Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
O motivador japonês
Paulo Bellini trouxe do Japão, em 1986, a metodologia empresarial que transformaria a Marcopolo na maior fabricante de carrocerias de ônibus do mundo
Por Ricardo Lacerda
O sangue é italiano. Mas o jeito de trabalhar é japonês. Afinal, foi do Japão que Paulo Bellini trouxe, em 1986, a metodologia empresarial que transformaria a Marcopolo na maior fabricante de carrocerias de ônibus do mundo. Naquela época, ele já acumulava 36 anos de experiência no setor – mesmo assim, não hesitou em abrir mão de tudo que sabia para alterar o modus operandi da empresa. “Trouxemos o desafio de introduzir aqueles programas no chão de fábrica”, explica. No final de 1987, a Marcopolo já havia formado mais de 50 turmas de funcionários que frequentavam aulas em horários fora do expediente. “Eram 2,5 mil pessoas participando, com engenheiro e porteiros misturados, todo mundo entusiasmado”, relembra ele.
Boa parte dessa história foi contada no livro Sua Viagem Começa aqui, escrito por Bellini e lançado no ano passado. Segundo ele, muita coisa mudou na Marcopolo. Hoje, eu ando pela fábrica e pergunto aos funcionários mais antigos: Pô, tu ainda está aqui?”, brinca. Aos 86 anos, agora como presidente emérito, Bellini pode se dedicar a um papel que sempre lhe agradou: o de motivador. “Venho quase todos os dias à empresa e sigo desempenhando esse papel. A verdade é que sou meio viciado nisso.” Além das reuniões do Conselho, às quais não costuma faltar, o fundador da companhia gosta de conversar e orientar executivos – ser um “mentor”, como ele diz.
Mas nem só de trabalho ele vive. Às sextas-feiras, a agenda é preenchida com o já tradicional jogo de golfe em um clube de Caxias do Sul – cidade onde gosta de se mover a bordo de um Mini Cooper de duas cores. “É ligeirinho, pequeno e fácil de manobrar”, explica. Outra paixão são as pescarias, feitas de preferência em rios da Bacia Amazônica, em Rondônia. Uma aventura que costuma ser capitaneada por outro octogenário bastante conhecido da região sul. “A gente vai com o Adelino, que é o chefão da turma. Ele tem um avião e pousa do ladinho da pousada”, relata Bellini, referindo-se a Adelino Colombo, diretor-presidente da Lojas Colombo, de Farroupilha (RS) – e que também já passou dos 80. Em abril, os empresários e outros amigos passaram alguns dias na divisa do Mato Grosso com o Pará, aventurando-se no leito do rio Teles Pires, um dos melhores da região, segundo Bellini.
O fundador da Marcopolo olha para trás com satisfação e para a frente com entusiasmo. Em 2012, a receita líquida da empresa bateu em R$ 3,8 bilhões. Para 2013, se tudo sair conforme o planejado, a receita líquida (pelos critérios tradicionais de contabilidade, que foram alterados neste ano) deve chegar a R$ 4,3 bilhões. Como se vê, o rio está para peixe.
Casais empreendedores que deram certo (no amor e nos negócios)
Muita gente tem medo de envolver trabalho e vida pessoal. Casos marcantes do Vale do Silício mostram, no entanto, que casais que empreendem juntos podem, sim, conseguir muito sucesso
Shutterstock
Sorte no amor e nos negócios
Houve uma época no Vale do
Silício em que venture capitals não gostavam da ideia de financiar
casais. No entanto, Cisco e 3Com - duas importantes startups do Vale -
foram fundadas por casais. Hoje, o mundo das startups parece nutrir
ainda mais romances. Às vezes, ele é o CEO, outras vezes ela é. Às
vezes, eles invertem os papeis. Para ter um filho, ou vários. Ou não. De
qualquer maneira, o preconceito contra casais empreendedores precisa
acabar. O empreendedorismo é um caso de paixão. Um afrodisíaco poderoso.
Melhor conhecer o fenômeno.
Julia e Kevin Hartz (Eventbrite)
Foi necessário um pedido de
casamento e uma oferta de trabalho em um novo negócio conjunto para que
Kevin Hartz conseguisse trazer sua noiva Julia para o Vale do Silício. O
antigo emprego de Julia em Los Angeles era simplesmente na indústria do
entretenimento, mas ela mostrou bastante entusiasmo ao lidar com o
início do negócio. Em 2006, o casal conseguiu um terceiro co-fundador e
lançou o Eventbrite, uma plataforma online de vendas de ingressos que
promove uma conexão com outros participantes do evento.
