quarta-feira, 2 de abril de 2014

BC eleva taxa de juros pela 9ª vez seguida, para 11% ao ano

Copom eleva a taxa Selic para 11% ao ano

Comunicado do Comitê de Política Monetária após a decisão foi vago sobre os próximos passos, informando que vai avaliar os indicadores econômicos até a próxima reunião

BRASÍLIA - O Banco Central anunciou nesta quarta-feira, 2, a nona alta consecutiva da taxa básica de juros, que passou de 10,75% para 11% ao ano, maior nível desde novembro de 2011. Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou o caminho aberto para novas altas, a depender dos indicadores econômicos que serão divulgados até sua próxima reunião no fim de maio.

Com a decisão unânime, em linha com o esperado por analistas do mercado financeiro, o presidente do BC, Alexandre Tombini, mais subscreveu comunicados pela alta da taxa do que cortando a Selic. Apelidado no mercado financeiro de "Pombini", por uma suposta postura pró-juros baixos (do inglês dovish), desde que assumiu Tombini aumentou a Selic em 5,5 pontos porcentuais, em dois ciclos de altas - de janeiro a julho de 2011 e de abril do ano passado até ontem - ou 14 decisões do Copom. O ciclo de baixa, de agosto de 2011 a outubro de 2012, reduziu a taxa básica de juros em 5,25 pontos porcentuais em 10 reuniões seguidas. Depois dos cortes, Tombini liderou o colegiado para manter a taxa inalterada no recorde histórico de baixa, de 7,25% ao ano, em três reuniões - de novembro de 2012 a março de 2013.

Tudo indica que Dilma Rousseff entregará ao fim de sua gestão juros maiores do que aqueles que ela encontrou quando assumiu a Presidência, o que não ocorreu desde que foi implantado o regime de metas de inflação, em 1999. O aumento faz parte do trabalho iniciado há um ano pela autoridade monetária para controlar a inflação, que está acumulada em 5,68%, bem acima da meta estipulada pelo governo, de 4,5%. "Não é uma estratégia em longo prazo. A cada Copom a instituição reavalia o cenário", observou Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

Mais inflação. Mesmo assim, o próprio BC estima que a presidente Dilma entregará uma inflação maior no seu último ano de gestão do que a recebida de seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com as projeções da autoridade monetária, a inflação em 2014 será de 6,1%, superior que aos 5,91% em 2010.

Analistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, consideram que o Banco Central apresentou, no relatório divulgado no mês passado, um cenário de inflação condizente com a realidade e também uma preocupação maior com a evolução dos preços, que vêm ganhando força mais rápido do que o esperado pela autoridade monetária. No cenário de referência do BC, a probabilidade de o IPCA romper o teto da meta de 6,50% este ano subiu de 27%, em dezembro do ano passado, para 38% em março.

No Congresso, Tombini afirmou que os choques de preços de alimentos precisam ser acomodados pela política monetária, uma clara sinalização, na visão de economistas, de que a instituição vai reagir com juros enquanto a inflação de curto prazo permanecer pressionada.

Os analistas argumentam que o BC inseriu na comunicação uma preocupação com a inflação de curto prazo em função do choque de preços dos alimentos in-natura e de pressões vindas de algumas commodities (produtos básicos com cotação internacional). O controle de preços administrados também é uma preocupação extra para a autoridade monetária. Tony Volpon, diretor-executivo e chefe de pesquisas para mercados emergentes das Américas do Nomura Securities, em Nova York, argumenta que o controle pelo governo faz com que o país contrate "uma inflação pesada para 2015".


Veja a íntegra do comunicado:

"O Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,25 p.p., para 11,00% a.a., sem viés.

O Comitê irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques."

Homens jovens – e irritados – deixam o mundo mais instável


Segundo estudos, desequilíbrios demográficos entre homens e mulheres servem de combustível para conflitos e revoluções

REUTERS/Parwiz
Meninos brincam com armas de brinquedo em Jalalabad, no Afeganistão
Meninos brincam com armas de brinquedo em Jalalabad, no Afeganistão: segundo estudo, boom de jovens homens serve de combustível para revoluções e guerras

São Paulo – De acordo com um recente estudo do Bank of America/Merrill Lynch, 2015 será um ano de revoluções nos países emergentes.

