Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
A XP Investimentos elevou para 11,75% sua projeção para a taxa básica de juros
ao final deste ano, com o ciclo de aperto de juros começando já no
próximo mês, e estimou que a taxa básica chegará a 12% em janeiro de
2025, disse a plataforma de investimentos em relatório nesta
segunda-feira (19).
Anteriormente,
a expectativa da XP era que a Selic terminasse 2024 em 10,50%, patamar
em que está atualmente. Para o final de 2025, a XP espera uma Selic de
12%, mas alerta que pode calibrar este cenário no futuro.
“O Copom deve iniciar um ciclo moderado de ajuste financeiro já em setembro.
Projetamos
que a taxa Selic atingirá 12%, após uma alta de 0,25 ponto percentual,
seguida de duas altas de 0,50 pp e uma final de 0 ,25 pp em janeiro do
ano que vem”, afirma o relatório assinado pelo economista-chefe da XP,
Caio Megale, e equipe.
“Considerando
que nos distanciaremos ainda mais do nível neutro de juros, é provável
que o Copom encontre espaço para cortes no final de 2025 ou início de
2026. Aguardaremos a evolução dos dados antes de calibrar esse cenário.
Por agora, manteremos a projeção de taxa Selic em 12,00% para o final de 2025.”
A
XP elevou ainda expectativa para o IPCA, índice de referência para o
regime de metas de inflação, para 4,4% ao final deste ano, ante previsão anterior de alta de 4,1%.
A
meta de inflação é de 3%, com banda de tolerância 1,5 ponto percentual
para mais ou para menos, para o final de 2025, a XP controla sua
projeção para o IPCA para 4%, ante 4,3% estimados anteriormente.
A
plataforma informou ainda que elevou para 2,7% a estimativa para o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, ante projeção de
2,2%. Para 2025, a previsão foi reduzida para 1,6%, ante 1,7%
A XP manteve a projeção para o câmbio em 5,40 reais tanto para o final deste ano quanto para o encerramento do ano que vem.
O Comitê de Política Monetária (Copom) será convocado nos dias 17 e 18 de setembro.
O
diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo,
afirmou nesta segunda-feira, 19, que a entrevista do presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, com a indicação de que os
diretores do BC vão trabalhar na normalidade “foi importante”. À Rádio
Gaúcha, na última sexta-feira, 16, Lula disse que a pessoa que vai
indicar como novo presidente do Banco Central vai precisar ter
“compromisso com o povo brasileiro” e “coragem” para alterar a Selic
sempre que for necessário.
“Na hora que precisar reduzir a
taxa de juros, ele vai ter de ter coragem de dizer que vai reduzir. Na
hora que vai aumentar, ele vai ter de ter a mesma coragem de dizer que
vai aumentar”, afirmou o presidente na ocasião.
Galípolo,
que participou nesta segunda-feira de evento em Belo Horizonte,
reforçou que está colocada a possibilidade de alta da Selic, mas lembrou
que faltam quatro semanas para reunião.
O BC tem as
ferramentas necessárias para perseguir a meta de inflação, destacou o
diretor, acrescentando que cabe à autoridade monetária colocar os juros
em nível restritivo o suficiente para atingir o alvo, de 3%.
Segundo
ele, tem sido bastante interessante a experiência com um BC
independente. “A discussão sobre autonomia do BC vem de posições
antagônicas. Há ideia de que autonomia do BC significa se contrapor ao
poder democraticamente eleito. Há outra posição de que, com autonomia,
BC não precisa prestar contas à sociedade.”
A
Nokia anunciou que foi selecionada pela TIM Brasil para expandir a
cobertura de sua rede móvel de tecnologia 5G em 15 Estados brasileiros, a
partir de janeiro de 2025. Em comunicado nesta segunda-feira, o
fabricante finlandês de equipamentos de rede disse que o acordo levará
conectividade segura e de velocidade ultra-alta a uma população mais
ampla, permitindo a empresas locais que digitalizem suas operações, de
forma a “promover a inovação e impulsionar o crescimento econômico”.
