Segundo a assessoria do presidente, Lula passou por exames no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, nesta quinta-feira. A previsão é de que o presidente fique na China até o dia 30, quando visitará o Banco dos BRICS acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que assumirá a presidência da Instituição.
A perspectiva de a doença do presidente se agravar, adiando a ida à China ainda mais ou mesmo mantendo-o fora do poder por algum tempo, pode impactar os mercados. Analista consideram essa possibilidade um risco para o andamento das atividades financeiras e da estabilidade política e econômica do país.
Percepção dos analistas
“Eu trabalho com a criação de cenários alternativos e certamente um cenário que se deve levar em consideração seria termos a ausência do Lula e isso realmente traria problemas muito sérios ao Brasil. Mesmo que você tivesse o Geraldo Alckmin assumindo a presidência, que tem um perfil mais voltado ao mercado, as turbulências das forças políticas que elegeram o Lula seriam muito grandes. No curto prazo, certamente qualquer adoecimento do Lula pode ser um problema para a economia no sentido de que é mais um fator de turbulência interferindo nos negócios”, afirma Carlos Honorato, economista, mestre e PhD em Administração pela FEA-USP e professor da FIA Business School.
O economista Alcântara Macedo considera que a saúde de um dirigente de uma nação como o Brasil sempre traz impacto nos mercados. “No caso do presidente Lula, a fragilidade da sua saúde, seja pela idade ou saúde, já está precificada nos mercados brasileiros. Em relação à não ida a China, temos que esperar 24 horas, no máximo 72 horas, para avaliar o peso disso nos mercados e o impacto da leitura por parte do mercado”.
Para Honorato, o que precisa ser observado é que o Brasil se encontra em um ambiente de muita turbulência. “Temos o interesse de mercado de pressionar o Banco Central e as políticas econômicas para uma mudança, então qualquer fator adicional de instabilidade pode impactar os mercados até porque o clima já não está muito bom”.
“Em relação à viagem da China, pode ser uma pena dependendo de quando isso for adiado, porque dentro do nosso campo estratégico ir a China e ter o encontro com o presidente Xi Jinping realmente nos colocaria num alinhamento desse novo pano de fundo global. As pessoas podem não encarar isso, mas a aliança China e Rússia está dando o tom de uma nova geopolítica global em que o Brasil tem espaços para se aproveitar disso para fazer um pouco de barganha entre os dois lados. Portanto, a não ida dele imediatamente pode nos atrasar um pouco em relação à inserção nesta nova ordem para barganhar dos dois lados”, diz o professor da FIA Business School.
Segundo dados do governo, a China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. Em 2022, a corrente de comércio atingiu recorde de US$ 150,5 bilhões.
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