“Celebridades” de outrora também sabiam usar os meios de comunicação a seu favor
Nossa época é tratada como a de “culto a celebridades”. Não sem razão, é claro. Basta uma espiada nas revistas e nos sites para ter uma ideia da quantidade de conteúdo existente sobre pessoas famosas ou em vias de se tornarem conhecidas. Para aqueles que aspiram a fama, existe até um manualzinho de instruções informal que indica os caminhos para “aparecer e acontecer”, no qual criar factóides e aproveitar sua repercussão na imprensa é a lição número um. Uma característica só dos nossos tempos? Nem tanto. Claro que as comunicações nunca foram tão globalizadas e velozes como agora, mas personalidades de outras épocas souberam usar os recursos à sua disposição para, digamos, construir uma “imagem de marca” para si próprios. É o caso de Giuseppe Garibaldi (1807-1882), que, nos revela agora uma biografia do jornalista Gianni Carta, não empreendia nenhuma jornada político-militar sem a companhia de um jornalista ou escritor, capaz de documentar seus feitos em diversos idiomas, para que corressem a Europa – não sem se fazer acompanhar por uma imagem na qual sua aparência física lembrava a de Cristo. Pela mesma época, o compositor erudito Richard Wagner (1813-1883) punha seu nome na História em função de sua obra, claro, mas também do domínio da comunicação: ele mesmo definia “suas composições como únicas, incomparáveis, sem parâmetro com tudo o que se fizera antes. Wagner usou uma das técnicas preferidas da propaganda: a massificação da mensagem, sua repetição ‘ad nauseam’, transforma-a em verdade independente de sua real condição. A opinião pública passou a enxergar em suas obras ‘uma nova categoria musical’”, escreveu o Valor Econômico de 15 de fevereiro desse ano, em resenha de uma biografia do compositor recém-lançada nos EUA. Mais recentemente, Carmen Miranda também mostrou tino para a autopromoção. Seu segredo foi explorar à exaustão uma imagem exótica junto ao público americano, casando seu linguajar e seu figurino com o estereótipo do brasileiro pré-moderno, alegre e tropical. Deu resultado: fez anúncios para lojas de departamento americanas e para a GE, e até hoje seu nome mantém apelo para companhias do exterior, que a utilizam em campanhas publicitárias. Alguma “lição” se extrai dessas três trajetórias? Bem, a mais óbvia seria a de lembrar que o marketing, como prática, não é um fenômeno contemporâneo – algo que já foi mencionado neste blog em posts anteriores. A outra, mais interessante, talvez seja compreender que nem a política, nem as artes devam estar imunes aos mecanismos de promoção e divulgação que uma sociedade oferece a seu tempo. No fundo, em qualquer campo de atividade, tudo se resume a uma inevitável luta por espaço, na intenção de cada um ver sua própria obra conhecida e reconhecida. Se é verdade que nem todo o mérito acaba vindo à tona e recebendo as láureas devidas, não passa de falácia afirmar que os esforços de autopromoção constituem armas apenas dos sem-talento ou dos sem-realizações. Garibaldi, Wagner e Carmen provam justamente o contrário. |
Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Marketeiros do passado
Setor público consolidado registra pior resultado primário para setembro
Em agosto, governo também não conseguiu economizar para o pagamento de juros da dívida pública, ao registrar déficit primário de R$ 432 milhões Por Agência Brasil O setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais – registrou déficit primário de R$ 9,048 bilhões, em setembro, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quinta-feira (31). Esse foi o pior resultado para meses de setembro, na série histórica iniciada em dezembro de 2001. Esse foi o segundo mês seguido com resultado negativo. Em agosto, o governo também não conseguiu economizar para o pagamento de juros da dívida pública, ao registrar déficit primário de R$ 432 milhões. Em setembro do ano passado, houve superávit primário de R$ 1,591 bilhão
.
Em setembro, o Governo Central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência Social) e as empresas estatais, excluídos os grupos Petrobras e Eletrobras, foram os responsáveis pelo resultado negativo, com déficit primário de R$ 10,760 bilhões e R$ 38 milhões, respectivamente.
