sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma disputa e tanto


Claudius
por Silvio Caccia Bava

Em setembro de 2011, a OAB ajuizou junto ao Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – a ADI 4.650 – contra o financiamento de campanha eleitoral feito por empresas. Contou com a CNBB, o PSTU, o Instituto de Pesquisa em Direito Eleitoral da Uerj e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) como amici curiaeda ação, isto é, copatrocinadores. O argumento central é que o financiamento empresarial de campanhas eleitorais fere a democracia, que é uma relação entre cidadãos, e que essa distorção acaba submetendo a democracia aos interesses do poder econômico.

Uma breve retrospectiva sobre a questão pode ajudar a compreender a importância dessa iniciativa. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1965, proibia as doações de empresas privadas a campanhas eleitorais, o que se manteve até o impeachment do presidente Collor, em 1992. Foi no governo Fernando Henrique Cardoso que o Congresso Nacional aprovou as Leis n. 9.096/1995 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) e n. 9.504/1997 (Lei das Eleições), que permitem doações financeiras por pessoas jurídicas a campanhas eleitorais e a partidos políticos. Tal modificação nas regras do financiamento eleitoral deu um enorme poder às grandes empresas, que passaram a ser determinantes para a eleição de candidatos. Essa é mais uma das características do período, no qual o neoliberalismo impôs a hegemonia do “mercado” no comando da sociedade. Em 2010 foram grandes empresas que bancaram 95% do custo das campanhas eleitorais. Apenas 4,9% das doações vieram de pessoas físicas, ao passo que em 2004 essa fatia era de 27%. 

O custo das eleições teve também um aumento estratosférico. Nas eleições de 2002, os gastos totais de campanhas eleitorais somaram R$ 800 milhões. Em 2010, eles chegaram a R$ 4,9 bilhões, segundo o juiz eleitoral Márlon Jacinto Reis, um dos criadores do MCCE. Para eleger um deputado federal, gastou-se em 2010, em média, R$ 1,1 milhão; um senador, R$ 4,5 milhões; um governador, R$ 23,1 milhões. O encarecimento das campanhas é um funil: quanto mais caras, menos chances para os que têm menos recursos.

Os resultados são evidentes: 62% dos deputados federais eleitos – 320 parlamentares – receberam doações de apenas 5% das empresas que financiaram campanhas eleitorais naquele ano. E assim se formam as bancadas dos interesses privados. Esses gastos também são considerados um bom investimento, uma vez que, para cada real investido nas campanhas eleitorais, as empresas obtêm R$ 8,50 em contratos públicos, segundo pesquisa do Instituto Kellogg Brasil. Entre as principais empresas doadoras em 2010 estão: Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez, Siderúrgica Gerdau, Banco Alvorada (Bradesco), BMG, Itaú/Unibanco, Santander, JBS/Friboi, Ambev, Votorantim Comércio de Energia. Os investimentos são altos. Segundo a Transparência Brasil, o custo total das eleições de 2010 e 2012 chega a R$ 10,8 bilhões. Apenas para comparar, nas últimas eleições ocorridas na França, no ano passado, somado todo o dinheiro empregado nas campanhas eleitorais presidenciais e legislativas, foram gastos US$ 30 milhões.

Em 5 de novembro de 2013, o grupo de trabalho criado na Câmara dos Deputados para discutir a reforma política aprovou o texto da Proposta de Emenda à Constituição que estabelece mudanças no sistema eleitoral e de representação dos partidos. Quanto ao financiamento de campanhas, a proposta mantém a legislação atual e determina que cada partido político poderá escolher se quer receber dinheiro privado, público ou ambos.

Em 20 de novembro de 2013, o Senado aprovou uma minirreforma eleitoral que, no entanto, também mantém o financiamento por empresas de campanhas eleitorais. As mudanças são tópicas e, segundo avaliações, favorecem os grandes partidos e reduzem o poder de fiscalização da Justiça Eleitoral, entre outras coisas.

