segunda-feira, 22 de julho de 2024

Sabesp privatizada e o exemplo do saneamento de Berlim

 

Sabesp prepara novo concurso para 661 oportunidades - Alfa ...

Considerada exemplo de gestão pública, empresa de saneamento de São Paulo agora será comandada pela iniciativa privada. Berlim também privatizou o seu saneamento nos anos 90, mas voltou atrás após pressão social.O governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), acabou de ganhar uma imagem forte para demonstrar nas eleições de 2026 o seu compromisso com a redução da máquina pública: a privatização da Sabesp, a companhia estadual de saneamento básico.

Os números são superlativos. Com 28,4 milhões de clientes em 375 municípios, a Sabesp é uma das maiores empresas do mundo do setor. A venda de 32,3% de suas ações, liquidada nesta segunda-feira (22/07), arrecadou R$ 14,8 bilhões, e a procura por ações foi superior à da privatização da Petrobras.

A polêmica também foi grande. Parte da sociedade é contra a privatização do serviço de água e esgoto, por entender que isso encareceria tarifas e que o acesso deve ser garantido pelo estado. Outra parte entende que a privatização pode ampliar os investimentos e a eficiência do setor, ampliando a cobertura.

A privatização de estatais de saneamento ganhou força com a aprovação, há quatro anos, do Marco do Saneamento, que busca elevar investimentos privados no setor e definiu a meta de levar água encanada a 99% da população e coleta de esgoto a 90% até 2033.

Um dos argumentos a favor do marco é atrair recursos para construir redes de esgoto nas regiões mais negligenciadas, que sofrem com as doenças associadas à falta de saneamento básico.

Mas esse não é o caso da Sabesp, o que fez da sua privatização um caso particular. A empresa tem ações negociadas em bolsa desde 1997, e em 2023 registrou lucro líquido de R$ 3,5 bilhões. Na sua área de cobertura, 98% da população tem abastecimento de água e 93%, coleta de esgoto. E a companhia desfruta de boa imagem entre os paulistas: uma pesquisa realizada em abril pela Quaest apontou que 52% deles eram contra a privatização, e 36%, a favor.

Qual foi o modelo de privatização da Sabesp

Tarcísio já havia comandado privatizações e concessões como ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro, e na campanha a governador de 2022 prometeu privatizar a Sabesp se fosse eleito. “É uma empresa arrumada, mas empresa privada cobra tarifa mais barata de saneamento”, disse à época. Um mês após assumir o Palácio dos Bandeirantes, iniciou os estudos para a privatização, e em dezembro de 2023 a Assembleia Legislativa aprovou o projeto de lei que autorizou o processo.

O governo optou por não vender completamente a Sabesp, mas transmitir sua gestão a uma acionista de referência, que terá 15% das ações, e pulverizar outros 17,3% das ações no mercado. Com isso, o estado reduz sua participação de 50,3% para 18%.

Não houve concorrência para ser acionista de referência: apenas uma empresa manifestou interesse, a Equador, que tem experiência consolidada no setor de distribuição de energia. Ela pagou R$ 6,9 bilhões pelas ações, a um preço unitário de R$ 67.

No modelo adotado, o mesmo valor por ação pago pelo acionista de referência foi aplicado na venda pulverizada, que rendeu R$ 7,9 bilhões – a maior parte comprada por fundos nacionais e internacionais. O valor de R$ 67 por ação foi 18,3% menor do que o preço das ações negociadas em bolsa na última quinta-feira, quando foi confirmada a venda pulverizada.

Ao defender a privatização, o governo paulista ressaltou que ela prevê universalizar o saneamento até 2029, quatro anos antes do prazo, além de investimentos de R$ 68 bilhões na rede. O processo também destina 30% do valor líquido arrecadado com a privatização a um fundo para obras de saneamento e subsídios tarifários.

Vale a pena passar o saneamento para a iniciativa privada?

O dilema é antigo. Empresas privadas podem ter mais recursos para investir e incentivos para ampliar a eficiência, mas o objetivo maior sempre será o lucro. A depender das regras e da fiscalização do Estado, isso pode significar melhorias, como no caso das telecomunicações, ou levar a pioras e aumento dos preços.

