quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Em depoimento, André Esteves confirma encontro com Delcídio na sede do banco

Andre Esteves (Foto: Getty Image)

Segundo ÉPOCA apurou, o banqueiro, do banco BTG, disse que foi procurado pelo senador no mês passado, mas para falar de economia

FILIPE COUTINHO

Preso pela Operação Lava Jato junto com o senador e líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS), o banqueiro André Esteves, do banco BTG, disse em depoimento nesta quarta-feira (25) que se encontrou com o petista cerca de cinco vezes, sendo a última em outubro.

Esteves está detido na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro e é suspeito de ter obtido ilegalmente uma cópia da negociação da delação premiada do ex-diretor da Petrobras,  

Segundo ÉPOCA apurou, Esteves relatou aos policiais que o último encontro com o senador foi em outubro, na sede do banco em São Paulo. De acordo com ele, partiu de Delcídio o pedido de reunião. André Esteves negou qualquer discussão sobre delações premiadas. Segundo o banqueiro, ele e o senador trataram sobre os rumos da economia do país e a pauta do Congresso, como a criação da CPMF.  No depoimento, o banqueiro disse ainda que não tinha interesse em qualquer desfecho sobre a negociação da delação de Cerveró e que não houve pagamentos.
Youssef envolveu Esteves no petrolão

Em fevereiro deste ano, ÉPOCA revelou que o banco BTG Pactual, de André Esteves, foi citado em delação do doleiro Alberto Youssef num esquema de corrupção envolvendo a BR Distribuidora. De acordo com o depoimento de Youssef, a rede de postos DVBR, uma sociedade formada entre o BTG e o empresário Carlos Santiago, pagou R$ 6 milhões em propina para viabilizar um negócio com a BR Distribuidora em 2011. Metade desse valor teria ido direto para o bolso do senador Fernando Collor, que tinha uma ampla ingerência na estatal.

A BR Distribuidora desembolsou cerca de R$ 300 milhões, segundo Youssef, para estampar a sua marca em 120 unidades da DVBR. O doleiro foi designado para entregar o pixuleco pelo operador Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP, amigo antigo de Collor. Cerveró, que foi diretor financeiro da BR Distribuidora com o aval de Collor, confirmou em sua delação a acusação feita por Youssef. Ele descreve a “a prática de crime de corrupção ativa por André Esteves, por meio do Banco BTG Pactual, consistente no pagamento de vantagem indevida ao Senador Fernando Collor, no âmbito de contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo, que pertenciam conjuntamente ao Banco BTG Pactual e a grupo empresarial denominado Grupo Santiago”, diz a Procuradoria Geral da República em sua representação que embasou o pedido de prisão temporária de Esteves.

Anotação de Cerveró diz que Dilma ‘sabia de tudo’ sobre Pasadena


Dilma Rousseff



Na minuta da delação premiada do ex-diretor internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, há anotações do executivo à mão dizendo que a presidente Dilma “sabia de tudo de Pasadena” e que inclusive estaria cobrando o então diretor pelo negócio, tendo feito várias reuniões com ele. O acordo de Cerveró foi firmado com a Procuradoria-Geral da República e submetido ao ministro do Supremo Teori Zavascki, que ainda não decidiu sobre sua homologação.

O fato veio à tona nas conversas gravadas entre o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró, e o filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró. No diálogo, o senador revela que teve acesso ao documento sigiloso da delação do executivo por meio do banqueiro André Esteves, CEO do banco BTG Pactual e questiona sobre as citações à presidente manuscritas na minuta do acordo de delação.

Na gravação, o filho de Cerveró confirma que as anotações são mesmo de seu pai. Os áudios dos encontros do político com o advogado, gravados por Bernardo Cerveró, foram utilizados pela Procuradoria-Geral da República para pedir a prisão de Delcídio, André Esteves, Edson Ribeiro e o chefe de gabinete do senador.

