quinta-feira, 9 de maio de 2013

Geração de emprego é tão ou mais importante que PIB, diz Mantega


Por Murilo Rodrigues Alves e Edna Simão | Valor
 
BRASÍLIA - Em apresentação preparada para audiência com deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que o Brasil tem enfrentado a crise internacional com a manutenção de bons fundamentos, como a solidez fiscal e a inflação sob controle.

Ruy Baron/ValorO ministro Guido Mantega, em imagem de arquivo
 
Na apresentação, os slides mostrados pelo ministro ressaltam que o Brasil também enfrenta a crise com forte estímulo à economia e manutenção do emprego. A reunião com a bancada do partido do governo foi marcada para que o ministro exponha as perspectivas para a economia brasileira em 2013.

Ainda nos slides apresentados aos parlamentares, Mantega cita juros, câmbio, tributos e investimentos em infraestrutura entre as medidas tomadas para enfrentar a deterioração dos mercados globais. “Transição demora para surtir efeito”, afirma em um dos tópicos.

A imprensa acompanha a apresentação do ministro da Fazenda do lado de fora do plenário 3 da Câmara dos Deputados porque foi convidada a se retirar da sala. Mesmo assim, consegue acompanhar os slides pela porta de vidro, sem, no entanto ouvir o ministro.

Segundo os slides, o comércio mundial está travado porque há contração dos mercados. Nas economias avançadas, ajustes à crise recaíram sobre a população. No Brasil, não houve crise para a maioria da população, segundo a apresentação do ministro.

“Tão ou mais importante que o PIB é a geração de empregos formais”, afirmou Mantega.

Privatizações: governo disfarça - e não eleva ganho de investidor

Infraestrutura


Plano apresentado pela EPL em Nova York mostra que retorno continua igual - e que a maior atratividade dos projetos é atribuída apenas ao aumento do prazo das concessões

Naiara Infante Bertão
Ferrovia Norte-Sul
Para associação do setor de ferrovias, é possível que regras mudem novamente (Edsom Leite/Ministério dos Transportes)
 
O Palácio do Planalto tem alardeado que as condições de investimento em projetos de infraestrutura no Brasil estão melhorando e possibilitarão mais ganhos aos investidores. Para divulgar essa ideia, uma comitiva de ministros e funcionários do alto escalão do governo foi a Londres, na Grã-Bretanha, e agora a Nova York, nos Estados Unidos, com o intuito de convencer grandes grupos estrangeiros da rentabilidade que se esconde em obras como estradas, ferrovias, portos e aeroportos no Brasil. O problema é que a taxa de retorno de tais investimentos - o cerne da questão da falta de investidores de infraestrutura no país - foi e continua sendo muito baixa.

Recentemente, o governo anunciou taxas mais vantajosas, como os 17% de retorno ao ano para o dinheiro investido nas rodovias. A mudança é brutal se comparada aos 5,5% de retorno ao ano anunciados em 2012, quando houve o lançamento do pacote de privatização das rodovidas.Teria ocorrido, então, uma mudança de cálculo dentro do governo para garantir tamanho aumento nos ganhos do setor privado, ou será essa mais uma medida "criativa" da gestão de Dilma? Como a criatividade tem sido marca registrada do governo petista - desde os idos de Lula -, a mágica também está presente nessa repentina melhora dos ganhos. 

Em vez de mexer na matemática na hora de calcular a melhor taxa para o setor privado, o governo decidiu mudar a comunicação dos projetos. Inicialmente, a apresentação enviada pelo Palácio do Planalto a investidores mostrava a Taxa Interna de Retorno (TIR), que pode ser considerada a remuneração líquida do investimento. 

Agora, o truque é mostrar a TIR alavancada, que traz embutidos o prazo da concessão e as condições de financiamento - ou seja, o custo do capital que será usado no projeto. A TIR alavancada sempre é maior do que a não-alavancada. Isso ocorre porque, ao financiar um projeto, o empreendedor não usa apenas seu capital próprio e passa a utilizar dinheiro de terceiros, por meio de financiamentos, beneficiando-se de juros muito inferiores à rentabilidade do projeto, como é o caso das linhas do BNDES para os pacotes de infraestrutura. Ao reduzir sua exposição de capital, ele também pode fazer a dedução fiscal dos juros pagos ao financiamento. Com isso, reduz a carga fiscal do projeto, aumentando o retorno sobre o capital investido.