No começo de 2008, alguns dias antes do Eventbrite receber sua
primeira rodada de investimento anjo, Julia deu à luz o primeiro filho
do casal. Determinada a continuar durante o momento de sucesso, Julia
permaneceu trabalhando em casa durantes cinco meses antes de retornar.
Kevin ocupa a posição de CEO e Julia a presidência, enquanto cuida das
duas filhas. Ela e Kevin usam a combinação ajuda da família e babá
durante a semana. Durante as sextas, Julia trabalha em casa. Kevin e
Julia continuam trabalhando como um time, balanceando seus negócios e a
vida familiar.
Victoria Ransom e Alain Chuard (Wildfire)
Assim como Julia Hartz, o interesse de Victoria Ransom em se tornar
uma empreendedora foi estimulado pelo seu namorado. Victoria se uniu a
Alain Chuard para fundar, em 2001, a Access Trips, uma empresa de
planejamento de viagens voltada para jovens profissionais. Em 2007,
quando o Facebook estava expandindo sua presença com as fanpages,
Victoria e Alain criaram um aplicativo para executar sorteioa na rede. O
app fez tanto sucesso que ganhou uma expansão independente.
O Wildfire
faz marketing nas mídias sociais, baseando-se nos efeitos virais para
executar campanhas, gerenciar análises e desenvolver ações online. A
empresa cresceu para aproximadamente 300 empregados e incluiu 30 marcas
globais entre os clientes. Em julho de 2012, o Google bateu na porta e
comprou a companhia de Victoria por aproximadamente U$ 350 milhões.
Durante o trabalho conjunto, o casal permaneceu como um time forte
que joga com os pontos fortes. As habilidades de Alain o colocaram como
chefe de produção com foco no design, engenharia e desenvolvimento. O
instinto empreendedor de Victoria ajudou não apenas no desenvolvimento
do produto, mas principalmente na hora de conduzir o show, mantendo o
título de CEO. Victoria admira as mães no mundo dos negócios, mas não
possui filhos. Ela continua a trabalhar no Vale do Silício, sendo uma
das defensoras das mulheres no ramo da tecnologia.
Collis e Cyan Ta’eed (Envato)
Collis e Cyan Ta’eed viajaram de Papua Nova Guiné e Nova York,
respectivamente, para se casarem na Austrália. Collis estava procurando
um trabalho como designer e Cyan estava estudando Design quando se
conheceram, e em 2004 eles começaram a trabalhar juntos como
freenlancers.
A empresa deles, GoodCreative, se focou em design para trabalhos de
caridade. A venda de arquivos em flash promoveu a Envato, um marketplace
online, voltada para compra e venda de serviços criativos e bens
digitais.
Hoje a Envato possui aproximadamente 10 milhões de visitas por mês, e
um arquivo é vendido a cada 10 segundos. É o maior marketplace para web
design, templates do Adobe After Effects e um mercado de música de
fundo para uso em publicidade.
Em 2007, a incursão de Collis em blogs resultou em uma segunda
dimensão para o site. A Envato agora possui um total de 12 sites de
tutoriais sobre todos os assuntos, de desenvolvimento de jogos até o
trabalho como DJ.
A afinidade de Cyan com o gerenciamento do projeto criou um fluxo de
trabalho simples para o casal, em que "Collis criaria ideias fantásticas
de negócios e Cyan, então, colocaria uma equipe para desenvolver esse
trabalho."
Collis é o CEO da empresa, e afirma que é menos solitário que outros
CEOs por que pode trabalhar com sua esposa. Assim como Victoria e Alain,
o casal não tem filhos. Os dois são bem próximos e passam o dia inteiro
juntos, dividindo a paixão pelo trabalho.
Amy Pressman & Borge Hald (Medallia)
Após se formar em Administração em Stanford em 1993, Amy Pressman
passou a trabalhar em uma empresa de consultoria norueguesa, focando na
queda dos padrões da manufatura americana. Enquanto formulava um plano
de negócios para esse setor negligenciado, ela se apaixonou pelo seu
marido Borge Hald, que também trabalhava no exterior, após estudar na
escola de negócios de Stanford.
O casal voltou para a baía de São Francisco em 1999 para fundar o
Medallia. A empresa oferece pesquisas baseadas na internet e um trabalho
voltado para fidelização de clientes para os varejistas, hotéis e
outros serviços orientados para empresas.