Paulo Furquim de Azevedo, professor e coordenador do Centro de Regulação e Democracia do Insper, avalia à DW que o resultado final depende da estrutura regulatória. No setor de saneamento, ele conduziu pesquisas que encontraram efeitos positivos da atuação de empresas privadas, devido a investimentos novos e à ampliação da rede de esgoto – hoje ausente em quase 40% dos domicílios do Brasil.

Uma das pesquisas cruzou dados da concessão privada do saneamento com a taxa de ocorrência de doenças relacionadas à água, que em crianças de 1 a 5 anos costumam decorrer de falta de saneamento. O estudo isolou o efeito de outros fatores, como a melhoria da rede de saúde, e concluiu que a atuação privada no saneamento reduziu a ocorrência dessas doenças, em especial em municípios pequenos. Outra pesquisa concluiu que a rede de esgoto aumenta com a concessão à iniciativa privada.

Já no caso da Sabesp, ele afirma não ver condições para o mesmo impacto positivo, pois trata-se de um “exemplo de empresa pública que já funcionava muito bem”.

“Não espero que a privatização da Sabesp terá os efeitos que verificamos na média dos municípios. Não significa que vai piorar. O ponto é que ela já tinha um serviço de saneamento muito bom, então a oportunidade de ganho de uma concessão privada já se esgotou”, diz. “A empresa pública já era capaz de fazer investimentos e era bem gerida, com capacidade de fazer captações de recursos.”

Em outra pesquisa sobre o setor, Azevedo avaliou os incentivos políticos que levam governantes a decidirem privatizar ou conceder as empresas de saneamento. Um deles, diz, é o imenso volume de recursos que entra nos cofres públicos durante a privatização ou concessão, que em sua maioria irrigam o cofre único do estado.

No caso de São Paulo, ele aponta também o elemento ideológico. “A plataforma que venceu a preferência da sociedade na última eleição foi mais privatizante, voltada à redução do papel do Estado, e isso se reflete na agenda do governo”, diz.

Críticas ao processo e receio de piora do serviço

A privatização da Sabesp recebeu oposição de seus funcionários e de algumas entidades civis e partidos. Francisca Adalgisa, diretora-presidente da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp e membra do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), afirma à DW que não havia “nenhuma justificativa” para a mudança de controle acionário.

Ela cita que a empresa é lucrativa e já cumpriu as metas de universalização em mais de 300 municípios. Os locais ainda não atendidos, diz, são aqueles com mais dificuldade de acesso, mas ela projeta que no ritmo atual de investimento a universalização seria alcançada em 2033 “sem afogadilho”.

Para Adalgisa, a meta de universalizar o atendimento até 2029, citada pelo governo Tarcísio, é uma “promessa falsa”, pois não haveria projetos nem empresas de engenharia disponíveis capazes de concluir essas obras no prazo. Ela prevê queda de qualidade no atendimento, como resultado da provável terceirização de atividades que virá na gestão privada. “Demora para você treinar um funcionário para fazer um bom trabalho, há um turnover [rotatividade de pessoal] muito alto se você terceiriza, os salários são muito baixos”, diz.

Ela também critica o processo de privatização, que resultou em apenas uma proposta de acionista de referência, e que segundo ela foi conduzido de forma acelerada e direcionada. “O governo correu com a teoria do fato consumado. Quando cair a ficha na população, o acionista já botou a pessoa na cadeira”, diz. A Ondas e o PT moveram ações na Justiça para tentar barrar o processo, sem sucesso. Na sexta-feira, o ministro Luis Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), negou uma liminar a respeito.

Em Berlim, privatização e reestatização

Em algumas cidades do mundo, a experiência de privatizar o serviço de saneamento deixou a população insatisfeita. Segundo uma pesquisa do Transational Institute, 364 delas decidiram reverter privatizações de saneamento desde a virada do século – entre eles, Paris e Berlim.

