terça-feira, 31 de outubro de 2023

Petrobras investirá R$ 10 bi em projetos em MG e gerar mais de 200 mil empregos, reitera Prates

Jean Paul Prates | Partido dos Trabalhadores

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reafirmou nesta terça-feira, 31, em uma rede social, que a estatal vai investir R$ 10 bilhões em Minas Gerais. O anúncio ocorreu durante evento no Estado, em que foi convocado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Eles participaram na segunda-feira, 30, do 1º Encontro de óleo, gás e biocombustíveis para fortalecer a cadeia de produção industrial e comercial, em Belo Horizonte.

“O evento foi realizado em parceria com o Ministério de Minas e Energia e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)”, informou Prates, que na ocasião divulgou que a Refinaria Gabriel Passos (Regap) receberia US$ 2,6 bilhões até 2030.

Mais tarde, a Petrobras, via Relações com os Investidores, informou em comunicado ao mercado que os investimentos seriam de R$ 2 bilhões até 2027.

Ainda segundo a companhia, estudos preliminares apontam para o aumento da capacidade de processamento da refinaria para até 40 mil m3 por dia, ante os atuais 26 mil m3 por dia, o que demandaria mais R$ 8 bilhões.

Na rede social, Prates destacou a importância de Minas Gerais para os planos futuros da estatal, com Minas Gerais sendo um dos principais polos geradores de fornecimento, suprimento e serviços para a indústria do petróleo.

“A Petrobras investirá cerca de R$ 10 bilhões em projetos no Estado, como a ampliação da capacidade de processamento da Regap. A expectativa é de que possam ser gerados mais de 200 mil empregos diretos e indiretos”, afirmou.

 

Haddad diz que conversou sobre JCP com Febraban e justifica veto no Marco de Garantias

Haddad evita falar em deficit zero e diz ter meta fiscal pessoal

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 31, que teve reunião para discussão dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) no período da manhã. A Fazenda encaminhou uma proposta que extingue o mecanismo, o que é criticado pelos bancos, que defendem uma contrapartida para evitar o aumento de carga tributária.

“Estamos discutindo, vendo os modelos de vários países”, disse o ministro ao deixar a sede da pasta, reforçando que esse projeto já está no combo de medidas saneadoras de receita enviado neste ano.

Haddad também comentou a sanção com vetos do Marco Legal das Garantias. Um dos vetos diz respeito ao trecho que autorizava a tomada de veículos sem autorização da Justiça para a recuperação de dívidas.

Ele explicou que o veto foi recomendado por outro ministério e reflete uma insegurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quis coibir eventuais abusos com a medida.

O ministro reforçou que a nova lei vai facilitar a execução de garantias no Brasil, com as cautelas devidas em relação ao consumidor, e que o veto não traz prejuízos, porque permite fazer todas as etapas até a emissão da posse por processo administrativo.

“Tanto do ponto de vista do imóvel quanto imóvel alienado, com alienação fiduciária, toda transferência de propriedade do imóvel hoje vai poder fazer com veículo também. A emissão na posse vai depender de uma autorização judicial, mas só na última etapa. O presidente ficou inseguro sobre abuso, mas concorda que precisamos por ordem no sistema de crédito para que a taxa de inadimplência possa cair e spread possa cair”, defendeu o ministro.

Haddad deixou a Fazenda e seguiu para o Palácio do Planalto no período da manhã para se reunir com Lula e líderes de partidos da base do Congresso para discutir a meta fiscal. Questionado se almoçaria com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Haddad negou o compromisso.

 

“Não podemos permitir a desindustrialização no Brasil”, diz novo presidente da CNI


Ricardo Alban diz que há pelo menos cinco pontos essenciais para o futuro da indústria brasileira: estrutura tributária, custo do crédito, infraestrutura e logística, transição energética, capacitação de mão de obra

Ricardo Alban será o novo presidente da CNI
Ricardo Alban será o novo presidente da CNI Divulgação/CNI

Daniel Rittnerda CNN

em Brasília

O empresário baiano Ricardo Alban assumirá a presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na próxima terça-feira (31), com um discurso de que o setor é peça-chave no desenvolvimento do país.

“Não podemos permitir a desindustrialização”, disse Alban, em conversa com a CNN dias antes de sua posse. Ele sucede o mineiro Robson Andrade, que deixa o comando de uma das maiores entidades empresariais do Brasil depois de três mandatos e 13 anos no cargo.

“Qual é a nação do mundo que se desenvolveu sem uma indústria forte e competitiva?”, questiona Alban, argumentando que países ricos ampliaram seus subsídios ao setor em 40% no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado.

Para ele, há pelo menos cinco pontos essenciais para o futuro da indústria brasileira: estrutura tributária, custo do crédito, infraestrutura e logística, transição energética, capacitação de mão de obra.

Quando fala sobre a reforma tributária, Alban elogia a simplificação da estrutura de impostos, mas vê com preocupação a lista de setores contemplados com descontos no futuro IVA “cheio” e com regimes diferenciados.

Uma de suas maiores expectativas com a reforma é que ela possa diminuir a cumulatividade de impostos e viabilizar o adensamento industrial. “No Brasil, a cada passo na cadeia produtiva, acumula-se mais custo do que rentabilidade”, afirma.

Sobre a taxa de juros, Alban avalia que o Banco Central “exagerou” ao elevar a Selic para 13,75% e deixá-la por um ano nesse patamar. Além dos juros básicos, no entanto, ele chama a atenção para o peso do spread bancário nos custos de financiamento das empresas.