Detalhes financeiros do acordo não foram revelados.
No começo da manhã (pelo horário de Brasília) desta segunda-feira, a ação da Nokia chegou a subir 1,3% na Bolsa de Helsinque.
O
Ibovespa ampliou a alta e trabalhava acima dos 135 mil pontos pela
primeira vez na sua história nesta segunda-feira, 19, endossado pela
trajetória ascendente de Wall Street, com Vale e Bradesco respondendo
pelas principais contribuições positivas.
Por
volta de 12h10, o Ibovespa avançava 0,95%, a 135.230,66 pontos, tendo
chegado a 135.349,94 pontos na máxima até o momento, novo topo histórico
intradia. O volume financeiro somava R$ 7,8 bilhões.
Em
Nova York, o S&P 500 avançava 0,45%, com investidores no aguardo do
discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole na
sexta-feira, enquanto seguem ajustando apostas para a queda dos juros
nos Estados Unidos.
Pesquisa da Reuters realizada com economistas
de 14 a 19 de agosto mostrou uma pequena maioria esperando que o Fed
reduzirá sua taxa de juros em 25 pontos-base em cada uma das três
reuniões de política monetária restantes em 2024.
A
perspectiva de que o Fed começará a diminuir os juros no próximo mês,
combinada a uma avaliação de modo geral positiva da temporada de
balanços no Brasil, tem contribuído para a performance recente do
Ibovespa, que já sobe 5,94% em agosto.
Nesta sessão, apesar dos
saltos de Petz, Magazine Luiza e Cogna, as principais contribuições
positivas eram Vale, com a alta do minério de ferro, e Bradesco, com
“upgrade” do Goldman Sachs.
“Se
o índice continuar marcando novas máximas ou fechar três pregões pelo
menos acima dos 134.400 pontos, mostrará resiliência no movimento e os
próximos objetivos estão em 137.000, 141.000 e 150.000 pontos”, estima o
Itaú BBA.
Dólar
O dólar recuava mais de 1% frente ao real
nesta segunda-feira, em movimento alinhado com a fraqueza da moeda
norte-americana no exterior, à medida que investidores consolidam suas
apostas sobre um corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Às
11h57, o dólar à vista caía 1,03%, a R$ 5,4110 na venda. Na B3, o
contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 1,02%, a
R$ 5,429 na venda.
O desempenho da moeda norte-americana no Brasil
acompanhava perdas da moeda ante uma série de divisas fortes e de
emergentes ao redor mundo, com destaque para o retorno da força do iene.
O dólar tinha queda de 0,81% em relação ao iene, a 146,38.
Entre moedas emergentes, o dólar recuava contra o peso chileno, o rand sul-africano e o peso colombiano.
Os
movimentos ocorrem em meio a expectativa pelo início de um ciclo de
afrouxamento monetário no Fed em sua reunião de setembro, após uma série
de dados benignos para a inflação dos EUA na semana passada.
Operadores
veem 77% de chance de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual no
próximo mês, o que seria o primeiro movimento da taxa desde julho de
2023, quando ela foi elevada para a faixa atual de 5,25% a 5,50%.
Quanto
mais o banco central dos EUA reduzir os juros, pior para o dólar, que
se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos dos
Treasuries caem.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,48%, a 101,970.
No
radar dos investidores nesta semana está o discurso do chair do Fed,
Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira, em que ele
pode fornecer sinais sobre a trajetória dos juros nos EUA.
Interior de uma cafeteria Cheirin Bão (Crédito: Reprodução/Cheirin Bão)
Matheus Almeidai
Em
menos de 5 anos de operação, a Cheirin Bão chegou a 800 unidades em
funcionamento, ultrapassou a concorrência e se tornou a maior rede de
franquias de cafeterias do Brasil.
