Previsões econômicas do FMI - AFP
A
diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina
Georgieva, afirmou que está “à disposição” para seguir à frente da
instituição financeira internacional, em uma entrevista concedida nesta
quinta-feira (14) à AFP à margem de um discurso realizado em Cambridge,
Reino Unido.
“Não
busco que as pessoas me elejam, me coloco à disposição”, declarou
Georgieva, depois que os ministros da União Europeia (UE) lhe deram seu
apoio na terça-feira e o FMI lançou formalmente o processo de indicação
de seu líder na quarta-feira.
O
processo foi aberto nesta quinta-feira com uma convocação de
candidaturas, que só podem ser apresentadas por representantes dos
Estados presentes no Conselho de Administração do FMI ou por um de seus
governadores, na maioria dos casos os representantes dos bancos
centrais.
Deve durar até o fim de abril e é baseado no princípio de “seleção aberta, transparente e baseada no mérito”, segundo o FMI.
Depois, o conselho validará uma lista de candidatos selecionados, entre os quais será escolhido o próximo diretor-gerente.
“Me
comoveu muito receber o apoio dos ministros europeus. Essa é minha
família, trabalhei a serviço da Comissão Europeia durante sete anos. Mas
também recebi o apoio dos países emergentes”, acrescentou Georgieva.
Para
a diretora-geral, que conclui seu mandato em 30 de setembro, não há
dúvida: “Se tenho a satisfação de receber a confiança de nossos membros,
estou disposta a responder”.
Seu discurso se assemelha a um
discurso de campanha, embora ela afirme tê-lo escrito “antes do início
do processo, e antes da reunião de ministros europeus”.
O desafio
principal é a luta contra o aquecimento global, que não deve ser
abandonada, mesmo reconhecendo que “os dirigentes políticos tiveram que
enfrentar uma multiplicidade de choques”, nos últimos tempos.
– “Oportunidade ao otimismo” –
“Recomendamos
aos Estados reconstruir seus colchões orçamentários para enfrentar
futuras crises, mas lhes dizemos ao mesmo tempo que têm que seguir
fazendo os investimentos necessários”, recordou Kristalina Georgieva,
insistindo em que os investimentos na área climática entram nesta última
categoria.
Mas qual papel o FMI representa nesta corrida contra o
tempo para frear a mudança climática? Segundo a chefe do organismo, o
de “lembrar, por um lado, que agir agora não é só mais eficaz, mas
também, a longo prazo, menos custoso. E proporcionar os dados
necessários para permitir aos Estados que aprendam uns com os outros, e
ser essa linha de transmissão”, detalhou Georgieva.
A
diretora-gerente do FMI também aproveitou a ocasião para destacar um
ponto já debatido durante as reuniões anuais do último mês de outubro,
em Marrakesh, no Marrocos: o desenvolvimento do continente africano.
Ela
destacou, ainda, a importância demográfica da África, o continente mais
jovem, mas que enfrenta falta de capital, o que freia seu
desenvolvimento e as perspectivas de sua população.
“Devemos
encontrar uma maneira de combinar os abundantes recursos humanos da
África com o abundante capital disponível nas economias avançadas e nos
principais países emergentes”, insistiu.
“A chave é atrair investidores de longo prazo e estabilizar os fluxos comerciais”,