Os
governos estaduais registraram superávit primário de R$ 1,479 bilhão e os
municipais, de R$ 271 milhões. Nos nove meses do ano, o superávit primário
ficou em R$ 44,965 bilhões, menor do que o de igual período de 2012 (R$
75,816 bilhões). Em 12 meses encerrados em setembro, o resultado ficou em R$
74,1 bilhões, o que representa 1,58% de tudo o que o país produz – Produto
Interno Bruto (PIB). Para este ano, a meta de superávit primário é 2,3% do PIB,
com abatimentos dos gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O esforço fiscal do setor público não foi suficiente para cobrir os gastos
com os juros que incidem na dívida. Esses juros chegaram a R$ 177,206
bilhões, no acumulado de nove meses do ano, ante R$ 161,424 bilhões de igual
período de 2012. Com isso, o déficit nominal, formado pelo resultado primário
e as despesas com juros, ficou em R$ 132,241 bilhões, de janeiro a setembro,
contra R$ 85,609 bilhões em igual período do ano passado.
Somente em setembro, os gastos com juros
chegaram a R$ 13,848 bilhões e o déficit nominal ficou em R$ 22,896 bilhões.
Nesta quinta-feira, o Tesouro Nacional também divulgou indicadores fiscais.
Pelos cálculos do Tesouro, o resultado primário do Governo Central, em
setembro, foi deficitário em R$ 10,5 bilhões. Esse resultado é o pior desde
dezembro de 2008, que registrou déficit primário de R$ 19,9 bilhões. No
acumulado do ano, o superávit chega a R$ 27,943 bilhões ou 0,8% do Produto
Interno Bruto (PIB), contra R$ 54,802 bilhões ou 1,69% do PIB no mesmo
período de 2012. O BC e o Tesouro Nacional usam metodologias diferentes.
Pelos critérios do Tesouro Nacional, o superávit primário é calculado com
base nas receitas e nos recursos executados do Orçamento.
Esse método é
importante porque possibilita o melhor acompanhamento da execução
orçamentária e o controle das despesas. A metodologia do BC registra o
esforço fiscal com base na variação do endividamento da União, dos estados,
dos municípios e das estatais. Esse tipo de cálculo permite destacar as
fontes de financiamento do setor público. A diferença nos resultados do
Tesouro Nacional e do BC costuma ocorrer devido a defasagens nos dados usados
nos cálculos.
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Mercado interno brilha para a Gerdau
Demanda doméstica por aço cresceu 15,4% no terceiro trimestre de 2013 e deve sustentar lucros da empresa até o final do ano
Por Laura D´Angelo
Por Laura D´Angelo
As vendas para o mercado brasileiro foram as principais responsáveis pelo aumento de mais de 50% do lucro da Gerdau no terceiro trimestre de 2013, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A demanda por aço pelos mercados automotivos, de construção comercial e de infraestrutura cresceu 15,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A comercialização alcançou um volume de 1,5 milhão de toneladas. A empresa gaúcha apresentou, assim, um lucro de R$ 642 milhões - 60,1% acima do trimestre imediatamente anterior (veja mais indicadores na tabela abaixo).
E a perspectiva para 2014 é que os mesmos segmentos mantenham o ritmo de procura pelos produtos da maior empresa da região sul, segundo o ranking 500 maiores do Sul, elaborado pela AMANHÃ e PwC. “Pelo número de montadoras e de fábricas de autopeças que estão se mudando para o Brasil, a tendência é que o cenário continue crescendo em 2014”, avaliou André Gerdau Johannpeter, CEO da Gerdau. Em audioconferência com a imprensa para divulgação dos resultados do segundo trimestre nesta quinta-feira (31), Johannpeter também se mostrou otimista com o desenvolvimentos dos setores de infraestrutura.
“ O mercado deve se
manter aquecido com o ciclo de concessões programado pelo governo
federal, as obras de mobilidade urbana e os projetos para a Olimpíada de
2016”. Ainda que, em relação ao ano passado, as exportações a partir da
unidade brasileira tenham caído cerca de 18%, houve um acréscimo de
40,8% do segundo para o terceiro trimestre. Andre Pires de Oliveira
Dias, vice-presidente executivo de Finanças, Controladoria & RI da
Gerdau, afirma que o aumento das vendas externas foi impulsionado pela
valorização do dólar ante o real. “Foi uma oportunidade pontual no
mercado”, analisa Oliveira Dias, descartando que a tendência se repita
no trimestre final.