No caso da transição energética, o novo presidente da CNI faz uma ressalva sobre a chegada da tecnologia de hidrogênio verde.

Para ele, o Brasil não pode converter-se simplesmente em “exportador de energia” e deve aproveitar o hidrogênio verde na descarbonização da indústria nacional, ajudando na abertura de mercados externos.

“O mundo está disponibilizando muito funding para a transição energética. Temos que aproveitar isso, mas não só exportando energia [por meio do hidrogênio verde]. Se não, nos limitaremos a descarbonizar a indústria lá fora. Precisamos ter polos de indústrias verdes aqui no Brasil, fazendo uso da energia limpa para exportar produtos manufaturados”.

Nova diretoria

A posse de Alban, marcada para terça-feira à noite em um centro de convenções de Brasília, deve reunir grande quantidade de empresários e autoridades.
Graduado em engenharia mecânica e administração de empresas, Alban é sócio-diretor da fábrica de biscoitos Tupy e ocupou cargos no Citibank. Ele preside atualmente a Federação das Indústrias da Bahia (Fieb).

Alban fará algumas trocas na cúpula da CNI. Uma delas é a ida do ex-senador Roberto Muniz (BA) para a diretoria de relações institucionais, que coordena a atuação da entidade junto ao governo e ao Congresso.

Rafael Lucchesi, que é diretor-geral do Senai, deverá assumir a área de economia e desenvolvimento industrial da CNI, responsável pelos principais indicadores e estudos econômicos da entidade.

A dias da posse, Alban garante: “Toda e qualquer indústria, de qualquer tamanho e de qualquer setor, será a nossa prioridade na CNI”.

 

Haddad anuncia novos indicados para diretorias do Banco Central; veja quem são


Ministro se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na última semana para apresentar os nomes; indicações ao BC passam por sabatina e devem ser aprovadas pela Casa Alta 

 

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad 13/03/2023REUTERS/Adriano Machado

Cristiane NorbertoElis Barretoda CNN

em São Paulo e em Brasília


Haddad indicou Paulo Picchetti, professor da FGV, para a diretoria de Assuntos Internacionais e Rodrigo Alves Teixeira, servidor de carreira, para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.

Segundo Haddad, os nomes serão entregues ao Senado ainda nesta segunda e não darão entrevistas a pedido de Haddad. O petista se reuniu com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na última semana para apresentar os nomes. As indicações ao BC passam por sabatina e devem ser aprovadas pela Casa Alta.

“Utilizei a semana passada para conversar com [Rodrigo] Pacheco e Roberto Campos Neto, por uma questão de liturgia, para que eles fizessem suas considerações sobre as pessoas indicadas pelo presidente por meu intermédio. Estou extremamente gratificado de ter sido o mediador desses nomes, que vão dar muita contribuição para a população. São nomes que contam com o apoio do presidente e vão ser acolhidos pela instituição. Penso que continuaremos em momento de muita troca de informações pelo bem do país”.

Os dois assumem com o fim dos mandatos da diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, e de Relacionamento, Mauricio Moura, que serão encerrados em 31 de dezembro. Paulo substitui Fernanda e Rodrigo substitui Maurício.

Os dois diretores que deixarão seus cargos no final do ano fazem parte do grupo que defendeu uma postura mais rígida do Banco Central quanto aos juros, votando por uma redução menor da taxa Selic na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom), quando foram iniciados os cortes.

As mudanças devem levar ao BC o olhar do governo para o Comitê. Os dois primeiros indicados, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, votaram pelo corte robusto na Selic e permitiram a queda de 0,5 ponto percentual.

Nos primeiros meses do Lula 3, o Executivo e sua base aliada bombardearam o BC por sua política monetária restritiva.

Após a indicação, os nomes devem ser chancelados tanto pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado quanto pelo Plenário da Casa. A expectativa é de que sejam aprovados ainda este ano para já estarem presentes na primeira reunião do Copom em 30 e 31 de 2024.

 

Hidrogênio verde trava na Câmara após resistência da Fazenda a incentivo tributário

O Ministério da Fazenda se opôs à sugestão feita pelo deputado Bacelar (PV-BA) de criar um regime especial de incentivos tributários à produção de hidrogênio com baixa emissão de carbono, o que atrasou o avanço da matéria relatada pelo parlamentar na Câmara. A proposta foi incluída no primeiro parecer apresentado à Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Casa.

Em meio à resistência da equipe econômica, um segundo documento foi elaborado e deverá ser protocolado após reunião com técnicos do governo. A votação do relatório, prevista inicialmente para amanhã, deve ser adiada. O projeto tem foco no hidrogênio verde, uma das formas de se gerar energia de forma mais sustentável, com baixa emissão de carbono.

De acordo com Bacelar, a Fazenda resiste a esses pontos do projeto justamente por avaliar que não há como conceder benefícios fiscais no momento em que encampa um discurso de combate às isenções tributárias para atingir o déficit zero nas contas públicas no ano que vem. O relator, no entanto, rebate o argumento da equipe econômica.

“Estamos defendendo incentivos fiscais para indústria nascente, então não haverá perda (de receita), porque o governo não arrecadou nada nesta indústria. O Estado não está abrindo mão de uma receita que já tem. Indústria nova sem incentivo não instala. Se ela não instala, o Estado não arrecada, e isso vira um círculo vicioso”, afirmou o relator.