No julgamento pelo STF da ADI 4.650, iniciado em 11 de dezembro de 2013, quatro dos onze ministros dessa instituição votaram a favor da proibição do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas. São eles: Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Joaquim Barbosa. O ministro Teori Zavascki pediu vista da ADI, e o julgamento foi suspenso sem data para ser retomado. Faltam dois votos para que se obtenha a maioria, e a expectativa é de que, dos sete ministros que faltam votar, ao menos dois concordem com a tese da proibição. Para concluir a votação, Teori Zavascki precisa devolver o processo ao pleno do STF. Se a decisão de impedir o financiamento de campanhas eleitorais por empresas ocorrer antes do dia 10 de junho, ela vale para a eleição deste ano.

Na corrida contra o tempo, para tentar impedir uma possível decisão do STF proibindo o financiamento privado de campanhas eleitorais, a Câmara dos Deputados se prepara para votar logo sua proposta de reforma eleitoral. Aí, como se sabe, a “bancada das empresas” tem maioria.

Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil

Bovespa e dólar avançam; fala de Tombini e inflação merecem atenção

Por Aline Cury Zampieri, José de Castro, Lucinda Pinto e Gabriel Bueno | Valor
 
 
SÃO PAULO  -  Bolsa, dólar e juros sobem no último pregão da semana. No mercado de juros, ainda há ajustes que refletem a preocupação com o rumo da política monetária. O mercado absorve tanto o tom da ata do Copom e das declarações do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini como os riscos elevados no cenário de inflação. 

Na Bovespa, o dia é volátil, mas com tendência positiva no começo da tarde. O índice, para surpresa de muitos operadores e embalado por fluxo financeiro, volta a subir, após três pregões de queda. 
O dólar tem ajuste técnico e volta a perder força ante o real nesta sexta-feira, mas sobe. 
Nos mercados internacionais, o dia também é de volatilidade, a exemplo da Bovespa, mas o tom é majoritariamente negativo. 


Câmbio


O dólar volta a perder força ante o real nesta sexta-feira, saindo das máximas do dia e passando a operar perto da estabilidade. Segundo profissionais, entradas pontuais de recursos e o não rompimento de uma resistência técnica no mercado futuro acabaram estimulando um apetite mais vendedor, que conseguiu devolver a cotação para próximo do fechamento de ontem.

Ao redor de 13h50, o dólar comercial subia 0,31%, para R$ 2,2110, após ter alcançado R$ 2,2200 na máxima do dia. No mercado futuro, o contrato de maio registrava valorização de 0,06%, para R$ 2,2195.
“O mercado hoje está mais técnico, operando em pontos específicos”, diz o profissional da área de câmbio de uma asset. Segundo ele, o quadro geral ainda não mudou: o dólar pode continuar caindo com fluxos para portfólio, mas nada que sinalize uma melhora de médio e longo prazo na percepção com o Brasil.

As constantes injeções de liquidez pelo Banco Central (BC) e a percepção de que a autoridade monetária não trabalhará contra novas quedas do dólar também ajudam a reduzir o apetite comprador. O BC novamente vendeu hoje todos os quatro mil contratos de swap cambial tradicional, em operação que funcionou como uma “injeção” de US$ 198,2 milhões no mercado futuro.

Além da venda líquida de papéis, o BC fez a rolagem de mais 10 mil contratos de swap cambial tradicional ofe rtados em leilão, postergando o vencimento do equivalente a US$ 494,0 milhões nesses contratos. Com a operação de hoje, o BC elevou a US$ 2,9638 bilhões o montante rolado referente aos swaps com vencimento em maio, de um total de US$ 8,733 bilhões.

Citando uma mudança no “mix” de política, melhora “moderada” na perspectiva do lado fiscal e uma recuperação dos termos de troca, o banco americano revisou para baixo a estimativa para o dólar no fim do ano. A expectativa de que o governo induza uma estabilidade do real devido à inflação pressionada e à aproximação do fim do ciclo de aperto mon etário também justifica a melhora no prognóstico para a moeda brasileira.

O banco americano vê agora o dólar encerrando o ano a R$ 2,40, ante previsão anterior de R$ 2,50, segundo relatório enviado a clientes. O J.P. Morgan estima uma melhora em torno de 5% nos termos de troca, com a valorização das commodities agrícolas compensando o declínio nos preços do minério de ferro. O banco considera ainda que os modelos para a taxa real efetiva de câmbio estão “consistentes” com o dólar a R$ 2,32.