Mais: um boom de homens jovens nesses países colocará ainda mais combustível nos conflitos.
Para Ajay Kapur, Ritesh Samadhiya e Umesha de Silva, há uma relação direta entre essa população e o início de grandes protestos, revoluções e guerras.


Como o cálculo foi feito


Os autores do estudo compararam problemas recentes com conflitos passados, como a guerra civil portuguesa da Idade Média (1384), a Revolução Inglesa (1642-1651), a conquista espanhola na América Latina, a Revolução Francesa de 1789 e o surgimento do nazismo na Alemanha dos anos 1920.

Depois, repararam que, nos mercados emergentes com instabilidades, há um grande número de homens entre 15 e 29 anos e um forte desequilíbrio entre o número total de homens e o de mulheres.

A explicação: quando não há empregos suficientes para tantos homens jovens, surgem desequilíbrios econômicos e, logo, brechas para turbulências e insatisfações.

Se, especialmente, esses jovens não forem casados e tiverem filhos, as chances de se dedicarem a crimes e violência também aumenta.

Há estudos sociológicos que demonstram que homens jovens sem emprego ou papel na sociedade, que são de classe baixa e não vislumbram chances de formar família, são muito mais propensos a desenvolver comportamentos violentos.

Para os autores dos estudos, quanto mais houver jovens homens irritados que estão dispostos a lutar por oportunidades de trabalho e mulheres para casar, pior a situação dos mercados daquele país tende a ser.
A resposta dos governos diante dessas instabilidades tende a ser mais autoritarismo – o que ajuda a inflar os ânimos e incentivar mais protestos e violência.


China e Índia


O desequilíbrio demográfico é gritante na China e na Índia, os dois países mais populosos do mundo.
A cultura de se preferir filhos homens a mulheres criou uma grande brecha ao longo das décadas. Na China, há 10 milhões mais jovens homens que jovens mulheres. Esse número chegará a 20 milhões em 2015. 

Já na Índia, o abismo é de 17 milhões de jovens. O governo relaciona esse problema aos casos desenfreados de estupros

Em 2020, as estimativas são que, na China, essa diferença seja de 30 milhões. Na Índia, 28 milhões. Paquistão e Taiwan também deverão enfrentar problemas semelhantes.

Para as pesquisadoras Valeria Hudson e Andrea Den Boer, que escreveram o estudo “The Security Implications of Asia’s Surplus Male Population”, essa diferença populacional é um grande motivo de preocupação para o governo chinês e indiano. Ou deveria ser.

Elas lembram que homens jovens e solteiros cometem mais crimes, estatisticamente, que homens casados.
“Abismos demográficos no sul e leste da Ásia, historicamente, ajudaram a agravra situações de instabilidade social, violência e formação de gangues e outros grupos criminosos”, dizem as autoras

Os dois mapas demográficos abaixo demonstram isso: quanto mais intenso o vermelho, maior é a presença dos homens jovens em relação às mulheres. Somente nas zonas azuis há mais mulheres.
United Nations Population Fund.

Mapa da Índia mostra diferença demográfica entre homens e mulheres
Mapa da Índia mostra diferença demográfica entre homens e mulheres
 
United Nations Population Fund
Mapa da China mostra diferença demográfica entre homens e mulheres
Mapa da China mostra diferença demográfica entre homens e mulheres

Weg faz acordo com Alupar para sistemas de energia eólica


Contrato contempla o fornecimento de 46 aerogeradores de 2,1 MW de potência cada

Germano Lüders/EXAME.com
Fábrica da Weg
Weg: contratos preveem serviços usuais de instalação e comissionamento, e também que a Weg preste serviços de operação e manutenção por 10 anos

São Paulo - A fabricante de motores elétricos e tintas industriais Weg assinou com empresas da Alupar Investimentos acordo para o fornecimento de sistema de geração de energia eólica, segundo comunicado nesta quarta-feira.

O contrato, assinado com as sociedades de propósito específico Energia dos Ventos I, e pré-acordo para II, III, IV e X, contemplam o fornecimento de 46 aerogeradores de 2,1 MW de potência cada.

Os contratos preveem serviços usuais de instalação e comissionamento, e também que a Weg preste serviços de operação e manutenção por 10 anos, a partir da entrada em funcionamento dos equipamentos. Os equipamentos serão entregues a partir de 2015, disse a Weg.