Após a procura por financiamento, o Medallia passou a ser lucrativo
no final de 2002. Em 10 anos desde que começaram, Amy e seu marido
construíram uma empresa considerável, que lucra aproximadamente US$ 30
milhões. Borge lida com o produto primário e a engenharia, enquanto Amy
promove as vendas e procura novos negócios. Os dois dividem a liderança
da companhia. Apenas quando o segundo filho do casal nasceu, houve a
designação de Borge como o CEO e Amy como presidente. Mãe de três
crianças, ela equilibra a vida profissional e familiar em encontros
matinais com seu marido, para falar sobre o desenvolvimento da
companhia. "A vida é um caos", admite Amy.
Wendy Tan White & Joe White (Moonfruit)
Após se formar em Ciências da Computação na Imperial College em
London, Wendy Tan White foi chamada para ajudar a construir o banco
online Egg.com. Foi um projeto que a apresentaria para Joe White e a
inspiraria para criar o seu próprio negócio. Em 2000, Wendy fundou a
Moonfruit, uma plataforma de desenvolvimento web sob demanda, que
fornece uma interface simples para que os usuários pudessem compartilhar
suas paixões. Joe e um amigo da faculdade foram seus co-fundadores;
Wendy e Joe se casaram logo depois.
A estabilidade financeira da Moonfruit oscilou durante a Crise das
Pontocom, momento em que Joe deixou a empresa para trabalhar em tempo
integral com a McKinsey. Com ajuda de trabalhos freelancers e
financiamento adicional, a Moonfruit se reergueu em 2005.
No meio do crescimento da Moonfruit, Joe voltou e Wendy se afastou da
empresa de 2004 até 2008 para criar os filhos do casal. Ela continuou
contribuindo para o crescimento da empresa estudando design e
desenvolvendo campanhas de mídia.
Quando Wendy voltou ao trabalho, aconteceu a inversão de papéis.
Agora, Wendy se tornou CEO e Joe o CFO. Os dois cuidam dos negócios,
trabalhando fora do escritório uma vez por semana.
Eles têm um "encontro" semanal à noite e deixam os telefones fora de
área ao chegar em casa todas as noites. É um sistema que parece
funcionar bem, já que os lucros da Moonfruit em 2012 foram acima de US$ 5
milhões, com uma taxa de retenção 80-90% na plataforma de e-commerce do
produto.
Então, veja: amor e empreendedorismo podem, sim, dar muito certo juntos!
O Brasil público que dá certo
Duas iniciativas exemplares (Ministério Público/Sebrae-AC e Tribunal de Justiça da Bahia) para demonstrar como é possível prestar serviço público de qualidade
“Sempre é hora de fazer o que é certo.”(Martin Luther King)
O histórico mês de junho de 2013 ficou marcado pelas manifestações
que evidenciaram a insatisfação popular para com a gestão e os serviços
públicos. Todavia, como há sempre exceções, gostaria de ilustrar dois
casos exemplares de como é possível fazer o que é certo e fazer o que se
espera em prol dos cidadãos.
O primeiro caso vem de Rio Branco/AC. Alarmado pelo número crescente
de famílias entregando filhos para adoção, não por ausência de amor e
afeto, mas por falta de condições financeiras para sustentá-los, o
Ministério Público local firmou uma parceria singular envolvendo o
Sebrae e o governo do Estado.
Ao Sebrae coube a capacitação de pessoas para atuarem como
microempreendedores individuais promovendo cursos para formação de
manicures, cabeleireiras, costureiras, cozinheiras, comerciantes, entre
outros. Preparação e treinamento, propósitos essenciais do Sebrae, estimulando a economia local, valorizando o artesanato, a culinária e a cultura regionais, e possibilitando a pessoas de baixa renda o resgate da cidadania e da dignidade.
Ao governo do Estado coube, através da Secretaria de Pequenos
Negócios, contribuir com infraestrutura para viabilizar a atividade
empreendedora, mediante a cessão, a título de comodato, de equipamentos e
utensílios diversos, tais como máquinas de costura.
Importante ressaltar a participação de outros atores nesta
iniciativa, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação
Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD).
O segundo caso vem de Salvador/BA onde o Tribunal de Justiça do
Estado criou o Balcão de Justiça e Cidadania, um projeto de mediação
comunitária voltado à população de menor poder aquisitivo com objetivo
de mediar conflitos de menor complexidade e oferecer orientação
jurídica.