A liderança no segmento foi
consolidada em 2023, quando encerrou o ano com 539 unidades e um
crescimento de 23,2% em relação aos 414 estabelecimentos da rede em
2022, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Para
efeito de comparação, a empresa aparece no ranking da ABF das 50
maiores franqueadoras brasileiras pouco atrás da Kopenhagen, que fechou o
ano passado com 672 lojas, mas com chocolate como carro-chefe. A
Kopenhagen informa, em números mais recentes, possuir 689 lojas com
cafeteria.
No
mesmo ranking, apenas duas são do segmento exclusivo de cafeterias: a
Cheirin Bão e a Casa de Bolos, que tinha ao final do ano passado 481
estabelecimentos.
O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de unidades da rede, com 163. Em São Paulo, também são 163.
A história da Cheirin Bão
Fundada
em 2019, a Cheirin Bão cresceu de forma acelerada através de um modelo
montado para apressar seu escalonamento. As unidades requerem uma
estrutura enxuta, com apenas um forno e uma máquina de café alugada. Já
os produtos servidos são integralmente fornecidos pela franqueadora,
assim como a publicidade.
Com
apenas R$ 300 mil, é possível tornar-se um franqueado. Segundo Wilton
Bezerra, CEO e co-fundador da empresa, o faturamento das lojas varia de
R$ 40 mil a R$ 1 milhão a depender do ponto, com lucro líquido de cerca
de 25%. “Quanto mais eu mantenho esse investimento baixo, maior a
possibilidade de retorno de capital. Isso possibilita que esses
franqueados se tornem multifranqueados”, afirma.
O
resultado foi um faturamento de R$ 350 milhões em 2023. Este ano, a
projeção informada pela empresa é de que a receita chegue a R$ 400
milhões.
Para
montar um modelo que fosse bem sucedido para o franqueado e assim
crescesse mais rápido, os fundadores utilizaram suas raízes no sul de
Minas Gerais e a experiência de ambos no setor de franchising. Wilton
Bezerra veio da área estratégico-operacional de franquias, e outro
fundador, Eduardo Schroeder, do administrativo-jurídico.
Ambos
fundaram a holding Universal Franchising (UF), que antes da Cheirin Bão
possuía duas empresas de estética (Depilesse e BeautyB), e hoje conta
ainda com a rede de restaurantes Culinária Mineira.
Marca ainda desconhecida do grande público
A
Cheirin Bão não possui uma marca tão conhecida como seu tamanho
sugeriria. Isso é explicado em parte pela estratégia adotada nos
primeiros anos, com pouco investimento em mídia.
“A gente
inicialmente trabalhou muito em termos de posicionamento de lojas,
crescendo marca, mostrando a marca através das lojas”, explica o CEO.
“Mas agora a gente este ano, em 2024, entrou forte com mídia.”
A
empresa investiu neste ano R$ 10 milhões em campanhas de publicidade
para televisão e internet. O ator Jackson Antunes, da atual novela da
Rede Globo Pantanal, foi escolhido como rosto da marca.
Do plantio ao pó da máquina
O
modelo da Cheirin Bão conseguiu cortar custos dos franqueados através
de diferentes estratégias. Primeiramente, a holding possui um
ecossistema para atuar em todas as etapas de produção do que é vendido
ao cliente.
“Desde
a produção lá na fazenda, o plantio do café, a industrialização dos
produtos e a distribuição até chegarem nas lojas, todas as empresas são
do grupo”, afirma Bezerra. “Não são parcerias. São empresas do grupo,
CNPJs distintos obviamente, mas a UF é sócia em todas.”
As
comidas congeladas para aquecimento na loja são o único alimento que
conta com um parceiro produtor. Ainda assim, a distribuição fica por
conta dos centros logísticos da UF.
“A gente faz a curadoria dos
fornecedores, negociação de preço, compra esses produtos, armazena no
operador logístico e entrega nas lojas”, resume Bezerra. “O frentista
não precisa comprar nada localmente, tudo chega pra ele.”
