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por Silvio Caccia Bava | ||
Em setembro de 2011, a OAB ajuizou junto ao Supremo Tribunal Federal
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – a ADI 4.650 – contra o
financiamento de campanha eleitoral feito por empresas. Contou com a
CNBB, o PSTU, o Instituto de Pesquisa em Direito Eleitoral da Uerj e o
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) como amici curiaeda
ação, isto é, copatrocinadores. O argumento central é que o
financiamento empresarial de campanhas eleitorais fere a democracia, que
é uma relação entre cidadãos, e que essa distorção acaba submetendo a
democracia aos interesses do poder econômico.
Uma breve retrospectiva sobre a questão pode ajudar a compreender a
importância dessa iniciativa. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de
1965, proibia as doações de empresas privadas a campanhas eleitorais, o
que se manteve até o impeachment do presidente Collor, em 1992. Foi no
governo Fernando Henrique Cardoso que o Congresso Nacional aprovou as
Leis n. 9.096/1995 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) e n. 9.504/1997
(Lei das Eleições), que permitem doações financeiras por pessoas
jurídicas a campanhas eleitorais e a partidos políticos. Tal modificação
nas regras do financiamento eleitoral deu um enorme poder às grandes
empresas, que passaram a ser determinantes para a eleição de candidatos.
Essa é mais uma das características do período, no qual o
neoliberalismo impôs a hegemonia do “mercado” no comando da sociedade.
Em 2010 foram grandes empresas que bancaram 95% do custo das campanhas
eleitorais. Apenas 4,9% das doações vieram de pessoas físicas, ao passo
que em 2004 essa fatia era de 27%.
O custo das eleições teve também um aumento estratosférico. Nas
eleições de 2002, os gastos totais de campanhas eleitorais somaram R$
800 milhões. Em 2010, eles chegaram a R$ 4,9 bilhões, segundo o juiz
eleitoral Márlon Jacinto Reis, um dos criadores do MCCE. Para eleger um
deputado federal, gastou-se em 2010, em média, R$ 1,1 milhão; um
senador, R$ 4,5 milhões; um governador, R$ 23,1 milhões. O encarecimento
das campanhas é um funil: quanto mais caras, menos chances para os que
têm menos recursos.
Os resultados são evidentes: 62% dos deputados federais eleitos – 320
parlamentares – receberam doações de apenas 5% das empresas que
financiaram campanhas eleitorais naquele ano. E assim se formam as
bancadas dos interesses privados. Esses gastos também são considerados
um bom investimento, uma vez que, para cada real investido nas campanhas
eleitorais, as empresas obtêm R$ 8,50 em contratos públicos, segundo
pesquisa do Instituto Kellogg Brasil. Entre as principais empresas
doadoras em 2010 estão: Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez,
Siderúrgica Gerdau, Banco Alvorada (Bradesco), BMG, Itaú/Unibanco,
Santander, JBS/Friboi, Ambev, Votorantim Comércio de Energia. Os
investimentos são altos. Segundo a Transparência Brasil, o custo total
das eleições de 2010 e 2012 chega a R$ 10,8 bilhões. Apenas para
comparar, nas últimas eleições ocorridas na França, no ano passado,
somado todo o dinheiro empregado nas campanhas eleitorais presidenciais e
legislativas, foram gastos US$ 30 milhões.
Em 5 de novembro de 2013, o grupo de trabalho criado na Câmara dos
Deputados para discutir a reforma política aprovou o texto da Proposta
de Emenda à Constituição que estabelece mudanças no sistema eleitoral e
de representação dos partidos. Quanto ao financiamento de campanhas, a
proposta mantém a legislação atual e determina que cada partido político
poderá escolher se quer receber dinheiro privado, público ou ambos.
Em 20 de novembro de 2013, o Senado aprovou uma minirreforma eleitoral
que, no entanto, também mantém o financiamento por empresas de campanhas
eleitorais. As mudanças são tópicas e, segundo avaliações, favorecem os
grandes partidos e reduzem o poder de fiscalização da Justiça
Eleitoral, entre outras coisas.
