O
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que as
decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) têm sido unânimes,
inclusive no entendimento de que não há harmonia monetária sem fiscal: a
ancoragem tem de ser dupla. A declaração foi realizada em audiência da
Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
“Esse
é o primeiro grande teste da autonomia, que tem se mostrado com grande
eficiência. A gente vê, por exemplo, nas últimas reuniões do Copom que
foram unânimes. Há quatro membros indicados pelo governo que têm votado
de forma unânime, que têm entendido que a missão do Banco Central é
fazer a inflação convergir para a meta, sempre com estabilidade
financeira, atendo também ao mandato secundário de fomento ao emprego”,
disse Campos Neto.
O
presidente do Banco Central afirmou que os diretores que foram
indicados pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
também reiteram o compromisso com a condução da inflação para a meta.
“Nas
últimas reuniões, o Copom foi unânime com a preocupação de mirar o
centro da meta. Em relação à possibilidade de subir os juros, ontem,
inclusive, teve duas falas de diretores, inclusive diretores que foram
apontados por esse governo, dizendo, olha, nós vamos fazer o que tiver
que fazer para atingir a inflação, para a inflação atingir a meta, e se
tiver que subir os juros, e se foi necessário, vai ser feito”, disse
Campos Neto.
Questionado
sobre uma investigação sugerida pelo Ministério Público de Contas sobre
o relatório Focus, Campos Neto disse não ver problemas em relação a
isso e que o BC também faz uma outra pesquisa, a Firmus, para confrontar
opiniões.
O presidente do BC também ponderou que a alta do crédito direcionado diminui a potência da política monetária.
Ele voltou a afirmar, também, que o BC nos últimos quatro anos foi o mais premiado do mundo.
Eventos e homenagens
O
presidente do Banco Central disse que sempre comparecerá a eventos que
reconheçam o trabalho da autoridade monetária, tentando rebater críticas
de deputados sobre ter comparecido a um jantar organizado pelo
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em sua
homenagem. “Eu queria mencionar que teve um evento igualzinho, antes do
Tarcísio, feito pelo governador do Mato Grosso Mauro Mendes e ninguém
falou nada sobre o assunto”, comentou. “Para mim, era mais um evento.”
Ele
afirmou que já recebeu convites para participar de eventos por
governadores que não apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “No
final das contas, para o Banco Central, é importante o reconhecimento”,
disse. “Toda vez que eu for chamado para ter algum reconhecimento
representando o BC, eu vou aceitar.”
Campos Neto argumentou
que tem de conversar com todos os governadores e disse que concede
audiências para todos que o procuram no BC.
Vida após o BC
O
presidente do Banco Central voltou a dizer que não tem interesse
político para além do seu mandato no comando da autoridade monetária e
que está tranquilo sobre a condução do seu trabalho e averiguação de
patrimônio.
Campos Neto havia sido questionado sobre a
evolução do seu patrimônio e inquirido sobre o montante que possuía
antes de presidir o BC e quanto tem agora.
“Em relação às
outras perguntas, perguntas do âmbito pessoal, honestamente, acho que a
gente está aqui para fazer um debate mais construtivo. Tudo que eu tenho
já foi examinado pelo Comitê de Ética, já foi apresentado. Todos os
relatórios foram apresentados. Estou muito tranquilo. O Comitê de Ética,
se quiser olhar de novo, olhe. Tudo que eu fiz ao longo do meu caminho
aqui foi para o bem da sociedade, para o bem do governo, foi uma
experiência interessante. Não tenho interesse político quando sair
daqui, ao contrário do que muitos imaginam. O que é importante para mim é
o que o Banco Central fez e quais são as entregas que eu participei”,
afirmou Campos Neto.