Na capital alemã, a empresa de água e esgoto – Berliner Wasserbetriebe (BWB) – foi parcialmente privatizada em 1999. O governo vendeu 49,9% de suas ações a duas gigantes do setor, a alemã RWE e a francesa Vivendi, que assumiram a gestão. Treze anos depois, após pressão social, o poder público comprou de volta as ações.

À frente da mobilização civil estava a organização Berliner Wassertisch, que organizou um referendo em 2011 – o primeiro da história da cidade – no qual a maioria dos votantes optou para que os contratos da privatização, então secretos, fossem tornados públicos.

Karl Goebler, membro da Berliner Wassertisch e cofundador do Berliner Wasserrat, relata à DW que a decisão pela parceria público-privada no saneamento ocorreu em um momento de crise fiscal do governo, que buscava recursos extras, e de entusiasmo mundial com as políticas neoliberais, que valorizam a privatização e a desregulação.

Os berlinenses, porém, desaprovaram a experiência. Goebler relata que a tarifa subiu 37% durante o período da privatização, “fazendo com que o preço da água em Berlim fosse o maior entre as cidades alemãs”. Ele cita também que os contratos secretos semearam desconfiança na população e que, uma vez tornado públicos, mostraram que garantiam lucro mínimo de 8% para os investidores privados – coberto pelo governo se não fosse obtido por meio das tarifas.

Em 2012, o governo comprou de volta as ações da RWE e em 2013, as da Vivendi. Com a reestatização, diz Goebler, “os preços se estabilizaram e em alguns casos, caíram”. “O controle público levou a maior transparência e abriu-se espaço para investimentos mais de longo termo.”

Por outro lado, ele cita que a recompra das ações representou um gasto significativo para o governo, que teve de fazer empréstimos para isso, e que a transição da gestão privada para a pública trouxe “desafios burocráticos” para reconverter a estrutura corporativa de volta para o regime estatal.

Mercado volta a projetar inflação acima de 4% em 2024 e prevê dólar mais alto

 


Notas de dólares

 

Analistas consultados pelo Banco Central voltaram a subir a expectativa para a alta do IPCA ao fim deste ano, superando novamente 4%, assim como também melhoraram suas projeções para a economia de 2024 e elevaram a perspectiva para o dólar neste ano e no próximo, de acordo a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 22.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para o IPCA no término deste ano subiu para 4,05%, de 4% na semana anterior, no que havia sido a primeira queda na projeção após nove semanas consecutivas de alta.

A revisão ocorre na esteira do aumento na perspectiva para a alta dos preços administrados neste ano, agora em 4,59%, de 4,11% antes. A expectativa para o avanço do IPCA em 2025 foi mantida em 3,90%.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Dólar em R$ 5,30  no fim do ano

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que a taxa de câmbio agora é vista em 5,30 reais ao fim de 2024, ante 5,22 reais na semana anterior. No próximo ano, a projeção para o valor do dólar passou a 5,23 reais, de 5,20 reais anteriormente.

Na semana passada, os investidores voltaram a acirrar suas preocupações com o ajuste das contas públicas brasileiras, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou o cumprimento do arcabouço fiscal caso haja “coisas mais importantes para fazer”, levando a divisa norte-americana a superar novamente 5,60 reais.

PIB e Selic

Pela quinta semana consecutiva, os economistas também mantiveram a expectativa para o patamar da taxa básica de juros Selic neste ano e no próximo, a 10,50% e 9,50%, respectivamente.

Na decisão mais recente, de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve os juros em 10,5%, por unanimidade, e comunicou a “interrupção” do ciclo de cortes. O colegiado volta a se reunir nos dias 30 e 31, quarta e quinta-feira da próxima semana.

Os analistas consultados no Focus também subiram pela terceira semana a projeção para o crescimento do PIB neste ano, agora em 2,15%, de 2,11% no levantamento anterior. No entanto, a expectativa para a alta do PIB em 2025 caiu a 1,93%, ante 1,97% há uma semana.