No julgamento pelo STF da ADI 4.650, iniciado em 11 de dezembro de
2013, quatro dos onze ministros dessa instituição votaram a favor da
proibição do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas. São
eles: Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Joaquim Barbosa. O
ministro Teori Zavascki pediu vista da ADI, e o julgamento foi suspenso
sem data para ser retomado. Faltam dois votos para que se obtenha a
maioria, e a expectativa é de que, dos sete ministros que faltam votar,
ao menos dois concordem com a tese da proibição. Para concluir a
votação, Teori Zavascki precisa devolver o processo ao pleno do STF. Se a
decisão de impedir o financiamento de campanhas eleitorais por empresas
ocorrer antes do dia 10 de junho, ela vale para a eleição deste ano.
Na corrida contra o tempo, para tentar impedir uma possível decisão do
STF proibindo o financiamento privado de campanhas eleitorais, a Câmara
dos Deputados se prepara para votar logo sua proposta de reforma
eleitoral. Aí, como se sabe, a “bancada das empresas” tem maioria.
Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil
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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Uma disputa e tanto
Bovespa e dólar avançam; fala de Tombini e inflação merecem atenção
Por Aline Cury Zampieri, José de Castro, Lucinda Pinto e Gabriel Bueno | Valor
SÃO PAULO - Bolsa,
dólar e juros sobem no último pregão da semana. No mercado de juros,
ainda há ajustes que refletem a preocupação com o rumo da política
monetária. O mercado absorve tanto o tom da ata do Copom e das
declarações do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini como
os riscos elevados no cenário de inflação.
Na Bovespa, o dia é volátil, mas com tendência positiva no começo da
tarde. O índice, para surpresa de muitos operadores e embalado por fluxo
financeiro, volta a subir, após três pregões de queda.
O dólar tem ajuste técnico e volta a perder força ante o real nesta sexta-feira, mas sobe.
Nos mercados internacionais, o dia também é de volatilidade, a exemplo da Bovespa, mas o tom é majoritariamente negativo.
Câmbio
O dólar volta a perder força ante o real nesta sexta-feira, saindo
das máximas do dia e passando a operar perto da estabilidade. Segundo
profissionais, entradas pontuais de recursos e o não rompimento de uma
resistência técnica no mercado futuro acabaram estimulando um apetite
mais vendedor, que conseguiu devolver a cotação para próximo do
fechamento de ontem.
Ao redor de 13h50, o dólar comercial subia 0,31%, para R$ 2,2110,
após ter alcançado R$ 2,2200 na máxima do dia. No mercado futuro, o
contrato de maio registrava valorização de 0,06%, para R$ 2,2195.
“O mercado hoje está mais técnico, operando em pontos específicos”,
diz o profissional da área de câmbio de uma asset. Segundo ele, o quadro
geral ainda não mudou: o dólar pode continuar caindo com fluxos para
portfólio, mas nada que sinalize uma melhora de médio e longo prazo na
percepção com o Brasil.
As constantes injeções de liquidez pelo Banco Central (BC) e a
percepção de que a autoridade monetária não trabalhará contra novas
quedas do dólar também ajudam a reduzir o apetite comprador. O BC
novamente vendeu hoje todos os quatro mil contratos de swap cambial
tradicional, em operação que funcionou como uma “injeção” de US$ 198,2
milhões no mercado futuro.
Além da venda líquida de papéis, o BC fez a rolagem de mais 10 mil
contratos de swap cambial tradicional ofe rtados em leilão, postergando o
vencimento do equivalente a US$ 494,0 milhões nesses contratos. Com a
operação de hoje, o BC elevou a US$ 2,9638 bilhões o montante rolado
referente aos swaps com vencimento em maio, de um total de US$ 8,733
bilhões.
Citando uma mudança no “mix” de política, melhora “moderada” na
perspectiva do lado fiscal e uma recuperação dos termos de troca, o
banco americano revisou para baixo a estimativa para o dólar no fim do
ano. A expectativa de que o governo induza uma estabilidade do real
devido à inflação pressionada e à aproximação do fim do ciclo de aperto
mon etário também justifica a melhora no prognóstico para a moeda
brasileira.
O banco americano vê agora o dólar encerrando o ano a R$ 2,40, ante
previsão anterior de R$ 2,50, segundo relatório enviado a clientes. O
J.P. Morgan estima uma melhora em torno de 5% nos termos de troca, com a
valorização das commodities agrícolas compensando o declínio nos preços
do minério de ferro. O banco considera ainda que os modelos para a taxa
real efetiva de câmbio estão “consistentes” com o dólar a R$ 2,32.
