digital commerce com um centro de suporte único e todos os benefícios do ecossistema da VTEX, simplificando assim as operações. O acordo prevê também iniciativas para promover o compartilhamento do conhecimento digital aos clientes da TOTVS.

“Junto com a TOTVS criaremos um portfólio inédito no mercado, capaz de apoiar as empresas na sua transformação digital e torná-las mais competitivas globalmente. Essa parceria é um momento importante para o setor de tecnologia e o varejo, porque estamos combinando softwares para desenvolver uma experiência única com soluções integradas como serviço”, diz Mariano Gomide de Faria, fundador e Co-CEO da VTEX...

 https://fusoesaquisicoes.blogspot.com/2019/08/vtex-fortalece-atuacao-no-setor-de-e.html

O Brasil no Alentejo


O que levou o ex-CEO global da Bunge e sua mulher a comprar uma tradicional vinícola portuguesa — e como eles trabalham para elevar a qualidade dos vinhos da região.

 

O Brasil no Alentejo

Uma hepatite contraída na adolescência despertou um desejo irrefreável no hoje empresário Alberto Weisser: depois de curado, trabalharia com vinhos. Filho de alemães nascido em São Paulo, ele imaginava dedicar parte de seu tempo à colheita de uvas na Borgonha, região da França famosa pela excelência dos brancos (chardonnay) e tintos (pinot noir). Aquele sonho demorou para se materializar — mas hoje é um negócio lucrativo. Em 2015, já aposentado do cargo de CEO global da Bunge, Weisser comprou a Herdade dos Coelheiros, no Alentejo, em Portugal. Desde então, ele e a mulher, Gabriela Mascioli, reformularam a proposta da vinícola, que tem 800 hectares, mirando produtos premium e eliminando os rótulos de menor valor agregado.
Gabriela e Alberto: o casal redefiniu o estilo da Herdade dos Coelheiros ao eliminar a produção dos rótulos mais baratos: ênfase no melhor do terroir (Crédito:Divulgação)
A produção, agora a cargo de um novo enólogo, caiu de 400 mil garrafas ao ano para apenas 100 mil. Onde antes havia 14 linhas diferentes de produtos (ainda que sem muita diferenciação de preço e de qualidade), agora existem apenas seis. “Não fomos para lá com a ideia de reinventar a Herdade — até porque nós sempre gostamos dos vinhos que eram feitos ali”, diz Gabriela. “Nosso conceito é extrair o melhor possível daquela região, com as uvas autóctones que funcionam no clima alentejano”, prossegue. “E queremos também ajudar Portugal a mudar de patamar”, acrescenta Weisser. “O vinho português não pode manter essa imagem de produto ‘baratinho’”.

Ainda que não tivesse experiência anterior na atividade, o casal sempre teve paixão pela enogastronomia. Depois de anos comandando uma das maiores empresas de alimentos do planeta, Weisser se tornou membro do board of directors da PepsiCo., cargo que ainda ocupa. Gabriela, que ficou conhecida entre os chefs de cozinha, críticos e donos de restaurante por ter criado a livraria Mille Foglie, especializada em comida e bebida, foi também colunista da revista Prazeres da Mesa.
Tapada branco: com 91 pontos pela Wine Spectator, vale o preço de R$ 400 (Crédito:Divulgação)
Para levar adiante um negócio como a Herdade dos Coelheiros, porém, apenas esse conhecimento teórico não bastava. “Eu estudei muito o que outros produtores têm feito, especialmente o Vega Sicilia, na Espanha”, diz Weisser. “Além disso, buscamos reunir o conhecimento de pessoas que são experientes no negócio, desde o nosso enólogo, que veio do Esporão, até os distribuidores, caso da Mistral, aqui no Brasil”. Para chegar aos vinhos com a personalidade do casal, a atenção aos detalhes é constante. Isso inclui o manejo dos vinhedos, agora mais orientados para a produção orgânica e biodinâmica, os cuidados na colheita (hoje todas as uvas passam por um estágio de refrigeração) e até a formação de preço, que variam de 10 e 30 euros. “Para Portugal, é caro”, diz Gabriela. Mas basta abrir uma garrafa para confirmar que a performance justifica o custo.

O que está freando o projeto do Aeromóvel em Canoas

CEO da empresa, Marcus Coester, vê absurdo jurídico no rompimento unilateral do contrato pela atual gestão municipal

 

Por Eugênio Esber

 

eugenioesber@amanha.com.br
CEO da empresa, Marcus Coester, vê absurdo jurídico no rompimento unilateral do contrato pela atual gestão municipal