Para o J.P. Morgan, o fato de o BC continuar fazendo rolagens de swap a despeito do nível mais baixo do dólar é um indicativo de que a taxa de câmbio é o instrumento que provavelmente servirá para amortecer pressões de preços. “O BC tem colaborado com a ideia de que um real mais forte é bem-vindo, conforme continua ofertando US$ 200 milhões em swaps cambiais por dia e rolando papéis com vencimento no próximo mês”, afirmam os estrategistas, acrescentando que, no atual ritmo, o BC deve rolar a maior parte dos US$ 8,7 bilhões em swaps com vencimento em maio.

Em entrevista ao “The Wall Street Journal”, Tombini disse que a depreciação do real no ano passado atrapalhou a estratégia de reduzir a inflação, apesar do aperto monetário já em curso na ocasião. O presidente do BC afirmou ainda que parte do movimento de alta da Selic desde o ano passado esteve relacionado à tentativa de conter os efeitos secundários da depreciação cambial e reconheceu que os movimentos da taxa de câmbio influenciam, sim, a trajetória da inflação.

A leitura do mercado, reforçada pela ata do Copom de ontem, é que o BC não fará grandes esforços para impedir uma valorização adicional do real, o que traria um alívio à inflação. Essa ideia ganhou força depois que o BC anunciou que faria leilões de rolagem de swap cambial tradicional mesmo com o dólar oscilando em torno de R$ 2,20.

“O BC nunca vai admitir isso, mas as ações dele dizem que, sim, o câmbio é uma arma contra a inflação que não será descartada”, afirma o profissional da asset.

O mercado observa ainda eventuais fluxos oriundos do pagamento da primeira parcela de remuneração mínima a acionistas da Vale, no valor de US$ 2,1 bilhões. Esse montante será convertido em reais pela Ptax desta sexta-feira. O pagamento será feito em 30 de abril.


Juros


O mercado de juros deu sequência ao movimento de inclinação da curva a termo, refletindo ainda a preocupação com o rumo da política monetária e seus efeitos sobre a inflação. Ontem, o tom da ata do Copom e também das declarações do presidente do BC reforçou a visão de que o ciclo de aperto monetário pode ser encerrado em breve. Diante de riscos elevados no cenário de inflação, a reação típica dos agentes é de ampliar o prêmio de risco nos contratos mais longos. 

Depois da divulgação de uma ata com sinais sobre a intenção da autoridade monetária parar de subir os juros, Tombini falou ao The Wall Street Journal que uma pausa no ciclo de aperto monetário “é uma possibilidade”. “Vamos ver, temos quase dois meses até a próxima reunião, que será no fim de maio.” Ele afirmou que o principal fator para a decisão será a evolução das perspectivas de inflação.

Existe o receio de que a inflação não autorize essa pausa. Afinal, após o IPCA de março, que subiu 0,92%, a probabilidade de a inflação superar o teto da meta ficou ainda mais próxima. “Como o BC vai parar de subir a Selic em maio, justamente quando o IPCA acumulado em 12 meses deve ficar acima de 6,5%?”, observa um operador.

Além disso, agentes veem no risco de um racionamento de energia elétrica uma razão de cautela para a política monetária.  Essa é uma variável que será acompanhada de perto pelos agentes nas próximas semanas. Para profissionais, se o abastecimento de energia realmente alcançar níveis mais críticos, então o ciclo de aperto monetário poderá ter de ser mantido, ainda que em doses de 0,25 ponto, dizem operadores.

Esse conjunto de fatores explica o movimento observado entre ontem e hoje, de elevação do prêmio de risco na curva de juros. Enquanto os juros mais curtos cedem, os longos avançam. E a diferença entre o DI janeiro/2015 e o janeiro/2017 alcança 1,29 ponto nesta manhã. Isso, a despeito da intensa queda dos juros dos títulos do Tesouro americano, que reagem à aposta de que não haverá aperto monetário nos Estados Unidos tão cedo. Nesta manhã, apesar do resultado positivo da confiança do consumidor americano, o rendimento da T-note segue em nível baixo, em 2,628%, depois de toar a mínima de 2,607% no início do dia.