No decorrer de cinco anos, foram realizados mais de 341 mil
atendimentos, 129 mil audiências e 72 mil acordos, a maioria
relacionados a divórcio ou pensão alimentícia. O tempo médio entre o
primeiro atendimento e a audiência inicial é de apenas nove dias,
demonstrando a celeridade desta iniciativa. Quase 80% dos casos mediados
chegam a um acordo com um índice de descumprimento de apenas 5,4%. A
taxa de aprovação dos usuários supera a marca de 90%.
Mas o Tribunal não atua sozinho, contando com a parceria de
faculdades de Direito, prefeituras, instituições religiosas e entidades
da sociedade civil. As equipes de trabalho são formadas por advogados,
estudantes (que têm a oportunidade de exercitar a teoria na prática com a
devida orientação) e agentes comunitários.
É bom saber que em meio a tanta desfaçatez e malversação do dinheiro
público, há pessoas trabalhando com criatividade, dedicação e afinco
para promover a inclusão e a redução das gritantes desigualdades que
afligem nosso país.
* Tom Coelho é educador,
conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de
“Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011), “Sete Vidas – Lições para construir
seu equilíbrio pessoal e profissional” (Saraiva, 2008) e coautor de
outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Cartes agradece apoio brasileiro, mas diz que Paraguai não quer favores
30/09/2013 - 16h17
Danilo Macedo e Carolina Sarres
Repórteres da Agência Brasil
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Em sua primeira visita de Estado ao Brasil, o presidente
do Paraguai, Horacio Cartes, agradeceu o apoio que tem recebido do
governo da presidenta Dilma Rousseff, desde que tomou posse, em 15 de
agosto deste ano. Após o encontro que tiveram hoje (30) no Palácio do
Planalto, Cartes lembrou que, um dia depois de sua vitória nas eleições,
recebeu um telefonema de Dilma, que destacou a importância do Paraguai
para o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e colocou à disposição dos
paraguaios todo o conhecimento e estrutura desenvolvidos Brasil no
combate à pobreza.
“Não esquecerei jamais que, no dia seguinte ao da vitória nas
eleições, recebi seu chamado e ela [Dilma] me dizia da importância de
estarmos todos juntos no Mercosul e da necessidade de estarmos em
família, todos juntos”, disse Cartes. Segundo ele, ao longo da história,
o Brasil e o Paraguai, países vizinhos, demonstraram saber superar
grandes adversidades. Cartes acredita que ele e Dilma serão lembrados
pela manutenção das boas relações entre as duas nações, a despeito de
diferenças conjunturais que possam ter ocorrido ao longo do tempo.
O Paraguai ficou suspenso do bloco entre 29 de junho de 2012 e 12 de
julho deste ano porque os líderes políticos da Argentina, do Brasil e
do Uruguai discordaram da forma como o então presidente Fernando Lugo
foi destituído do poder, por impeachment. Com o processo
eleitoral e a vitória de Cartes, que tomou posse em 15 de agosto, a
suspensão foi extinta, mas o país ainda não retornou ao bloco.
Na ausência do Paraguai, houve a incorporação da Venezuela como país-membro do bloco, a adesão da Bolívia e a inclusão, com o status
de membros associados, da Guiana e do Suriname. Pelas regras do
Mercosul, o Poder Legislativo de cada um dos países-membros precisa
aprovar a entrada de novos participantes, como a Venezuela, adesão que é
questionada pelo Paraguai.
O presidente Cartes tem de lidar com os benefícios que o retorno ao
Mercosul trará ao país e a oposição de parte do Legislativo a medidas
tomadas pelo bloco durante a suspensão. A presidenta Dilma Rousseff
disse hoje, após encontro com Cartes, que a suspensão não afetou as relações bilaterais com o Brasil.
Cartes ressaltou que o Paraguai não quer pedir favores ao Brasil e
sim sentar para negociar, buscando benefícios para ambos os países, pois
sabe que tem recursos naturais que interessam aos brasileiros. “Neste
momento em que o Paraguai goza de um crédito de que não gozava ontem,
queremos dizer ao Brasil que queremos sentar à mesa grande, e só quando
as coisas forem boas para os dois, em [uma relação de] ganhar-ganhar.
Estamos seguros de que temos condições de retribuir, pelo menos em
parte, tanta generosidade do Brasil.”
Segundo Cartes, seu país está em falta com brasileiros que foram há
décadas para o Paraguai produzir alimentos e reivindicam títulos de
propriedade de suas terras. Cartes enfatizou que os estrangeiros que
foram para o Paraguai produzir, quando ainda não havia nenhuma
estrutura, o ensinaram que seu país tinha atrativos e, por isso, se
sente com enorme responsabilidade sobre o tema.