Os aerogeradores serão instalados em cinco parque localizados no município de Aracatí (CE), projetos que foram vencedores no leilão A-5 realizado em 2011 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Chinesa Cofco paga US$1,5 bi por fatia na unidade da Noble


Dduas empresas planejam formar uma joint venture, na qual a Cofco terá participação de 51%

REUTERS/YT Haryono
Produtor segura grãos de café
Grãos: negócio irá ajudar a China a desenvolver uma trading agrícola poderosa, em busca de garantir oferta de ração animal para abastecer seu crescente mercado de alimentos de alta proteína

Singapura/Hong Kong - A Cofco, maior trading de grãos da China, fechou acordo para pagar 1,5 bilhão de dólares por uma fatia majoritária na trading de produtos agrícolas do grupo asiático Noble, em sua segunda aquisição em menos de dois meses, buscando maior presença no mercado global.

As duas empresas planejam formar uma joint venture, na qual a Cofco terá participação de 51 por cento, para conectar os negócios de processamento e distribuição de grãos na China com as divisões de originação e negociação de grãos da Noble Agri, disseram as companhias nesta quarta-feira.

O negócio irá ajudar a China a desenvolver uma trading agrícola poderosa, em busca de garantir oferta de ração animal para abastecer seu crescente mercado de alimentos de alta proteína.

"Nós podemos originar um grande volume de grãos com baixo custo com compras diretas de produtores em grandes países produtores", disse o pesquisador Cheng Guoqiang, do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa do Conselho de Estado, um órgão de pesquisa do governo chinês.

As ações da Noble, que subiram cerca de 5 por cento nesta quarta-feira, já acumulam alta de 25 por cento desde 4 de março, quando a Reuters revelou que a Cofco estava em negociações para comprar uma fatia da Noble.

A Cofco comprou uma fatia de 51 por cento na trading holandesa Nidera no final de fevereiro, para ganhar acesso direto a grãos da América do Sul, em um negócio que precificou a Nidera em 4 bilhões de dólares, incluindo dívida.

Os negócios envolvendo a Noble e a Nidera representam as maiores aquisições da China no exterior no setor de grãos, com investimento combinado de 2,8 bilhões de dólares, disse a Cofco em nota.

A companhia irá deter ativos de alta qualidade nas principais regiões produtoras de grãos e óleos vegetais, incluindo Brasil, Argentina, Indonésia e região do Mar Negro após estes negócios, disse a Cofco.

A Cofco e a Noble ainda precisam obter aprovação de órgãos reguladores e de acionistas para concretizar o negócio.

Brasil: Sauditas querem negociar com brasileiros!


Arábia Saudita


O diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, fez uma série de contatos esta semana, em Riad, com empresários interessados em conhecer companhias e projetos do Brasil.


São Paulo – O diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, fez uma série de contatos durante o Fórum Econômico Árabe-Húngaro, realizado este semana em Riad, na Arábia Saudita, que podem render negócios para empresas brasileiras.

O engenheiro Abdullah Al-Junaini, presidente da Alhemalah for Engineering Consultancy, por exemplo, gostaria de fazer contatos com empresas de engenharia brasileiras, segundo Alaby.

O diretor de desenvolvimento de negócios da Aesi, que financia projetos de agricultura na África, quer conhecer empreendimentos no Brasil nas áreas de agricultura e pecuária.

Já o consultor Moayyed Al-Qurtas tem interesse em conhecer condomínios de produção como arranjos produtivos locais, ou “clusters”, e iniciativas de apoio a médias empresas, de acordo com Alaby.


Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe

Raízen faz acordo para comprar distribuidora no sul


Joint-venture anunciou assinatura de contrato para aquisição da Distribuidora Latina

Ricardo Teles/Divulgação
Raízen Energia
Raízen Energia: acordo prevê a incorporação de mais de 200 postos de serviços na região, além do terminal de distribuição em Ijuí

São Paulo - A Raízen, uma joint venture da Cosan com a Shell, anunciou nesta quarta-feira a assinatura de contrato para aquisição da Distribuidora Latina, presente no mercado de combustíveis na região Sul do país, segundo comunicado divulgado pela empresa.

O acordo prevê a incorporação de mais de 200 postos de serviços na região, além do terminal de distribuição em Ijuí (RS).

Do total da rede de varejo, 74 por cento dos postos estão presentes no Rio Grande do Sul, disse a companhia, que já conta com uma rede formada por 5.141 postos de serviço com a marca Shell no país.