No documento, conforme menciona Delcídio na gravação, há referências de que Dilma “sabia de tudo” e que ela “estava acompanhando tudo de perto”, tendo inclusive cobrado Cerveró sobre o negócio. A aquisição da refinaria de Pasadena é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. O conselho da Petrobrás autorizou em 2006, quando Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de
Administração da estatal, a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões.

Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão – cerca R$ 2,76 bilhões. Segundo apurou o TCU, essas operações acarretaram em um prejuízo de US$ 792 milhões à Petrobrás.

Em carta encaminhada ao Estado no ano passado, a presidente afirmou que a decisão foi tomada com base em um parecer “técnica e juridicamente falho”.

A investigação sobre o caso foi encaminhada ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, e por meio de delações, lobistas e ex-executivos da estatal confirmaram que houve o acerto de propinas no negócio para atender “compromissos políticos”. Diante disso, foi deflagrada a 20ª etapa da Lava Jato que determinou buscas e apreensões nos endereços de ex-funcionários da estatal envolvidos no negócio.

Não é a primeira vez que o ex-diretor tenta envolver a presidente no escândalo da Petrobrás. Em janeiro, o executivo chegou a elencar Dilma como sua testemunha de defesa em um dos processos que ele respondia na Justiça Federal no Paraná. Na ocasião, após o fato ser revelado, a defesa do executivo recuou e, em menos de uma hora, substituiu a testemunha.

O Palácio do Planalto informou que não vai se manifestar sobre o caso.
 

Governo decide se afastar de Delcídio

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O Palácio do Planalto decidiu lavar as mãos sobre o destino do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e abandoná-lo à própria sorte para que a nova crise não prejudique ainda mais a presidente Dilma Rousseff. Até ser preso pela Polícia Federal, na manhã de quarta-feira, 25, Delcídio era líder do governo no Senado. O escândalo deixou o núcleo político do Planalto perplexo e em alerta.

Ao longo do dia, Dilma convocou duas grandes reuniões com ministros. A avaliação foi a de que o episódio agravou a situação política. Para que a crise não colasse em Dilma, porém, o Planalto resolveu rifar Delcídio. Depois de um "pente-fino" na gravação feita por Bruno Cerveró, filho do ex-diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, ministros adotaram o discurso de que as ações do senador foram feitas em "caráter pessoal".

"O governo foi surpreendido pelos fatos ensejados pela ação do Supremo Tribunal Federal", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Não vejo impacto maior sobre o governo, uma vez que fatos relatados não derivam de ação do governo ou por ele solicitado", disse.

Em conversas reservadas, porém, auxiliares de Dilma admitem que a estratégia de rifar Delcídio foi adotada para blindar a presidente. Não sem motivo: além de ver a investigação da Operação Lava Jato avançando sobre o Planalto, a prisão do senador petista ressuscita o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em 2006, quando Dilma era ministra-chefe da Casa Civil.

A refinaria foi comprada por preço superfaturado e Dilma depois afirmou que autorizou o negócio com base em um relatório produzido por Cerveró. De acordo com a presidente, ela constatou depois que o documento tinha falhas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Abrangência de negócios do BTG preocupa

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A prisão de André Esteves, presidente e fundador do BTG, traz preocupações com as operações do banco, que atua em áreas diversificadas, como moedas, commodities e administração de fortunas no Brasil e no exterior. Os ativos do banco superam R$ 300 bilhões.

A primeira medida tomada para proteger o banco foi a indicação de Pérsio Arida, sócio fundador e membro do Conselho de Administração do BTG, para assumir o lugar de Esteves interinamente.

"Foi uma decisão acertada e o banco tem um corpo diretivo muito competente para superar esse momento, mas isso não garante a continuidade da instituição. É preciso ver como os investidores e os depositantes vão reagir", diz Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating. "Depende de credibilidade, ou seja, se os investidores manterão suas aplicações e negócios."

Fontes do mercado dizem que está sendo preparada a compra da participação de Esteves pelos sócios.