Apesar de esperar que o mercado interno seja o protagonista em termos de crescimento em 2013, a Gerdau visualiza indícios de recuperação econômica na América Latina, Estados Unidos e Europa - o que deve fortalecer a presença internacional nos resultados da empresa no próximo ano. Os primeiros sinais já foram detectados nos resultados divulgados no relatório do terceiro trimestre: a América Latina mostrou leve aumento de 2% nas vendas. “O mercado foi mais fraco do que se esperava, mas a construção residencial está crescendo, o que normalmente é seguido pela construção comercial, cliente do nosso aço”, aponta Johannpeter.
A previsão de crescimento do PIB de Peru, Chile e Colômbia
também trazem boas perspectivas para a companhia gaúcha, que possui
negócios nos três países. A Gerdau espera se beneficiar ainda com a
retomada dos setores automotivos, de energia e de construção nos Estados
Unidos, que deve aumentar o consumo de aço em 3% no país.
Investimentos
Depois da construção de uma nova unidade de tratamento de minério de
ferro na mina de Miguel Burnier (MG), que entrou em operação em
setembro, a Gerdau pretende começar no final de 2015 a fabricação de
lâminas de chapas grossas na usina de Ouro Branco (MG). A produção vai
marcar a entrada da empresa no mercado de aços planos, que atende aos
setores naval, de construção, de máquinas e, sobretudo, de energia. A
demanda pelo produto deve crescer com o desenvolvimento da exploração do
pré-sal nos próximos anos no Brasil.
“Estamos estudando o mercado, não
fizemos nenhuma negociação ainda. Mas pretendemos atender parte
importante das necessidades das empresas do pré-sal”, revelou
Johannpeter. A unidade de tratamento de minério em Miguel Burnier elevou
a capacidade de produção da mina de 6,5 milhões para 11,5 milhões de
toneladas por ano. Um pouco mais da metade será direcionada para o uso
próprio da Gerdau, tornando a empresa autossuficiente no consumo de
minério de ferro. Para 2013, a previsão é que sejam comercializados 700
mil toneladas do insumo, mas a operação da nova unidade deve alavancar o
volume de vendas para cerca de cinco milhões de toneladas em 2014.
E os
planos de expansão não param por aí. Johannpeter destacou que o
objetivo é chegar a uma capacidade de produção de 18 milhões de
toneladas de minério de ferro em 2016. Para isso, a Gerdau estuda
investimentos na área de logística a médio e longo prazo. “Temos
capacidade contratada nos portos para os próximos dois anos”, explica. A
ativação de outras minas das quais a siderúrgica é proprietária, por
enquanto, estão descartadas.
Indicadores | 3ºtri/2013 | Variação 3T13/3T12 | Variação 3T/2T 2013 |
Produção de Aço bruto (1.000 t) | 4.507 | -5,1% | -3,0% |
Vendas (1.000 t) | 4.775 | 0,0% | 3,0% |
Receita líquida (R$ milhões) | 10.494 | 6,9% | 6,2% |
EBITDA (R$ milhões) | 1.413 | 36,8% | 18,1% |
Lucro líquido (R$ milhões) | 642 | 57,4% | 60,1% |
Argentina pode avaliar plano de adequação do Clarín à “Lei de Mídia”
Por Cesar Felício | Valor
BUENOS AIRES - A
AFSCA, a autarquia que regula o setor de mídia na Argentina, afirmou,
nesta quinta-feira, 31, que o governo poderá avaliar um plano de
adequação do grupo Clarín à lei que limita a propriedade de meios de
comunicação. A lei teve a sua vigência suspensa por quatro anos por meio
de liminares impetradas pela holding de comunicação, mas foi declarada constitucional pela Suprema Corte da Argentina na terça, 29.
De acordo com o presidente da AFSCA, Martín Sabbatella, os prazos
para a adequação voluntária estão vencidos, mas o fundo Fintech, sócio
minoritário do Clarín na empresa de TV a cabo Cablevision, apresentou, à
revelia do controlador da empresa, uma proposta no dia 5 de dezembro de
2012.
Hoje, Sabbatella foi levar pessoalmente a notificação ao grupo Clarín
de que a holding será desmembrada, por exceder o limite de licenças
permitidas para emissoras de rádio ou televisão e de concessões de TV a
cabo.
Na segunda, 4, a AFSCA deve se reunir para determinar como será feita
a avaliação patrimonial da holding. Pelas regras da lei, as licenças
excedentes serão leiloadas e será a AFSCA que determinará o que fica com
a empresa. Não se trata, entretanto, de uma expropriação do ponto de
vista formal, mas de uma venda compulsória. Até a realização dos
leilões, o grupo continuaria operando da mesma forma como fez até hoje.