“Aqueles brasileiros que apostaram no meu país, fizeram por
convicção e têm meu enorme carinho e admiração. No início, foram muitos,
mas não ficaram todos. Ficaram os mais valentes, os que souberam
aguentar, há 40 anos, a adversidade quando não havia estradas, água,
nada, e sobreviveram. Negar que foram grandes mestres para a nossa gente
na produção agrícola seria silenciar a verdade. Hoje me sinto com uma
grande responsabilidade”, reforçou o presidente paraguaio.
Antes do almoço oferecido à sua comitiva no Palácio Itamaraty,
Cartes destacou que cerca 85% da economia vêm dos rios. Entre as
principais atividades econômicas, estão a agricultura e a pecuária,
sendo o país, que tem 406 mil quilômetros quadrados, um dos cinco
maiores produtores de carne bovina no mundo. Com 6,5 milhões de
habitantes, o Paraguai enfrenta altos índices desigualdade de renda, com
40% da população em faixa de pobreza e 18% de extrema pobreza.
"Quero
que o meu gabinete seja lembrado pelo combate à pobreza. Obrigada por
nos oferecer a experiência e a disposição neste combate. Estamos em
condições de aceitar e de fazer as coisas juntos", disse Cartes, que
agradeceu ao governo brasileiro por oferecer ao Paraguai as tecnologias
dos programas Bolsa Família e Brasil sem Miséria.
No almoço oferecido aos paraguaios no Itamaraty, Dilma e Cartes
tiveram a companhia do presidente interino do Supremo Tribunal Federal
(STF), Ricardo Lewandowski, do presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do vice-presidente do Senado, Jorge
Viana (PT-AC), do senador e ex-presidente da República José Sarney
(PMDB-AP) e de outras autoridades. Até o final do dia, Cartes irá
visitar as duas casas do Congresso Nacional e o STF.
Edição: Nádia Franco
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apenas dar crédito à Agência Brasil
Barbosa critica Judiciário brasileiro a empresários
O
sistema legal brasileiro é uma “monstruosidade” e não há no mundo
Justiça tão confusa quanto a do Brasil. A avaliação, noticiada pelo
portal UOL, é do presidente do Supremo Tribunal Federal e do
Conselho Nacional de Justiça, ministro Joaquim Barbosa, durante palestra
do Fórum Exame, voltado para empresários, em São Paulo.
Se no STF Barbosa chefia a corte responsável por zelar pelo cumprimento da Constituição, no CNJ ele comanda o órgão criado em 2004 para, justamente, melhorar o funcionamento Judiciário. Nas palavras da própria corte, sua missão é “contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com moralidade, eficiência e efetividade em benefício da sociedade”.
Aos empresários, Barbosa disse a morosidade da Justiça causa “graves entraves” à economia. Para ele, esses entraves são "expressões vivas de um bacharelismo decadente, palavroso, mas vazio, e, sobretudo, descompromissado com a eficiência".
Para o presidente do STF e CNJ, o Brasil adotou o aumento da máquina judiciária para tentar resolver a lentidão dos processos. "A solução fácil de aumento da máquina judiciária é apenas momentaneamente paliativa e não resolve a origem do problema, que está na vetustez barroca da nossa organização de todo sistema judiciário."
Segundo ele, uma das soluções às mazelas do Judiciário é priorizar a 1ª instância, além de "reduzir o número excessivo de recursos que atualmente permite que se passe uma década sem que haja solução definitiva do litígio”.
Barbosa, que foi nomeado ministro em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou também o modelo de indicação de magistrados. "Um dos fenômenos — que eu chamo de mais pernicioso — é a indicação política. Não há mecanismos que criem automatismo, que, passado um determinado tempo, um juiz seja promovido sem que tenha que sair com o pires na mão”.
Barbosa afirmou que juizes politicamente engajados em alguma coisa são impedidos moralmente de cumprir sua missão, assim como aqueles que são "medrosos".
O ministro evitou comentar a declaração do ex-presidente Lula ao jornal Correio Braziliense, em que afirmou que, hoje, teria mais critérios ao indicar um ministro para o STF. "Não tenho nada a dizer. Ele foi presidente da República, eu não sou presidente da República, não tenho nenhum papel na nomeação de ministros para o Supremo e nunca procurei exercer influência sobre esse papel, que não me cabe", afirmou no evento.