Para o J.P. Morgan, o fato de o BC continuar fazendo rolagens de swap
a despeito do nível mais baixo do dólar é um indicativo de que a taxa
de câmbio é o instrumento que provavelmente servirá para amortecer
pressões de preços. “O BC tem colaborado com a ideia de que um real mais
forte é bem-vindo, conforme continua ofertando US$ 200 milhões em swaps
cambiais por dia e rolando papéis com vencimento no próximo mês”,
afirmam os estrategistas, acrescentando que, no atual ritmo, o BC deve
rolar a maior parte dos US$ 8,7 bilhões em swaps com vencimento em maio.
Em entrevista ao “The Wall Street Journal”, Tombini disse que a
depreciação do real no ano passado atrapalhou a estratégia de reduzir a
inflação, apesar do aperto monetário já em curso na ocasião. O
presidente do BC afirmou ainda que parte do movimento de alta da Selic
desde o ano passado esteve relacionado à tentativa de conter os efeitos
secundários da depreciação cambial e reconheceu que os movimentos da
taxa de câmbio influenciam, sim, a trajetória da inflação.
A leitura do mercado, reforçada pela ata do Copom de ontem, é que o
BC não fará grandes esforços para impedir uma valorização adicional do
real, o que traria um alívio à inflação. Essa ideia ganhou força depois
que o BC anunciou que faria leilões de rolagem de swap cambial
tradicional mesmo com o dólar oscilando em torno de R$ 2,20.
“O BC nunca vai admitir isso, mas as ações dele dizem que, sim, o
câmbio é uma arma contra a inflação que não será descartada”, afirma o
profissional da asset.
O mercado observa ainda eventuais fluxos oriundos do pagamento da
primeira parcela de remuneração mínima a acionistas da Vale, no valor de
US$ 2,1 bilhões. Esse montante será convertido em reais pela Ptax desta
sexta-feira. O pagamento será feito em 30 de abril.
Juros
O mercado de juros deu sequência ao movimento de inclinação da curva a
termo, refletindo ainda a preocupação com o rumo da política monetária e
seus efeitos sobre a inflação. Ontem, o tom da ata do Copom e também
das declarações do presidente do BC reforçou a visão de que o ciclo de
aperto monetário pode ser encerrado em breve. Diante de riscos elevados
no cenário de inflação, a reação típica dos agentes é de ampliar o
prêmio de risco nos contratos mais longos.
Depois da divulgação de uma ata com sinais sobre a intenção da
autoridade monetária parar de subir os juros, Tombini falou ao The Wall
Street Journal que uma pausa no ciclo de aperto monetário “é uma
possibilidade”. “Vamos ver, temos quase dois meses até a próxima
reunião, que será no fim de maio.” Ele afirmou que o principal fator
para a decisão será a evolução das perspectivas de inflação.
Existe o receio de que a inflação não autorize essa pausa. Afinal,
após o IPCA de março, que subiu 0,92%, a probabilidade de a inflação
superar o teto da meta ficou ainda mais próxima. “Como o BC vai parar de
subir a Selic em maio, justamente quando o IPCA acumulado em 12 meses
deve ficar acima de 6,5%?”, observa um operador.
Além disso, agentes veem no risco de um racionamento de energia
elétrica uma razão de cautela para a política monetária. Essa é uma
variável que será acompanhada de perto pelos agentes nas próximas
semanas. Para profissionais, se o abastecimento de energia realmente
alcançar níveis mais críticos, então o ciclo de aperto monetário poderá
ter de ser mantido, ainda que em doses de 0,25 ponto, dizem operadores.
Esse conjunto de fatores explica o movimento observado entre ontem e
hoje, de elevação do prêmio de risco na curva de juros. Enquanto os
juros mais curtos cedem, os longos avançam. E a diferença entre o DI
janeiro/2015 e o janeiro/2017 alcança 1,29 ponto nesta manhã. Isso, a
despeito da intensa queda dos juros dos títulos do Tesouro americano,
que reagem à aposta de que não haverá aperto monetário nos Estados
Unidos tão cedo. Nesta manhã, apesar do resultado positivo da confiança
do consumidor americano, o rendimento da T-note segue em nível baixo, em
2,628%, depois de toar a mínima de 2,607% no início do dia.
