Pessoa em frente a prédio em construção no Rio de Janeiro
Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) “de papel” foram o destaque durante os primeiros sete meses do ano, apontam especialistas e um levantamento exclusivo feito a pedido do site IstoÉ Dinheiro.
FII de papel é a nomenclatura informal para os fundos que investem em outros ativos de investimento imobiliário, ou seja, em seu portfólio estão Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou fundos de fundos. Também podem ser chamados de FIIs de títulos e valores mobiliários (TVM).
Já fundos de tijolo tiram seus rendimentos de imóveis físicos, incluindo shoppings, lajes corporativas e galpões de logística. Há ainda fundos de características híbridas.
“Quando você tem uma Selic mais alta você tem uma tendência de maior de volatilidade, uma fuga do investidor dos fundos de tijolo”, explica o responsável por fundos imobiliários da Nomos, Tiago Waldeck. “Eles vão para onde tem uma segurança maior, seja para renda fixa ou fundos de recebíveis, que vão receber dividendos maiores.”
Confira os destaques dos fundos imobiliários em 2024 até o último dia 8 de agosto, segundo levantamento feito por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Os dados consideram o “total return”, ou seja, o retorno com valorização e reinvestimento de dividendos dos ativos:
Cenário de incerteza para os FIIs
Economista e investidor da Corano Capital, Bruno Corano afirma que os FIIs prosperaram nos últimos anos, porém o cenário pode mudar devido a fatores de crise que se avolumam para as finanças.
“A gente tem hoje uma economia global altamente endividada, juros altos em várias partes do mundo que concorrem com os brasileiros, a economia americana em desaceleração e conflitos geopolíticos”, lista.
Corano destaca também fatores internos à economia brasileira. “A lição de casa interna não vem sendo feita”, diz. “O Brasil tem uma ineficiência fiscal explícita, e os cortes anunciados de R$ 15 bilhões são absolutamente insuficientes.”
O economista destaca no entanto que há fundos que podem aguentar melhor o cenário de crise. “Depende da avaliação papel a papel. Tem FIIs que são mais instáveis ou não estão tão bem lastreados.”
Sobre o ranking, o gestor afirma também que é importante avaliar o retorno dos FIIs em relação à inflação e ao benchmarking de cada um para saber se o resultado foi de fato satisfatório.
Juros altos favorecem FIIs de papel
As incertezas, ao pressionar os juros para cima, acabam por favorecer os fundos imobiliários que investem em outros ativos financeiros. “Eles são mais defensivos. Historicamente eles têm uma volatilidade menor e distribuem um dividendo um pouco maior”, afirma Waldeck.
Waldeck destaca porém que é preciso avaliar se os ativos na carteira destes fundos são de fato resilientes. Por isso, afirma que sua gestora busca apenas fundos que investem em títulos high grade, ou seja, classificados por agências de risco como com baixo potencial de calote.
O analista de investimentos também aponta para a importância de diversificar a carteira de investimentos e comprar também bons FIIs que possuem na carteira imóveis físicos.
“Tem bons fundos de tijolo como shoppings e galpões que pagam bons proventos onde você consegue ter um ganho de capital”, diz. “Estamos alocando em fundos de qualidade de tijolos que vão trazer um retorno de capital pra gente no médio e longo prazo.”
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