Se no STF Barbosa chefia a corte responsável por zelar pelo cumprimento da Constituição, no CNJ ele comanda o órgão criado em 2004 para, justamente, melhorar o funcionamento Judiciário. Nas palavras da própria corte, sua missão é “contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com moralidade, eficiência e efetividade em benefício da sociedade”.
Aos empresários, Barbosa disse a morosidade da Justiça causa “graves entraves” à economia. Para ele, esses entraves são "expressões vivas de um bacharelismo decadente, palavroso, mas vazio, e, sobretudo, descompromissado com a eficiência".
Para o presidente do STF e CNJ, o Brasil adotou o aumento da máquina judiciária para tentar resolver a lentidão dos processos. "A solução fácil de aumento da máquina judiciária é apenas momentaneamente paliativa e não resolve a origem do problema, que está na vetustez barroca da nossa organização de todo sistema judiciário."
Segundo ele, uma das soluções às mazelas do Judiciário é priorizar a 1ª instância, além de "reduzir o número excessivo de recursos que atualmente permite que se passe uma década sem que haja solução definitiva do litígio”.
Barbosa, que foi nomeado ministro em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou também o modelo de indicação de magistrados. "Um dos fenômenos — que eu chamo de mais pernicioso — é a indicação política. Não há mecanismos que criem automatismo, que, passado um determinado tempo, um juiz seja promovido sem que tenha que sair com o pires na mão”.
Barbosa afirmou que juizes politicamente engajados em alguma coisa são impedidos moralmente de cumprir sua missão, assim como aqueles que são "medrosos".
O ministro evitou comentar a declaração do ex-presidente Lula ao jornal Correio Braziliense, em que afirmou que, hoje, teria mais critérios ao indicar um ministro para o STF. "Não tenho nada a dizer. Ele foi presidente da República, eu não sou presidente da República, não tenho nenhum papel na nomeação de ministros para o Supremo e nunca procurei exercer influência sobre esse papel, que não me cabe", afirmou no evento.
Revista Consultor Jurídico, 30 de setembro de 2013
Brasil baterá recorde de expulsão de estrangeiros em 2013
A fama de país festivo, com povo
hospitaleiro e clima agradável, economia (ainda) estável e
futura sede de
eventos esportivos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 tem
atraído cada vez mais pessoas de outros países para o Brasil. Porém, entre os
turistas, homens de negócios e interessados em começar uma vida nova, também
chegam aqueles que querem driblar a lei. Assim, acompanhando o aumento no
número de estrangeiros recebidos no Brasil, também cresceu a quantidade de
expulsos por cometerem crimes – e o país caminha para bater o recorde histórico
nos próximos meses.
De janeiro a agosto, o governo federal
determinou a expulsão de 414 estrangeiros. Esse total equivalente a 90% de
todas as expulsões decretadas no ano passado – e o Brasil dificilmente não
registrará uma nova marca até o fim de 2013. No ano passado, as expulsões já
haviam sido recordes: 459 ante 300 ao longo de 2011 e 375, em 2010. O número
mais elevado até então fora o de 2009, com 412 estrangeiros expulsos do país.
“Sempre variamos na casa dos 300 e
tivemos alguns anos de pico como 2009 e 2012. E 2013 também prenuncia que deve
ultrapassar [a marca]", diz o diretor do Departamento de Estrangeiros do
Ministério da Justiça, João Guilherme Granja. Ele ressalva que "enquanto
as expulsões aumentam na casa das centenas, os fluxos de trânsito aumentam aos
milhares". De fato, o Censo de 2010 registrou que 455 333 pessoas
imigraram para o Brasil nos últimos dez anos, ante 279 822 imigrantes em 2000.
Crime –
A expulsão de
estrangeiro do Brasil é prevista em lei de 1980, como punição para quem comete
crimes em território brasileiro. O delito mais comum, segundo a Polícia Federal
(PF), é o tráfico de drogas – embora também haja casos frequentes de
falsificação de documentos.
“Historicamente, a expulsão tem uma
relação muito forte com o tráfico de drogas. O modus operandi do tráfico
internacional torna mais expressiva a presença do estrangeiro”, diz Granja.
“Mas também, evidentemente, o aspecto maior é a intensificação dos fluxos de
trânsito que envolvem o Brasil em geral. Tem um aumento da intensidade de todos
os aspectos da vida social, inclusive os menos desejáveis como os crimes. O
Brasil passou a ser muito mais frequentado, está mais centralizado no fluxo internacional
de pessoas."