“Eu não vejo como desenvolver programa inovador com hidrogênio verde sem incentivo. No mundo todo, onde hidrogênio tem sido desenvolvido tem sido através de incentivo, mas vamos ver que outras alternativas (a Fazenda vai apresentar)”, continuou o deputado. Ele disse que as equipes técnicas vão se reunir nesta tarde para discutirem o teor do texto.

O relatório elaborado por Bacelar cria o “Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono”, o chamado “Rehidro”, para empresas que sejam habilitadas para a produção de hidrogênio de baixo carbono no prazo de até cinco anos da publicação da lei. As pessoas jurídicas que fazem parte do Simples Nacional não poderão participar do programa.

O texto estabelece, por exemplo, que as beneficiárias serão desoneradas em impostos federais nas importações e aquisições no mercado interno de itens e matérias-primas relacionadas à produção de hidrogênio. A água e a energia elétrica, segundo o relatório, serão consideradas matérias-primas para a produção do hidrogênio de baixo carbono e, portanto, não serão tributadas.

O parecer determina ainda que a empresa poderá obter um crédito de 100% sobre a Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) relativa a exploração de patentes, uso de marcas, importação de serviços técnicos e remessas para o exterior a título de royalties durante os primeiros cinco anos de ingresso no programa, e de 50% após este período.

As beneficiárias que estão inseridas no regime de lucro real terão também incentivos fiscais na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incluem, por exemplo, depreciação integral, no próprio ano da aquisição, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, além de exclusão, em relação ao lucro líquido, dos custos e despesas com capacitação de pessoal. Pelo texto, as empresas do Rehidro também poderão emitir debêntures incentivadas.

 

Começa a reunião do Copom de novembro, com análise de conjuntura

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou às 10h08 desta terça-feira, 31, a primeira parte da reunião que decidirá na quarta-feira, 1º de novembro, pelo novo patamar da Selic, hoje em 12,75% ao ano. A expectativa unânime do mercado é de continuidade dos cortes na taxa básica de juros, com mais uma redução de 0,50 pp amanhã, para 12,25% ao ano.

A sessão iniciada há pouco é de análise de conjuntura, primeira parte da reunião em que o Copom revisita temas importantes para a tomada de decisão da taxa Selic.

A discussão sobre a conjuntura se estende pela tarde de hoje e a manhã desta quarta-feira. Amanhã à tarde, ocorre a segunda parte do encontro, quando o colegiado define o nível da Selic, que é anunciado a partir de 18h30.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 57 instituições financeiras consultadas acreditam que o Copom manterá o plano de voo e fará mais um corte de 0,50 ponto, para 12,25%.

Para 55 delas (96%), o colegiado seguirá nesse ritmo até o fim de 2023, enquanto duas (4%) preveem aceleração do ritmo de baixa a 0,75 ponto em dezembro. Para o Copom de janeiro, de 50 casas, 46 (92%) preveem mais um corte de 0,50 ponto, três (6%) esperam um corte de 0,75 ponto e uma (2%), desaceleração para 0,25 ponto.

No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para “manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Desde a última reunião, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros diretores reforçaram que a sinalização continua sendo de novos cortes de 0,50 pp.

Além de enfatizar que a “barra” para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo, Campos Neto destacou que, apesar de os riscos para a inflação global terem aumentado, a dinâmica para a inflação doméstica segue benigna.

No Boletim Focus, a mediana para a inflação de 2023 passou de 4,86% no último Copom, em setembro, para 4,63% na última divulgação, 0,12 ponto abaixo do teto da meta (4,75%). Para 2024, houve leve piora entre as duas reuniões, de 3,86% para 3,90%, contra o alvo central de 3,00%. Já para 2025 e 2026, as estimativas continuaram estacionadas em 3,50%, ainda desancoradas em relação à meta contínua de 3,00%.

Em setembro, as projeções do próprio Copom eram de 3,5% em 2024, foco prioritário desta reunião, e 3,1% para 2025, que tem peso menor no horizonte relevante.

 

Subsea 7 fecha contrato com Petrobras para desenvolver campo Mero 4 de petróleo no Brasil

 Subsea 7 - Conheça um caso de sucesso - PRVTECH

l

A Subsea 7 confirmou nesta terça-feira, 31, que conseguiu um grande contrato com a Petrobras, para o desenvolvimento do campo petrolífero de Mero 4, na região offshore do Brasil. A companhia de serviços de energia offshore da Noruega disse que o contrato foi anunciado em sua forma redigida no mês passado e registrado em seu backlog do terceiro trimestre de 2023.

O contrato abrange engenharia, licitação, fabricação, instalação e pré-comissionamento de 76 quilômetros de dutos, com gerenciamento de projeto e de engenharia com início imediato, e operações offshore previstas para 2025 e 2026, disse ela.

A Subsea 7 define um grande contrato como aquele em que sua parcela de receita supera US$ 750 milhões. Fonte: Dow Jones Newswires.

Anac lança Fly2Brazil, site com informações para facilitar entrada de aéreas estrangeiras

ANAC lança Fly2Brazil para facilitar a entrada de empresas aéreas  estrangeiras no país — Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lançou nesta segunda-feira, 30, o hotsite Fly2Brazil, com objetivo de concentrar informações sobre as regras para atração de empresas aéreas estrangeiras para o Brasil. Segundo a Anac, o objetivo é fomentar o aumento da concorrência no setor, aumentar conexões do país com o exterior e democratizar ainda mais o acesso ao transporte aéreo no médio prazo.