Em tempo: O presidente do BC participa hoje da reunião de ministros
da Fazenda e presidentes de bancos centrais dos países do G20, no FMI,
em Washington. Mas a informação é de que o encontro será fechado, sem a
possibilidade de participação da imprensa.
Na BM&F, o DI janeiro/2017 operava a 12,38%, de 12,31% ontem. O DI janeiro/2015 marcava 11,07%, de 11,05% ontem.
Bolsa
O Ibovespa tem uma tarde positiva, depois de uma manhã no vermelho. A
correção do índice, por enquanto, durou apenas três dias. Depois de
bater mínima de 1,19% pela manhã, virou pouco antes do meio-dia e subia
0,33% ao redor de 13h50, para 51.296 pontos. Segundo o estrategista da
SLW Corretora, Pedro Galdi, volta o fluxo comprador à Bovespa e o índice
passa por ajuste depois de ter caído por três pregões seguidos.
Petrobras PN avançava 1,28% e Vale PNA declinava 1,15%.
Galdi observa ainda que o Ibovespa melhorou com as bolsas dos Estados
Unidos, que não chegam a subir, mas diminuíram bem as quedas depois da
divulgação do índice de confiança do consumidor de Michigan, que subiu a
82,6 pontos na prévia de abril.
Pela manhã, a perda foi puxada por discussões acerca do crescimento
chinês, após declaração do primeiro ministro chinês, Li Keqiang, de que a
expansão do PIB do país pode ficar abaixo da meta de 7,5%. A declaração
veio após os decepcionantes dados referentes ao comércio externo de
março.
Por aqui, a ação da Sabesp lidera as perdas do Ibovespa e cedia 4,7%,
depois de a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São
Paulo (Arsesp) desistir de publicar a revisão tarifária da empresa.
As incertezas do calendário de 2014 estão deixando o ano cada vez
mais difícil de prever quando o assunto é investimento em ações no
Brasil. Bancos estrangeiros têm adotado posições opostas nas
preferências para aplicações, em meio a um quadro cada vez mais volátil e
com indicadores dissonantes. É o caso de Citibank e Credit Suisse.
Ontem, as duas casas divulgaram relatórios sobre as ações brasileiras,
com posições distintas. O Citi recomenda posição underweight (abaixo da
média do mercado) e o Credit overweight (acima da média do mercado).
Para os analistas Stephen Graham e Fernando Siqueira, do Citi
Research, os investidores devem manter uma postura defensiva e de
exposição abaixo da média, a não ser que encontrem maneiras de se
proteger contra os riscos que a bolsa pode oferecer entre o final de
2014 e o começo de 2015. Entre eles estão eleições e necessidade de
ajuste fiscal.
Mercados Internacionais
Os mercados internacionais têm mais volatilidade nesta sexta-feira,
com Wall Street passando por um novo dia de perdas. Na Europa, as
principais bolsas fecharam em queda, o que também ocorreu na Ásia mais
cedo. Em um dia com poucos dados importantes, o movimento negativo de
ontem se mantém, ainda que Nova York tenha mostrado certa reação no meio
do pregão.
Assim, nas praças americanas, o Dow Jones declinava 0,42%. O Nasdaq cedia 0,30% e o S&P 500 perdia 0,28%.
(Aline Cury Zampieri, José de Castro, Lucinda Pinto e Gabriel Bueno | Valor)
Nível do Sistema Cantareira registra pior marca em mais de 80 anos
SÃO PAULO - O
nível do Sistema Cantareira, o principal reservatório de abastecimento
de água da região metropol itana de São Paulo, voltou a baixar hoje,
caindo de 12,4% para 12,2%, a pior marca dos últimos 84 anos. Há um ano,
o volume estava em 63,1%. Segundo as previsões do Instituto Nacional de
Meteorologia, deve chover na Região Sudeste neste fim de semana, mas de
forma isolada.
O governador do Estado, Geraldo Alckmin, não descarta a possibilidade de ser necessária a implantação do rodízio como forma de minimizar o impacto dessa escassez de água.
Para a presidente da Sabesp, Dilma Pena, com a utilização da reserva técnica (a água que fica em profundidade abaixo do atual nível de bombeamento) e a complementação por meio de outros sistemas como o do Alto Tietê e de Guarapiranga, não há risco de desabastecimento. A captação da reserva técnica, também chamada de “ volume morto”, deve começar em maio.
