Ricardo Scheffer é CEO da SONDA Brasil. (Foto: Divulgação)
Com mais de 100 milhões de usuários, o ChatGPT é capaz de inventar
receitas, criar textos acadêmicos, sugerir presentes, escrever e-mails e
planejamentos, além de diversas outras funções que a novidade consegue
executar em segundos.
Criado com base em Inteligência
Artificial (IA), o novo chatbot reúne informações coletadas por
algoritmos e cria repostas aos questionamentos feitos de maneira on-line
pelos usuários. A novidade chocou o mundo, pois se mostrou capaz de
executar atividades profissionais de maneira semelhante aos humanos,
como escrever um artigo ou montar um planejamento, usando linguagem
natural.
Embora o ChatGPT tenha surpreendido por sua enorme
capacidade, a novidade reacendeu uma antiga discussão sobre os limites
da tecnologia e até onde o mundo digital é saudável e benéfico para a
humanidade. Como a IA se comporta de maneira parecida a um cérebro
humano, o debate se voltou em torno da questão: as máquinas conseguirão
substituir os trabalhos humanos no futuro?
Ao falarmos de
tecnologia, sempre existem os dois lados da moeda e, assim como em todos
os casos, há vantagens e desvantagens no ChatGPT. Por sua capacidade de
reunir informações instantaneamente, a ferramenta pode ser um aliado do
ser humano no ambiente de trabalho, contribuindo para que tarefas mais
básicas sejam feitas com mais agilidade.
O chat pode oferecer
respostas rápidas para questionamentos simples, permite a criação de
códigos de programação e, até mesmo, a execução de relatórios e
planejamentos. Nesse sentido, com a ajuda da tecnologia, é possível
otimizar tempo de pesquisas no ambiente de trabalho ou mesmo adiantar
algumas tarefas mais simples, além de facilitar a produção inicial de
projetos. Por exemplo, é possível que a ferramenta formule uma primeira
ideia para uma campanha publicitária e, em seguida, o profissional da
área desenvolva esse conceito.
Mas, em meio aos benefícios,
entramos novamente na discussão filosófica que permeia o debate sobre
como a tecnologia pode ser uma aliada ou uma ameaça ao ser humano. É
possível afirmar que a sociedade pode se beneficiar das inovações
tecnológicas, podemos citar, por exemplo, a Revolução Industrial, que
foi um dos maiores adventos da história e deu ao ser humano a
oportunidade de usar a tecnologia como impulso para seu desenvolvimento
pessoal, intelectual e profissional. Seus efeitos positivos são sentidos
até os dias atuais, como é o caso da criação das locomotivas e estradas
de ferro, que continuam a serem usadas e aperfeiçoadas. Nesse sentido,
podemos dizer que as inovações desenvolvidas naquela época foram
benéficas para o ser humano, de modo geral.
Então, ao
analisarmos as soluções que vêm surgindo no cenário atual, é preciso
ficar atento aos seus efeitos, se serão nocivos ou benignos à sociedade,
e fazer um balanço. Por isso, é importante observar a Inteligência
Artificial para conseguirmos discernir até que ponto essa ferramenta
está atuando como aliada da sociedade ou como algo que poderá ameaçar a
capacidade humana.
Entretanto, analisando este cenário de
maneira mais profunda, já é possível apontar algumas brechas na
capacidade da IA, pois até o momento essas ferramentas não dispõem de
certas habilidades exclusivamente humanas, como pensamento crítico,
empatia ou sentimentos. Hoje, não se vê a possibilidade de um robô
criar, por exemplo, o planejamento estratégico de uma empresa.
Além
disso, há o risco em se confiar cegamente nas tecnologias. Inclusive,
ao perguntar para o ChatGPT se ele é confiável, ele reconhece sua
passividade de cometer equívocos e recomenda uma checagem das
informações repassadas. Vale destacar ainda que, em um cenário no qual o
ser humano dependa 100% da tecnologia, suas funções cognitivas poderiam
ficar comprometidas. Se um robô está sempre disponível para resolver
seus problemas, o indivíduo pode perder a capacidade de lidar com
situações complexas sozinho. Nesse sentido, as capacidades do ser
humano, como analítica, de escrita e de comunicação, podem ser afetadas
pela falta de prática.
Portanto, tendo em vista os pontos
positivos e negativos, a base para conviver em harmonia com as
tecnologias, em geral, é encontrar um ponto de equilíbrio, sabendo usar
suas qualidades, mas sem tornar-se dependente. Se o ser humano não
permitir que ferramentas como o ChatGPT tirem sua capacidade de pensar,
seu uso será benéfico. Então, parafraseando a resposta do nosso mais
novo colaborador “é importante encontrar um equilíbrio saudável entre a
tecnologia e a interação humana”.
https://revistalide.com.br/revista-lide/artigos/artigo-chatgpt-quando-a-inteligencia-artificial-deixa-de-ser-aliada-e-se-torna-ameaca-a-humanidade
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