Para ser expulso, o estrangeiro tem de
ter sido condenado pelo judiciário, com sentença transitada em julgado. O réu
preso só pode deixar o país depois de cumprir todos os anos da pena – ou quanto
tiver, por exemplo, progressão de regime fechado para semiaberto. Para sair do
país ele precisa receber autorização da Justiça e fica impedido de
retornar.
É o que deve ocorrer com um espanhol
detido em flagrante no Aeroporto Internacional de Salvador (BA) no dia 12. Ele
despachou uma mala recheada com cinco quilos de cocaína. A PF disse que o
espanhol adquiriu a droga no Peru e viajaria para Lisboa, em Portugal, para
depois distribuir a droga em Bruxelas, na Bélgica. No mês anterior, quatro
franceses foram presos na mesma rota, mas com uma quantidade de pó bem
superior: 18,5 quilos de cocaína escondidos no fundo falso de uma mala.
Em julho, catorze estrangeiros foram
presos no mesmo dia no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). A maioria
deles era da Nigéria e viajava para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, com cintas
recheadas de cocaína presa ao corpo. A PF também prendeu uma portuguesa, um
boliviano e um sul-africano na mesma operação, além de 40 quilos da droga.
Demora –
O Ministério da
Justiça determinou, nos seis primeiros meses do ano, 331 expulsões. Mas só 139
pessoas de fato deixaram o país nesse período. Na série histórica, a quantidade
de estrangeiros retirados de solo brasileiro nunca chega à metade da quantidade
de decretos expedidos. Encarregada de localizar e transportar o estrangeiro
após determinada a expulsão, a PF diz que a demora ocorre porque é necessário
“aguardar o cumprimento de pena ou a liberação do poder judiciário”.
A expulsão decretada pode se referir a
um inquérito policial e um julgamento de anos atrás. Há casos em que os
condenados saem espontaneamente do país, mas eles são exceção.
Via de regra, a PF transporta de avião
o estrangeiro ao país de origem – só não ocorre quando há fronteira com o
Brasil. E quem paga as passagens são os brasileiros.
Questionada pela reportagem, a Divisão
de Retiradas Compulsórias da PF não revelou quanto gasta por ano com voos
comercias para efetivar as expulsões. Disse apenas que os aviões dão “maior
segurança” ao transporte. Como o órgão fecha contratos com empresas por pacotes
de bilhetes, as passagens aéreas não ficam registradas em nome de quem as usou
nos sistema financeiro do Tesouro Nacional – o que permitiria identificar o
custo das expulsões. Há ainda mais despesas, porque policiais federais também
escoltam os estrangeiros em alguns voos.
Além disso, nem sempre a PF localiza os
estrangeiros a serem retirados do Brasil. No dia 17 de junho, a diretora ajunta
do Departamento de Estrangeiros, Izaura Maria Soares, arquivou o processo de
expulsão do britânico Ally Habarugira – preso em janeiro de 2010 e condenado a
2 anos e 11 meses em regime fechado. Depois de tanto tempo, o britânico, que
segundo o Tribunal Regional Federal veio ao Brasil “unicamente para traficar
cocaína”, já não estava mais no país. Contratado por traficantes do Burundi por
3 000 dólares para levar droga até a África do Sul, ele fora preso com 2 quilos
e 145 gramas de cocaína dentro de um táxi nos arredores do Aeroporto
Internacional de Guarulhos.
Depois de o réu ser condenado, o juiz
comunica a sentença ao Ministério da Justiça. O diretor do Departamento de
Estrangeiros, então, determina a instauração de um inquérito de expulsão pela
PF. Os agentes fazem diligências e verificam se os estrangeiros estão entre os
casos em que não se admite a expulsão: se for casado ou tiver companheiro
brasileiro; ou caso tenha filhos dependentes economicamente dele. Basicamente,
leva-se em conta o interesse público e se um nacional brasileiro pode sofrer
danos com a efetivação da expulsão.
Concluído o inquérito, a PF recomenda
ou não a expulsão ao ministério. O ministro baixa a portaria e a PF faz a
operação para tirá-lo do Brasil. Todos ficam registrados no sistema de
impedidos de reingressar no Brasil.
Transferência –
O Ministério da Justiça
tem evitado a expulsão de estrangeiros e incentivado acordos para que as
pessoas possam cumprir, na terra natal, a pena de um crime cometido no
exterior. A alternativa é a chamada transferência de condenados. Ela precisa
ser firmada por acordo entre os países.
A transferência pode ser solicitada em
casos de condenação a regime aberto ou semiaberto e pressupõe que brasileiros
detidos no exterior sejam enviados, em contrapartida, para cumprir a pena em
território nacional. No caso da transferência, o estrangeiro continua impedido
de voltar ao Brasil. Entretanto, minimiza-se o "risco de marginalização e
de perda de cidadania".