No hotsite, estão orientações sobre a atuação de voos não regulares, os chamados voos de fretamento, e voos regulares, com frequências estabelecidas. Também estão disponíveis orientações relativas à atuação com código compartilhado, operação na qual uma empresa autoriza outra a utilizar seu código de identificação, permitindo que passageiros comprem bilhetes com a empresa parceira para voos operados pela primeira.

O setor passou por reformulação de regras em setembro do ano passado. Entre as medidas, agora as empresas estrangeiras estão isentas da Autorização Prévia de Funcionamento, podendo efetuar registro diretamente na Junta Comercial e tratar da Autorização de Operação junto à Anac. Com isso, houve redução de prazo de 270 para 30 dias, em média, para que as estrangeiras possam começar a realizar novos voos para o Brasil.

 

O agronegócio, fonte de riqueza e polêmica

Agronegócio: o que é, características, setores - Brasil Escola

Com sua vasta produção de soja, carne, algodão e, agora, também milho, o Brasil se destacou como uma potência global no agronegócio, um setor robusto que, ao mesmo tempo, enfrenta críticas, principalmente devido ao desmatamento na Amazônia.

O Ministério da Agricultura anunciou recentemente que o valor da produção agrícola brasileira atingirá um recorde histórico de R$ 1,15 trilhão neste ano.

O agronegócio, que engloba não apenas a produção agrícola, mas também outras atividades do setor, como insumos e indústria alimentícia, representa um quarto do PIB do Brasil e respondeu por metade das exportações do país no primeiro semestre.

– O que explica essa pujança?

Sendo o quinto maior país do mundo, o Brasil ascendeu ao pódio das potências agrícolas globais nas últimas três décadas. Atualmente, é o maior produtor e exportador mundial de soja, açúcar e café. Além disso, é o principal fornecedor de carne bovina e de frango, e o segundo maior produtor de algodão. Também irá superar neste ano os Estados Unidos como principal exportador mundial de milho.

Desde a época colonial, o desenvolvimento do Brasil tem se concentrado na agricultura, passando pela cana-de-açúcar, pelo algodão, pela febre da borracha e pelo ciclo do café, que durou mais de um século.

O ponto de inflexão ocorreu nas décadas de 1960-1970, quando a ditadura militar colocou em prática uma “revolução verde”, expandindo a fronteira agrícola para a região amazônica e o Cerrado.

Impulsionada pela demanda chinesa, a soja se expandiu maciçamente para alimentar o gado em todo o mundo.

“Os trabalhos de melhoramento genético, as técnicas que aprimoraram os solos, corrigindo a acidez e aumentando a fertilidade”, juntamente com o desenvolvimento de pesticidas, permitiram que, seguida do milho e algodão, a soja se expandisse às regiões tropicais do país, explicou à AFP a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O desenvolvimento do cultivo sem a necessidade de remoção da terra e a introdução de variedades transgênicas – que ocupam hoje entre 80% e 90% das superfícies dedicadas à soja e ao milho e algodão – no início dos anos 2000 permitiram ao Brasil realizar duas ou até três colheitas por ano, levando a uma triplicação da produção ao longo de duas décadas.

– O sucesso tem um custo?

O modelo que permitiu essa expansão, no entanto, enfrenta polêmicas. De 2019 a 2022, o agronegócio esteve intimamente ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Com o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, promessas rigorosas foram feitas contra o desmatamento na Amazônia (que disparou durante o mandato de Bolsonaro) e para a proteção das terras indígenas, temas diretamente ligados à expansão do agronegócio.

Questões relacionadas à agricultura e aos pesticidas e organismos transgênicos também foram foco das negociações com a União Europeia, que condiciona a conclusão do acordo de livre-comércio com o Mercosul a garantias ambientais.

– Quais são as perspectivas?

Ao mesmo tempo que Lula se compromete a erradicar o desmatamento até 2030, ele terá que ceder em relação ao agronegócio, apoiado por um forte lobby no Congresso.

O presidente busca abrir novos mercados para os produtores brasileiros, negociando acordos comerciais, especialmente com a China, seu principal parceiro comercial.

O setor agrícola, por outro lado, busca melhorar suas credenciais, para não afugentar os consumidores internacionais, cada vez mais preocupados com a origem ecológica dos produtos.

“As empresas da área da pecuária trabalham duro, buscando efetivamente a rastreabilidade, é fundamental para poder valorizar sua carne nas exportações”, afirmou Caio Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), destacou o acordo concluído neste ano com a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) para conciliar o cultivo de soja com a proteção do Cerrado.

Para os ambientalistas, no entanto, isso não é suficiente: “O passo mais relevante seria o desmatamento zero”, disse Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil. “A monocultura de larga escala prejudica a biodiversidade. Outros modelos têm que ser priorizados pela política pública, como a agroecologia”, acrescentou.

Isso é urgente, pois os efeitos das mudanças climáticas já têm impacto nos rendimentos agrícolas. “É preciso avançar para um modelo sustentável”, afirmou Britaldo Soares Filho, especialista em modelagem de sistemas ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “À medida que o agronegócio impulsiona a degradação ambiental, é um tiro no pé”, concluiu.