Implantado desde 1989 em Jacarta, na Indonésia, e também em Porto Alegre, para conectar o trem metropolitano ao Aeroporto Salgado Filho a partir de 2013, o Aeromóvel sofreu uma freada súbita no projeto de implantação de uma linha de 18 quilômetros no município de Canoas, cidade vizinha à capital gaúcha. A gestão comandada pelo prefeito Luiz Carlos Busato, eleito em 2016, levantou questionamentos ao projeto implantado durante o mandato do seu antecessor e, por fim, tomou a decisão de pedir a anulação do contrato. Trava-se uma batalha jurídica, porque a Aeromóvel Brasil já havia ingressado na Justiça para garantir a execução do contrato que mobilizou a empresa e seus fornecedores, como Marcopolo e Randon, para a implantação do sistema de transporte movido a ar. “Nunca, em 60 anos, nossa empresa havia ingressado na Justiça contra um cliente, o que dá uma medida do nosso desconforto com a situação criada”, diz o CEO, Marcus Coester, filho de Oskar Coester, o homem que inventou e patenteou mundialmente a tecnologia do Aeromóvel. Marcus conversou com AMANHÃ sobre o impasse em Canoas na sexta-feira (2). 

Como foi gerado o projeto do Aeromóvel em Canoas?
Este é um projeto muito bem estruturado. Ele nasceu de estudos que foram realizados inicialmente pela própria Trensurb (metrô de superfície que atende cidades da região metropolitana de Porto Alegre). A Trensurb já vinha com uma ideia de acrescentar alimentadores, conectores, à sua rede, tal como seria feito, depois, no aeroporto, com o Aeromóvel Salgado Filho. Então existe uma estratégia aí, como em toda empresa de metrô, de trazer passageiros para o seu sistema. Foi essa a primeira movimentação que houve em torno desse projeto do Aeromóvel em Canoas.

A iniciativa partiu de quem? Da Prefeitura de Canoas?
Partiu da Trensurb, não da Prefeitura. Posteriormente, o doutor Fernando Mac Dowell (falecido em 2018, quando era vice-prefeito do Rio de Janeiro), grande autoridade na área de transporte, fez um estudo usando metodologias de transporte e este trabalho que ele fez apontou algumas diretrizes para Canoas. Mais adiante, então, a Prefeitura de Canoas tomou a dianteira do processo e entrou num edital do Ministério das Cidades, no início da década. Várias prefeituras submeteram projetos para mobilidade que era voltado para médias cidades, e duas cidades foram contempladas – Canoas e Campos, no Rio de Janeiro. Campos depois congelou o projeto porque lá o transporte é subvencionado e houve uma grande crise por causa dos royalties do petróleo. Mas Canoas, que foi contemplada no mesmo edital do Ministério das Cidades, seguiu com o projeto do Aeromóvel. 

Em que estágio estava a implantação do Aeromóvel quando a Prefeitura de Canoas decidiu embargar o projeto?
O contrato estava em andamento com 40% de execução realizada, paga, recebida, com material e projetos entregues, quando houve então, a partir de 2017, essa troca de governo que levou à paralisação. O primeiro ano foi de conversas. Reexaminaram o contrato, reestudaram... Em outubro de 2017, o próprio secretário de Mobilidade de Canoas manifestou formalmente que o contrato com a Aeromóvel Brasil estava totalmente adimplente nos prazos e nas entregas. Por alguma razão, esse secretário foi depois demitido – ele e praticamente todo o seu gabinete. E mais tarde então veio a paralisação e, agora, essa jabuticaba jurídica que é a anulação do contrato. 

O que está  incluído nestes 40% que já estavam executados?
São três contratos. O primeiro, bem pequeno, é de um estudo preliminar, totalmente concluído, entregue, quitado. Um segundo contrato, também com recursos do Ministério da Cidade, visou a um aprofundamento maior do projeto, envolvendo complexidades técnicas, e está praticamente concluído. E o terceiro contrato, que é o mais importante, por envolver a execução da obra em si, é que está com 40% realizado. Esses 40% correspondem a um valor de cerca de R$ 60 milhões e se referem a uma primeira linha de quatro quilômetros que é obra pública, de responsabilidade do município de Canoas, e para a qual existe um financiamento da Caixa Econômica Federal. É a linha do sistema Guajuviras (bairro de Canoas). A implantação dessa obra pública de quatro quilômetros de linha é a contraprestação do município de Canoas para o sistema de transporte em trilhos da cidade, que ao todo perfaz 18 quilômetros.

E o restante? Como é a divisão de responsabilidades entre investimento público e privado?
O projeto todo tem em perspectiva a implantação de 18 quilômetros de linha do Aeromóvel. Sobre a divisão de responsabilidades, a Prefeitura de Canoas construiu a seguinte estratégia: primeiro, o município constrói uma primeira linha de quatro quilômetros com dinheiro público (mediante financiamento liberado pela Caixa) e depois transfere a operação do sistema para um operador privado, via Parceria Público-Privada, e esse operador tem a obrigação de construir o que falta para o total de 18 quilômetros de linhas do Aeromóvel, podendo explorar o serviço por 30 anos e com um modelo de tarifa que deve ser compatível com o do atual sistema de transporte coletivo na cidade. Estes quatro quilômetros iniciais, da linha Guajuviras-Trensurb, são obra pública de responsabilidade do município e para sua implantação já há um financiamento aprovado pela Caixa no valor de R$ 257 milhões. Todo o restante do empreendimento, para chegar aos 18 quilômetros de linha, demandará um investimento adicional de cerca de R$ 1 bilhão que será dinheiro do operador privado, via contrato de PPP. 