Mas os profissionais de mercado têm dúvidas sobre o impacto de sua saída. "Pela estrutura formada, o banco ficou personificado na figura de Esteves", disse um executivo que preferiu não se identificar. A agência de classificação de risco Moody's avalia que a ausência de Esteves do comando por período prolongado pode afetar a nota do banco.


Quinto maior


O BTG Pactual tinha no final de outubro R$ 179,5 bilhões em fundos de investimento sob sua gestão, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). É o quinto maior gestor do País, com 6,1% do patrimônio líquido da indústria.

O BTG Pactual é um competidor importante no mercado de capitais, participante de muitas das maiores operações de renda fixa e variável e de fusões e aquisições. No ranking de fusões e aquisições da Anbima, o BTG aparece em segundo lugar, atrás do Itaú BBA, com R$ 38 bilhões até junho. O BTG está em quinto lugar no ranking de distribuição de renda fixa e títulos híbridos, com R$ 4,3 bilhões em operações estruturadas.

Mas são as divisões de tesouraria e corretagem e de gestão de fortunas que concentram a maior parte das receitas do banco. O peso dos negócios do exterior está evidente no balanço.

A divisão de tesouraria e corretagem, onde está a plataforma de câmbio e commodities, foi alvo de importante investimento pelo BTG. No terceiro trimestre, a divisão teve a maior receita entre as cinco áreas em que o BTG Pactual atua, somando R$ 1,444 bilhão, um crescimento de 84% em relação a igual período de 2014. A divisão respondeu por 56% do total das receitas do banco.

A compra do banco suíço BSI em 2014 alavancou as receitas da divisão de gestão de fortunas este ano. As receitas duplicaram para R$ 608 milhões e quase que triplicaram no terceiro trimestre, para R$ 387 milhões.

O BTG Pactual também tem grandes investimentos diretos em empresas. Entre elas, as companhias de capital aberto BR Properties, a BT Pharma e o Banco Pan. A instituição possui 2% do capital total da Gerdau, segundo informação do site da BM&FBovespa. Tem parte da rede de estacionamentos Estapar, com mais de 900 estacionamentos no País e da qual o BTG detém 72%, e na rede de academias BodyTech - que opera também a marca Fórmula, com 85 academias, sendo 64 próprias. (Colaborou Ricardo Leopoldo).

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PSDB quer que caso de Delcídio vá ao Conselho de Ética


Wilson Dias/ABr
Senado discute a nota do STF sobre Delcídio do Amaral
Senado: O envio do caso ao colegiado já foi preparada pela assessoria do presidente da Casa, mas só não foi remetida porque falta uma assinatura do peemedebista
 
Ricardo Brito, do Estadão Conteúdo

Brasília - O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), pediu nesta quinta-feira, 26, ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que mande o caso envolvendo o ex-líder do governo, senador Delcídio Amaral (PT-MS), diretamente para o Conselho de Ética.

Em um telefonema, Cássio argumentou com Renan que a medida tem amparo regimental.

A Mesa Diretora do Senado, presidida por Renan, tem competência para mandar diretamente para o Conselho de Ética um pedido referente ao decoro parlamentar.

O envio do caso ao colegiado já foi preparada pela assessoria do presidente da Casa, mas só não foi remetida porque falta uma assinatura do peemedebista.

O presidente da Casa ficou de dar uma resposta ao tucano em breve, possivelmente aceitando o caso.

Numa sessão histórica ontem, os senadores entenderam numa votação aberta que Delcídio, ao tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró o implicasse numa delação premiada da Operação Lava Jato, tem de permanecer preso.

Liderados pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), os partidos de oposição traçaram uma estratégia para averiguar o caso envolvendo o petista. Eles defendem que, para evitar que a representação contra Delcídio seja "carimbada" por um determinado partido, iriam cobrar que Renan mande o caso por conta própria para o Conselho de Ética.