O CEO
destaca, porém, que mesmo as comidas produzidas por parceiros contam com
receitas exclusivas. A rede lança dois cardápios por ano. A cada seis
meses, entram cerca de vinte produtos para a lista de comidas e bebidas
servidas nas cafeterias.
Outra estratégia para baratear os custos é
o estabelecimento de um valor fixo de royalties de R$ 2,5 mil por mês.
Já a máquina de café expresso é alugada por R$ 600 ao mês, com
manutenções inclusas.
Além disso, o formato com apenas forno e
cafeteira dispensa a contratação de mão de obra qualificada e espaço de
dispensa ou cozinha.
No cardápio fixo, o CEO destaca os waffles de pão de queijo, os sanduíches do mesmo waffle e o café coado.
Planos de expansão
A
rede prepara o início da comercialização de seus produtos no varejo
digital, para enviá-los a lugares onde ainda não há lojas. A operação
deve começar em setembro. Assim, espera aumentar a sua presença no país.
Atualmente, mais de 300 unidades estão no Sudeste. Os recursos
arrecadados com a venda do comércio pela internet serão destinados ao
fundo de publicidade da empresa.
Também estão nos planos da
Cheirin Bão as primeiras unidades franqueadas fora do país, a serem
abertas por empresários e franqueadores master em Miami e Boston,
cidades dos Estados Unidos com grande presença de brasileiros. A
expectativa é que sejam inauguradas entre o final do ano e o começo de
2025.
Para o futuro, os mineiros não descartam levar a UF para a
bolsa de valores brasileira. “É o objetivo de qualquer empresa que
cresce. Eu não escondo que é um desejo futuro também”, diz Bezerra, que
esclarece que o plano aguardará um bom momento no mercado de capitais.
“A gente tem hoje processos de governança bem estabelecidos, de
compliance, deixando a empresa pronta pra isso.”
Rede
social do bilionário Elon Musk acusa ministro do STF de “censura” por
determinar bloqueio de perfis. Oficial de Justiça teria feito diversas
tentativas de intimar representantes legais da plataforma, sem
sucesso.Em mais um capítulo da briga que o bilionário Elon Musk trava
com o Supremo Tribunal Federal (STF), a rede social dele, o X (antigo
Twitter), declarou neste sábado (17/08) que encerraria suas operações no
Brasil “com efeito imediato” devido ao que chamou de “ordens de
censura” do ministro Alexandre de Moraes.
O X, porém, afirma que a medida não deve afetar a disponibilidade da plataforma no Brasil.
A
rede social alega que Moraes ameaçou, em despacho sigiloso, prender um
de seus representantes legais no Brasil em caso de descumprimento de
ordens judiciais para a retirada de conteúdos da rede social.
“Apesar
de nossos inúmeros recursos ao Supremo Tribunal Federal não terem sido
ouvidos, de o público brasileiro não ter sido informado sobre essas
ordens e de nossa equipe brasileira não ter responsabilidade ou controle
sobre o bloqueio de conteúdo em nossa plataforma, Moraes optou por
ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido
processo legal”, afirmou a plataforma.
“Como
resultado, para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão
de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato”, continua o
comunicado. “A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de
Moraes. Suas ações são incompatíveis com um governo democrático. O povo
brasileiro tem uma escolha a fazer – democracia ou Alexandre de Moraes.”
Moraes
havia determinado o bloqueio de algumas contas na plataforma – sendo
uma delas a do senador Marcos do Val (Podemos-ES) –, no âmbito do
inquérito das milícias digitais, que apura a divulgação de fake news e
discurso de ódio durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A
julgar pelo conteúdo das “ordens secretas” de Moraes, o oficial de
Justiça teria feito diversas tentativas de intimar os representantes
legais da plataforma, sob ameaça de multa, sem sucesso.