Este financiamento da Caixa para a Prefeitura de Canoas, no valor de R$ 257 milhões, envolve quais serviços?
Com este financiamento da Caixa à Prefeitura é preciso fazer a compra dos equipamentos (que é o contrato com o Aeromóvel), as adequações nas ruas, principalmente a parte elétrica e de subsolo, de água, obras civis. Tudo isso – incluindo a construção da linha inicial de quatro quilômetros, a construção das estações e  compra de equipamentos – entra nesse financiamento de R$ 257 milhões. 

Você mencionou que, no momento da paralisação do projeto, a execução desta primeira linha de quatro quilômetros, que é uma obra pública de responsabilidade da Prefeitura, havia avançado até o estágio de 40%, envolvendo investimentos públicos de R$ 60 milhões. Houve investimentos privados também?
O valor investido até agora é maior que estes R$ 60 milhões. Porque tanto a Aeromóvel Brasil quanto os seus parceiros desenvolveram um projeto e um sistema produtivo, e produtos específicos para o fornecimento de uma linha de quatro quilômetros – que foi agora interrompida.  Trilhos, por exemplo, foram especificados e encomendados da Arcelor, na Espanha. Houve todo um processo de importação, desembaraço, entrega, medição, tudo concluído, quitado, e hoje depositado no pátio da Ulbra aguardando a obra. E há os veículos, e aí estamos falando de itens bem mais complexos. A parte de sistema de controle, de veículos, envolve um projeto grande que está por trás. A lógica do projeto Aeromóvel Canoas envolve esta primeira etapa de seis veículos, para quatro quilômetros de linha, e depois mais 20 veículos para completar o sistema de 18 quilômetros de linhas. Ok, esse sistema de 18 quilômetros ainda não está contratado, é uma expectativa. Mas no âmbito do contrato já existente, para a linha de quatro quilômetros, a Aeromóvel celebrou contratos com os subfornecedores estratégicos na ótica de entregar determina quantidade de itens, o que também apresenta um custo de desenvolvimento. Só com a Marcopolo, por exemplo,  o investimento feito foi de mais de R$ 15 milhões para desenvolver o produto. Porque foi um produto novo, específico. Isso não está na cifra de R$ 60 milhões. Aqui estou falando de investimentos que as empresas fizeram. 

Que empresas?
Aí entram a Marcopolo, a Randon, nós da Aeromóvel e nossos parceiros da cadeia produtiva. A própria Siemens, também. Todo mundo trabalhando com o contrato que foi firmado com a Prefeitura de Canoas. E a respeito desses contratos, é preciso dizer que num produto,  num equipamento feito sob encomenda, você sempre tem uma despesa maior no início pra fazer a concepção, testes e experimentos... Por exemplo, esse veículo da Marcopolo passou por todo um processo de projeto, homologação, de teste de materiais que... isso vai fora se o projeto é interrompido. Isso é um investimento, e isso não está ali dentro do produto que está entregue. Por exemplo, todas as peças de fibra de vidro. Elas foram fabricadas em fibra, ensaiadas, testadas no local para depois ser fabricadas no material correto, que é um material mais caro, à prova de chama, etc. Então, até se chegar ao produto, é um processo muito complexo. Então, é um investimento que é absorvido no contexto de um fornecimento completo. Agora, como esse fornecimento foi interrompido... Nesse caso, a Marcopolo entregou um veículo, e seriam seis – então os outros cinco ficam no prejuízo.

Como os parceiros receberam esta decisão da Prefeitura? O que eles manifestaram? Qual foi o sentimento deles?
Ah... é sempre uma conversa muito difícil, muito desagradável... Existe uma ruptura num processo de fornecimento e também num processo econômico e de resultados que estas empresas projetaram. Então isso eu não sei como vai ser resolvido. Essa atitude intempestiva da Prefeitura certamente gera um grande imbroglio, e um prejuízo enorme para a Aeromóvel e para os seus fornecedores. 

Pelo que ocorre em Canoas, tem-se a impressão de que há um duelo entre uma concepção rodoviarista de transporte de massa, com todas as mazelas conhecidas, e um conceito de transporte mais inteligente e sustentável, mas com menor capacidade. Temos aí um enfrentamento do ônibus contra o Aeromóvel? Ou são sistemas conexos e complementares? Onde entra um, onde entra outro?
Eles são completamente complementares. Primeiro porque o operador privado está presente. A discussão é: qual é a tecnologia que ele vai usar. Um bom exemplo que está aí é a Carris. A Carris foi fundada como uma empresa de bondes e hoje ela opera ônibus. Ela mudou de tecnologia. Eventualmente ela vai mudar de novo. E o nó que está aqui não é mais este debate entre pneu e trilho. Porque o sistema de ônibus está passando por uma grande crise conceitual e econômica. O modelo sofre um esgotamento por não conseguir trazer um sistema de qualidade superior ao usuário. O usuário hoje tem outras opções, como a compra de motocicletas, como os aplicativos de transporte, como o uso de micromobilidade (bicicleta e outros modais). 