 

Desemprego cai a 7,7%, com recorde de trabalhadores ocupados no país, diz IBGE


Desemprego cai a 7,7%, com recorde de trabalhadores ocupados no país, diz IBGE

Outro dado positivo foi sobre o salário brasileiro: o rendimento real habitual (R$ 2.982) cresceu 1,7% no trimestre e 4,2% no ano. (Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

 

A taxa de desocupação no Brasil caiu a 7,7% no trimestre encerrado em setembro de 2023, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) indicou que a queda foi de 0,4 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre de abril a junho de 2023 (8,0%). Esse foi o menor patamar registrado desde fevereiro de 2015 (7,5%), com recorde de pessoas trabalhando.

Foram menos 331 mil pessoas em regime de desocupação, ficando em 8,3 milhões e representando um recuo de 3,8% na taxa. Considerando os últimos 12 meses, são menos 1 milhão de pessoas desocupadas.

Ainda segundo o IBGE, a taxa composta de subutilização (17,6%) ficou estável no trimestre (17,8%) e caiu 2,5 p.p. ante o mesmo trimestre de 2022 (20,1%). Foi a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015 (17,4%). A população subutilizada (20,1 milhões de pessoas) ficou estável no trimestre e recuou 14,0% frente ao mesmo período de 2022.

Outro dado positivo foi sobre o salário brasileiro: o rendimento real habitual (R$ 2.982) cresceu 1,7% no trimestre e 4,2% no ano.

 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Desestatização da Eletrobras foi ‘mal feita’, diz vice-presidente do TCU

O vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Vital do Rêgo, avaliou nesta segunda-feira, 30, que a desestatização da Eletrobras foi “mal feita”. Porém destacou que o tribunal não participa das decisões do governo.

“Não questiono a desestatização. O TCU acompanha o processo de desestatização”, apontou Vital do Rêgo, participante nesta segunda-feira do Fórum BNDES de Direito e Desenvolvimento, na sede do banco de fomento, na região central do Rio. “O que me interessa é dizer se ela (desestatização) foi mal feita ou foi bem feita.”

Ele frisou que o tribunal cumpre metas e prazos em suas avaliações. “Temos prazo para entregar relatório pronto, 90 dias.”

Segundo ele, TCU já tem votos para ser chefe de auditoria da ONU.

Também participante do evento no Rio, o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que, no governo anterior, houve uma redução irracional do tamanho do Estado brasileiro. De acordo com o advogado-geral da União, há dois tipos de risco no desafio de desenvolvimento: de um lado, apostar tudo numa aceleração, sem levar em conta as consequências e de outro a precaução absoluta, sacrificando o desenvolvimento.

“O governo anterior trouxe ambos os riscos e ainda favoreceu uma ampla agenda de degradação ambiental”, afirmou Messias. “Por isso, o Brasil tem um desafio ainda maior que o de outros países.”

Ele criticou ainda o processo de privatização conduzido no governo de Jair Bolsonaro, chamando a iniciativa de “no mínimo questionável”, e citou a Eletrobras: “não vamos abrir mão do papel da propriedade da União naquela empresa”.

Segundo Messias, o desafio que o governo federal enfrenta atualmente “não é trivial”, por ser um governo de união e de reconstrução.

Os riscos do caminho para o desenvolvimento, comentou, podem ser gerenciados a partir de uma estratégia política. “Hoje conseguimos apontar o caminho de ressignificação do papel de estado”, disse Messias. “Porque conseguimos nessa perspectiva fazer algo muito importante, resgatar a política como local nobre de resolução de conflitos.”

Para ele, a condução das empresas estatais deve ser realizada em linha com os anseios da maior parte da população, inclusive nas empresas estatais.

Messias reforçou ainda o papel da Advocacia-Geral da União para eliminar a insegurança jurídica, citando medidas da atual gestão para reduzir o estoque de processos aguardando apreciação. “A litigância é irmã gêmea da insegurança jurídica.”


BNDES firma acordos com STF e CNJ por segurança jurídica e redução de litígios no País

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou nesta segunda-feira, 30, um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) que lança o Fórum BNDES de Direito e Desenvolvimento. Segundo o banco de fomento, o objetivo do Fórum “é fomentar o debate público sobre o papel das instituições jurídicas na efetivação do objetivo constitucional do desenvolvimento”.

O BNDES anunciou também a primeira pesquisa jurídica apoiada pelo seu Fundo de Estruturação de Projetos, que será realizada em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, serão conduzidos estudos com objetivo de aumentar a segurança jurídica e reduzir o número de litígios em tribunais superiores.

“Estamos firmando hoje com o BNDES um acordo muito importante de pesquisas para aferir por que no Brasil temos essa litigiosidade tão grande, creio que seja a maior do mundo”, disse Barroso, durante a cerimônia de lançamento do Fórum BNDES de Direito e Desenvolvimento, na sede do banco de fomento, no Rio de Janeiro.

O presidente do Supremo indicou que será feita uma pesquisa nacional, para identificar as causas do excesso de litígios, mas também internacional, para descobrir como o assunto é tratado em outros países.

Para o presidente do banco, Aloizio Mercadante, o Brasil tem uma janela de oportunidade em diversas frentes, mas precisa de segurança jurídica para que possa aproveitá-las.

“Faremos estudos para buscar uma cultura de conciliação, de arbitragem e reduzir custo jurídico e temporal da litigância que temos”, contou Mercadante.