As ações do grupo Clarín, que voltaram a ser negociadas na Bolsa de
Buenos Aires, caíram 38% em relação à cotação máxima da semana passada.
Leia mais:
Bolsa de Buenos Aires suspende negociação de ações do grupo Clarín
Emergentes recebem mais de 60% dos investimentos externo no semestre
Por Leandro Manzoni | Valor
SÃO PAULO - O
último relatório da Unctad sobre a tendência do investimento global
estima que o fluxo de investimento externo direto (IED) no primeiro
semestre de 2013 foi de US$ 745 bilhões, um crescimento de 4% em relação
ao mesmo período do ano passado. Fusões e aquisições e a retenção de
lucros das filiais das empresas multinacionais impulsionaram o atual
fluxo.
Houve uma queda do IED para os países desenvolvidos, que foi
compensada com o aumento da entrada de capital estrangeiro nos
emergentes, cuja participação IED global é de 60%, que representa um
recorde.
A queda nos países desenvolvidos aconteceu principalmente pela menor
recepção nos maiores países do grupo (Estados Unidos, França e
Alemanha), com exceção do Reino Unido, que continua aumentando a atração
de IED e se tornando o maior receptor no período.
Nos emergentes, o aumento foi impulsionado pelas aquisições
realizadas na América Central e Caribe e pelo recorde de entrada de
capital estrangeiro na Rússia. Apesar da pequena queda dos fluxos aos
asiáticos, os países dessa região continua recebendo mais da metade do
IED direcionado aos países emergentes, que equivale a um quarto do fluxo
global.
A Unctad estima que o fluxo de 2013 continua próximo do de 2012,
apesar da melhora das condições macroeconômicas nos países
desenvolvidos. Além dos riscos relacionados à zona do euro e os
problemas político em torno da política fiscal americana, a transição
para um padrão de crescimento menor dos mercados emergentes e o consumo
menor nos desenvolvidos pode ter um impacto negativo no fluxo de IED
este ano. Para 2014, Unctad prevê um aumento do fluxo global.
Indústria desacelera no terceiro trimestre, nota IBGE
Por Valor
SÃO PAULO - Dados
da produção industrial mostram que o setor registrou forte
desaceleração entre o segundo e o terceiro trimestres. Depois de cair
0,3% de janeiro a março, ante o mesmo período do ano passado, a produção
se recuperou com alta de 4,4% no segundo trimestre. Já no terceiro
trimestre, o avanço foi de apenas 0,8%.
A única categoria de uso que manteve sinal positivo de produção no
terceiro trimestre foi bens de capital, com alta de 16% ante o mesmo
período em 2012. Em bens de consumo duráveis, houve queda de 2,5% no
período, seguido por bens intermediários, com recuo de 0,4% e bens de
consumo semi e não duráveis, com baixa de 0,2%.
No segundo trimestre, todas as categorias de uso mostraram aumento de
produção, com destaque novamente para os bens de capital (17,9%),
seguido por bens de consumo duráveis (8,2%), semi e não duráveis (2,7%) e
bens intermediários (1,9%).
Para presidente do BNDES, calote da OGX é "acidente histórico"
Por Francine De Lorenzo | Valor
SÃO PAULO - O
presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Luciano Coutinho, classificou de "acidente histórico" o calote
promovido pela OGX, empresa de petróleo do empresário Eike Batista, e
disse que o episódio não afeta a imagem do Brasil no exterior.
“O mercado internacional sabe diferenciar perfeitamente. Acidentes
acontecem, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, disse após
participar do 5º Seminário de Renda Fixa e Derivativos de Balcão,
promovido pela Associação Br asileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta sexta-feira em São Paulo.
Segundo ele, os investidores do mercado de ações têm consciência dos
riscos que esses papéis embutem. Exemplo de que a decadência do império
de Eike Batista não afetou a percepção dos investidores em relação ao
Brasil, disse Coutinho, foram as emissões de debêntures realizadas
durante a crise das companhias do grupo X, que em sua avaliação foram
bem sucedidas.
De acordo com Coutinho, a recuperação judicial da OGX representa
risco zero para o BNDES. “O BNDES não tem nenhuma exposição de crédito
que não esteja garantida. Temos fianças bancárias, de instituições
financeiras muito sólidas, que não serão afetadas [pelo calote]”, disse
ele, acrescentando que a exposição do banco à companhia de Eike Batista
é pequena.
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