O problema é que não há garantias de que a TIR alavancada realmente chegue aos patamares calculados antes do início dos projetos, pois fatores macroeconômicos e regulatórios podem minar tais ganhos atrelados ao financiamento. Inflação mais alta do que o esperado ou problemas em obter o crédito de longo prazo junto ao BNDES são alguns exemplos de desafios que colocam em xeque a TIR alavancada de um projeto. "Quem garante que o BNDES aprovará toda a porcentagem de crédito?", questiona o economista Raul Velloso, especializado em contas públicas.

No caso do pacote de rodovias, por exemplo, a TIR não-alavancada está entre 5% e 8% ao ano, enquanto o retorno com alavancagem pode chegar a até 17% ao ano, conforme propagandeia o governo. “A TIR alavancada de rodovias nunca foi calculada pelo governo em seus estudos de viabilidade, mas era calculada pelos licitantes interessados nos projetos. E, mesmo antes, ela estava nessa faixa de 12% a 15% ao ano", afirma Massami Uyeda Junior, sócio do escritório de advocacia Arap, Nishi & Uyeda.

Como se a economia do Brasil fosse imune a qualquer problema, os maestros da política econômica calculam o retorno do investimento sem qualquer risco. O cenário idealizado pelo governo é sempre perfeito, sem a possibilidade de um 'pibinho', inflação alta ou de uma eventual subida dos juros. A ideia de paraíso proposta pelo Palácio do Planalto também descarta a burocracia para a aprovação de projetos, que precisam vencer as barreiras de Brasília em busca de carimbos de todos os tipos. Tudo acontecerá no prazo, garante Brasília aos investidores.

Não é difícil encontrar a explicação para a mudança na comunicação do governo e a repentina preferência pela taxa de retorno alavancada. Com o desinteresse dos empresários brasileiros em participar dos primeiros leilões do setor de transporte, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente da Empresa de Planejamento Logístico (EPL), Bernardo Figueiredo, anunciaram mudanças nas regras das licitações. O prazo de vigência dos contratos de concessões rodoviárias subiu de 25 para 30 anos, enquanto o de ferrovias passou de 30 para 35 anos. O prazo de financiamento das rodovias também saltou de 20 para 25 anos, sendo que o pagamento só terá de ser feito a partir do sexto ano de contratação do empréstimo - a carência é de 5 anos.

Segundo o governo, o porcentual de linhas de crédito do banco de desenvolvimento para compor os investimentos em concessões de ferrovias e rodovias é de 65% a 80%.

Todas essas mudanças mexem no prazo e nas condições de financiamento, dois dos fatores que impactam diretamente na taxa de retorno alavancada. Ao ver que os números dessa taxa sempre ficam maiores, o governo não teve dúvidas em trocar o retorno que deveria ser divulgado aos investidores. “Essa mudança da TIR é hipotética e improvável", afirma Raul Velloso.

"Com a TIR alavancada, no melhor cenário possível, as concessionárias vão olhar para trás e perceber que obtiveram uma taxa de retorno melhor do que a anteriormente proposta porque terão pago menos juros, com prazos maiores de financiamento e maior tempo de retorno, já que a vigência dos contratos aumentou. Mas esse cenário é pouquíssimo provável. É irreal", argumenta Velloso.

Ferrovias - Um termômetro da falta de interesse dos investidores com as condições atuais das privatizações está no setor ferroviário. A reclamação principal é o retorno incompatível com a necessidade de investimento no remodelamento da infraestrutura. O pedido é que o governo revise novamente as regras este ano e não copie as condições de outro setor. 

“O setor ferroviário precisa ter tratamento diferente porque o retorno de investimentos virá muito tempo depois dos outros”, diz Rodrigo Vilaça, presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Ninguém critica a iniciativa de expansão da malha e a mudança no modelo de utilização das ferrovias, mas falta esclarecimentos básicos para quem ficará ligado a um contrato por muito tempo. É justamente essa falta de clareza que incomoda os investidores - e que mostra que o governo vem, com alarde, anunciado mudanças naquilo que continua igual.

Lagarde faz apelo às mulheres: 'Venham para as finanças'


Para a diretora do FMI, maior presença feminina no mercado financeiro poderia trazer mais equilíbrio econômico e ajudar a sanar a crise

Ana Clara Costa, de St Gallen
Diretora do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, realiza uma coletiva de imprensa para discutir o FMI
A diretora do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde: apelo às mulheres (Gary Cameron/Reuters)
 
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, fez um apelo nesta quinta-feira para que as mulheres se envolvam mais no mercado financeiro. Para a diretora do Fundo, a participação feminina nos altos cargos das finanças poderia trazer mais equilíbrio para a economia mundial.