Os acordos foram firmados durante a cerimônia por Mercadante e Barroso, assim como pela secretária-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Adriana Cruz, pelo diretor de Compliance e Riscos do BNDES, Luiz Augusto Fraga Navarro de Britto Filho, e pelo diretor Jurídico do BNDES, Walter Baère.

A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Maria Thereza de Assis Moura, lembrou que o judiciário está num processo de busca de maior eficiência no sistema processual. Ela defendeu a adoção do filtro de relevância para tentar corrigir o excesso de recursos que chegam à instância superior.

“Não há corte superior no mundo que consiga garantir segurança jurídica com esse volume de demanda”, defendeu a presidente do STJ.

Durante a cerimônia, foi realizada ainda uma homenagem ao ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski.

“O desenvolvimento humano é um direito”, discursou Lewandowski, lembrando que está previsto em diferentes tratados internacionais e na própria Constituição brasileira.

 

Reforma tributária vai impulsionar as exportações de carne, diz Alckmin


Reforma tributária vai impulsionar as exportações de carne, diz Alckmin

Segundo vice-presidente da República, a reforma tributária vai ajudar, porque vai desonerar completamente a exportação e o investimento. (Crédito: Lula Marques/Agência Brasil)

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse que a reforma tributária vai favorecer as exportações de proteína animal. Na inauguração de uma planta da JBS em Rolândia (PR), na sexta-feira, 27, ele também defendeu a diversificação das exportações brasileiras.

“Ao invés de exportar só a soja, exportar o frango e outros produtos para agregar valor e conquistar o mercado. A ereforma tributária vai ajudar, porque vai desonerar completamente a exportação e o investimento”, afirmou a solenidade. “O arcabouço fiscal também pode ajudar, porque reduz os juros que estão em queda. O câmbio também, que se mostra competitivo”, afirmou.

Na visita às instalações, Alckmin destacou ações de sustentabilidade na agroindústria e falou sobre a geração de empregos na região.

“Estamos vendo a neoindustrialização com tecnologia de ponta de um lado, e iniciativas sustentáveis do outro, desde os caminhões elétricos às fontes de energia renovável. Além disso, teremos impactos na geração de empregos no setor primário, indústria e serviços, porque vem muita gente da cidade”, disse.

 

Boletim Focus: projeção para Selic no fim de 2024 passa de 9,00% para 9,25% ao ano

Projeção do Boletim Focus para Selic no fim de 2024 passa de 9,00% para 9,25% ao ano

Já a expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11,75% ao ano pela 12ª semana consecutiva no Boletim Focus. (Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

 

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado mudou a mediana para a expectativa de Selic terminal no atual ciclo de flexibilização, de 9,00% para 9,25% ao fim de 2024, aponta o Boletim Focus nesta segunda-feira, 30. Há um mês, a estimativa era de 9,00%. Com a piora do cenário externo e com dúvidas sobre o fiscal, os economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central passaram a estimar um corte a menos na taxa básica de juros no próximo ano.

Já a expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11,75% ao ano pela 12ª semana consecutiva no Boletim Focus. A expectativa segue a sinalização mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais duas vezes este ano: nesta semana e em dezembro. Atualmente, após duas quedas, o juro básico da economia está em 12,75% ao ano.

Considerando apenas as 92 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, também passou de 9,00% para 9,25%, com 92 atualizações na última semana.

No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para “manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. Na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, acrescentou que a “barra” para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo.

Os membros do Copom afirmaram ainda que, dado o momento de grandes incertezas, não há ganhos em adiantar o tamanho do ciclo de cortes, mas reforçaram que será o necessário para garantir a convergência da inflação à meta.

No Boletim Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 também aumentou, de 8,50% para 8,75%. Um mês antes, era de 8,50%. Para 2026, a projeção continuou em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.

 

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

JBS inaugura duas fábricas de processados de frango no Paraná, com investimento de R$ 1 bilhão

Logo JBS – Logos PNG

Com investimento de R$ 1 bilhão, a JBS vai inaugurar nesta sexta-feira, 27, duas fábricas destinadas à produção de empanados de frango e de salsichas da marca Seara, no complexo industrial de Rolândia (PR). As novas unidades fazem parte do plano de investimentos de R$ 8 bilhões anunciado pela empresa em 2019. De acordo com o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, as unidades “refletem o foco absoluto em qualidade superior por meio de inovações e crescimento no mercado”, disse ele ao Broadcast Agro.

A expansão, segundo o executivo, é parte do plano de fortalecimento da posição da companhia em produtos de alto valor agregado, a fim de expandir a plataforma multiproteínas da empresa, que resultou também na aquisição de marcas nos mercados europeu e norte-americano, além da construção de uma fábrica de especialidades italianas da Principe, em Missouri, nos Estados Unidos.

Com a inauguração das duas unidades, o centro fabril do Paraná permitirá à Seara avançar em sua estratégia de expansão em produtos de maior valor agregado, em particular no segmento de empanados de frango. Hoje, a Seara – que é o braço de suínos e aves da JBS – já detém mais de 30% de participação de mercado brasileiro de cortes de frango, segundo pesquisa do Instituto Kantar. “A Seara não tinha disponibilidade de alguns produtos processados. O grande objetivo é aumentar a capacidade da empresa”, disse Tomazoni.

Para o CEO da JBS, a tecnologia da fábrica também permitirá que a companhia industrialize produtos até agora indisponíveis no mercado doméstico. “Colocamos uma camada adicional de valor na nossa produção”, disse. Segundo Tomazoni, a penetração de empanados de frango nos lares brasileiros ainda é baixa, com cerca de 30%, quando comparada a mercados como Reino Unido (66%) e Estados Unidos (54%).