Na semana passada, o Ministério da Fazenda manteve a estimativa de avanço de 2,5% do PIB em 2024. Já para 2025, a projeção de expansão foi revisada de 2,8% para 2,6%.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Pioneira em cibersegurança: conheça a CrowdStrike, empresa responsável por apagão global

 


Companhia com sede no Texas já criticou Microsoft por "empregar centenas de pessoas na China", tem quase 8 mil funcionários e faturou US$ 3 bilhões em 2023

 

 

Foto tirada em Tóquio, no dia 19 de julho de 2024, mostra telas com os logos da "CrowdStrike", empresa americana de cibersegurança - AFP

A empresa americana CrowdStrike, cujo software provocou um gigantesco apagão cibernético mundial nesta sexta-feira, 19, aproveitou a ascensão da computação na nuvem para se tornar um ator essencial na cibersegurança em pouco mais de uma década.

+ Bancos brasileiros apresentam falha após apagão cibernético global

O incidente ocorreu devido à atualização do software do grupo nos sistemas operacionais Windows da gigante Microsoft e provocou um cenário de caos em diversas atividades digitais ao redor do mundo, de aeroportos a hospitais.

O ocorrido evidenciou a influência da CrowdStrike, pouco conhecida pelo público, no setor digital.

Com sede em Austin (estado do Texas, sul dos Estados Unidos), a empresa é a atual líder mundial em segurança para dispositivos em rede, como notebooks, tablets e smartphones.

George Kurtz, cofundador e diretor-executivo do grupo, quer se concentrar na proteção contra invasões, em vez de apenas o combate aos vírus.

Desta forma, a companhia se destaca dos tradicionais serviços de software antivírus, como Symantec e McAfee, dos quais foi diretor tecnológico até 2011, ano em que fundou a CrowdStrike.

Um relatório divulgado pela empresa americana em 2024 estimou que 70% dos ciberataques não envolvem vírus, mas sim manipulações realizadas diretamente por hackers que utilizam permissões roubadas ou recuperadas.

Com seu principal produto, a plataforma de nuvem Falcon, lançada em 2012, a CrowdStrike também se beneficiou da democratização da banda larga e a ascensão das ferramentas de armazenamento de dados, para oferecer um produto totalmente baseado na nuvem.

A computação remota também permite atualizações rápidas e de forma regular.

A empresa americana integrou a tecnologia da Inteligência Artificial (IA) em sua plataforma para facilitar a detecção de atividades incomuns que podem estar relacionadas a vírus ou a tentativas de invasão.

Identificar ameaças

Kurtz e os outros dois fundadores, Dimitri Alperovitch e Gregg Marston, adotaram um foco pró-ativo em relação ao risco.

Desta forma, criaram uma equipe de centenas de pessoas dedicadas a identificar ameaças cibernéticas em todo o mundo, para se antecipar a possíveis ataques.

A CrowdStrike estabeleceu que indivíduos apoiados pelo governo russo estavam por trás de um ciberataque aos servidores do Partido Democrata durante a campanha presidencial americana de 2016.

Em 2023, o chefe de segurança da CrowdStrike, Shawn Henry, criticou publicamente a Microsoft pelo que considera falhas em seu gerenciamento de riscos.

Em entrevista à revista Forbes, reprovou a gigante tecnológica por continuar empregando centenas de pessoas na China.

A Microsoft, cliente da CrowdStrike, também é uma de suas concorrentes, uma vez que oferece seus próprios serviços de proteção digital, tal qual grandes rivais como Amazon e Google.

Em janeiro de 2024, a líder mundial em segurança digital contava com 7.925 funcionários, segundo seu relatório anual.

No ano anterior, a empresa gerou US$ 3,05 bilhões, cerca de 36% a mais do que no período interanual.

Impulsionada pela IA generativa, que requer o desenvolvimento de capacidades adicionais na nuvem, a CrowdStrike elevou suas previsões anuais em junho.

A meta agora é o crescimento de vendas de 30% a 31% neste ano.

Embora seu negócio esteja em expansão, o grupo luta para aumentar a rentabilidade. Em 2023, registrou um lucro líquido de apenas US$ 89 milhões (quase R$ 445 milhões), o primeiro a nível anual desde sua criação.