 “As mulheres têm uma relação diferente com a tomada de risco. E esse comportamento pode ser muito benéfico para os mercados”, disse Lagarde, que também foi ministra das Finanças da França durante parte do governo de Nicolas Sarkozy. Ela afirmou ainda que o Japão é um dos países que mais se beneficiará da entrada das mulheres em posições de liderança. “Elas são bem-educadas, preparadas e trabalhadoras. Não há razão para que não as deixem liderar”, disse.

A chefe do FMI participou, nesta quinta, do St Gallen Symposium, conhecido informalmente como uma espécie de "Fórum Econômico Mundial de Davos" para estudantes, que ocorre anualmente na Universidade de St Gallen, na Suíça. A diretora do Fundo defendeu a política de austeridade que vem sendo implementada em nações como a Grécia como forma de se alcançar o equilíbrio fiscal no território europeu. 

Contudo, ponderou que ajustes severos – ou consolidação fiscal, como ela prefere se referir ao tema - devem ser aplicados conforme a realidade de cada país. “No caso dos Estados Unidos, por exemplo, há situações em que a consolidação fiscal é mais severa do que deveria”, afirmou.

Lagarde voltou a defender a criação de uma única autoridade reguladora do sistema financeiro europeu como forma de detectar problemas bancários antes que se tornem insustentáveis. Ela citou o exemplo de Chipre afirmando que, caso houvesse um órgão regulador responsável por supervisionar os bancos do país, a crise não teria sido tão severa na ilha. “A zona do euro pode sobreviver na forma em que está? Eu digo que não. Pois nesse formato não há união bancária, menos ainda união fiscal. Então não só ela não pode sobreviver, como também não poderá prosperar”, disse.

Davos para jovens - Além de Lagarde, o evento contou com a presença de alguns dos principais nomes das finanças da Europa e dos Estados Unidos, como o vice-presidente do Goldman Sachs, Lord Griffith, o vice-premiê da Turquia, Ali Babacan, o ministro das Finanças da Irlanda, Michael Noonan e o CEO do fundo BlackRock, Larry Fink. 

O presidente suíço Ueli Maurer também esteve presente e defendeu, em seu discurso, a confidencialidade dos dados bancários dos clientes que possuem contas nas instituições do país. “Há os que se valem do artifício das denúncias de lavagem de dinheiro para tentar frear a liberdade do setor privado”, afirmou Murer.

Diante de um público composto por estudantes da universidade, economistas, executivos europeus e investidores de diversos países, os palestrantes discutiram os efeitos da crise na Europa e como estimular a coragem em indivíduos e setores econômicos para que os países da região voltem ao eixo do crescimento econômico – mesmo que fraco. “Na situação em que estamos hoje, os que têm coragem, estão dispostos a arriscar e têm iniciativa são os que conseguirão vencer. A ousadia e o trabalho duro movem as sociedades de sucesso”, disse Lord Griffith, durante o evento.

O St Gallen Symposium é organizado inteiramente pelos alunos da universidade – desde os convites aos palestrantes até a busca de patrocínio para o evento. Está em sua 43ª edição e recebe, anualmente, alguns dos principais líderes econômicos do mundo. Entre os brasileiros que já palestraram no evento está o bilionário Jorge Paulo Lemann, que vive na Suíça.

Megainvestidor faz alerta preocupante: "Não invistam no Brasil"


Para Arif Naqvi, da Abraaj Capital, intervencionismo do governo e desaceleração econômica sacrificam retorno sobre os investimentos nas empresas do país

Ana Clara Costa, de St Gallen
Arif Naqvi, presidente do fundo de private equity Abraaj Capital
Arif Naqvi, presidente do fundo de private equity Abraaj Capital (Bloomberg/Getty Images)
 
Diante um público de mais de 600 pessoas composto por banqueiros, investidores, empresários, premiês europeus e a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, um megainvestidor paquistanês fez um alerta, no mínimo, frustrante: "Não recomendo investir no Brasil", disse Arif Naqvi, presidente do fundo de private equity Abraaj Capital. Naqvi, que administra 7,5 bilhões de dólares aplicados em ativos em países da África, Ásia e América Latina, participava de um painel de discussões sobre mercados emergentes promovido pela Universidade de St Gallen, na Suíça, na semana passada. 

