Turbina de energia eólica
Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – A geradora renovável Casa dos Ventos anunciou nesta quinta-feira um pedido firme à dinamarquesa Vestas de turbinas eólicas equivalentes a 1,31 gigawatt (GW) de potência, marcando o lançamento de dois novos complexos eólicos que somarão cerca de 9 bilhões de reais em investimentos.
O contrato com a Vestas, cujo valor não foi informado, também significa um importante negócio para a dinamarquesa, sendo o maior acordo comercial para turbinas “onshore” da fabricante em toda sua cadeia global, em um momento de turbulências para as principais fornecedoras da indústria eólica.
Os 291 aerogeradores encomendados serão instalados em dois novos complexos eólicos da Casa dos Ventos no Nordeste, o Serra do Tigre, com 756 MW de capacidade instalada, no Rio Grande do Norte; e o Babilônia Centro, com 554 MW, na Bahia.
Os empreendimentos já possuem outorga e conexão assegurada à rede de transmissão de energia, e a contratação da energia que será gerada está em fase avançada junto a grandes consumidores do mercado livre, segundo Lucas Araripe, diretor-executivo da Casa dos Ventos.
“Temos grandes companhias (clientes) que estão bastante dedicadas nessas discussões… Obviamente para nos comprometermos com esse volume de máquinas, temos que ter negociações avançadas. Esperamos em poucos meses anunciar grandes PPAs (contratos de energia) para esses projetos”, disse ele à Reuters.
“São dois novos grandes projetos, (isso) demonstra a confiança que a gente tem na resiliência no setor no Brasil, na transição energética, seja pensando em eletricidade… seja, em parte, fornecer energia para produção de derivados como hidrogênio e amônia verde”, acrescentou.
A Casa dos Ventos, que passou a ter a petroleira TotalEnergies como sócia no ano passado, vem crescendo seu portfólio de projetos de geração, tendo como clientes-âncora grandes indústrias eletrointensivas, como Vale, Anglo American e Unigel. Na véspera, a empresa anunciou um novo acordo de longo prazo com a Braskem.
A entrega dos equipamentos, do modelo V150-4.5MW, está prevista para iniciar no terceiro trimestre de 2024, com comissionamento esperado para o primeiro trimestre de 2025.
As máquinas serão produzidas no Brasil, na fábrica da empresa dinamarquesa em Aquiraz (CE).
“A gente já vem fazendo investimentos na fábrica desde 2016, e na cadeia de suprimentos (também)… Quando temos esses volumes grandes, acabamos gerando impacto em toda a cadeia, então temos crescido bastante o número de fornecedores”, explicou Eduardo Ricotta, presidente da Vestas América Latina.
Segundo o executivo, a capacidade atual da planta cearense é suficiente para atender ao novo contrato com a Casa dos Ventos. O volume de máquinas produzidas pela Vestas no Brasil é superior a 2 GW por ano.
CADEIA DE SUPRIMENTOS PRESSIONADA
O negócio entre as empresas vem em um momento de forte pressão sobre a indústria eólica em todo o mundo. As fabricantes vêm sofrendo com alta demanda e aumentos de custos associados a matérias-primas, sem conseguir repassá-los aos clientes devido a contratos precificados no passado, incorrendo em grandes prejuízos.
Nesta semana, o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) estimou que um recorde de 680 GW de capacidade de energia eólica deverá ser instalado no mundo até 2027, mas apontou riscos associados à cadeia de suprimentos.
No Brasil, a indústria eólica sofreu duas baixas recentes. A General Electric interrompeu as vendas de aerogeradores ao mercado brasileiro em meados do ano passado. Já a Siemens Gamesa anunciou neste ano a hibernação temporária de sua fábrica em Camaçari, “como medida específica para ajustar sua estrutura de produção e atender às demandas atuais do mercado no Brasil”.
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