Assim como a Mesa Diretora, partidos políticos também têm competência para apresentar um pedido por quebra de decoro contra senadores. Nessa estratégia, ainda há embutido um cálculo político. Os senadores querem tratar o caso envolvendo Delcídio - um senador com trânsito fácil na base e na oposição - como da "instituição" e não como de cada partido.

Com a prisão preventiva, o petista está automaticamente licenciado do cargo ainda por 120 dias. A avaliação de senadores da base e da oposição é que um julgamento de mérito do caso - que pode levá-lo à cassação - só ocorrerá no próximo ano.

Delcídio do Amaral presta depoimento na Polícia Federal




Geraldo Magela/ Agência Senado
Delcídio Amaral (PT-MS)
Delcídio Amaral: PGR afirma que o senador ofereceu dinheiro à família de Cerveró para evitar a citação de seu nome nas investigações
 
Pedro Peduzzi, da AGÊNCIA BRASIL

Brasília - O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) presta depoimento na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. O depoimento começou por volta das 15h30, de acordo com a polícia.

O senador está acompanhado de advogados. Delcídio foi preso ontem (25) na capital federal.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o senador estaria obstruindo as investigações da Operação Lava Jato ao tentar dissuadir o ex-diretor da Àrea Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de firmar um acordo de delação premiada. 

Delcídio do Amaral passou a noite em uma sala administrativa adaptada, na superintendência. De acordo com o assessor do senador, Eduardo Marzagão, Delcídio amanheceu “menos assustado” do que estava ontem (25), após ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Pela manhã, ele conversou com seu advogado Maurício Leite por quase duas horas. O advogado saiu sem falar com a imprensa.

Em um trecho do processo, a PGR afirma que Delcídio ofereceu dinheiro à família de Cerveró para evitar a citação de seu nome nas investigações.

“O senador Delcídio Amaral ofereceu a Bernardo Cerveró auxílio financeiro, no importe mínimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais, destinado à família de Nestor Cerveró, bem como prometeu intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor de sua liberdade, para que ele não entabulasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, diz a PGR.

'Esse dinheiro era o dinheiro da Alstom?', pergunta Delcídio




Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Delcidio Amaral (PT-MS) - 25 de agosto de 2015
Senador Delcidio Amaral: na conversa com o filho do ex-diretor, Delcídio conta que, em um dos encontros com o banqueiro, viu uma anotação manuscrita com o nome da empresa
 
Mateus Coutinho e Julia Affonso, do Estadão Conteúdo


São Paulo - Nos diálogos que levaram à sua prisão por tentar barrar as investigações da Lava Jato, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) mostra sua surpresa e preocupação ao se deparar com anotações do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró obtidas pelo banqueiro André Esteves relacionando o parlamentar à multinacional francesa Alstom.

O senador já foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa como sendo destinatário de propinas da Alstom no período em que foi diretor de Gás e Energia da Petrobrás, entre 1999 e 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, Cerveró era subordinado a Delcídio na diretoria.

O senador já foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa como sendo destinatário de propinas da Alstom no período em que foi diretor de Gás e Energia da Petrobras, entre 1999 e 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, Cerveró era subordinado a Delcídio na diretoria.

Na conversa com o filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró, e o advogado Edson Ribeiro, Delcídio conta que, em um dos encontros com o banqueiro, viu uma anotação manuscrita com o nome da empresa e ele na última página do acordo de delação obtido por Esteves.

"Tem várias anotações e o que me chamou atenção que eu achei que poderia ser, é… é… é… a letra do Nestor, na última página dá uma olhada…na última página. tem assim ó, é… acordo 2005 Suíça", comenta o senador, logo respondido por Bernardo, que tenta tranquilizá-lo sobre o assunto e afirma que a anotação manuscrita não teria entrado nos depoimentos do ex-diretor aos investigadores:

"Bernardo: Huhum
Delcídio: Aí, ele bota assim ALSTOM.
Bernardo: Hum!
Delcídio: Aí ele diz, aí ele bota assim…
Edson: Acho que não tá apresentado não.
Bernardo: Oi? Não. Isso foi…
Delcídio: Mas tá trás. Eu vi porque tá escrito.
Bernardo: Não, não foi. Com certeza não foi. O problema é que eles (Ministério Público) jogaram esse verde…"

Em outro momento do diálogo o senador não esconde a preocupação com o fato de Cerveró poder revelar detalhes do envolvimento dele com a Alstom.