O fluxo de passageiros que utilizam o serviço de ônibus está caindo em todo lugar, não?
Está caindo. Na região metropolitana de Porto Alegre nós temos números muito preocupantes para o sistema ônibus porque em três ou quatro anos houve uma redução de 25% no número de passageiros. Quer dizer, não tem plano de negócio para isso. E é muito difícil de atender o que é uma demanda totalmente necessária hoje que é a qualidade do transporte público. Porque sem qualidade o transporte público vai continuar perdendo passageiros para o transporte privado, para os aplicativos, e para as motocicletas. Se o sistema não tiver regularidade, não tiver conforto, não tiver previsibilidade no fluxo de seus veículos, o privado vai continuar tirando público deste sistema. Inclusive hoje com estes sistemas compartilhados dos aplicativos, em que duas ou três pessoas pegam o mesmo carro, isso faz com que o custo deste transporte fique até mais barato que o ônibus para trechos curtos, de até cinco quilômetros. 

O Aeromóvel e o ônibus têm complementaridade, é isso?
Sim, são complementares. E tem uma correção na tua pergunta, que é o seguinte: o Aeromóvel é um sistema de maior capacidade que o do ônibus, neste caso de Canoas.

Mas o prefeito de Canoas afirma que o Aeromóvel não se presta para Canoas porque não é um sistema de transporte de massa.
O projeto do transporte do Aeromóvel Canoas é, sim, um transporte de massa, e o Aeromóvel entra numa categoria de média capacidade. O que é média capacidade? São sistemas que conseguem transportar em torno de 12 mil pessoas por hora em cada direção. O Aeromóvel faz isso com muita tranquilidade. Isso está demonstrado, isso foi provado na Indonésia, isso foi testado, foi demonstrado. O Aeromóvel, inclusive, consegue chegar a 24 mil passageiros por hora. Quem está nesta categoria de 10 mil a 20 mil passageiros por hora em cada sentido são os sistemas de média capacidade, onde estão o BRT, o Aeromóvel, o VLT e onde estão por exemplos alternativas elevadas como o monotrilho. Esses transportes estão na categoria média. Não são metrôs. São sistemas médios. O ônibus, que é o que Canoas tem hoje, não está aí. O ônibus é um sistema de baixa capacidade. O ônibus convencional, de rua, não chega de jeito nenhum a 10 mil passageiros/hora/sentido. São dados registrados em ampla literatura. Casos práticos. Qualquer conta de bar que a gente faz na perna demonstra isso: é o número de assentos disponíveis por hora, ou seja, quantos ônibus, quantos assentos eu consigo deslocar numa direção por hora. Pra chegar a 10 mil passageiros hora por sentido, o ônibus só consegue fazer isso dentro de um corredor. Ele não consegue fazer isso na rua. Porque na rua ele está dependendo do semáforo, do trânsito, dos pedestres, e por isso ele não consegue chegar de maneira alguma nessa frequência. O corredor mais carregado de Porto Alegre é o da Assis Brasil, que tem 18 mil passageiros/hora/sentido. E aqui nós estamos falando, nesta fase inicial do Aeromóvel Canoas, de quase 7 mil passageiros/hora/sentido, mas a tecnologia Aeromóvel chega aos 24 mil passageiros/hora/sentido, ou seja, chega ao que hoje o BRT carrega na Assis Brasil. 

Em nota, a Aeromóvel Brasil informou que estão em marcha estudos e avaliações para implantar comercialmente o Aeromóvel em cidades como São Paulo, Medellin, San Diego, Nova York, Johanesburgo, Auckland, Bankgok e Xian, na China. Qual é a perspectiva que você está vendo para o Aeromóvel?
Hoje, o grande movimento que existe no desenvolvimento urbano é esta linha, esta meta, da cidade inteligente. O que é isso? Isso é muito mais do que semáforos e lâmpadas e wi-fi na cidade, que é um pouquinho de tecnologia que vai para o cidadão. Mas a cidade inteligente vai muito além disso. O conceito está muito ligado à qualidade de vida. No final das contas as pessoas é que têm de estar no centro disso. Cidades que são próprias aos pedestres, eis um grande parâmetro de uma cidade inteligente. Cidades que têm sistemas alternativos do deslocamento verde, que é o pedestre, a bicicleta, e agora estas novas soluções de micromobilidade elétrica, como os patinetes e as bicicletas elétricas. Esses são parâmetros importantes para definir as cidades que estão à frente neste modelo de cidades inteligentes. Porque a cidade inteligente ela é para indivíduo. Então não é a cidade que é inteligente, as pessoas é que estão no centro disso. Inclusive o BID tem uma definição muito interessante que é dizer que quando se coloca a pessoa no centro disso, isso tudo faz sentido. É colocar a pessoa no centro de tudo, e não o carro, ou o prédio, ou a estrutura. E a mobilidade é um item central, com todas as consequências que ela tem. Um item fundamental numa cidade inteligente, por exemplo, é a qualidade do ar. Porque as pessoas não querem mais morar e criar seus filhos em cidades que tem alta emissão de gases dos motores de combustão. Essas cidades inteligentes precisam ter ar limpo. Outra questão chave para a mobilidade é o tempo, o tempo que as pessoas perdem no trânsito é fundamental para a qualidade de vida. Tu não podes dizer que uma pessoa que passa horas dentro de um ônibus tem qualidade de vida, porque não tem. Principalmente se este ônibus não tem conforto. E se este sistema consome boa parte do orçamento de uma família de baixa renda. 