A aquisição faz parte dos planos de crescimento da companhia, ampliando a presença da marca Raízen e dos produtos e serviços Shell nos três Estados sulistas, disse a empresa.

"Pretendemos aumentar a oferta dos serviços e produtos diferenciados da marca Shell no país", disse Teófilo Lacroze, vice-presidente executivo Comercial da Raízen, em nota.

O acordo também deve permitir melhoras na logística de distribuição da companhia para a rede de postos, principalmente para o interior do Rio Grande do Sul.

A empresa é primeiro player integrado do setor sucroenergético com atuação em todas as etapas do processo: cultivo da cana, produção de açúcar, etanol e energia, comercialização, distribuição e vendas no varejo de combustíveis.

Com 24 usinas, a Raízen produz 2 bilhões de litros de etanol por ano, 4 milhões de toneladas de açúcar, sendo a maior produtora individual de derivados de cana no Brasil.

A empresa comercializa aproximadamente 22 bilhões de litros de combustíveis para os segmentos de transporte, indústria e varejo.

Brasil: Nasce a maior trading de açúcar do mundo!


Copersucar
A americana Cargill e a brasileira Copersucar provavelmente não terão mais que se preocupar com a acirrada disputa que travam pela liderança nas exportações mundiais de açúcar. 


Na manhã de ontem, ambas anunciaram que chegaram a um acordo para criar uma trading que unirá suas atividades de comercialização do produto bruto e refinado.

Para sair definitivamente do papel, a joint venture, que vinha sendo negociada há pouco mais de um ano, depende da aprovação de autoridades antitruste no Brasil e no exterior. A expectativa das parceiras é que esses avais saiam no segundo semestre de 2014. Até lá, a concorrência entre elas – e delas com outras tradings que têm avançado nesse comércio nos últimos anos – terá de continuar forte como está.

Porta-vozes globais do negócio, Luiz Pretti, presidente da Cargill no Brasil, e Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, concederam na manhã de ontem ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, sua única entrevista sobre o acordo após a divulgação de um comunicado ao mercado.

Detalhes como o volume que a nova empresa comercializará serão mantidos em sigilo até a aprovação das autoridades regulatórias. O Valor apurou no mercado, porém, que sua fatia nos embarques mundiais ficará em 25%. Se os volumes envolvidos fossem apenas de açúcar bruto – o produto refinado é mais caro -, o movimento total seria equivalente a US$ 5,6 bilhões por ano, a preços de ontem na bolsa Nova York..

Pretti foi conselheiro da Copersucar entre 2001 e 2005, período em que Pogetti ocupava o cargo de diretor financeiro da empresa. Apesar dos claros sinais de cansaço após a maratona noturna que antecedeu o anúncio, a boa relação pessoal entre ambos ficou evidente durante a entrevista, num sinal que, esperam, sirva de exemplo para a futura integração das equipes.

Cada parceira terá 50% na nova trading, que não venderá açúcar no mercado doméstico brasileiro nem trabalhará com etanol ou qualquer outro produto. O escritório central das operações de comercialização será em Genebra, na Suíça, enquanto o QG das atividades de originação do açúcar que será negociado será no Brasil. Os aportes para estruturar a operação conjunta não foram revelados, mas, segundo Pogetti, a joint venture será “leve em ativos” – até porque as respectivas estruturas logísticas envolvidas permanecerão sob controle de cada uma das sócias.

Regis Filho/Valor / Regis Filho/ValorPretti, da Cargill: “gerenciamento de risco vai melhorar”
“Olhamos para o mundo e vimos nossas complementaridades. Haverá benefícios tanto na originação quanto na venda”, afirmou Pogetti. Atualmente, a Copersucar origina – ou seja, compra das usinas produtoras – o açúcar que exporta basicamente no Brasil, embora tenha inaugurado há pouco mais de um ano uma filial em Hong Kong, de onde recentemente acertou sua primeira originação na Austrália.

A Cargill, disse Pretti, faz originações a partir de dez escritórios espalhados na América Central e em países como Índia, Tailândia, na própria Austrália e também no Brasil, mas em escala menor. “Teremos mais capacidade, uma variedade maior de produto de qualidade e mais flexibilidade. Além disso, ganharemos muito em gerenciamento de risco”, disse Pretti. “Será um serviço que prestaremos aos nossos clientes, que terão um conjunto de informações mais completo e mais robusto”.