Quando questionado pelo vice-presidente do banco Goldman Sachs, Lord Griffith, sobre quais mercados eram considerados mais desinteressantes para se investir, Naqvi disse, sem hesitar: o Brasil.

Segundo o paquistanês, o intervencionismo econômico e o ego do governo brasileiro espantam qualquer tentativa de se obter ganhos satisfatórios em operações no país. Ele também reconheceu que as regras mudam constantemente e que tal situação traz insegurança jurídica. O investidor citou o Chile, o Peru, a Colômbia e o México como mercados muito mais promissores, seguros – e que ainda se beneficiam dos avanços ocorridos na economica brasileira. Procurado após a palestra, Naqvi se negou a dar entrevista ao site de VEJA. Contudo, um de seus diretores, Frederic Sicre, explicou a razão das críticas feitas ao país.
 
Para Sicre, a desaceleração econômica combinada com a moeda forte e o custo Brasil fazem com que os investimentos no país sejam muito onerosos, com potencial de retorno reduzido. “As políticas protecionistas combinadas com o idioma diferente dos demais países da América Latina também fazem com que estratégias regionais sejam difíceis de serem executadas igualmente no Brasil e nos outros países do continente”, afirmou o empresário.

Nem mesmo o mercado interno brasileiro, usado como trunfo pela presidente Dilma Rousseff para justificar suas políticas intervencionistas, parece atrair o fundo billionário. “Não se pode negar que o mercado brasileiro seja o maior da região e mereça atenção. Mas, hoje, as oportunidades em outros países da América Latina são mais atrativas para os nossos investimentos, pois os retornos são maiores”, disse Sicre.

Com sede em Dubai, o Abraaj é um dos maiores private equities do Oriente Médio e nunca fez investimentos no Brasil. Seus 33 escritórios ao redor do mundo administram os aportes do fundo, sobretudo, em empresas dos setores farmacêutico e de energia.

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quarta-feira, 8 de maio de 2013

ICMS: Senado amplia benefícios a Estados menos desenvolvidos

 
 
 

08/05/2013

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado conseguiu finalizar a votação do projeto de resolução que unifica as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na reunião desta terça-feira. Há duas semanas, o colegiado votou o texto-base da matéria. Agora, o projeto segue para o plenário do Senado, com pedido de urgência na votação.

Uma das mudanças feitas hoje inclui serviços e comércio no rol de transações beneficiadas com alíquota de 7% a partir de 2018. O relatório original previa que apenas produtos industrializados e agropecuários pagariam essa alíquota, que atualmente é de 12%. A medida vale nas operações realizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no Espírito Santo, destinadas às regiões Sul e Sudeste. A mudança beneficia as regiões menos desenvolvidas do País, que não produzem bens industrializados.

Nas trocas comerciais feitas no sentido inverso (a partir de Estados do Sul e Sudeste, excluindo o Espírito Santo, com destino ao resto do País), o ICMS cobrado será reduzido dos atuais 7% para 4% a partir de 2016.

O projeto de resolução é uma das medidas que tenta pôr fim à chamada guerra fiscal entre os Estados. Com diferentes alíquotas do imposto, Estados "disputam" a instalação de empresas em seus territórios. Os Estados que adotam alíquotas maiores tentam atrair mais investimentos e aumentar a arrecadação de impostos.

O projeto de resolução determina um cronograma de redução das alíquotas do ICMS, hoje de 7% e 12% dependendo do Estado, para 4% (com algumas exceções), feita gradualmente a partir de 1º de janeiro de 2014.

Na compra e venda de gás natural importado do exterior, a alíquota em vigor será de 12% para todos os Estados, mas percentuais diferentes serão praticados quando o produto for nacional. A alíquota de 12% foi mantida para as áreas de livre comércio e para a Zona Franca de Manaus (exceto para os produtos importados, que têm regulamentação específica, e para as operações interestaduais de transporte aéreo de passageiro, carga e mala postal).

A entrada em vigor das novas alíquotas, no entanto, foi condicionada à criação do Fundo de Compensação das Perdas que os Estados vão ter com a redução das alíquotas (que depende de um projeto de lei também em tramitação na CAE), e do Fundo de Desenvolvimento Regional (criado com a medida provisória 599).