Musk também foi alvo do Supremo
Ícone
da ultradireita, o próprio Musk se tornou alvo de inquérito por
suspeita de obstrução da Justiça, após afirmar que reativaria contas na
rede social que estavam bloqueadas por ordem judicial, em decisões
cumpridas quando a plataforma ainda se chamava Twitter e não estava nas
mãos do empresário. Ele também foi incluído no inquérito das milícias
digitais.
O empresário americano alegou que as decisões de Moraes
que embasaram o bloqueio de perfis na rede são “inconstitucionais”, mas
acabou recuando por meio de seus subordinados, que anunciaram que
seguiriam as determinações da mais alta corte brasileira.
Reagindo
em abril a uma intimação de Moraes, advogados que representam o X no
Brasil atribuíram a “falhas operacionais” a volta à rede de usuários que
deveriam estar bloqueados.
A
economia reage, o empresariádo investe, a roda gira. Então, por que o
país não consegue sustentar o crescimento? A resposta está mais na falta
de capacidade de condução da política pública do que na escassez de
dinheiro
Educação, tamanho do estado, exportações mais bem negociadas e o
mercado financeiro são alguns dos fatores levantados pelos economistas
consultados pela Dinheiro para alavancar as riquezas do país (Crédito:
Ricardo Stuckert)
Editora Trêsi
16/08/2024 - 18:49
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Entender
o desenvolvimento econômico não é tarefa fácil. Talvez nem o mais
notório dos economistas do século XX, Celso Furtado, tenha sido capaz de
prever o que estava por vir. Na base de sua teoria econômica, o Estado
não deveria ser apenas um carimbador de cheques em branco, mas sim um
agente de promoção, de impulsão e de criação de condições para o
desenvolvimento saudável e duradouro de uma nação.
Ainda
que a história econômica do Brasil carregue, em parte, uma adaptação
mambembe do liberalismo europeu, há muito o que se pode observar e se
inspirar nos modelos do velho continente quando pensamos em
desenvolvimento.
Também devemos olhar para a Ásia, onde países
como China e Coreia do Sul obtiveram bons resultados adotando caminhos
diferentes, mas que foram absorvidos como parte de um projeto de país,
não de governo. Por aqui, os desafios são imensos, mas há formas de
chegar lá. Nesta reportagem, elencamos sete pontos centrais para o
desenvolvimento brasileiro, apontando como cada um deles poderia
contribuir para a expansão do PIB.
Por
trás das indicações, estão Lant Pritchett (economista de
desenvolvimento da Universidade de Oxford), Marcus Pestana
(diretor-executivo do Instituto Fiscal Independente), Roberto Giannetti
da Fonseca (economista e ex-secretário-executivo da Camex), Felipe Salto
(economista-chefe da Warren), Zeina Latif (ex-secretária de
Desenvolvimento Econômico de SP e sócia-diretora da Gibraltar
Consulting), Alberto Ramos (diretor de pesquisa macroeconômica do
Goldman Sachs) e o ex-ministro Sérgio Rezende.
Uma receita
completa que, se aplicada, tem o potencial de elevar o PIB em até 3,8
pontos percentuais ao ano, segundo o Ipea, o equivalente a R$ 675
bilhões em riquezas para o País. Vamos a eles.
1. Educação: +0,3 p. p.
Entender
a educação como parte do processo de desenvolvimento de uma nação é uma
retórica que parece óbvia, mas não é. Lant Pritchett, economista de
desenvolvimento da Universidade de Oxford, explica que, além de cada
real investido em educação triplicar em retorno para o PIB, a
musculatura que o país ganha ao fortalecer a base do ensino altera a
estrutura econômica. “Até aqui, o Brasil só focou em quantidade, não em
qualidade.” Um estudo de Oxford para países subdesenvolvidos estima que,
em média, três anos de uma educação construtiva, inclusiva e agregadora
têm a capacidade de elevar em 1,8 ponto percentual o PIB per capita de
um país.
