quinta-feira, 2 de maio de 2013

Balança comercial registra deficit de US$ 994 milhões e pior abril da história


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RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA
Atualizado às 16h03.


A balança comercial brasileira, que mostra a diferença entre as importações e as exportações do país, apresentou deficit de US$ 994 milhões em abril, o pior resultado já verificado para o mês desde o início da série histórica em 1993. 

No acumulado do ano, o resultado negativo já chega a US$ 6,2 bilhões --outro recorde negativo histórico.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). 

A diferença entre o cenário vivido pelo país este ano e em 2012 é gritante. Em abril do ano passado, a balança comercial registrou superavit (resultado positivo) de US$ 900 milhões. E de janeiro a abril daquele ano, apresentou saldo positivo de US$ 3,3 bilhões. 

O resultado do mês passado foi consequência de importações de US$ 21,6 bilhões, alta de 5,2% frente a abril de 2012, e exportações de US$ 20,6 bilhões, queda de 4,1%. Pesquisa do HSBC divulgada hoje mostrou que a indústria registrou em abril o ritmo de crescimento mais lento dos últimos seis meses porque o desempenho foi afetado pela queda nas vendas para exportação

O deficit de abril era esperado pelo governo que, desde o início do ano, alertava para a possibilidade de resultados negativos nos primeiros meses de 2013. 

Isto porque o país iniciou o ano com um grande "estoque" de operações de importação de combustíveis feitas pela Petrobras em 2012 e que não foram contabilizadas no saldo comercial do ano passado. 

A expectativa era que o descompasso fosse resolvido em março, o que não aconteceu. De um total de US$ 2 bilhões em compras ainda em atraso, foram registrados apenas US$ 200 milhões em importações. Com isso, houve um pequeno superavit de US$ 164 milhões em março, considerado fora da curva. 

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
 
As exportações em abril somaram US$ 20,6 bilhões, com queda na venda de produtos manufaturados (-3,9%) e básicos (-5,5%). Já os semimanufaturados tiveram ligeira alta de 1,5%. 

Nos quatro primeiros meses do ano, as vendas do Brasil para o exterior alcançaram US$ 71,5 bilhões, queda de 3,1% frente ao mesmo período do ano passado também pela média diária. 

As importações alcançaram US$ 21,6 bilhões em abril com alta em todas as categorias de produtos: combustíveis e lubrificantes (0,1%), bens de capital (3,2%), matérias-primas e intermediários (7,2%) e bens de consumo (9,1%). 

No acumulado do ano, as compras do exterior chegam a US$ 77,6 bilhões, alta expressiva de 10,1% frente ao mesmo período de 2012. 

EFEITO PETROBRAS
 
Em janeiro, o governo alertou que a balança comercial deveria apresentar deficit nos primeiros meses do ano porque um grande "estoque" de operações de importação de combustíveis feitas pela Petrobras no terceiro trimestre do ano passado não foi contabilizado no saldo comercial de 2012. 

No total, US$ 4,5 bilhões em compras deixaram de ser registrados nos dados da balança do ano passado. Até março, cerca de US$ 2,5 bilhões já haviam entrado nos cálculos. 

BALANÇA EM 2012
 
A balança comercial apresentou superavit de US$ 19,4 bilhões no ano passado, o resultado mais baixo desde 2002. A queda foi de 35% ante 2011 --quando o superavit foi recorde, ficando em US$ 29,7 bilhões. 

O resultado da balança comercial vinha se mantendo positivo, sempre acima dos US$ 20 bilhões, desde 2002 --quando o superávit foi de US$ 13,2 bilhões. 

As exportações no ano passado somaram US$ 242,6 bilhões --queda de 5,3% frente a 2011-- e as importações caíram 1,4%.

Tatuagem, gelo e chocolate com ouro: conheça mimos do mercado de luxo


Aiana Freitas
Do UOL, em São Paulo
 

Produtos levam ouro e pedras preciosas16 fotos

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Produtos feitos com ouro e pedras preciosas estão entre os mimos oferecidos no mercado de luxo. A empresa suíça DeLafée vende tatuagens temporárias feitas de ouro de 24 quilates. Cada tatuagem de borboletas custa R$ 345 .
 
Tatuagens, trufas de chocolate suíço e cubos de gelo. Tudo isso feito com pequenas porções de ouro. Esses são alguns dos mimos disponíveis para o público AAA no país.