Mercadante diz que governo tenta há meses acertar com Tarcísio assinatura de aporte no Rodoanel

 

A realização de agendas conjuntas entre o governo federal e o governo estadual de São Paulo continua sendo um ponto que incomoda a gestão Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, além de criticar as ausências de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no anúncio de obras, Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, diz que a assinatura de contratos também está sendo atrasada devido à falta de agenda do dirigente estadual.

De acordo com Mercadante, há pelo menos três meses a gestão Lula tenta organizar com o governo paulista a assinatura um contrato referente às obras do Rodoanel, mas até agora não houve um acerto nas agendas.

Visto como um possível postulante à disputa pelo Palácio do Planalto em 2026, a relação entre Lula e Tarcísio – ex-ministro de Jair Bolsonaro -, esfriou recentemente. Antes o governador participava de agendas ao lado do presidente, mas nos últimos meses as trocas entre as duas lideranças tem sido por meio de críticas indiretas em discursos ou nas redes sociais.

Mercadante afirmou que se busca uma relação republicana com o dirigente, e que espera, assim como o presidente Lula, que ele compareça aos eventos do Executivo. As falas ocorreram nesta tarde, após anúncio de investimentos do BNDES na Embraer, agenda que não contou com a participação do governador paulista.

Lira diz que Haddad tem ‘carinho’ com Congresso e tem sido ‘decisivo para muitas pautas’

 



Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta sexta-feira que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem “muito carinho” e interlocução com o Congresso, além de estar sendo decisivo no avanço da pauta econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Legislativo.

“É importante a gente ressaltar sempre que o ministro Haddad tem muito carinho, tem muita atenção, tem muita interlocução com o Congresso Nacional, e tem sido decisivo para muitas pautas econômicas”, disse Lira em entrevista à GloboNews.

Questionado sobre o anúncio do ministro na véspera de que o governo realizará um contingenciamento no valor de 15 bilhões de reais para cumprir o arcabouço fiscal, Lira defendeu o papel de Haddad falar a Lula “o que ele está enxergando de maior dificuldade ou facilidade para que o Brasil cumpra o arcabouço fiscal”.

Ele ainda acrescentou que é muito melhor para o Brasil quando o governo sai “unido” em uma decisão, o que gera menos “imprevisibilidade e insegurança jurídica e econômica”.

Sobre a regulamentação da reforma tributária, Lira afirmou que o Senado poderá analisar e fazer correções no texto aprovado pela Câmara e fez a avaliação de que o Brasil tem uma perspectiva melhor com a reestruturação na legislação sobre tributos.

“O Senado vai ter o prazo para analisar com muita cautela… Temos que caminhar para deixar a reforma tributária mais azeitada, o quanto for possível. Não há nenhum parlamentar que queira votar um projeto que vá prejudicar o país”, afirmou.

Abear reforça que instabilidade cibernética não afeta operação das aéreas associadas

 ABEAR - Associação Brasileira das Empresas Aéreas


A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que a instabilidade apresentada pelo sistema global de segurança cibernética não afeta a operação das companhias associadas no Brasil nesta sexta-feira, 19. A operação segue regularmente, segundo a entidade.

O pronunciamento da Abear reforça informações já divulgadas por companhias aéreas associadas, pelo Ministério de Portos e Aeroportos e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Anac e o ministério afirmaram que o sistema aéreo brasileiro funciona normalmente, mas seguem monitorando eventuais impactos, incluindo atrasos.

Enquanto Gol e Latam disseram não terem sido impactadas pelo incidente, a Azul, que não é associada à Abear, informou que voos podem sofrer atrasos em função do apagão.


Sabesp é privatizada: governo de SP levanta R$ 14,8 bi com oferta de ações; entenda o que muda

 


Sabesp

Sabesp (Crédito: Reprodução/Facebook)

 

A Sabesp precificou sua oferta de ações para fundos e pessoas físicas a R$ 67 cada, mesmo preço ofertado pela Equatorial Energia para se tornar acionista de referência da companhia, levantando no total R$ 14,8 bilhões, conforme comunicado.

O valor por papel representa um desconto de 18,3% em relação ao preço de fechamento na quinta-feira das ações da companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo.