Como o projeto Aeromóvel Canoas se compara com sistemas em avaliação para estas outras cidades mencionadas? Há alguma complexidade técnica mais difícil de solucionar em Canoas?
Não, não, de maneira nenhuma. Pelo contrário, o sistema de Canoas é um dos mais simples de uma série de sistemas que nós temos em projeto, em avaliação e, em certos casos, até em editais, isto é, já em licitações. Existem sistemas de geometrias e de capacidades muito mais complexos que o de Canoas. Em geral, para qualquer cidade, a grande dificuldade é inserir um sistema de transporte em trilhos e eletrificado em uma malha urbana existente. Canoas tem, neste aspecto, um aspecto particular, que são as travessias da BR-116 e do Trensurb. Esses foram elementos que também levaram Canoas a buscar uma solução em via elevada. E o município nos procurou porque precisava de uma tecnologia elevada para não criar outras barreiras físicas dentro da cidade e conturbar mais ainda o que já não funciona direito hoje. E o Aeromóvel, hoje, sintoniza de forma muito coerente com as grandes necessidades e diretrizes das cidades, a aderência é imediata. Hoje nós temos mais de 140 processos e estudos com cidades de 15 países – algumas no Brasil, algumas na Colômbia, outros países da América Latina. Temos uma série de estudos também nos Estados Unidos. E na África, não só em Johanesburgo, na África do Sul, mas na África em geral. No continente africado há uma carência muito maior que a do Brasil e da América Latina em infraestrutura de transporte, porque a realidade lá é muito mais caótica. E mais uma vez o Aeromóvel entra bem. Ele responde bem.

O que há de particular nas cidades africanas?
São sistemas muito grandes. O desafio na África é grande, porque eles nem passaram pelo BRT, pelo metrô. Eles estão em um sistema caótico de transporte e veem no Aeromóvel uma boa solução. Para se ter uma ideia, existem até estudos para se usar uma estrutura elevada do Aeromóvel para inclusive fazer coleta de lixo, porque isso também não funciona nas cidades. O sistema é tão trancado que eles não conseguem coletar o lixo. Então eles querem usar, por exemplo, durante a madrugada, esse sistema para fazer a coleta de lixo em algumas cidades africadas. São cidades grandes, com 5 milhões a 10 milhões de habitantes, e sem nenhuma estrutura de mobilidade. Então o que chama a atenção na África é a extensão dos sistemas. Aqui no Brasil, na América Latina, a gente normalmente trata de conectores pequenos, coisa de um ou dois quilômetros de linha. Ou de sistemas médios, para médias cidades, na faixa de 10 quilômetros a 20 quilômetros, como o caso de Canoas e de outras cidades onde temos projetos parecidos, como na Bahia ou em Medellín na Colômbia, para conectar com metrô. E na África não. Na África são sistemas imensos, de 60 quilômetros, até 80 quilômetros... Porque lá a rigor nada na verdade está funcionando direito em termos de mobilidade.

Qual a dimensão do projeto Aeromóvel Canoas se computados os investimentos privados e a geração de empregos?
Aí vem a maior frustração, talvez, dessa conversa toda aqui que é o imbroglio político e jurídico, porque na verdade nós somos empresários e empreendedores e o que a gente quer é que essa tecnologia, esse produto, entre em operação e tenha uma utilidade prática para o cidadão. E isso nos traz uma frustração imensa de estar aqui gastando energia com coisas absolutamente improdutivas. A primeira linha, de quatro quilômetros, já estaria em operação se houvesse uma evolução natural do projeto – ou estaria muito próxima de entrar em operação. E, claro, precisaria de uma ação proativa do administrador público. Veja, quando existe vontade política e a gestão pública se esforça, está comprometida e mobilizada para colocar um projeto de pé, ainda assim tem muita dificuldade, ainda assim é muito difícil, é muito demorado, tem muitos entraves, como é normal em obras públicas. Agora se não existe essa vontade política fica quase impossível fazer. E se existe vontade contrária, aí sim é impossível, não vai acontecer. Mas assim... essa primeira linha de quatro quilômetros Guajuviras-Trensurb já poderia estar em operação, dependendo, claro, desses pequenos licenciamentos. Depois existe uma projeção de uma PPP que está modelada. Esse modelo de PPP está na mesa do prefeito desde o primeiro dia da gestão. Só não foi a mercado. E aí vem uma outra frustração.