Os produtos são vendidos no Brasil pela DeLafée, empresa suíça especializada em presentes luxuosos.
As tatuagens, chamadas pela empresa de "joias efêmeras", são feitas com folhas de ouro de 24 quilates. Elas são coladas à pele e duram entre dois ou três dias. Uma tatuagem em formato de borboleta custa R$ 345. Uma menor, de coração, sai por R$ 165.

O kit com 48 cubos de gelo com flocos de ouro comestível de 23 quilates é vendido a R$ 175. Já a caixa com oito trufas de chocolate suíço com 56% de cacau e ouro comestível é um presente mais caro: R$ 790.
"Existem pessoas que compram os produtos quando vão fazer alguma comemoração e empresas que compram para oferecer em eventos. É para um público de altíssima renda, que quer exclusividade e busca essa tradição europeia que muitos brasileiros não conhecem, de se usar folhas de ouro em produtos", diz Fabian Henke Nunes, dono da marca no Brasil.

A empresa, que chegou ao país há um ano, não tem lojas físicas no Brasil e faz a venda no país apenas por telefone. Segundo Nunes, foi o crescimento do mercado de luxo no Brasil e o aumento da renda da classe média que atraíram a marca.

"O brasileiro nunca teve tanto dinheiro e tanto acesso a produtos de luxo. Esse cenário é algo que não se vê em qualquer lugar. Grandes grifes estão abrindo lojas no país e isso é reflexo do aumento do poder econômico brasileiro", diz.

Produtos são para público que busca luxo "aristocrático"

O uso de ouro comestível não chega a ser tão incomum no Brasil. Em São Paulo, o Octavio Café oferece um café com pó de ouro polvilhado. O preço é R$ 37,50. 

Pedras preciosas também são usadas na fabricação de alguns produtos. O pó de rubi é um dos componentes de uma linha de batom da Avon. Para quem não pode ter a pedra em uma joia, o Ultra Color Rich Rubies é uma opção bem mais em conta: custa R$ 25,99.

Mais do que excentricidade, a venda de produtos com toques de ouro e pedras preciosas faz parte de um segmento que se chama de "luxo aristocrático", diz o jornalista e publicitário José Luiz Tejon, autor do livro "Luxo for all".

"Existe uma certa tendência de se dar um toque de aristocracia e arte a produtos mais populares. É uma forma interessante de criar um diferencial e fazer um presente que seria simples deixar de ser comum", diz Tejon.

O acesso, no entanto, deve continuar restrito a um público restrito. "O segmento que mais cresce no mercado de luxo hoje no Brasil é outro: é o do 'luxo possível', por causa da inserção da classe C, que hoje pode comprar produtos que não eram acessíveis", afirma.

Por que o Brasil não cresce?

 

 

Na data de seu 13º aniversário, o Valor publica hoje o caderno especial "Rumos da Economia", cujo conteúdo está totalmente voltado à resposta a uma pergunta que intriga os brasileiros: "Por que o país, a despeito dos estímulos aplicados nos últimos dois anos, não cresce?"


Para responder a essa pergunta, o jornal pediu artigos, entrevistou economistas e fez reportagens sobre alguns obstáculos que parecem impedir o crescimento do PIB. Trouxe também ao jornal dois economistas de tendências diferentes, embora nem sempre divergentes, os professores Edmar Bacha e Luiz Gonzaga Belluzzo, que durante três horas dialogaram sobre os entraves ao crescimento.

Bacha, hoje ligado ao PSDB, é um dos formuladores do Plano Cruzado e do Plano Real. Belluzzo, também da equipe que implantou o Cruzado, se identifica mais com a atual equipe econômica do governo. No debate, ambos concordaram em que, para que haja crescimento, será preciso fazer alguma coisa para salvar a indústria brasileira. "O foco é a indústria", disse Bacha, que propôs o lançamento de um "Plano Real da indústria".

A proposta de Bacha inclui três estágios, não necessariamente sequenciais. O primeiro seria fiscal, um programa pré-anunciado para um certo número de anos, durante os quais haveria corte progressivo de impostos e racionalização sobre a atividade industrial. Isso resolveria o primeiro problema da indústria, que é o custo dos tributos, gerando perda de receita compensada com o controle de gastos públicos por oito anos.

O segundo estágio seria uma espécie de URV do Real: a troca de tarifas de importação pelo câmbio. Haveria amplo de corte de tarifas, também pré-anunciado, com redução de conteúdo nacional, abdicação de controles de normas e procedimentos. E no terceiro estágio seriam firmados acordos comerciais com os diversos mercados mundiais, incluindo Alca e União Europeia.