Em tempo: O presidente do BC participa hoje da reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais dos países do G20, no  FMI, em Washington. Mas a informação é de que o encontro será fechado, sem a possibilidade de participação da imprensa.

Na BM&F, o DI janeiro/2017 operava a 12,38%, de 12,31% ontem. O DI janeiro/2015 marcava 11,07%, de 11,05% ontem.


Bolsa


O Ibovespa tem uma tarde positiva, depois de uma manhã no vermelho. A correção do índice, por enquanto, durou apenas três dias. Depois de bater mínima de 1,19% pela manhã, virou pouco antes do meio-dia e subia 0,33% ao redor de 13h50, para 51.296 pontos. Segundo o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, volta o fluxo comprador à Bovespa e o índice passa por ajuste depois de ter caído por três pregões seguidos. Petrobras PN avançava 1,28% e Vale PNA declinava 1,15%.
Galdi observa ainda que o Ibovespa melhorou com as bolsas dos Estados Unidos, que não chegam a subir, mas diminuíram bem as quedas depois da divulgação do índice de confiança do consumidor de Michigan, que subiu a 82,6 pontos na prévia de abril. 

Pela manhã, a perda foi puxada por discussões acerca do crescimento chinês, após declaração do primeiro ministro chinês, Li Keqiang, de que a expansão do PIB do país pode ficar abaixo da meta de 7,5%. A declaração veio após os decepcionantes dados referentes ao comércio externo de março. 
Por aqui, a ação da Sabesp lidera as perdas do Ibovespa e cedia 4,7%, depois de a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) desistir de publicar a revisão tarifária da empresa.

As incertezas do calendário de 2014 estão deixando o ano cada vez mais difícil de prever quando o assunto é investimento em ações no Brasil. Bancos estrangeiros têm adotado posições opostas nas preferências para aplicações, em meio a um quadro cada vez mais volátil e com indicadores dissonantes. É o caso de Citibank e Credit Suisse. Ontem, as duas casas divulgaram relatórios sobre as ações brasileiras, com posições distintas. O Citi recomenda posição underweight (abaixo da média do mercado) e o Credit overweight (acima da média do mercado).

Para os analistas Stephen Graham e Fernando Siqueira, do Citi Research, os investidores devem manter uma postura defensiva e de exposição abaixo da média, a não ser que encontrem maneiras de se proteger contra os riscos que a bolsa pode oferecer entre o final de 2014 e o começo de 2015. Entre eles estão eleições e necessidade de ajuste fiscal. 


Mercados Internacionais


Os mercados internacionais têm mais volatilidade nesta sexta-feira, com Wall Street passando por um novo dia de perdas. Na Europa, as principais bolsas fecharam em queda, o que também ocorreu na Ásia mais cedo. Em um dia com poucos dados importantes, o movimento negativo de ontem se mantém, ainda que Nova York tenha mostrado certa reação no meio do pregão.

Assim, nas praças americanas, o Dow Jones declinava 0,42%. O Nasdaq cedia 0,30% e o S&P 500 perdia 0,28%.

(Aline Cury Zampieri, José de Castro, Lucinda Pinto e Gabriel Bueno | Valor)

Nível do Sistema Cantareira registra pior marca em mais de 80 anos





SÃO PAULO  -  O nível do Sistema Cantareira, o principal reservatório de abastecimento de água da região metropol itana de São Paulo, voltou a baixar hoje, caindo de 12,4% para 12,2%, a pior marca dos últimos 84 anos. Há um ano, o volume estava em 63,1%. Segundo as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia, deve chover na Região Sudeste neste fim de semana, mas de forma isolada.

O governador do Estado, Geraldo Alckmin, não descarta a possibilidade de ser necessária a implantação do rodízio como forma de minimizar o impacto dessa escassez de água.