Com a maior maior oferta de ações da história do setor de saneamento no país, o governo paulista irá reduzir a participação do Estado na Sabesp dos atuais 50,3% para cerca de 18%, enquanto a Equatorial (acionista de referência) será dona de fatia de 15%, que deverá ser mantida até o final de 2029.

A Equatorial, que atualmente tem operações na aérea de saneamento apenas no Amapá, foi a única finalista no processo de escolha de investidor estratégico para a Sabesp, a maior empresa do setor no país e uma das maiores da América Latina. A empresa fez uma oferta equivalente a R$ 6,9 bilhões.

O acordo de investimento entre a Sabesp e a Equatorial foi celebrado na quinta-feira, 18. O documento prevê, por exemplo, a cláusula de “lock-up” de cinco anos, que impede a venda de ações pelo acionista de referência até o dia 31 de dezembro de 2029.

O documento lembra ainda que as ações passarão a ser negociadas na B3 já a partir desta sexta, enquanto a liquidação da oferta ocorrerá na segunda-feira, 22, quando também serão revelados preço mínimo e cobertura mínima estabelecidos durante o processo de definição das condições para o follow-on.

PT questiona privatização na Justiça

Nesta semana, o Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrou com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal para questionar o processo de privatização da Sabesp, promovido pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de oposição a Lula.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, deu 24 horas para que o governo do Estado de São Paulo e órgãos vinculados à gestão paulista deem explicações sobre o processo de privatização, além de determinar que a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República se posicionem sobre o tema no mesmo prazo.

Um dos argumentos dos opositores da privatização é que a Sabesp está sendo vendida a um preço baixo. A Equatorial, única empresa a apresentar oferta para ser investidor de referência, propôs R$ 67 por ação. O valor estava abaixo das cotações da ação no mercado naquele momento, e se distanciou mais ainda das cotações atuais. A ação da Sabesp chegou à máxima histórica de R$ 85 nos últimos dias, recuando a R$ 82 na véspera – ainda 20% acima do preço da Equatorial.

A privatização da Sabesp prevê compromisso de investimentos da ordem de R$ 70 bilhões até 2029 para universalização dos serviços de água e esgoto no Estado de São Paulo. A Equatorial também não poderá investir em áreas ou outros locais que concorram com a Sabesp, nem vender suas ações até lá. Além da Equatorial, nomes como a gestora IG4, a francesa Veolia, Aegea, Cosan, os canadenses da Brookfield e o grupo Votorantim chegaram a avaliar a participação na privatização.

Para pagar os R$ 6,9 bilhões ao governo de São Paulo, a Equatorial conseguiu um empréstimo-ponte com quatro bancos e prazo de 18 meses. Em paralelo, fez uma emissão de notas comerciais, liquidadas na última terça-feira, 16, e que serão dadas como garantia aos empréstimos. Os bancos participantes da emissão das notas são Itaú BBA, Safra, UBS BB e Bradesco BBI.

Perfil da Equatorial

Equatorial se consolidou nos últimos 25 anos no setor de energia elétrica – atualmente é dona de 7 distribuidoras, 3 mil quilômetros de linhas de transmissão e negócios na área de energias renováveis. E estreou em saneamento há apenas dois anos, ao arrematar a concessão da CSA, do Amapá, por R$ 930 milhões.

A entrada da Equatorial no capital da Sabesp, como acionista de referência, é um salto gigantesco em sua atuação nessa área. Como acionista de referência, terá direito a indicar o presidente e os diretores da Sabesp, além de ficar com três assentos no conselho de administração – o governo paulista indica três nomes e outros três serão conselheiros independentes.

A Equatorial é o terceiro maior grupo de distribuição de energia do País em número de clientes (atende mais de 10 milhões de consumidores). Em 2023 faturou cerca de R$ 40 bilhões, com lucro consolidado de R$ 2,8 bilhões. Com capital bastante pulverizado, a empresa não tem um controlador definido – seus principais acionistas são os fundos Opportunity (6,3%), Atmos (5,7%) e Capital World Investors (5,2%).

A leitura do mercado é de que a operação pode ser positiva tanto para a Equatorial, que é conhecida por sua capacidade de gestão, quanto para a Sabesp, que tem uma operação consolidada no setor.