A pouco mais de dois meses de fechar a fábrica de São
Bernardo do Campo, o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters,
disse manter negociações com um interessado em adquirir a unidade no ABC
paulista e espera anunciar um desfecho nas próximas semanas. Ele
confirmou, porém, que toda a produção será desativada em outubro.
O grupo Caoa, do empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira
Andrade, único a confirmar interesse, ainda busca a fórmula para bancar a
compra, segundo fontes do mercado, pois não obteve crédito do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Sou otimista sobre a possibilidade de surgir um comprador local, mas a janela (de tempo) está se fechando”, disse Watters durante evento em São Paulo para confirmar a chegada ao mercado do SUV Territory.
Desde o anúncio do fechamento da fábrica, em fevereiro, há uma busca
por um comprador, liderada pelo governador de São Paulo, João Doria. Em
agosto, a produção do Fiesta foi interrompida e, em outubro, será a vez
da linha de caminhões.
A fábrica tinha 2,8 mil funcionários e hoje emprega cerca de 1,2 mil,
segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Muitos já aderiram ao
pacote de benefícios que a Ford propôs, com pagamento de salários
extras. Outros aguardam o desfecho das negociações para tentar manter o
emprego. Procurado, o grupo Caoa não comentou o tema.
SUV chinês.
Pela primeira vez em 100 anos, a Ford vai importar
um veículo feito na China para vender no Brasil e na Argentina.
Futuramente, o Territory deve ser produzido na Argentina, embora
inicialmente o Brasil tenha sido cotado.
Desenvolvido pelas engenharias da Ford dos EUA e da China, o
utilitário-esportivo foi lançado no país asiático no início deste ano e
os mercados brasileiro e argentino serão os primeiros a vendê-lo fora da
Ásia, a partir de meados de 2020.
O Territory disputará mercado no segmento de SUVs de médio porte, no
qual estão modelos como o Jeep Compass, que custa a partir de R$ 114 mil
e vendeu 34,2 mil unidades neste ano.
“É um veículo com muita tecnologia e conectividade e marca o começo
do futuro para a Ford na América do Sul”, disse Watters. Segundo ele,
“será um produto economicamente viável”.
O Territory tem câmera 360 graus, que permite a visão de todo o
entorno do veículo, piloto automático adaptativo, estacionamento
automático, alerta de permanência em faixa e monitoramento de ponto
cego, entre outros itens.
Rogelio Golfarb, vice-presidente da montadora, disse que o novo SUV
“indica a direção para onde a Ford está indo”, no sentido de espelhar o
consumidor de uma geração conectada, móvel e ativa. O modelo será
mostrado no Rock in Rio, que a Ford patrocina pela primeira vez.
A Ford foi pioneira no País no segmento de SUVs com a produção do
EcoSport, hoje em 6º lugar em vendas na categoria. A marca é a única
entre as seis maiores do País que registrou queda de vendas neste ano,
de 4%, num mercado que cresceu 10,9% até julho ante 2018.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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