Nesta nova etapa, a empresa pretende mudar de patamar no mercado de salsichas de frango, inicialmente com a oferta de uma linha do produto. “Esse é um mercado com alta penetração no Brasil, queremos agregar qualidade tanto na marca quanto na embalagem, com ofertas para os ‘dogueiros'”, disse ao Broadcast Agro o CEO da Seara, João Campos. A nova fábrica também tem estrutura de processamento a partir de outras proteínas animais.

“Quando falamos das marcas, temos um foco muito grande no consumo para fazer as mudanças. O brasileiro adora empanados, o mercado não crescia tanto porque a oferta não fazia jus ao que o consumidor demandava”, comentou. De acordo com Campos, a capacidade das plantas será ampliada conforme os indicativos do consumidor, seguindo os diferenciais já presentes nos produtos da empresa como inovação, qualidade e sabor.

A nova planta destinada à produção do embutido será a mais automatizada da Seara no Brasil e uma das mais modernas da JBS no mundo, compatível com padrões globais de segurança sanitária, garante a empresa. De acordo com a JBS, a fábrica terá o segundo maior forno de cozimento e defumação de salsichas do mundo (o primeiro fica na Romênia) e contará com robôs para as esteiras de produção e de embalagem. A fábrica também já nasce com protocolos de sustentabilidade, como coleta de águas pluviais e utilização de veículos elétricos para trânsito interno.

Antes das novas fábricas, o complexo industrial abrigava cerca de 3.800 colaboradores. A planta tem capacidade para expansão, contemplando mais cinco linhas de empanados e duas de salsicha. Essa ampliação será definida de acordo com o crescimento do negócio e a demanda de mercado. Quando isso ocorrer, a unidade poderá chegar a 6 mil funcionários. O plano, afirma o CEO da Seara, é “aumentar o portfólio e desafiar o mercado a crescer nesse segmento, como já estamos fazendo com os empanados de frango. Tudo isso graças à alta tecnologia embarcada nessa planta”, disse Campos.

Com essas etapas de expansão do complexo realizadas em 2023, já estão em operação três linhas de produção, sendo duas de empanados e uma de salsicha, acrescentando 700 novos empregos.

 

"Longe do ideal, reforma tributária é melhoria substancial"


Em entrevista à DW, Edmar Bacha destaca importância desta reforma para a economia brasileira. Mudança deve trazer mais arrecadação a médio prazo e longo prazo.Longe de ser ideal pelo volume de reduções ou isenções de alíquotas, a reforma tributária poderá representar “melhoria substancial” na tributação do consumo no país, caso o parecer do relator seja acolhido no Senado. A avaliação é do economista Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, sobre o relatório da reforma apresentado nesta quarta-feira (25/10) pelo senador Eduardo Braga (MDB/AM).

“Gostei especialmente da determinação que todas as isenções sejam submetidas a cada cinco anos a uma avaliação de custo-benefício, podendo ser reduzidas ou eliminadas”, disse o economista à DW.

Para Bacha, a reforma tributária teria o potencial de impactar a economia nacional de maneira semelhante ao Plano Real, caso não tivesse sido modificada com a inclusão de jabutis – regras alheias à proposta original – durante a tramitação na Câmara dos Deputados. O plano econômico, adotado na década de 1990, foi um marco no combate à inflação, estabilizou a economia e criou condições positivas para a atividade e o investimento.

A previsão é que a proposta do relatório seja votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na primeira semana de novembro e então seguirá para a avaliação do plenário.

A reforma unifica a legislação tributária e transforma cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) em três: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo. Cada um terá um período de transição para entrar em vigor.

Em entrevista à DW, Bacha comentou ainda a evolução da economia brasileira este ano, a situação fiscal e a fragilidade do ambiente externo, com as guerras em curso e o turbulento processo eleitoral argentino.

DW: Que eixos devem ser encarados pelo governo para um arranjo econômico melhor para o país?

Edmar Bacha: A coisa mais importante é reforma tributária. A reforma tributária, da maneira como foi concebida inicialmente, poderia ter um impacto sobre a economia brasileira parecido com o que o Plano Real teve. Uma unificação dos impostos, simplificação tributária, tarifa única para todos os produtos, bens e serviços. Isso seria extraordinário porque a complexidade do sistema tributário sobre o consumo no Brasil é extraordinária. As firmas têm de criar sistemas contábeis complexos. Têm de estar permanentemente acionando o governo. A quantidade de disputas policiais tributárias que existem no Brasil é sem paralelo no mundo.

Como avalia a tramitação na Câmara?

Resolver esse problema seria uma maravilha, mas para isso é preciso haver uma unificação. Em parte, porque o presidente Lula não se empenhou e em parte porque o Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados] queria mandar a coisa para a frente. De qualquer jeito, criaram uma proposta que foi aprovada na Câmara com uma centena de jabutis, que distorcem totalmente a ideia inicial dessa simplificação e unificação dos impostos. Então, agora, a expectativa seria uma recomposição da proposta original no Senado. Mas para isso é preciso que o governo esteja lá dentro.

Como avalia o relatório da reforma tributária apresentado pelo senador Eduardo Braga?

