Em meio às prisões dos condenados no processo do mensalão, o jornal britânico The Times
destacou, em sua versão eletrônica desta segunda-feira, que,
"finalmente", "a elite brasileira foi para a cadeia" em um dos "maiores
escândalos de corrupção" já ocorridos no país.
A reportagem, assinada pelo jornalista James
Hilder, correspondente do jornal em São Paulo, afirma que "alguns dos
mais poderosos políticos" que "supervisionaram o boom econômico do
Brasil nos últimos anos" se apresentaram à polícia para servir longas
penas por corrupção, incluindo o ex-ministro da Casa Civil durante o
governo Lula, José Dirceu.
O Times também menciona a
fuga do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato.
Condenado a mais de 12 anos de prisão em regime fechado, Pizzolato tem
dupla cidadania e estaria foragido na Itália, segundo seu advogado.
Incluído na lista dos 12 condenados que
receberam ordens de prisão pelo esquema de compra de votos de
parlamentares, ele deveria ter se entregado à Polícia Federal no último
sábado (16).
A reportagem cita a carta divulgada por
Pizzolato em que o ex-diretor afirma ter fugido para a Itália para ter
direito a um novo julgamento.
Segundo o Times, o mensalão "abalou a
antiga administração" e deixou "uma sombra profunda sobre o Partido dos
Trabalhadores", encabeçado pela presidente Dilma Rousseff, que enfrenta
eleições no ano que vem.
O jornal lembra que o escândalo irrompeu em
2005, mas os réus só começaram a ser julgados no ano passado. O atraso,
segundo a reportagem, "contribuiu para a raiva demonstrada nos protestos
de junho deste ano contra os preços altos, a baixa qualidade dos
serviços e a corrupção governamental".
Raridade
Já o jornal americano New York Times
observou, em texto escrito pelo correspondente no Brasil, Simon Romero,
ser "raro que figurões da política brasileira sejam condenados por
crimes e sirvam penas na prisão".
O texto também assinalou "os problemas burocráticos" que adiaram a prisão dos envolvidos.
O NY Times destacou ainda que o
ex-ministro José Dirceu se entregou à Polícia Federal, na última
sexta-feira (15), "lançando seu pulso no ar em um ato de provocação".