Belluzzo concordou com a ideia de que o país precisa de uma reindustrialização. Mas, sobre a proposta de Bacha, fez uma pergunta básica: "Para onde iria o câmbio?" Bacha deixaria o "câmbio solto", para flutuar, e estima que a taxa poderia ir a R$ 2,40, com uma desvalorização de uns 20%. "Tudo depende de quem vai fazer [o programa de reindustrialização]. Se for alguém crível, vai entrar capital", disse.

Em artigo (página F3), o economista Yoshiaki Nakano diz que na onda liberalizante global, a partir dos anos 80, o pensamento econômico hegemônico no Brasil tinha como componente básico que o objetivo maior da política econômica era alcançar a estabilidade macroeconômica e conquistar a credibilidade do mercado.

 "Políticas voltadas para desenvolvimento foram consideradas desnecessárias e o planejamento de longo prazo virou sinônimo de atraso." O diagnóstico, segundo Nakano, era de que para crescer bastava abrir a economia e atrair capital. "O resultado desse regime foram baixo crescimento, ciclos sucessivos de recuperação e crise, forte elevação da carga tributária, crise de balanço de pagamentos, apreciação de taxa de câmbio e desindustrialização."

Para o economista Marcos Lisboa, o maior crescimento econômico no governo Lula deveu-se, na sua maior parte, ao aumento da produtividade, tendência que tem sido revertida nos últimos anos. "Produtividade significa aumentar a capacidade de produção com os mesmos recursos produtivos, e não pode ser confundida com reduções forçadas dos preços de alguns bens e serviços". 

Essas reduções, segundo o economista, apenas implicam transferências de recursos entre setores, sem aumento da produtividade total da economia. "Soluções oportunistas podem postergar o enfrentamento das dificuldades, porém adicionam novos e crescentes problemas e, progressivamente, nos condenam de volta à mediocridade", escreve Lisboa.

O ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros sustenta que crescimento é limitado pela oferta de bens e serviços e pelo aumento da inflação. Essa limitação seria produto de um diagnóstico equivocado feito pela presidente Dilma que "deu continuidade à política econômica estabelecida pelo ex-presidente Lula, quando a economia do país já havia mudado."

Valor Econômico

Saiba por que o maior investidor de todos os tempos pensa como as mulheres


Louann Lofton, autora do livro "Warren Buffett investe como as mulheres", explica como lidar com o dinheiro de forma inteligente

Por Patrícia ALVES

Aos 14 anos, LouAnn Lofton, então estudante do ensino médio em uma pequena cidade do Mississipi, nos Estados Unidos, perdeu seu pai e ganhou direito a uma herança – que só receberia quando fizesse 21 anos. Sem saber o que fazer, LouAnn foi consultar o oráculo. Nada a ver com religião ou misticismo para aprender a lidar com o dinheiro. Ela recorreu ao Oráculo de Omaha, como é conhecido o americano Warren Buffett, dono de uma fortuna estimada em US$ 54,6 bilhões e considerado o maior investidor de todos os tempos. Para LouAnn, o bilionário serviu de inspiração. “Eu queria aprender uma maneira de lidar com o dinheiro de forma inteligente”, afirma. E não parou por aí. A admiração pelo megainvestidor a fez estudar seu comportamento, o que resultou em um livro: Warren Buffett investe como as mulheres. Best-seller nos Estados Unidos, o livro chega ao Brasil no início de maio, pela editora Saraiva. LouAnn falou com exclusividade à DINHEIRO. 
 
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Como surgiu a ideia de escrever o livro?
A ideia nasceu no verão de 2007. Na época, fiquei curiosa com os estudos de finanças comportamentais que mostram que homens e mulheres investem de maneira muito diferente. Homens fazem muito mais transações, geralmente impulsionados pelo excesso de confiança, e correm mais riscos. As mulheres, por outro lado, são mais pacientes, realistas e prudentes.
 
E o que essa maneira feminina de investir tem a ver com Warren Buffett?
Ele tem um jeito paciente, calmo e sereno de investir. Sempre admirei isso nele. Sua capacidade de controlar as emoções explica como ele foi capaz de construir uma grande riqueza e superar a média do mercado ao longo de décadas. Buffett é exatamente o oposto do que vemos em Wall Street, onde imperam o ego e a ganância. Isso não quer dizer, claro, que Buffett não tenha ego ou não seja um empresário extremamente interessado. A diferença é que ele sabe que o caminho para construir a riqueza no longo prazo é investir em empresas, e não especular sobre os movimentos do dia a dia. Essa prudência é uma característica extremamente feminina. 
 