Qual frustração?
É que se começa um debate estéril de "ah, mas aos olhos do investidor o modelo de PPP é atrativo ou não é atrativo?" Ora, quando se trata de investimentos privados, de uma concessão ou de uma PPP, quem vai determinar se é viável ou não, atrativo ou não, é o player privado, é o dono do dinheiro. É a mesma discussão que houve aqui no Salgado Filho. Diziam alguns "Olha, não é o momento, a aviação está em baixa, não-sei-o-quê". Bem, apareceu aqui uma empresa alemã que está investindo R$ 2 bilhões na remodelagem do Aeroporto Salgado Filho e que, além disso, pagou R$ 300 milhões de outorga, com ágio! Então a única forma de verificar isso, a atratividade da PPP, é levar a mercado a partir da conclusão desta primeira linha de 4,6 quilômetros de obra pública do trecho Guajuviras-Trensurb. Depois, com a PPP em operação, seriam construídas as linhas restantes para inteirar os 18 quilômetros. Não seria uma obra demorada, embora sempre se deva considerar os entornos de liberações e licenciamentos, sempre uma dificuldade quando se faz uma obra dentro de uma cidade.  Mas tudo poderia ser construído em três anos, e teríamos um investimento de R$ 1,3 bilhão, dos quais cerca de R$ 1 bilhão seria dinheiro privado. Seria a terceira maior obra de infraestrutura do Estado, atrás apenas da remodelação do aeroporto e da nova ponte do Guaíba. Nossos estudos sobre o efeito-renda mostraram que o projeto de Canoas poderia levar à criação de cerca de 2.800 empregos nas diferentes etapas do projeto e ao longo de toda a cadeia produtiva e seus impactos.

Quais impactos?
Na indústria metalomecânica de Caxias, na indústria eletrônica do Vale do Sinos. Temos aqui no Rio Grande do Sul boa parte dos fabricantes, como Randon e Marcopolo. Teríamos a formação de um cluster voltado para uma tecnologia de transporte ambientalmente sustentável, sobre trilhos, que é um case. As pessoas, hoje, vêm de várias partes do mundo a Porto Alegre para conhecer a tecnologia do Aeromóvel. Nesta semana recebemos uma delegação com dois vice-ministros do Paraguai. Na semana passada recebemos pessoas da Nova Zelândia. Vieram aqui para ver o sistema do aeroporto. 

À luz dos entraves verificados no projeto de Canoas, você acredita que o Brasil poderá oferecer a segurança jurídica exigida pelos investidores em projetos de PPPs, especialmente na área de infraestrutura, cujos investimentos são maturados ao longo de décadas?
É terrível, é péssimo, até porque aqui o que está sendo proposto pela Prefeitura de Canoas não só é uma não-continuidade como é uma devolução de um projeto. É como se o DNIT por alguma razão resolvesse devolver a Ponte do Guaíba para a Queiroz Galvão, e pedisse os recursos de volta. Isso é uma coisa que não tem pé nem cabeça. Se uma ação desta natureza tiver eco no Brasil, aí é o fim do mundo, aí ninguém mais... Essa questão é relevante porque existe, sim, uma insegurança jurídica no Brasil, principalmente em relação a concessões. O VLT do Rio, por exemplo, está com um problemão hoje, ligado à falta de contraprestação do município. O município não está pagando ... e isso é péssimo. De alguma forma eles vão resolver isso, mas como atrair outros investidores, que é o que mais nós precisamos hoje, para outros investimentos privados? Esta situação é muito ruim, porque existem outros países, sudeste asiático, América Central, que tem modelagens melhores. O próprio Paraguai, hoje, é um país muito atraente para investimentos privados. Mas o que nos compensa, o que nos mantém de certa forma respirando, é o tamanho da economia brasileira. Evidente que se a gente conseguir arrumar isso e colocar o Brasil efetivamente numa economia de mercado, e resolver nossos gargalos de infraestrutura com investimento privado, que é o único caminho que tem hoje, será uma grande saída. Mas a sinalização é muito ruim.

Esta é a primeira ação da empresa Coester contra um cliente – no caso, a Prefeitura de Canoas – em 60 anos. Não deixa de surpreender, tendo em vista que a sede da empresa está no Rio Grande do Sul, um dos Estados que, proporcionalmente, mais recorrem a ações judiciais.
Isso é muito desconfortável. Tanto que nós levamos isso ao último grau de tempo possível. A negociação amistosa permanece viva. A empresa está totalmente à disposição do município de Canoas para executar este empreendimento ou para rescindi-lo de uma forma razoável, dentro de uma forma razoável dentro de parâmetros contratuais civilizados. Isso nós já dissemos.