Fonte: Portal Terra Economia.

Brasileiros se tornam empresários após os 50 anos


6 de maio de 2013 | 8h02
Redação
Cris Olivette

A longevidade da população vem fazendo com que pessoas acima de 50 anos tenham energia suficiente para começar a empreender. Aos 59 anos, o franqueado da rede Sorridents Luiz Antonio Machado, engrossa essa tendência. Ele iniciou o negócio há cinco anos, pouco antes de se aposentar.

Formado em administração, Machado construiu sua carreira em três multinacionais, onde ocupou cargos como gerente nacional de vendas e diretor. “Fiz a preparação para quando chegasse a essa etapa da vida. Na última empresa em que trabalhei havia um plano de previdência para aposentadoria a partir dos 55 anos. Mas eu não me via em casa procurando tarefas para preencher o tempo.”

Disposto a aproveitar a experiência acumulada, Machado adquiriu uma unidade da rede de consultórios dentários em sociedade com a filha, que é dentista. “Essa foi a forma que encontrei para me manter motivado. Empreender me fez bem, hoje me sinto útil.”

Há um ano, pai e filha montaram a segunda unidade. “Continuamos com o objetivo de crescer e abrir mais unidades. Ela atua na área técnica e eu lidero o crescimento do negócio e a abertura de novas unidades, pois cuido das partes comercial, administrativa e financeira.”

Outro ex-executivo de multinacional que investiu em um negócio próprio na maturidade foi José Manzo, que hoje atua como consultor de negócios da área financeira, direito societário, fusões e aquisições.

“No fundo, sempre tive o desejo de fazer algo a partir de um momento em que eu me sentisse preparado. Ou seja, montar a minha própria consultoria para explorar o potencial que construí ao longo da carreira.”

Para ele, continuar ativo na maturidade é uma fonte de juventude. “Eu diria que dá um novo vigor à vida. É uma renovação por completo e isso é saúde, é alegria.” Manzo afirma que sempre se preparou para esse momento. “Comecei fazendo engenharia civil, depois estudei administração, economia e fiz diversos cursos de especialização.” Para ele, um empreendedor com mais de 50 anos está com os pés bem plantados no chão e é mais meticuloso em relação aos riscos.

Risco. “Um cinquentão não vai de maneira alguma se aventurar. Ele não costuma ter ideias mirabolantes. Sua linha de raciocínio é muito simples, muito reta, e isso acaba por mitigar muitos riscos que normalmente um jovem empreendedor poderia correr sem necessidade”, acredita.

Risco nessa faixa etária, aliás, é um grande perigo, ressalta o professor de pós-graduação em administração Batista Gigliotti. “O negócio deve ser muito bem planejado, porque se o empreendedor tiver problemas, talvez não tenha tempo para resgatar o prejuízo, porque o gás já não é o mesmo.” Gigliotti enfatiza que isso pode acarretar um problema sério para a vida, não só do ponto de vista financeiro, como do emocional. “É bom ter cautela e nunca investir mais do que 30% do patrimônio.”

Por outro lado, Gigliotti considera que o cenário é muito promissor para esse tipo de iniciativa, já que as pessoas estão envelhecendo com mais qualidade de vida. “Também podemos pensar sobre alguns aspectos. Primeiro, normalmente são pessoas que têm reservas. Segundo, muitas vezes essas reservas representam tudo o que foi acumulado durante a vida. E, em terceiro lugar, são pessoas que têm medo de risco, porque já passaram por oscilações macro e micro econômicas fortes.”

Ao mesmo tempo, o professor afirma que essas pessoas não têm mais apetite de estar no mercado financeiro, que está muito ruim e, segundo ele, a tendência é de piorar ainda mais porque a taxa de juros deve baixar a médio prazo.

“Pelo lado pessoal, os filhos já estão criados, o que dá liberdade para a pessoa realizar o sonho de ter um negócio próprio, ou melhor ainda, ter uma ideia implementada”, conclui.

Vanguarda. Há vinte anos, a expectativa de vida do brasileiro ainda não tinha atingido os 74 anos. Mas isso não foi empecilho para que o professor de língua portuguesa e de teoria da comunicação Fernando dos Santos Costa, resolvesse empreender, mesmo tendo mais de 50 anos de idade e 30 anos de trabalho. “Decidi montar o negócio porque vi no computador um instrumento de ensino e aprendizagem. Isso chamou a minha atenção”, afirma o fundador do Grupo Easycomp, rede de ensino de informática e de cursos profissionalizantes que já formou mais de 4 milhões de alunos, em suas 930 unidades.

