ANDERSON FIGO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Antes de protocolar o pedido de recuperação judicial, representantes da
OGX, empresa do setor de petróleo de Eike Batista, tentaram encontrar
nos Estados Unidos fundos de investimento que se interessassem em fazer
um aporte no negócio.
Conhecidos como "abutres", esses fundos compram fatias de empresas à beira da falência, visando "ressuscitá-las" no longo prazo.
"Normalmente, os 'abutres' são grandes fundos globais [que investem
dentro e fora de seu país de origem] compostos por investidores
institucionais [como fundos e empresas]", diz Rodolfo Amstalden, da
consultoria Empiricus Research.
É o caso do fundo Laep, que ganhou notoriedade em 2006, ao comprar a
Parmalat, e em 2011, quando adquiriu a butique de luxo Daslu.
"Em geral, de cem empresas, uma ou duas conseguem ajuda de um fundo
desses para sair de uma situação crítica. A maioria acaba afundando",
acrescenta Amstalden.
FORMAS
Existem três formas de atuação. Na primeira, o fundo assume a massa
falida da empresa e briga pela liquidação dela, o que normalmente exige
uma disputa judicial ferrenha com os credores.
Editoria de Arte/Folhapress | |
"O fundo tenta desenvolver um processo de liquidação para que, depois de
remunerar os credores, ainda sobre alguma coisa para o gestor", diz
Amstalden.
"É um processo sofrido, que dura anos de disputas judiciais, mas, mesmo
que sobre apenas um pouco de recursos no final, é o bastante para
remunerar substancialmente os cotistas", acrescenta.
Na segunda forma de atuação, o fundo entra na empresa, comprando a
maioria das ações, e honra ou renegocia as dívidas mais urgentes.
Depois de tirar a companhia do cenário de calote, o fundo a vende a um
operador do mesmo ramo por um valor bem maior que o pago anteriormente
pela empresa, já que a situação financeira dela foi controlada.
Esse operador costuma ser um concorrente da companhia, mas de dimensões maiores, que tem conhecimento para tocar o negócio.
A terceira forma é a menos usual: é quando o "fundo abutre" faz uma
salvação completa da empresa. Primeiro, presta socorro financeiro e, em
seguida, em vez de vender para um operador, ele mesmo assume a empresa
do ponto de vista operacional ou contrata uma consultoria que possa
fazer isso.
"A ideia é lucrar com as operações da companhia antes de vendê-la a um concorrente maior", diz Amstalden.
O investidor pessoa física, diz o consultor financeiro Marcelo d'Agosto, tem pouca chance de participar de um fundo "abutre", pois, normalmente, são exigidos valores altos de aplicação mínima.
"A forma com que ele pode participar desse processo é comprando as ações na Bolsa de uma empresa em situação ruim que esteja sendo gerida por um fundo 'abutre'."
Na avaliação de d'Agosto, porém, o risco para o pequeno investidor é alto; é preciso que ele conheça detalhes da empresa para apostar.
"Não é vantagem comprar o papel só pelo preço baixo, pois a empresa pode não se recuperar e há grande risco de a ação 'virar pó'."
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