Segundo o IPEA, em uma análise superficial sobre o
currículo escolar brasileiro, é possível concluir que, se os alunos
aprendessem o que está pré-definido na grade, o ganho no PIB seria de
0,3 ponto percentual ao ano, sem grandes esforços.
“O Brasil ainda peca no feijão com arroz. Os alunos saem da escola
sabendo ler? Sabendo fazer contas? Sabendo projetar o futuro? Se a
resposta for não, o caminho está errado”, disse Pritchett.
E
para quem acha que a solução está em mais investimento público, um
alerta: não falta dinheiro, falta capacidade administrativa.
O
Fundeb, que escoa recursos da União para estados e municípios, tem, só
em 2024, 172 denúncias abertas de possíveis corrupções. Há ainda uma
desproporção orçamentária nas prefeituras que, por exigência da
Constituição, são obrigadas a investir um determinado percentual em
educação, mas disfarçam essa verba para aplicá-la em outras áreas.
É
o caso clássico da Ronda Escolar, recurso de segurança pública muitas
vezes custeado com verba da educação. Como resolver isso? Para
Pritchett, a solução é ampliação do papel do Estado.
“Não adianta apenas definir a grade e obrigar o investimento. O governo
central precisa cobrar resultados, mensurar dados, avaliar o desempenho
macro. Foi assim na China e na Coreia do Sul recentemente”, disse.
Na
Inglaterra, um processo similar, que oferecia bônus orçamentários para
cidades que atingissem níveis de escolaridade funcional na metade do
século passado, foi determinante para a disseminação da educação.
2. Reforma Administrativa: +0,85 p. p.
Entre
as mudanças mais relevantes para destravar a economia, reavaliar o
tamanho do Estado se torna imperativo. A ideia central, muito além de
revisar cargos, salários e privilégios, precisa ser a reavaliação da
necessidade do número atual de cidades, descentralizando micropoderes em
municípios que não possuem capacidade de se financiar e dependem, quase
integralmente, de repasses da União
. Segundo Marcus Pestana,
diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente), as medidas
podem reduzir os gastos em R$ 128 bilhões em 10 anos. Ele afirma que as
medidas poderiam desafogar as contas públicas do governo federal,
melhorando a capacidade de investimento da União.
Segundo o IPEA, a
redução do Estado colocaria recursos na economia ativa e teria um
impacto no PIB de quase um ponto percentual ao ano. Para entender o
efeito das mudanças, basta olhar para o passado. Entre 1950 e 1970,
período considerado de maior crescimento médio da economia brasileira,
os gastos públicos representavam 25,5% do PIB.
Em 2023, essa fatia
estava em 43,4%; as despesas correntes, antes 20%, hoje batem 40%. Para
equilibrar as despesas, o investimento nacional caiu de 5,5% do PIB
para 1,5% em 2022. Não há, neste momento, qualquer disposição do governo
Lula em avançar com este tema.
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, tem afirmado que, pelo entendimento da equipe econômica, o foco
neste momento é começar a reforma mirando “o andar de cima”. Ele cita
privilégios em cargos dos Três Poderes. A ministra de Gestão e Inovação,
Esther Dweck, confirmou à DINHEIRO que a reforma em curso no Congresso,
a PEC 32/2020, nos termos atuais, não terá apoio do governo por ser
“essencialmente punitivista e com foco na base da pirâmide do serviço
público”.
3. Comércio exterior: +0,35 p. p.
Depender
de commodities tem sido uma muleta para a economia brasileira. O bom
desempenho da balança comercial, apoiado basicamente no agronegócio, é
pouco para o potencial brasileiro. Para Roberto Giannetti da Fonseca,
economista, ex-secretário-executivo da Camex e ex-diretor da Fiesp,
falta um projeto claro de país e uma rota mais definida para aumentar as
exportações e abrir mais o Brasil para o comércio exterior.