"Tá lá assim, acordo de 2010, aí ele bota lá um troço assim, eu não lembro o nome agora, porque porra rapaz! Eu levei um… Você imagina, você vai conversar com o cara (André Esteves), de repente o cara me aparece com uma porra daquela, quer dizer, como é que esse cara conseguiu? E com as anotações, aí ele diz assim, ele cita o nome Guimarães operador Delcídio E se... se fosse, que vantagem eu teria de falar para vocês que eu não…"

Mais à frente, no diálogo, Delcídio tenta confirmar com Bernardo Cerveró e com Edson Ribeiro que o ex-diretor não mencionaria ele e a Alstom na delação, e é tranquilizado pelos dois que relembram um acordo de Nestor Cerveró com as autoridades do país europeu nas investigações da Alstom para não ser processado lá.

Ao saber disso, o próprio senador conclui que havia "dinheiro da Alstom" mantido no exterior pelo ex-diretor Internacional.

"Bernardo: Isso foi aquela estória que no final você falou. Que no final eles (MPF) jogaram. A gente sabe que vocês fizeram que você fez acordo com a Procuradoria que é um acordo de confidencialidade mas, que em off o tal do procurador suíço
Delcídio: Mas ele (Cerveró) chegou a fazer algum acordo com aquele procurador suíço?
Edson: Foi fez. Pagou
Delcídio: Mas a título de que ele fez?
Edson: Pagou. Pra não ser processado.
Bernardo: Pra não ser processado lá.
Delcídio: Ah por causa de depósito em conta?
Edson: Todo dinheiro que tava lá na Suíça ficou pra Procuradoria da Suíça. Então ele foi processado e o assunto morreu aí.
Delcídio: Pois é. E esse dinheiro era o dinheiro da Alstom? Ah foi por isso que ele fez o acordo?Entendi. Ele nunca me falou isso".

Em 2011 o Ministério Público da Suíça fez um acordo que impôs à Alstom uma multa no valor equivalente a R$ 85,2 milhões por suspeitas de pagamento de propinas a funcionários públicos de outros países, incluindo o Brasil, para obter facilitação em processos de licitação.

Com o pagamento, a investigação contra a multinacional foi encerrado em território suíço e ninguém foi preso.

A decisão, contudo, não interfere nas investigações em São Paulo sobre suposto esquema de corrupção envolvendo a atuação da companhia durante as gestões do PSDB no governo do Estado em que é citado o conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que nos anos 1990 foi chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB).

Antes disso, contudo, o MP suíço chegou a solicitar aos investigadores brasileiros, em 2009, informações para apurar suspeitas sobre um consórcio entre a estatal petrolífera e a EMAE, antiga estatal paulista, na Usina Termoelétrica Piratininga formado em 2005.

O suposto envolvimento de Delcídio com a Alstom foi mencionado pela primeira vez na delação premiada do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa em sua delação premiada no ano passado.

Costa relatou aos investigadores ter ouvido dizer que Delcídio teria usado o apagão como justificativa para forçar a contratação emergencial de turbinas de gás termelétricas da multinacional francesa Alstom quando era diretor da Petrobrás.

Segundo o delator, o parlamentar teria recebido propina da empresa pelo negócio.

Na ocasião, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerou insuficientes as acusações de Costa, baseadas em comentários que ele teria ouvido, e pediu o arquivamento da investigação contra o parlamentar, o que foi acatado pelo Supremo Tribunal Federal.
 

Alstom


"A Alstom não vai se pronunciar sobre especulações e a empresa reforça que cumpre com a legislação."