“No início, eram aulas de informática, mas fui percebendo o potencial do ensino pelo computador e um ano depois começamos a montar os primeiros cursos profissionalizantes.”

O ex-professor conta que no início enfrentou muitas dificuldades para administrar o negócio. “Quem me salvou foi meu sócio. Eu o convidei depois de alguns meses de operação e estamos juntos até hoje. Ele cuida das áreas comercial e administrativa e eu, da pedagógica.”

Com 72 anos, Costa afirma que se sente com 40 anos por sempre estar em contato com as pessoas. “Se a pessoa se aposenta do trabalho, também começa a se aposentar da vida.”

O franqueado do grupo Container Antonio Guinomar Ferreira Barbosa, que trabalhava com revenda de pneus, resolveu mudar de ramo de atividade perto de completar 60 anos. “Sou aposentado mas sou muito atuante. Como meus três filhos já estão formados, resolvi investir nesse formato de negócio para que eles pudessem trabalhar comigo.”

Barbosa afirma que fez pesquisa de mercado antes de montar a franquia na cidade de Rondonópolis (MT). “Identifiquei que a marca é uma das que mais crescem no País atualmente. Isso se deve, entre outras coisas, por ser um negócio ecológico. As lojas são montadas usando a estrutura de um container.”

Costa conta que na juventude foi zagueiro no time Operários de Campo Grande (MS)e diz que até hoje joga futebol. “Não pretendo parar nunca com essa atividade. Quando tiver 80 anos, posso mudar de posição e passar a jogar no gol.”

‘Experiência acumulada é uma das vantagens’ 

“Nunca é tarde para empreender”, diz a coordenadora do curso de empreendedorismo e inovação dirigido a pessoas na faixa etária entre 50 e 64 anos, da escola de educação executiva B. I. International, Anna Maria Guimarães.

“Nas economias mais avançadas, o sistema de aposentadoria já foi modificado e a idade mínima passou a ser de 67 anos. Creio que o Brasil irá caminhar nesse sentido, porque hoje uma pessoa de 50 anos não é considera velha e tem pela frente muita vida produtiva.”

Anna Maria cita algumas vantagens advindas com a maturidade: experiência acumulada, consistência, agir mais com a razão e não tanto com a emoção. “Além disso, estudos demonstram que quem empreende nessa faixa etária tem receita 35% maior do que os que não empreenderam.”

E não é só a receita que melhora. O professor de pós-graduação Batista Gigliotti aponta outro benefício. “O fato de ter uma atividade desafiadora faz com que a pessoa mantenha o espírito jovem. Uma coisa engraçada que tenho visto é que a área de tecnologia da informação que sempre foi relacionada com inovação e juventude, tem hoje sessentões em atividade.”

Anna Maria diz que durante os cursos costuma citar exemplos de empreendedores que construíram grandes empresas depois dos 50 ou 60 anos. Um deles, diz ela, é o caso do empresário Abraham Kasinsky, que fundou a Cofap e a presidiu por 50 anos. “Depois de vender a empresa, ele fundou a Kasinsky Motos quando tinha 82 anos e passou a concorrer com as japonesas Honda e Yamaha, que juntas dominavam 90%do mercado. O empresário teve motivação e conhecimento para empreender numa área altamente competitiva e obteve sucesso”, afirma. Kasinsky vendeu essa empresa quando tinha 92 anos e morreu dois anos depois, em 2012.

Segundo Anna Maria, é bem relevante a porcentagem de brasileiros que estão empreendendo na faixa dos 55 aos 64 anos. “Em 2008, tínhamos 3% de empreendedores nessa faixa etária. Em 2012 esse índice saltou para 8%. O volume quase triplicou, enquanto nesse mesmo período o porcentual de negócios criados na faixa etária de 18 a 24 caiu um ponto porcentual.”

A CONTRATAÇÃO DE MÉDICOS ESTRANGEIROS AVANÇA

 

 

 

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, garantiu que o Governo Federal tem a intenção de contratar médicos estrangeiros para amenizar o déficit de profissionais no interior do Brasil. A informação foi divulgada durante a abertura do Encontro Estadual com Novos Prefeitos do Rio Grande do Norte, realizado na manhã desta sexta-feira (03/05/2013). Segundo a ministra, o Governo Federal já prepara o projeto para encaminhá-lo ao Congresso.