Como está sendo a reação dos parceiros, já que há empresas grandes, como Marcopolo e Randon, associadas ao projeto do Aeromóvel em Canoas?
Há impacto também para nossos parceiros, claro. O que nos permite continuar tendo uma relação com eles é que as perspectivas que se tem não são apenas deste projeto em Canoas. São dezenas de outros projetos. É por isso que esses parceiros nos compreendem e nos dão, de uma certa forma, um apoio em relação a isso. Porque eles poderiam... A gente poderia estar sofrendo execuções aí... pesadíssimas, não é? Por interrupção destes contratos. 

Como se deu a intervenção da Metroplan (fundação metropolitana de planejamento, ligada ao governo gaúcho) na decisão da Prefeitura de sustar a implantação do Aeromóvel Canoas? Que papel teve a Metroplan no início do projeto e, depois, no embargo?
Nós somos o fornecedor desse sistema de transporte. Então mesmo que houvesse uma não-conformidade que concorresse para uma liberação ou não da Metroplan, nós, como fornecedor, não temos nada com isso. Isso é uma questão dos processos de liberação da Prefeitura em si. Quem fez a aprovação do projeto no DNIT, por exemplo, porque tem ali uma travessia da BR-116, foi a Prefeitura. Quem fez a liberação com a Transpetro, por causa dos oleodutos, foi a Prefeitura. Tudo isso faz parte da responsabilidade do município. O mesmo princípio se aplica à consulta à Metroplan. Quer dizer, cancelar o contrato com o fornecedor porque a Prefeitura porventura não fez um determinado rito.... isso não tem lógica nenhuma. Isso é um outro absurdo desse processo. Agora, existe, sim, a discussão sobre se a Metroplan tem ou não tem competência. A Prefeitura, originalmente, quando começou este projeto, entendeu que não havia necessidade de consulta, assim como também não houve quando foi feito o Aeromóvel do aeroporto. A Metroplan também não foi consultada. Não há nenhuma manifestação da Metroplan naquele projeto que é um sistema que eminentemente liga o aeroporto a um sistema metropolitano, que é o Trensurb. Quer dizer, ali o Aeromóvel está, direto, ligado a um sistema metropolitano. E em Canoas o sistema substitui em parte o sistema concedido para ônibus que, constitucionalmente, é responsabilidade do município. Então, olhando em um primeiro momento, não existe, dentro do transporte intramunicipal, responsabilidade da Metroplan. Apenas quando esse sistema sai dos limites da cidade. E isso não acontece porque o projeto do Aeromóvel é todo dentro da cidade. Ele conecta com o Trensurb, assim como o Trensurb conecta com o aeroporto, assim como o Trensurb conecta com a Rodoviária de Porto Alegre. Então, na verdade, o transporte todo é conectado.

Quais as objeções técnicas da Metroplan?
Existe uma manifestação da Metroplan de um nível político-administrativo, mas que não tem embasamento técnico. Nós analisamos a documentação da Metroplan e existe apenas uma reunião de um grupo de trabalho que, na realidade, levanta uma série de dúvidas sobre o projeto, mas que não aponta nenhuma conclusão – especialmente de ordem técnica, não há nenhuma RT, nenhuma assinatura do CREA assinalando a necessidade disso ou daquilo. Uma dúvida levantada, por exemplo,  "Olha, é necessário ter a aprovação do DNIT..." Mas essa aprovação existia! Nós mostramos: "Olha, isso aí foi feito, a Prefeitura fez". Nós tínhamos os documentos e apresentamos à Metroplan. Então houve uma manifestação também num nível político do presidente da Metroplan. A Metroiplan se desculpou depois.... Ela reparou isso numa carta à Aeromóvel Brasil. O que houve nesse episódio foi uma manifestação aleatória da Metroplan, e era o que a Prefeitura queria para se prender a esse episódio Metroplan para ver alguma ilegalidade no projeto – o que é um absurdo. Até porque, volto a dizer, não é da responsabilidade do fornecedor essa interface com a Metroplan... Claro que nós estudamos o assunto porque é do nosso interesse como fornecedor, mas no final das contas isso aí é um tema que precisa ser resolvido entre o município e a autoridade metropolitana, e nada tem a ver com o fornecedor.
 
 
 http://www.amanha.com.br/posts/view/7926

Ford ainda negocia venda da fábrica do ABC


Ford ainda negocia venda da fábrica do ABC
A pouco mais de dois meses de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, disse manter negociações com um interessado em adquirir a unidade no ABC paulista e espera anunciar um desfecho nas próximas semanas. Ele confirmou, porém, que toda a produção será desativada em outubro.

O grupo Caoa, do empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, único a confirmar interesse, ainda busca a fórmula para bancar a compra, segundo fontes do mercado, pois não obteve crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Sou otimista sobre a possibilidade de surgir um comprador local, mas a janela (de tempo) está se fechando”, disse Watters durante evento em São Paulo para confirmar a chegada ao mercado do SUV Territory.

Desde o anúncio do fechamento da fábrica, em fevereiro, há uma busca por um comprador, liderada pelo governador de São Paulo, João Doria. Em agosto, a produção do Fiesta foi interrompida e, em outubro, será a vez da linha de caminhões.