Na tentativa ainda de equacionar a crise no Sistema Cantareira, o governo paulista ampliou, na semana passada, o leque de consumidores estimulados a reduzir o gasto de água em troca de um bônus de 30% na tarifa no caso de uma queda de 20% no consumo. Na região do Cantareira, a medida já resultou em uma economia de 2 metros cúbicos por segundo.
O governador do Estado, Geraldo Alckmin, não descarta a possibilidade de ser necessária a implantação do rodízio como forma de minimizar o impacto dessa escassez de água.
Para a presidente da Sabesp, Dilma Pena, com a utilização da reserva técnica (a água que fica em profundidade abaixo do atual nível de bombeamento) e a complementação por meio de outros sistemas como o do Alto Tietê e de Guarapiranga, não há risco de desabastecimento. A captação da reserva técnica, também chamada de “ volume morto”, deve começar em maio.
Na tentativa ainda de equacionar a crise no Sistema Cantareira, o governo paulista ampliou, na semana passada, o leque de consumidores estimulados a reduzir o gasto de água em troca de um bônus de 30% na tarifa no caso de uma queda de 20% no consumo. Na região do Cantareira, a medida já resultou em uma economia de 2 metros cúbicos por segundo.
(Agência Brasil)
PF cumpre 21 mandados de prisão na 2ª fase da Operação Lava Jato
RIO - A
Polícia Federal (PF) deflagrou hoje a segunda fase da Operação Lava
Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro. Entre os alvos dessa
nova etapa está uma empresa de Macaé (RJ) que assinou contratos
milionários com a Petrobras.
Ao todo, os policiais cumprem 21 mandados, sendo dois de prisões
temporárias, quatro conduções coercitivas - quando o investigado é
procurado e obrigado a depor - e 15 buscas em São Paulo, Campinas,
Macaé, Niterói e Rio de Janeiro.
"O material arrecadado hoje contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento", informou a PF.
A reportagem apurou que um dos alvos é uma empresa que teve pelo
menos dois contratos no valor total de R$ 14,31 milhões com a Petrobras
entre 2009 e 2011 para prestar serviços de tratamento de água e
recuperação de rios. Com sede em Macaé (RJ), a empresa é fornecedora
antiga da Petrobras.
A operação faz parte da segunda etapa da Operação Lava Jato, que em
março prendeu quatro doleiros suspeitos de comandarem um esquema que
movimentou R$ 10 bilhões de forma suspeita.
Entre os investigados está o ex-diretor de refino da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, acusado de manter negócios com o doleiro Alberto
Youssef. Costa afirma que apenas prestou um serviço de consultoria a
Youssef, que lhe pagou uma Land Rover de R$ 250 mil pelo serviço.
Até as 11h, a reportagem não havia localizado ninguém da empresa para falar sobre a operação.
(Folhapress)
Crescimento baixo é problema sério para o Brasil, diz Fitch
A agência de risco tem até julho para apresentar uma revisão da nota do Brasil, o que não significa que terá mudança da nota
Brendan McDermid/Reuters
São Paulo - O crescimento baixo é um problema "sério" para o Brasil, diz o diretor da Fitch Rafael Guedes. Segundo ele, esse é um dos pontos para se observar à frente.
A agência de risco tem até julho para apresentar uma revisão da nota do
Brasil, o que não significa que terá mudança da nota. "A perspectiva
estável indica que a probabilidade de o Brasil ter alteração é menor do
que 70%", explica Guedes.
"Mas o comitê que define as notas precisa se reunir pelo menos uma vez por ano, até julho", diz.
Segundo ele, quando o rating do Brasil foi afirmado no ano passado, já
havia uma deterioração na economia, mas ele diz contar, de outro lado,
com uma série de passos para a melhora do ambiente.
Entre os pontos positivos, ele citou a comunicação do BC, que era
errática, mas "melhorou significativamente"; o câmbio, que mostra uma
movimentação mais próxima das condições de mercado; e as intervenções do
BC, via swap.
Apesar de dizer que um dos pontos fracos na classificação são as
finanças públicas - o setor externo é positivo -, o superávit fiscal
anunciado, que ele ressalta que "talvez seja mais baixo" do que seria
necessário, é suficiente "para manter a trajetória da dívida estável ou
levemente em queda", diz.
