quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Governo recebeu 113 pedidos de casas de apostas para operar no Brasil

 


Celular exibe aplicativos de diferentes bets na tela

Bets é um nome informal usado para as diferentes casas de aposta e jogos de sorte no celular (Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)

 

O Governo Federal já recebeu, por meio do Ministério da Fazenda, 113 pedidos de casas de apostas que pretendem operar no Brasil a partir de janeiro de 2025. O registro faz parte dos requerimentos estabelecidos pela legislação que sancionada no último dia de 2023 para regulamentar o setor,  a lei 14.790/2023, apelidada de “lei das bets”.

A lei é parte dos esforços de Fernando Haddad para aumentar a arrecadação. As empresas deverão pagar uma outorga que pode chegar a R$ 30 milhões, e estarão sujeitas a uma alíquota de 12% sobre a arrecadação. Os recursos arrecadados serão destinados para áreas como esporte, educação e segurança pública.

Quem deseja operar apostas online no Brasil deverá assim ter sede física no pais, com brasileiro como dono de ano menos 20% do capital social da empresa. Será obrigada ainda a comprovar “habilitação jurídica, regularidade fiscal e trabalhista, idoneidade, qualificação econômico-financeira e qualificação técnica”.

As empresas também estão sujeitas a regras de publicidade estabelecidas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Estão proibidas divulgações que exibam valores, enganem sobre probabilidades de ganhos, incentivem o exagero na prática, entre outros.

Propagandas também deverão exibir mensagens de alerta padronizadas, como “jogue com responsabilidade” ou “aposta pode causar dependência”, além de símbolo “18+”. Também enfrentarão restrições etárias em canais e redes sociais.

Bets impactam finanças das famílias

Levantamento da PwC Strategy& do Brasil Consultoria Empresarial Ltda aponta que as bets já estão diminuindo o consumo de mercadorias e serviços, sobretudo entre as classes socioeconômicas de menor poder aquisitivo.

“Em 2018, as apostas representavam 0,27% do orçamento familiar da classe D e E; hoje, esse percentual saltou para 1,98%, quase quatro vezes mais do que há cinco anos. Por outro lado, os gastos com lazer e cultura diminuíram de 1,7% para 1,5% do orçamento, enquanto os gastos com alimentação se mantiveram estáveis”, conta Gerson Charchat, sócio e líder da Strategy& do Brasil.

Os impactos e efeitos sobre a economia já haviam sido apontados pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Segundo pesquisa de opinião feita para a entidade em maio, entre os que apostam, 64% reconhecem que utilizam parte da renda principal para tentar a sorte; 63% afirmam que tiveram parte da sua renda comprometida com as apostas online; e 23% deixou de comprar roupa, 19% itens de mercado, 14% produtos de higiene e beleza, 11% cuidados com saúde e medicações.

Para a economista Ione Amorim, consultora do programa de serviços financeiros do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), “o problema escalou”. “Hoje a gente já tem uma realidade de suicídio, de destruição de lares, de endividamento, de pessoas que já perderam o emprego porque já envolveram tudo que tinham.”

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