Segundo Ideli Salvatti, Governo Federal tem conhecimento sobre os problemas que os municípios vêm enfrentando devido à falta de médicos dispostos a trabalhar no interior durante todos os dias da semana. Citando o discurso do prefeito de Lajes, Benes Leocádio, que relatou a negativa de um médico em realizar parto na cidade, Ideli Salvatti confirmou que o problema é comum no interior do Brasil. Por isso, a presidenta Dilma Rousseff já teria decidido realizar a contratação dos novos médicos.

“A presidenta vai trazer médicos do exterior porque não tem médicos em número suficiente para dar atendimento. Boa parte dos que têm não quer ir para o ‘interiorzão’, e não vamos permitir que a popuação fique sem atendimento médico, que sejam penalizados”, disse Ideli Salvatti.

De acordo com a ministra, o objetivo do programa é fazer com que o Governo Federal arque com os custos da mão de obra, o que vai contribuir para que os municípios diminuam os custos com os profissionais. “Sabemos que há prefeitos oferecendo até 30 mil para os médicos, e há os que se negam a passar a semana nos municípios. Isso vai acabar”, garantiu.

Apesar da intenção do Governo Federal, a aprovação ainda precisa da aprovação do Congresso Nacional. Por isso, durante o encontro, a ministra pediu o auxílio do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, para a aprovação da matéria.

“Sabemos que não será fácil aprovar isso no Congresso, porque a categoria não quer. Teremos um debate muito difícil de ser feito, mas estamos confiantes”, disse Ideli Salvatti.

Cubanos

Outra informação é que 6.000 médicos cubanos virão trabalhar no interior do país. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (06/05/2013) pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, depois de um encontro com o chanceler de Cuba, Bruno Rodriguez. “Estamos nos organizando para receber um número maior de médicos aqui, em vista do déficit de profissionais de medicina no Brasil. Trata-se de uma cooperação que tem grande potencial e à qual atribuímos um grande valor estratégico”, informou o ministro.

A vinda dos médicos cubanos começou a ser negociada em janeiro de 2012, quando a presidente Dilma Rousseff visitou Havana pela primeira vez. A intenção do governo brasileiro é levar os cubanos para trabalhar em cidades do interior do Brasil onde hoje não há atendimento e onde os médicos do País não querem trabalhar.

O Brasil, no entanto, terá que encontrar uma solução para a autorização de trabalho para esses médicos. Hoje, médicos formados no exterior precisam fazer uma prova de revalidação do diploma, o Revalida, em que menos de 10% dos que tentaram nos dois últimos anos foram aprovados. “Ainda estamos finalizando os entendimentos para que eles possam desempenhar sua atividade profissional no Brasil, no sentido de atendimento a regiões particularmente carentes do País”, explicou Patriota.

CFM condena

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota nesta segunda-feira (06/05/2013) condenando a possível vinda de médicos estrangeiros para trabalhar no país.

O CFM afirmou repudiar “qualquer iniciativa que proporcione a entrada irresponsável de médicos estrangeiros e de brasileiros com diplomas de medicina obtidos no exterior sem sua respectiva revalidação”.

Na visão da entidade de classe, medidas como essa ferem a lei e configuram uma “pseudoassistência com maiores riscos para a população e, por isso, além de temporárias, são temerárias por se caracterizarem como programas políticos-eleitorais”.

O comunicado afirma ainda que o CFM e os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) “envidarão todos os esforços possíveis e necessários, inclusive as medidas jurídicas cabíveis, para assegurar o Estado Democrático de Direito no país”.

Além de apontar que os médicos estrangeiros, sem a revalidação de seus diplomas no Brasil, não têm uma comprovação de que têm uma formação à altura do necessário, o CFM alega que existem estudos que indicam que esses profissionais, após algum tempo, tendem a migrar para os grandes centros.

O CFM defende ainda a criação de uma carreira pública para o médico do SUS, com ênfase na atenção primária, para assegurar a presença de profissionais nas áreas remota e nas periferias dos grandes centros.

“O que precisamos é de médicos bem formados, bem preparados, bem avaliados e com estímulo para o trabalho. Tratar a população de maneira desigual é sinal de desconsideração e de desrespeito para com seus direitos de cidadania”, conclui a nota do conselho federal.

(Agências – 08/05/2013)