Numa primeira e rápida leitura me parece que o parecer, embora longe do ideal dado o número de exceções ao tributo padrão, se acolhido representaria uma substancial melhoria em relação ao atual sistema de tributação do consumo. Gostei especialmente da determinação que todas as isenções sejam submetidas a cada cinco anos a uma avaliação de custo-benefício, podendo ser reduzidas ou eliminadas por legislação infraconstitucional.

Quais as expectativas de médio e longo prazo com a reforma?

Essa reforma tributária do consumo não necessariamente vai gerar a curto prazo aumento de impostos. A médio prazo e longo prazo sim, não porque aumenta a carga tributária, mas porque aumenta o PIB. Aumentando o PIB, aumenta a arrecadação. Então um eixo fundamental que falta seria concentrar esforços para uma reforma tributária de consumo de primeiro mundo, como era na proposta original. Agora para poder fazer isso, é preciso cuidar da segunda parte, que é a redução do gasto. Porque senão o déficit aumenta, mas aí o governo fica concentrando esforços em outras coisas para aumentar a receita. Essa é uma questão central que precisaria ser remediada.

Este ano a economia avançou de alguma forma e que desafios existem?

Em geral, podemos dizer que a economia está se comportando melhor do que os economistas prediziam no começo do ano, dado especificamente o fato de o Congresso ser dominado pelo Centrão e o governo do PT ser muito ainda dentro de lógica estatal protecionista e muito pouco reformista, como o Brasil precisa. Então, havia essa perspectiva de que a maneira de conciliar o nacional estatismo do lulo-petismo com a voracidade do Congresso, do Centrão, seria gastar mais. E isso oferecendo uma perspectiva muito ruim, em termos não somente fiscal, mas do crescimento da dívida e da necessidade de o Banco Central manter juros reais muito altos por muito tempo.

E como foi a evolução?

Comparado com essa perspectiva, estamos indo melhor do que se esperava. Apesar de o Centrão estar basicamente sob o controle de Arthur Lira. Por um lado, tem esse lado fisiológico, mas por outro também tem uma certa preocupação com a situação fiscal. De fato, o controle da situação fiscal está na mão do ministro da Fazenda, o Fernando Haddad, que é uma pessoa muito sensata. E, nesse sentido, as coisas estão melhores do que a gente previa.

Ele faz um bom trabalho?

Com certeza. O problema do Haddad, nem é a oposição. O problema do Haddad é o ‘fogo amigo' e a dificuldade de lidar com essa voracidade característica tanto do Centrão quanto essa visão ideológica do PT, sintetizada anos atrás pela ex-presidente Dilma Rousseff de que “gasto é vida”. Essa ideia de que o país vai para frente se o governo gastar mais. Ele está tratando de lidar com essa situação. Agora, a questão fiscal brasileira continua fundamentalmente em aberto. O que preocupa? Há a discussão sobre a dificuldade de cumprir os superávits fiscais previstos estes dois anos.

Visto de hoje, é praticamente impossível cumprir a meta fiscal. Porque o governo insiste em gastar mais, se recusa a considerar propostas de reforma administrativa, reforma previdenciária, prosseguir no programa de privatizações, que poderiam reduzir o gasto. E fica nessa crença de que, entre aspas, taxando os ricos eles vão conseguir tapar o buraco. Nós sabemos, obviamente, que a taxação dos fundos offshore, dos fundos fechados, é mais do que devida. Mas ela não vai gerar os recursos suficientes no nível que o governo necessita para cumprir as metas fiscais.

Na perspectiva da arrecadação, um crescimento maior ou alguma medida poderia beneficiar o atingimento das metas?

O problema é aonde que vai sair o crescimento. Este ano está surpreendendo, não é? Mas o ambiente externo está muito ruim. Há mais uma guerra no mundo, como se não bastasse a Ucrânia ser invadida pela Rússia. A tensão contínua entre a China e os Estados Unidos. O ambiente externo está muito frágil.

E localmente, na nossa região, as eleições na Argentina, enfim, estão totalmente turbulentas. Tudo indica que a Argentina vai entrar numa hiperinflação. O que será péssimo para eles, mas muito ruim também para o Brasil. Nessas circunstâncias, era preciso um pouco mais de tranquilidade. E fazer uma revisão dos gastos para assegurar que o Brasil mantenha alguma perspectiva de continuado acesso ao mercado internacional tanto de bens quanto de capital.

Acredita que a Argentina precisará passar por uma experiência de extrema direita, como o Brasil passou?

Acho que não é uma questão de extrema direita. É questão de como a Argentina vai conseguir lidar com essa inflação galopante. E com uma defasagem, já deve estar até mais 150%, o dólar blue [cotação paralela] deve estar chegando a quase mil pesos. E acelerando, com a perspectiva de Javier Milei ameaçando fazer uma dolarização imediata. A Argentina tem reservas internacionais negativas e isso só pode ser feito se liquidar o valor do peso, ou seja, se houver uma hiperinflação, que será extremamente penosa, especialmente para as classes mais baixas da Argentina. Os trabalhadores que não têm acesso a dólares.

A desvalorização, caso feito, seria um novo choque de empobrecimento no país?

Com certeza, mais ainda do que está acontecendo. Quem carrega peso hoje em dia são os trabalhadores, o pessoal mais pobre. Enfim, se você acelerar a inflação, quem vai sofrer, vai ser um sofrimento terrível. Sabe-se lá o que é que vai resultar disso? Enfim, a situação é muito preocupante.