“Para um país ser competitivo, não basta produzir. É preciso saber
vender bem, vender valor agregado, marca. Infelizmente, a cultura
exportadora brasileira ainda é muito incipiente”, disse.
Segundo
o economista, nenhum país da atualidade se desenvolveu sem o que ele
definiu como “surto de exportação”. Entre os exemplos, ele cita
Alemanha, Coreia do Sul, China e Japão, países que cresceram agregando a
demanda externa à sua capacidade de oferta, aumentando o emprego e a
renda com a possibilidade de atingir mercados externos.
“É a
maneira mais lógica e mais óbvia de um país crescer e trazer
competitividade para dentro, o que envolve qualidade, preço e
marketing.” Nesse sentido, apesar de o governo estar trabalhando na
diplomacia para firmar novos acordos comerciais, ainda é preciso
garantir condições de igualdade competitiva para a cadeia produtiva
brasileira.
A matriz industrial brasileira, desde a indústria
extrativista até a de transformação, possui uma base anacrônica,
antiquada e custosa. Com a virada do século, enquanto países como a
China já começavam a mirar os negócios do futuro, a indústria brasileira
ainda possuía uma estrutura fordista usada na segunda metade do século
XX.
O ponto de inflexão para que o Brasil use melhor os novos
acordos comerciais, vislumbrando até uma troca mais pujante com a União
Europeia, é dar aos empresários condições de adaptar seu pátio fabril,
assim como acontece no agronegócio, por meio do Plano Safra.
R$ 128 bilhões é o potencial de redução dos gastos públicos em dez anos, caso a Reforma Administrativa saia do papel
4. Desindexação do orçamento: +1,02 p. p.
Assunto
sensível e com capacidade de aflorar os ânimos da população, a
desindexação de parte do Orçamento federal também pode ser um motor para
a economia. Hoje, muitos dos gastos públicos são obrigados pela
Constituição a terem reajuste com base na inflação passada, uma forma de
tentar garantir a mesma capacidade de investimento ano após ano.
Para
Felipe Salto, economista-chefe da Warren, esse pensamento é falacioso,
já que nem tudo depende do volume de recursos alocados, mas da
inteligência na aplicação.
“Temos de debater um novo sistema para os gastos com saúde e educação, sem essa correção automática”, disse.
Outro
benefício de tal mudança, segundo ele, seria deixar o orçamento livre
para investimentos menos engessados. Atualmente, segundo estimativa do
Tribunal de Contas da União, o governo federal poderia ter disponível
para investimento R$ 131 bilhões ao longo de dez anos com a medida.
“Garantir gastos permanentemente não quer dizer que você esteja melhorando as políticas públicas”, afirmou.
Quando
ampliada a discussão para desindexar benefícios previdenciários, seja
aposentadoria ou auxílios esporádicos, a cifra pode superar os R$ 200
bilhões em uma década. Dentro da cúpula do governo federal, o tema
chegou a ser debatido e foi encabeçado pelo Ministério do Planejamento,
com Simone Tebet à frente do estudo de viabilidade, mas ainda não
avançou. Segundo Fernando Haddad, este não é o momento para discutir o
assunto.
R$ 200 bilhões Podem ter novos destinos em uma década se o governo não usar a inflação nas correções obrigatórias
5. Reforma Tributária: +0,25 p. p.
Em
vias de finalização, a reforma tributária também tem a capacidade de
estimular o PIB, mas apenas se for simples o bastante para atrair
investimento estrangeiro, assertiva o suficiente para não abrir brechas
para privilégios e constante para garantir estabilidade jurídica.
Para
Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP Investimentos e ex-secretária de
Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo, atualmente
sócia-diretora da Gibraltar Consulting, o nó envolvendo a reforma
tributária tem sido tão grande que alguns conceitos se perderam.
“O argumento de que a menor taxação implicará em preços mais baixos é frágil.”