Você conhece Buffett pessoalmente?
Apesar de ser uma grande fã dele há muitos anos, só tive o prazer de conhecê-lo no lançamento do livro nos Estados Unidos, em 2011.
 
Ele leu o livro ou deu algum palpite na preparação do material?
Ele leu uma versão preliminar antes de o livro ser lançado, mas não interferiu na elaboração. 
 
Buffett entendeu a brincadeira?
Estudei muito o comportamento de Buffett antes de começar a escrever. Sempre tive a sensação de que ele abraçaria o livro e entenderia exatamente o que eu estava falando. Eu já sabia, também, que ele tinha um grande senso de humor. Tive a oportunidade, uma vez, de perguntar, cara a cara, em uma entrevista, se ele investia como as mulheres. Sua resposta? “Você vai ter que ler o livro para ver os critérios, mas eu diria que, provavelmente, sou culpado.”
 
Você já recebeu críticas de investidores homens por causa do livro? 
Não. O título do livro é atraente e, uma vez que os leitores do sexo masculino entenderam que a mensagem é positiva para todos, a resposta tem sido boa. Eles entendem que todos, homens e mulheres, podem aprender a controlar as emoções, melhorar o temperamento e ter bons resultados no longo prazo.
 
Como seria se Buffett investisse como um homem?
Um exemplo engraçado foi a compra da Berkshire Hathaway, em 1965, que na época era uma empresa têxtil sem nenhuma perspectiva de crescimento. Claramente ele atuou fora dos seus padrões, agindo sem avaliar os riscos. No entanto, todos nós devemos concordar que, para Buffett, a “imprudência” funcionou. Hoje, a empresa ampliou suas atividades para outras áreas e tem crescido de forma exponencial. 

Seu livro chega ao Brasil quase dois anos depois de ser lançado nos Estados Unidos. É um bom momento para os investidores brasileiros lerem sobre isso?
Acredito que não importa onde você está ou o momento. Empregando a estratégia de investir com foco no longo prazo e apenas em empresas que você realmente conheça e compreenda – e tendo certeza de que elas possuem fortes vantagens competitivas –, vai funcionar. É preciso muita paciência e isso leva tempo.
 
Um dos princípios de Buffett é que ele não tem nenhum problema de ir contra o consenso do mercado, comprando quando muitos estão vendendo e vice-versa. Isso é uma característica do sexo feminino? 
Um estudo citado no livro mostrou que as mulheres conseguem evitar a pressão dos colegas mais facilmente que os homens. O investidor do sexo masculino, especialmente em situações de estresse, dá mais atenção às ações dos outros homens ao seu redor. Ou seja, assim como as mulheres, o megainvestidor toma suas decisões de forma independente, sem seguir o que os demais estão pensando.
 
Quais são as principais lições que Warren Buffett e seu comportamento feminino podem ensinar aos investidores?
Enquanto os homens, em geral, são compulsivos e ousados, Warren Buffett, assim como as mulheres, tende a ser mais estudioso e razoável. O segredo é esse. Fazer a lição de casa, ser paciente, perceber que está comprando uma parte de uma empresa real e não apenas um papel, não assumir riscos desnecessários, não ter medo de ir contra a multidão – mesmo que no início pareça ser um erro –, ter uma visão de longo prazo e, principalmente, ser crítico e cético. 
 

Brasil perde mercado nos maiores parceiros

 
 
 
 
Por Marta Watanabe | De São Paulo

A desaceleração ou a falta de recuperação dos mercados externos não é a única explicação para o fraco desempenho das exportações brasileiras, que caíram 7,7% no primeiro trimestre, ante igual período de 2012. Uma comparação entre a evolução da importação dos destinos mais importantes para o Brasil e a da exportação brasileira para os mesmos locais mostra que os produtos do país perderam fatia de mercado. Segundo analistas, o quadro resulta da alta dependência da pauta brasileira de exportação em relação às commodities e da falta de competitividade da indústria doméstica no mercado internacional.

Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), a China aumentou as suas importações em 8,4% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado. A exportação brasileira para o país asiático, porém, teve queda de 2,2%. A China é o principal parceiro comercial do Brasil e responde por 15% das exportações do país. Na Argentina, a importação total no trimestre aumentou 5%, enquanto as exportações brasileiras para o país vizinho caíram 10,4%. Para o Chile, a tendência é a mesma e os números são parecidos: enquanto a importação total chilena cresceu 6,3%, a 
exportação brasileira para o país caiu 11,7%.


Para os Estados Unidos e União Europeia, há dados disponíveis somente até o primeiro bimestre. De janeiro a fevereiro, a importação americana total ficou estável, com crescimento de 0,14%. A exportação brasileira para os americanos, porém, caiu 25%. No mesmo período as importações da União Europeia originadas de países de fora do bloco caíram 2,6%. Os embarques brasileiros para a zona do euro também tiveram queda, mas muito mais alta, de 9,7%.

"Há o fraco desempenho da economia internacional. Mas a diferença nas variações mostra que o Brasil está perdendo fatia de mercado", diz Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior. Para alguns países, como China, por exemplo, a evolução pode ser explicada pela alta de preços e demanda de commodities, os principais produtos que o Brasil exporta para o país asiático. "Para os Estados Unidos há a representatividade do petróleo. E para os manufaturados, há a falta de competitividade da indústria brasileira para exportar. Mas de qualquer forma, em todos esses casos, o Brasil está perdendo mercado."

Em relação à China, um dos grandes problemas é a alta concentração da pauta exportadora brasileira. Juntos, minério de ferro, petróleo e soja representaram no primeiro trimestre 79% do valor total embarcado pelo Brasil rumo ao país asiático. A alta de preços foi um dos principais componentes que elevaram o valor da exportação brasileira até 2011 e esse componente não promete ajudar muito neste ano.

O preço da soja está abaixo do que havia sido estimado para o mês de abril e o preço do minério de ferro também não deve, segundo economistas, subir muito em 2013. Com dependência dessas commodities na pauta exportadora, diz Barral, há poucas alternativa para compensar a perda com a venda de outros itens para a China que, mesmo tendo desacelerado mais do que se imaginava, elevou as importações durante o primeiro trimestre. A exportação para os Estados Unidos tem problema parecido. O petróleo responde por 20% da pauta de exportação do Brasil para os americanos e as vendas do óleo bruto caíram em razão da alta demanda do mercado doméstico e da falta de capacidade de elevação da produção interna.

Somente em março, os embarques totais de petróleo em bruto do Brasil caíram 33% na média diária em relação ao mesmo mês do ano passado. O desempenho do embarque de petróleo contribuiu para a queda de 20% nas vendas do Brasil aos americanos no primeiro trimestre. De novo, a falta de diversidade da pauta exportadora dificulta a reação dos embarques.

Rumo aos países da União Europeia, a exportação brasileira sofre com os preços das commodities e com a falta de reação dos manufaturados. Para o grupo dos produtos industrializados, diz Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica, o grande problema é a falta de competitividade da indústria de transformação brasileira. Até 2008, lembra ele, a economia internacional estava em crescimento e havia espaço para todos. No mercado pós-crise, porém, a concorrência aumentou com a superoferta resultante da desaceleração da economia mundial.

Esse novo ambiente, diz Barral, fez diversos países adotarem estratégias mais agressivas para aumentar a competitividade. "O Brasil, porém, ficou para trás. Temos apenas o Reintegra, que é uma medida sem continuidade e é mera compensação para o tributo acumulado na cadeia produtiva", diz ele, referindo-se ao incentivo fiscal que concede crédito equivalente a 3% do valor exportado.

O alto custo interno, diz o economista Silvio Campos Neto, da Tendências, está tirando o Brasil do processo de produção global. "E o câmbio já não é mais capaz de explicar o problema da competitividade do produto brasileiro", diz ele, lembrando que, apesar da perda de fatia do Brasil no mercado mundial, o nível cambial atual é mais vantajoso à exportação que o do início do ano passado.

Tradicional comprador de manufaturados brasileiros, a Argentina é um caso emblemático da dificuldade para exportar da indústria doméstica. Cerca de 90% do que o Brasil exporta para a Argentina é de manufaturados. As restrições colocadas pelo país vizinho para as importações foram parte da explicação para a queda de 20,8% nos embarques brasileiros aos argentinos em 2012, quando a exportação total brasileira caiu 5,3%. Os números do primeiro trimestre mostram, porém, que as importações totais feitas pela Argentina cresceram 5%. "A oportunidade tem sido aproveitada por países como China e Vietnã, mas não pelo Brasil", diz Barral.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Negócios na AL vão além do “portunhol”: dicas de como se portar com países vizinhos



 
 
A familiaridade com a língua pode parecer o menor dos problemas quando o assunto é negócios entre países da América Latina. Mas é justamente nesse ponto que muitos executivos são pegos de surpresa.

