Estadão Conteúdoi
Brasília,
25 – Representantes do governo brasileiro estão em Bruxelas entre hoje e
amanhã para participar de reuniões sobre o acordo entre Mercosul e
União Europeia e a nova legislação europeia antidesmatamento, que entrou
em vigor em 29 de junho e terá aplicação efetiva a partir de dezembro
de 2024. De acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (MDIC), a medida incide sobre produtos das cadeias
produtivas do café, soja, óleo de palma, madeira, couro, carne bovina,
cacau e borracha, e estima-se que afetará 15% das exportações totais
brasileiras e 34% das exportações brasileiras para a Europa.
O
Brasil já demonstrou sua insatisfação com o texto em várias
oportunidades, inclusive dentro das negociações do acordo Mercosul-UE. A
secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, está entre
os integrantes do governo que participam da missão em Bruxelas. “Ao
mesmo tempo em que reitera seu compromisso com o combate ao
desmatamento, o governo brasileiro tem manifestado insatisfação com a
legislação europeia junto a autoridades do bloco”, afirmou a secretária
em nota.
Segundo
o MDIC, nos últimos meses a pasta manteve contato com representantes
setores afetados, colheu dúvidas sobre as novas regras e ouviu
preocupações associadas aos custos de comprovação de que as exportações
não provêm de área desmatada.
Alguns aspectos da legislação
antidesmatamento ainda precisam ser regulamentados, tópico também das
agendas em Bruxelas. “Consultamos as entidades setoriais relacionadas a
essas oito commodities e recebemos respostas de 15 associações. As
preocupações e interesses que mapeamos junto ao setor privado brasileiro
são fundamentais na nossa atuação junto à Comissão Europeia”, disse
Prazeres.
De acordo com o ministério, pelos termos da nova
legislação, os importadores europeus deverão fiscalizar suas cadeias de
suprimento com objetivo de garantir que os produtos importados não
venham de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020. Em razão disso,
será necessário comprovar informações como coordenadas geográficas do
terreno em que o produto foi produzido, além de dados associados à
rastreabilidade da cadeia.
Em
Bruxelas, os representantes do MDIC e do Ministério das Relações
Exteriores fazem reuniões com as direções gerais da Comissão Europeia
para o Meio Ambiente, o Comércio e a Agricultura.
Segundo Prazeres, o momento é de “entender” como os europeus pretendem aplicar a nova legislação.
“Queremos
que os dados brasileiros sejam aceitos para fins da comprovação das
exigências europeias. O Brasil possui sistemas de rastreamento e
monitoramento conceituados e confiáveis, com séries históricas
robustas”, disse a secretária, segundo quem o governo brasileiro atua
nas duas frentes, tanto em relação ao novo regulamento, como nas
negociações do acordo com o bloco europeu. “O impacto do regulamento
sobre as exportações brasileiras precisa ser levado em conta no
equilíbrio das concessões comerciais”, reforçou.