Os órgãos reguladores chineses provavelmente vão impor uma suspensão de negócios, por seis meses, a grande parte da unidade de auditoria da PricewaterhouseCoopers na China continental, como penalidade por seu trabalho na incorporadora imobiliária Evergrande, de acordo com cinco fontes com conhecimento do assunto.
As fontes afirmaram que a PwC Zhong Tian — entidade de contabilidade registrada e principal braço onshore da PwC na China — será atingida pela proibição em seus negócios relacionados a valores mobiliários, afetando seu trabalho com clientes, incluindo empresas listadas, companhias com IPO em andamento e fundos de investimento na China continental, disseram as fontes.
A expectativa das fontes é de que a empresa também seja condenada a pagar uma multa de pelo menos 400 milhões de iuans (56 milhões de dólares). Combinada com a suspensão dos negócios, essa seria a penalidade mais severa já recebida por uma das quatro grandes firmas de contabilidade na China, acrescentaram as fontes.
No caso mais recente, a filial da Deloitte em Pequim foi multada em 211,9 milhões de iuans em março do ano passado e suas operações foram suspensas por três meses, após terem sido encontradas sérias deficiências em sua auditoria na China Huarong Asset Management.
As penalidades da PwC, que estão sendo tratadas principalmente pelo Ministério das Finanças da China (MOF), o principal órgão regulador das empresas de contabilidade no país, ainda não foram finalizadas, disse uma das fontes.
“Como essa é uma questão regulatória em andamento, não seria apropriado comentar”, disse um porta-voz da PwC. O MOF não respondeu imediatamente a pedidos de comentários.
A China Evergrande Group foi acusada, em março, de uma fraude de 78 bilhões de dólares. A PwC auditou a Evergrande por quase 14 anos, até o início de 2023.
As fontes afirmaram que os reguladores chineses devem anunciar as penalidades contra a PwC nas próximas semanas.
As iminentes penalidades da PwC levaram a um êxodo da clientela e provocaram cortes de custos e demissões em massa na empresa nos últimos meses, segundo fontes.
Como parte das penalidades, a PwC será impedida de assinar certos documentos importantes para clientes na China continental, tais como resultados trimestrais e pedidos de IPO, bem como de realizar outros serviços relacionados a emissões de títulos, disseram as fontes.
A suspensão dos negócios também poderia afetar a PwC Zhong Tian, como um todo, impedindo a empresa de aceitar novos clientes estatais ou listados internamente nos próximos três anos, de acordo com as regulamentações chinesas.
No ano passado, os órgãos reguladores nacionais reiteraram que as empresas estatais e as empresas listadas na China continental deveriam ser “extremamente cautelosas” quanto à contratação de auditores que tenham recebido multas ou outras penalidades nos últimos três anos.
Nos últimos meses, pelo menos 50 empresas chinesas, muitas das quais são estatais ou instituições financeiras, deixaram de contratar a PwC como auditor ou cancelaram planos de contratar a companhia, de acordo com dados analisados pela Reuters.
O maior cliente de auditoria listado na China continental da PwC, o Bank of China, disse na segunda-feira que planeja contratar a EY para sua auditoria anual de 2024. Em junho, o banco declarou que seu contrato de serviços com a PwC seria apenas para a revisão do relatório intermediário.
A PwC também era a aditoria responsável por analisar os balanços da Americanas antes do escândalo da fraude contábil no Brasil.