Isso porque, explica ela, o benefício pode se transformar em aumento da margem de lucro, e não em redução do preço.
Movimento
similar ao que aconteceu com a desoneração da folha. Era para gerar
mais empregos, mas, na prática, apenas deu um fôlego para os empresários
nos encargos trabalhistas. Há ainda o impacto direto na alíquota padrão
para compensar as desonerações. “No orçamento das pessoas de baixa
renda, o aumento da tarifa média é uma notícia ruim”, disse.
Na
prática, um estudo de 2023 do IPEA revelou que a base da pirâmide social
paga, em média, entre 21% e 28% da própria renda mensal em impostos.
Tal fatia cai para entre 15% e 19% entre os mais ricos.
O
resultado, segundo o IPEA, é que o dinheiro não gasto pelos ricos é
direcionado a investimentos, enquanto, no orçamento dos mais pobres, é
recolocado na economia real, o que ajuda a desenvolver a economia.
6. Mercado financeiro: +0,15 p. p.
Entre
os setores mais estruturados do Brasil, o mercado financeiro tenta
acompanhar o ritmo mundial dos investimentos, mas escorrega na falta de
estabilidade. Prova disto são as baixas e altas históricas vividas em
2024 no Ibovespa.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa
macroeconômica do Goldman Sachs, ainda há algum nível de incerteza do
investidor estrangeiro em relação a operações no Brasil, principalmente
devido à complexidade dos processos legais e à instabilidade fiscal do
país.
Além disso, os juros elevados nos EUA reduzem o apetite pelo
mercado brasileiro, que precisaria ganhar novos contornos para voltar
ao jogo. Até julho, os estrangeiros retiraram R$ 42,4 bilhões do Brasil,
a maior cifra desde 2020.
O motivo, segundo Ramos, é que, apesar
das vantagens que o Brasil possui, como não estar em guerra, ter energia
limpa e barata e boas atividades no agronegócio, ainda falta um melhor
posicionamento diante do mundo.
“O investidor que sai da China ou da Rússia vai para a Índia, para a Indonésia, para a Tailândia, para o México”, disse.
A
reversão deste cenário e o retorno do capital estrangeiro podem ocorrer
com medidas simples. A promoção de condições mais atraentes para
negócios que envolvam ativação econômica, como energia limpa, construção
ou economia criativa, além de uma sinalização mais forte de controle
das contas públicas, reduziria o risco no investimento e garantiria
recursos a serem utilizados no país.
7. Ciência & Tecnologia: +0,90 p. p.
Se
o plano é pensar no futuro, o movimento precisa ser já. O investimento
em ciência e tecnologia no Brasil precisa disparar para tentar competir
com o mundo. E quem afirma isso é o ex-ministro de Ciência e Tecnologia,
Sérgio Rezende.
“Um país que honra o pagamento de uma dívida trilhardária não é pobre”, disse.
De
acordo com dados do Portal da Transparência, o Brasil investiu no
último ano o equivalente a 1,3% do PIB em desenvolvimento tecnológico e
científico, um número considerado muito baixo.
“Muitas pessoas me perguntam por que o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel, e a resposta é clara: não há investimento”, disse.
Com
a atenção do mundo voltada para soluções sustentáveis e respostas que
andem lado a lado com os recursos naturais, o Brasil deve investir no
desenvolvimento de soluções utilizando a própria cultura como porta de
entrada para ampliar consideravelmente os ganhos.
“Não adianta ter
o queijo na mão, se a faca não corta.” A reconstrução da estrutura
científica brasileira, que foi lateralizada por anos, envolve acordos de
cooperação internacional, atração de mão de obra estrangeira e
capacitação dos pesquisadores, facilitação do crédito para estudos e
criação de produtos, além de políticas públicas nacionais para estimular
novas descobertas.
Com soluções possíveis e relativamente
simples, a solução para o Brasil está, parafraseando Celso Furtado, nas
mãos de quem se compromete a fazer a mudança.