O governo brasileiro está estudando a possibilidade de ampliação da
mão de obra estrangeira qualificada no país para aumentar o crescimento e
a competitividade nacional. A afirmação foi dada (de novo) pelo
subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros,
durante encontro promovido pela Associação Brasileira das Empresas de
Serviço de Petróleo (ABESPetro), no Rio na sexta-feira passada
(15/03/2013).
“A ampliação do número de trabalhadores estrangeiros qualificados no
Brasil vai contribuir para evitar o aumento nos custos de produção e
facilitar a incorporação de novas tecnologias, o que resultará em maior
competitividade e crescimento econômico mais acelerado”, afirmou.
Nesta direção, o SAE está trabalhando na formulação de uma proposta
para facilitar e estimular a entrada desses profissionais. Pois, o
Brasil deixou de ser um país de imigrantes para se tornar um país de
descendentes de imigrantes, definiu Barros, ao defender uma maior
abertura para mão de obra estrangeira qualificada que, segundo ele,
contribui para o aumento da competitividade, da inovação e para uma
maior troca de conhecimento.
De acordo com ele, atualmente o Brasil tem um fluxo de pessoas muito
inferior em comparação com outros países do mundo. O país precisaria ter
cinco vezes mais imigrantes para alcançar a média latino-americana, dez
vezes mais para alcançar a média mundial e cinquenta vezes mais para
atingir a média da América do Norte e Oceania.
Em relação ao fluxo e intercâmbio de conhecimento, o subsecretário
disse que o Brasil ainda é um país fechado. Segundo ele na visão dos
imigrantes, o Brasil ainda é pouco atrativo e está na 27ª colocação no
Índice Global de Talentos. Além disso, o processo de imigração no país é
visto como caro e burocrático.
Barros indicou que a SAE está mapeando em parceria com a Confederação
Nacional da Indústria (CNI) e a empresa EMDOC, as principais
dificuldades enfrentadas pelo estrangeiro que precisa ou tem interesse
em atuar no Brasil. O trabalho
contará com a opinião de 700 empresas brasileiras, que sofrem
constantemente com a falta de mão de obra qualificada, como as
companhias de petróleo.
Apenas 0,3% da população brasileira era de imigrantes em 2010, expôs
Paes de Barros, um número que já foi de 7,3% por cento em 1900. Além de
estar bem atrás de outros países, como Canadá, Austrália e Suíça, onde
mais de 20% dos residentes são imigrantes, o Brasil possui uma média de
idade avançada: 36% dos estrangeiros que vivem aqui já passaram dos 65
anos e estão fora da população economicamente ativa. Já a proporção
mundial de idosos entre imigrantes em todo o mundo é de 12%.
O secretário defendeu regras mais claras e que reduzam a burocracia
para contratação de estrangeiros. Ele expôs alguns pontos que já estão
sendo estudados, como a ampliação dos tipos de vistos de trabalho, a
liberação para que profissionais qualificados venham ao Brasil procurar emprego
e a adoção de um sistema de aprovação prévia dos contratos de trabalho
de estrangeiros, com aumento da fiscalização para garantir que não estão
ocupando vagas que poderiam ser de brasileiros.
Outras iniciativas apontadas pelo secretário incluem permissões para
que estrangeiros formados no Brasil possam buscar emprego no país e para
que familiares de profissionais “importados” por empresas brasileiras
tenham liberdade de buscar trabalho. Ao menos temporariamente, Paes de
Barros afirmou que o foco do governo deve ser permitir apenas as
contratações de profissionais com qualificações que não estão
disponíveis no mercado brasileiro.
Representando o ministro da pasta, Moreira Franco, o secretário
participou de um encontro promovido pela Associação Brasileira das
Empresas de Serviço de Petróleo (AbesPetro) para discutir os benefícios
da imigração para o país, que foi considerada um gargalo à produtividade
pela associação.
“Um exemplo é o segmento de apoio marítimo a
embarcações especiais, que dispõe de profissionais formados pela
Marinha. O mercado cresceu muito e muito rapidamente e a formação de
funcionários pela Marinha não acompanhou”.
(Agências – 16/03/2013)