Com vendas totais de US$ 136,7 bilhões no exercício 2013, a Cargill, maior empresa de agronegócios do mundo, exportou cerca de 7 milhões de toneladas de açúcar na safra 2013/14, conforme estimativas de mercado. Já a Copersucar, maior trading sucroalcooleira do planeta, cuja receita líquida deverá alcançar o patamar de R$ 25 bilhões em 2013/14, movimentou 6,8 milhões de toneladas do produto no mercado internacional na temporada.

Para analistas, esses resultados significaram a retomada da liderança da Cargill nas exportações de açúcar, já que estimativas apontam que no ciclo 2012/13 a Copersucar quebrou uma hegemonia de décadas da companhia americana e liderou os negócios. Até hoje a Cargill questiona os cálculos que circularam no mercado que a tiraram da liderança.

Em outros tempos, talvez a Copersucar fizesse questão de lembrar que seus embarques em 2013/14 foram afetados por um grande incêndio, em outubro do ano passado, que comprometeu parte das instalações de seu principal terminal de exportação de açúcar refinado no porto de Santos. Não é mais o caso. A ordem agora é capturar sinergias para garantir os maiores ganhos possíveis numa atividade cujas margens não costumam superar 2% ou 3%.

Daí porque as agora parcerias têm se movimentado tanto nesse segmento nos últimos anos. Sobretudo a Copersucar, que quintuplicou de tamanho desde 2007/08, quando seu faturamento foi de R$ 4,8 bilhões. A marca de R$ 10 bilhões foi alcançada no ciclo 2010/11, e a escalada prosseguiu com a entrada de novas usinas sócias (atualmente são 47) e mais clientes independentes, de olho nas vantagens logísticas oferecidas pela trading. A Copersucar tem, sozinha, capacidade para embarcar até 10 milhões de toneladas de açúcar no porto de Santos.

Mas o grande salto foi mesmo de 2012/13 para 2013/14, depois da aquisição do controle da trading americana de etanol Ecoenergy, no fim de 2012, que transformou a empresa brasileira na maior trading global também de etanol e agregou R$ 10 bilhões a sua receita.

Luis Ushirobira/Valor / Luis Ushirobira/ValorPogetti, da Copersucar: olho nas “complementaridades”
Dadas as apertadas margens das operações de comercialização, outros acordos do gênero envolvendo açúcar poderão ser alinhavados. O Valor apurou que a Raízen (controlada por Cosan e Shell), maior produtora de açúcar do mundo, estuda criar uma trading para negociar os volumes que produz e de terceiros diretamente com os clientes finais.

Fontes do segmento dizem que a companhia, que produz mais de 4,5 milhões de toneladas de açúcar por ano, é frequentemente assediada por tradings interessadas em uma associação. Hoje, a Raízen exporta a maior parte de sua produção de forma pulverizada, por diferentes tradings. Se ainda não escolheu um formato para uma eventual parceria nessa frente, a Raízen, agora, tende a acelerar a definição. No etanol, a empresa já conta com estrutura de comercialização de volumes próprios e de terceiros. Procurada, a companhia não comenta.

O fato é que a união entre as duas maiores tradings de açúcar do mundo vai jogar mais combustível em uma concorrência que já está quente. E se hoje o foco está na comercialização, no passado recente esteve na produção. Não por outro motivo o Brasil assistiu, a partir de 2006, a uma onda de aquisições de usinas por parte de grandes grupos. Eles estavam de olho sobretudo no etanol, mas também na gorda oferta de açúcar do país, que abastece metade das exportações globais.

Além da própria Cargill, surfaram nessa onda as americanas Bunge, ADM e Cargill, a francesa Louis Dreyfus e as asiáticas Noble e Glencore. Mais recentemente, a trading Wilmar, com sede em Cingapura, também se posicionou em produção de açúcar no Marrocos, na Argélia e na Austrália, onde comprou nada mais nada menos do que 60% das usinas.

Indiretamente, a Wilmar entrou também no Brasil ao adquirir uma fatia de 27,5% (e o controle compartilhado) da indiana Shree Renuka Sugars, que havia comprado quatro usinas no Brasil com produção conjunta de 800 mil toneladas de açúcar. Para as tradings, a presença na originação no Brasil significa ter volumes estáveis e de qualidade, já que o produto do país é o mais aceito nas refinarias do Oriente Médio e vem sendo altamente demandado na Ásia.

Fonte: Portos e Navios