Isso porque acham que dominam o espanhol ou mesmo que os interlocutores entendem o português, quando na verdade não é o que acontece.

"O idioma é o primeiro ponto de atenção para quem quer fazer negócios com profissionais latino-americanos. Muitas vezes executivos brasileiros acham que dominam o espanhol e estão prontos para conduzir longas reuniões, e, no momento, se enrolam e não são compreendidos", afirma César Lins de Medeiros (foto), diretor-geral da CPP para a América Latina, que frequentemente viaja à Argentina, Colômbia, Peru, Chile e México. 

Além disso, há diferenças de palavras e expressões entre os países. Por isso, caso haja dúvida quanto ao entendimento, confirme com o interlocutor. Medeiros lembra que isso já aconteceu com ele. E, durante um diálogo de negócios, perguntou se ele havia entendido o que o outro executivo falara. 

Já Marcelo Ramos, vice-presidente de vendas e gerente geral da GXS para a América Latina, chama a atenção para o momento em que se estabelece a relação comercial. 

"É importante para o executivo latino-americano estabelecer uma relação de confiança, de forma que tenha certeza que honrará com a palavra. Muitas vezes, essa questão está acima dos três elementos básicos da negociação: preço competitivo, prazo de entrega e qualidade", diz.

"Os latino-americanos prezam pela relação ganha-ganha. Eles não gostam de serem dependentes e se colocam em um nível de igualdade. Cedem sua confiança, mas querem saber quem é você e como garantirá que entregará o prometido", completa o especialista. 

Também é importante que os profissionais brasileiros não tentem imprimir seu ritmo de trabalho em outros países. Nós, de acordo com Medeiros, somos imediatistas, enquanto o tempo de resposta do mexicano, por exemplo, é outro. "Entenda as diferenças culturais entre os países. Estamos falando de 10 países e não de uma única região", destaca Carlos Eduardo Altona, sócio da consultoria em recursos humanos Exec. 

Os profissionais que usualmente fecham negócios nos países latino-americanos também recomendam aos interessados evitar falar de assuntos polêmicos, como política, religião e violência, bem como evitar criticar o país visitado. 

"Os estrangeiros têm curiosidade sobre o Brasil. Por vezes comentam sobre a violência, mas evito alimentar o assunto", destaca o diretor da CPP. 

O executivo também sugere trocar experiências com colegas de trabalho que também fazem negócios com executivos latino-americanos. "Isso o ajudará a trocar experiência e evitará que cometa gafes", completa Medeiros.

Por fim, em virtude da globalização, muitos padrões de etiqueta estão desaparecendo. Ainda assim, é importante observar a postura no executivo latino-americano a fim de não atropelar algum costume. 
 

Anac autoriza funcionamento de empresa aérea alemã no Brasil



 
 
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou nesta segunda-feira (29/4) o funcionamento no Brasil da empresa aérea alemã Condor. 

A Decisão 37 da Anac está publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira. A empresa vai operar serviços de transporte aéreo internacional regular de passageiro, carga e mala postal.

A outorga da autorização para início da operação fica condicionada ao cumprimento pela empresa das exigências previstas na regulamentação brasileira e no Artigo 212 do Código Brasileiro de Aeronáutica, que determina que a companhia deverá apresentar à Anac seus planos operacional e técnico, as tarifas entre pontos de escala no Brasil e no exterior, e os horários de voos.
 
 A empresa estrangeira foi autorizada a operar no Brasil com capital destacado de US$ 10 mil – cerca de R$ 20 mil. A Condor, sediada em Frankfurt, na Alemanha, tem mais de três mil funcionários e transporta cerca de 6,7 milhões de passageiros por ano. Fundada em 1955, a empresa teve a totalidade de suas ações adquiridas em 1960 pela companhia aérea alemã Lufthansa. 
 
Em 2002, a Condor passou a pertencer ao grupo britânico de lazer e turismo Thomas Cook Group. Antes de obter a autorização para funcionar no Brasil, a Condor já oferecia voos para diversos destinos na América Latina por meio de parcerias com a brasileira Gol e com a panamenha Copa Airlines.
 
Fonte: Agência Brasil.