O Brasil firmou o tratado com
Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Espanha, Paraguai, Peru, Portugal, Países
Baixos e Reino Unido. Também assinou a Convenção Interamericana sobre o
Cumprimento de Sentenças Penais no Exterior, ao lado de Arábia Saudita, Belize,
Canadá, Chile, Costa Rica, El salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala,
México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, República Tcheca, Uruguai e Venezuela.
Veja
Brasil está atrasado na cobertura e qualidade de banda larga para empresas, indica pesquisa
30/09/2013 - 17h59
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil está muito atrasado em cobertura e
qualidade da banda larga para o mercado corporativo, aponta pesquisa
divulgada hoje (30) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan).
Embora o preço médio para contratação de 1 megabyte por segundo
(Mbps) de velocidade seja atualmente R$ 48,55, contra R$ 70,85 em 2011, a
pesquisa da Firjan mostra que apenas uma minoria das empresas
brasileiras tem acesso à internet de velocidade superior a 10 Mbps.
Para 2014, o mercado corporativo pretende que haja a universalização
da cobertura de 1 Mbps para micro e pequenas empresas. As médias e
grandes empresas, segundo o estudo, não estão contempladas e o Brasil
não tem um plano para além desse horizonte.
O gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan,
Cristiano Prado, mostrou que, ao contrário, a vizinha Argentina já prevê
um plano mais arrojado para 2016, com a quase totalidade de suas
empresas (80%) com acesso a 50 Mbps.
Nos Estados Unidos, o plano estabelece a universalização da cobertura
de 100 Mbps para as empresas em 2020. Na Europa, as metas também são
mais arrojadas, disse Prado. No caso da Finlândia, por exemplo, elas
atingem 100 Mbps em 2015 e, na Alemanha, a previsão é 75% das empresas
com acesso a 50 Mbps em 2014.
Entre os países parceiros do Brasil no Brics (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul), a Índia prevê a universalização da cobertura de
10 Mbps para empresas nas grandes cidades em 2014 e a China o acesso a
20 Mbps para 50% das empresas em 2015.
No Japão, é projetada a universalização da cobertura de 1 gigabyte
(Gbps) para empresas em 2015, providência já adotada pela Coreia do Sul,
no ano passado.
Com 1 Mbps por segundo, o Brasil mostra que tem a menor ambição em
comparação aos demais países, assinala a pesquisa. “O que se pergunta,
inquiriu Prado, é se nossa ambição é compatível com o espaço que o
Brasil gostaria de ter na competição mundial?”
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, presente à explanação do
gerente da Firjan, disse que não existem metas de velocidade ou de
atendimento da internet de banda larga para as empresas brasileiras. As
metas definidas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) se referem
somente ao acesso domiciliar. Deixou claro, entretanto, que está aberto a
dialogar com os empresários e examinar a questão.
Cristiano Prado disse à Agência Brasil que no PNBL
existem metas de inclusão. “De oferecer o serviço a micro e pequenas
empresas, na velocidade que está sendo discutida no plano”.
O mais importante, entretanto, destacou, é que ainda que o setor
empresarial conseguisse obter 1 megabyte por segundo, ou qualquer
velocidade similar a isso, “a gente estaria muito aquém do que está
sendo oferecido internacionalmente”. O mundo, ressaltou, já está
mostrando alguns caminhos.
Ele observou que há a questão da dimensão geográfica, que dificulta o
serviço no Brasil em relação às demais nações.”O Brasil não é um país
pequeno. Mas, o importante é ter metas que podem, por exemplo, começar
com 50 megabytes nos grandes núcleos urbanos ou nos principais estados.
Ir gradativamente construindo isso”.
Prado disse que o recado é que isso precisa estar na pauta do dia. “O
setor empresarial precisa estar dentro das prioridades no governo no
que diz respeito à banda larga”. Segundo ele, esse é um fator de
competitividade tão importante hoje como é a energia elétrica e o gás
para as empresas. Significa que uma empresa com um acesso melhor à
internet consegue fazer mais coisas, mais rápido e em menos tempo do que
uma empresa aqui no Brasil”.
Defendeu que haja uma regulamentação que incentive o setor privado,
com apoio do setor público, para que essas velocidades sejam oferecidas,
tanto que respeita à cobertura geográfica, como em termos de qualidade.
Edição: Aécio Amado
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