A fábrica tinha 2,8 mil funcionários e hoje emprega cerca de 1,2 mil, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Muitos já aderiram ao pacote de benefícios que a Ford propôs, com pagamento de salários extras. Outros aguardam o desfecho das negociações para tentar manter o emprego. Procurado, o grupo Caoa não comentou o tema.

SUV chinês. 


Pela primeira vez em 100 anos, a Ford vai importar um veículo feito na China para vender no Brasil e na Argentina. Futuramente, o Territory deve ser produzido na Argentina, embora inicialmente o Brasil tenha sido cotado.

Desenvolvido pelas engenharias da Ford dos EUA e da China, o utilitário-esportivo foi lançado no país asiático no início deste ano e os mercados brasileiro e argentino serão os primeiros a vendê-lo fora da Ásia, a partir de meados de 2020.

O Territory disputará mercado no segmento de SUVs de médio porte, no qual estão modelos como o Jeep Compass, que custa a partir de R$ 114 mil e vendeu 34,2 mil unidades neste ano.

“É um veículo com muita tecnologia e conectividade e marca o começo do futuro para a Ford na América do Sul”, disse Watters. Segundo ele, “será um produto economicamente viável”.

O Territory tem câmera 360 graus, que permite a visão de todo o entorno do veículo, piloto automático adaptativo, estacionamento automático, alerta de permanência em faixa e monitoramento de ponto cego, entre outros itens.
Rogelio Golfarb, vice-presidente da montadora, disse que o novo SUV “indica a direção para onde a Ford está indo”, no sentido de espelhar o consumidor de uma geração conectada, móvel e ativa. O modelo será mostrado no Rock in Rio, que a Ford patrocina pela primeira vez.

A Ford foi pioneira no País no segmento de SUVs com a produção do EcoSport, hoje em 6º lugar em vendas na categoria. A marca é a única entre as seis maiores do País que registrou queda de vendas neste ano, de 4%, num mercado que cresceu 10,9% até julho ante 2018.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Trabalhador de fundação pública de direito privado não tem estabilidade, decide STF





A estabilidade prevista no artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) não se estende aos empregados das fundações públicas de direito privado, aplicando-se tão somente aos servidores das pessoas jurídicas de direito público.
Trabalhador de fundação pública de direito privado pode ser demitido, diz STF
Rosinei Coutinho/SCO/STF
Assim entendeu o Plenário do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (7/8), ao decidir que empregados da Fundação Padre Anchieta não têm direito à estabilidade de servidores públicos. 

Prevaleceu entendimento do relator, ministro Dias Toffoli. Ele votou pelo provimento do recurso da fundação, julgando válida a demissão. Segundo seu entendimento, o artigo do ADCT não alcança os empregados da entidade, já que ela não se enquadra no conceito de fundações autárquicas sujeitas ao regime jurídico de direto público.

"Trata-se no caso de ente submetido ao direito privado, com regime similar ao das empresas estatais, e que tem por finalidade institucional a promoção de atividades educativas e culturais por meio de rádio, televisão ou outras plataformas de mídia, não exercendo, portanto, atividade estatal típica", diz.

O voto do relator foi seguido pelos ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Alexandre de Moraes.


Divergência

 
Vencida, a ministra Rosa Weber divergiu do relator. Ela negou provimento ao recurso, aplicando a estabilidade dos servidores públicos.

"O artigo 19 do ADCT não faz ressaltava quando à natureza da fundação pública, se de direito público ou de direito privado. “Onde o legislador não distingue, não cabe ao intérprete fazê-lo”, afirma.

Segundo a ministra, a entidade paulista tem natureza pública e esse entendimento é reforçado pela lei que autorizou sua criação e por seus estatutos. "Entre os pontos estão a origem dos recursos financeiros para sua manutenção, provenientes em grande parte de dotações do Poder Público, e a reversão de seus bens e direitos ao Estado de São Paulo no caso de sua extinção", explica.

Seguiram a divergência os ministros Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio.


Pedido de reintegração

 
O caso analisado trata de um operador de microfone contratado pela Fundação Padre Anchieta em 1981 e que se aposentou espontaneamente em 1995. Exatamente por ser espontânea, a aposentadoria não rompeu o contrato de trabalho, e o operador seguiu trabalhando até 2005, quando foi dispensado sem justa causa.

Ele então ajuizou reclamação trabalhista requerendo a reintegração, com base na estabilidade garantida pelo artigo 19 do ADCT, uma vez que foi contratado sete anos antes da CF/88.

O pedido foi negado em primeiro grau e no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Tegião. O TST, contudo, deferiu o pedido de reintegração, por entender cabível ao caso a estabilidade do artigo 19 do ADCT. O acórdão do TST afirmou que a aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação.


RE 716.378


 https://www.conjur.com.br/2019-ago-07/trabalhador-fundacao-publica-direito-privado-nao-estabilidade