Ele citou ainda como positivo os benefícios fiscais não estendidos para 2014 e que alguns deles estão sendo retirados.
Entre os pontos negativos, ele citou o nível de investimento baixo. "O
Brasil tem problemas de investimentos muito grave", disse. E isso se
reflete, entre outras coisas, no baixo crescimento.
Segundo ele, por conta disso, o balanço para a questão macroeconômica é
levemente negativo no Brasil, mas ainda "não o suficiente para que haja
alteração na nota", completa. Ele falou durante evento do EMTA, na sede
do HSBC, em são Paulo.
PF faz buscas na sede da Petrobras, no Rio
Polícia Federal está cumprindo 21 mandados de busca, apreensão e prisão em nova fase da Operação Lava Jato, de combate a lavagem de dinheiro
Galdieri/Bloomberg
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro: de acordo com segurança, policiais entraram a pé e foram recebidos por funcionários do setor jurídico da estatal
Rio - Agentes da Polícia Federal (PF) chegaram à sede da Petrobras antes
das 10 horas desta sexta-feira, 11, de acordo com informações de um
segurança da entrada do estacionamento do prédio, na Avenida Chile, no
centro do Rio. A PF está cumprindo 21 mandados de busca, apreensão e prisão em nova fase da Operação Lava Jato, de combate a lavagem de dinheiro.
Na primeira etapa, desencadeada em março, a polícia prendeu o doleiro
Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, agora, o foco
da operação são as relações do esquema criminoso com a Petrobras.
Segundo o profissional da estatal, ele foi informado da entrada dos
agentes pelo colega do turno anterior. A passagem de turno ocorre às 10
horas. Por isso, o segurança ouvido pelo jornal não soube precisar se os
policiais ainda estariam no prédio, nem o horário exato da chegada.
De acordo com o segurança da sede da Petrobras, os policiais entraram a
pé, pelo estacionamento, e foram recebidos por funcionários do setor
jurídico da estatal, que desceram para receber os agentes da PF.
Perguntado se os policiais foram cumprir mandados de busca, o segurança
respondeu: "Não eram mandados, mas intimações".
Questionados sobre se ele ou o colega haviam visto os documentos
mostrados pelos policiais, o segurança respondeu negativamente,
creditando a informação aos advogados da Petrobras.
Entidades condenam prisão de jornalista em reintegração
Repórter de O Globo registrava imagens da ação da PM no terreno que ficou conhecido como Favela da Telerj quando foi imobilizado com uma chave de braço
Vladimir Platonow/Agência Brasil
Desintegração de prédio da Oi: de acordo com a Abraji, ao prender Bruno
Amorim e ameaçar com prisão outros repórteres, a Polícia Militar do Rio
presta um desserviço ao direito à informação
Rio de Janeiro - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
(Abraji) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
(Abert) condenaram a prisão do repórter Bruno Amorim, de O Globo,
durante cobertura de reintegração de posse no terreno da Oi, na zona norte do Rio, e pediram apuração do caso pelas autoridades.
O jornalista registrava imagens da ação da Polícia Militar
no terreno que ficou conhecido como Favela da Telerj quando foi
imobilizado com uma chave de braço e teve os óculos arrancados por um
policial sem identificação. Levado a uma delegacia, teve o celular
apreendido por mais de uma hora.
A polícia do Rio de Janeiro já havia ameaçado jornalistas no começo da
reintegração de posse, no fim da madrugada de hoje (11). O repórter
Leonardo Barros, também de O Globo, foi ameaçado com voz de prisão caso
não “corresse” dali. De acordo com a Abraji, ao prender Bruno Amorim e
ameaçar com prisão outros repórteres, a PM do Rio presta um desserviço
ao direito à informação.
As entidades também condenaram a reação dos manifestantes que
resistiam à desocupação e atacaram veículos da TV Globo, do SBT e da
Record. Para a Abraji, ao depredar automóveis dos meios de comunicação,
"os manifestantes se unem à polícia no ataque ao direito à informação de
toda a sociedade". Na mesma linha, a Abert destacou que "é extremamente
preocupante" o uso de métodos violentos empregados tanto pela Polícia
Militar como por cidadãos civis, com o objetivo de impedir o trabalho
jornalístico e privar a sociedade do acesso à informação.
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