BRASÍLIA - (Atualizada às 12h38)
"A inflação ao consumidor segue elevada e ainda mostrando resistência”
e, assim, houve a continuidade do ciclo de ajuste das condições
monetárias, reiterou o diretor de Política Econômica do Banco Central
(BC), Carlos Hamilton, referindo-se à elevação dos juros, que voltaram aos dois dígitos neste ano, a 10%.
Em seu relatório de inflação, divulgado nesta sexta-feira, o Banco
Central mostrou que, em seu cenário de referência, a inflação anual do
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve recuar nos próximos
dois anos, mesmo que não haja novas elevações da taxa básica de juros da
economia brasileira. A queda, no entanto, não seria suficiente para
trazê-la ao centro da meta, fixada pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN) em 4,5%.
As previsões indicam que, com a Selic estabilizada em 10% ao ano, a
variação acumulada pelo IPCA em 12 meses recuaria de 5,8% para 5,6% de
2013 para 2014. Em 2015, cairia de novo, para 5,4%. As projeções pressupõem ainda uma taxa de câmbio estacionada em R$ 2,35 por dólar
Hamilton repetiu a análise contida no relatório de inflação de
que está havendo um ajuste na demanda agregada da economia brasileira.
O diretor explicou que o consumo vem crescendo a taxas mais
moderadas, tanto no caso do governo quanto no das famílias, enquanto o
investimento dá sinais de recuperação. Segundo ele, isso indica “certo
ajuste na demanda agregada”.
O diretor apontou ainda que as perspectivas são de aumento da
competitividade da indústria e agronegócio em função da desvalorização
do real. Os custos da mão de obra, na avaliação de Carlos Hamilton,
também apresentam “certa moderação”, assim como o crescimento do setor
de serviços.
De acordo com a explicação do BC, o comportamento da confiança e
expectativas “está mais ou menos em linha com o que tínhamos por volta
de 2007 e 2008”.
Cenário possível, mas não provável
O diretor de Política Econômica do BC avaliou que a “convergência [da
inflação para o centro da meta] é um evento possível”, mas o “cenário
mais provável não aponta essa convergência, o que não implica que não
seja possível, são coisas distintas”.
Para ele, a convergência “pode se tornar mais provável mais adiante à
medida que economia comece a responder a ações que já foram tomadas”.
Entre elas, Hamilton citou o ciclo de aumento da taxa Selic iniciado no
primeiro sem estre deste ano As afirmações foram feitas em resposta a
uma pergunta sobre se a convergência para o centro da meta era possível.
Para responde-la, Hamilton voltou a afirmar que “ o Banco Central via
permanecer de olho no combate a inflação.
Ele também disse que o cenário que o BC tem utilizado para trabalhar é o de inflação menor em 2013 do que em 2012.
Riscos externos
Segundo Hamilton, dentro do panorama da economia mundial, os riscos
para estabilidade financeira continuam elevados, embora o crescimento
tenha indicado ritmo moderado e alguma acomodação nos preços de
commodities recentemente. Por outro lado, os mercados continuam voláteis
e a tendência de apreciação do dólar se mantém.
O diretor do BC explicou que as previsões de mercado mostram que
apesar de a inflação continuar baixa em diversos países, à medida em que
a recuperação internacional se consolide, deve haver reflexo nos
preços, com taxas mais elevadas em 2014 que 2013. Conforme o diretor, dados indicam crescimento maior na atividade global em 2014 e 2015.