Para a presidente da Sabesp, Dilma Pena, com a utilização da reserva técnica (a água que fica em profundidade abaixo do atual nível de bombeamento) e a complementação por meio de outros sistemas como o do Alto Tietê e de Guarapiranga, não há risco de desabastecimento. A captação da reserva técnica, também chamada de “ volume morto”, deve começar em maio.

Na tentativa ainda de equacionar a crise no Sistema Cantareira, o governo paulista ampliou, na semana passada, o leque de consumidores estimulados a reduzir o gasto de água em troca de um bônus de 30% na tarifa no caso de uma queda de 20% no consumo. Na região do Cantareira, a medida já resultou em uma economia de 2 metros cúbicos por segundo. 
(Agência Brasil)

PF cumpre 21 mandados de prisão na 2ª fase da Operação Lava Jato





Marcos Santos / USP Imagens

RIO  -  A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje a segunda fase da Operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro. Entre os alvos dessa nova etapa está uma empresa de Macaé (RJ) que assinou contratos milionários com a Petrobras.

Ao todo, os policiais cumprem 21 mandados, sendo dois de prisões temporárias, quatro conduções coercitivas - quando o investigado é procurado e obrigado a depor - e 15 buscas em São Paulo, Campinas, Macaé, Niterói e Rio de Janeiro. 

"O material arrecadado hoje contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento", informou a PF. 

A reportagem apurou que um dos alvos é uma empresa que teve pelo menos dois contratos no valor total de R$ 14,31 milhões com a Petrobras entre 2009 e 2011 para prestar serviços de tratamento de água e recuperação de rios. Com sede em Macaé (RJ), a empresa é fornecedora antiga da Petrobras. 

A operação faz parte da segunda etapa da Operação Lava Jato, que em março prendeu quatro doleiros suspeitos de comandarem um esquema que movimentou R$ 10 bilhões de forma suspeita. 

Entre os investigados está o ex-diretor de refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, acusado de manter negócios com o doleiro Alberto Youssef. Costa afirma que apenas prestou um serviço de consultoria a Youssef, que lhe pagou uma Land Rover de R$ 250 mil pelo serviço. 

Até as 11h, a reportagem não havia localizado ninguém da empresa para falar sobre a operação.
(Folhapress)

Crescimento baixo é problema sério para o Brasil, diz Fitch


A agência de risco tem até julho para apresentar uma revisão da nota do Brasil, o que não significa que terá mudança da nota

Fernando Travaglini, do
Brendan McDermid/Reuters
Sede da Fitch Ratings em Nova York, Estados Unidos
Fitch Ratings: "A perspectiva estável indica que a probabilidade de o Brasil ter alteração é menor do que 70%", explica diretor da agêrncia, Rafael Guedes

São Paulo - O crescimento baixo é um problema "sério" para o Brasil, diz o diretor da Fitch Rafael Guedes. Segundo ele, esse é um dos pontos para se observar à frente.

A agência de risco tem até julho para apresentar uma revisão da nota do Brasil, o que não significa que terá mudança da nota. "A perspectiva estável indica que a probabilidade de o Brasil ter alteração é menor do que 70%", explica Guedes.

"Mas o comitê que define as notas precisa se reunir pelo menos uma vez por ano, até julho", diz.
Segundo ele, quando o rating do Brasil foi afirmado no ano passado, já havia uma deterioração na economia, mas ele diz contar, de outro lado, com uma série de passos para a melhora do ambiente.

Entre os pontos positivos, ele citou a comunicação do BC, que era errática, mas "melhorou significativamente"; o câmbio, que mostra uma movimentação mais próxima das condições de mercado; e as intervenções do BC, via swap.

Apesar de dizer que um dos pontos fracos na classificação são as finanças públicas - o setor externo é positivo -, o superávit fiscal anunciado, que ele ressalta que "talvez seja mais baixo" do que seria necessário, é suficiente "para manter a trajetória da dívida estável ou levemente em queda", diz.
Ele citou ainda como positivo os benefícios fiscais não estendidos para 2014 e que alguns deles estão sendo retirados.

Entre os pontos negativos, ele citou o nível de investimento baixo. "O Brasil tem problemas de investimentos muito grave", disse. E isso se reflete, entre outras coisas, no baixo crescimento.

Segundo ele, por conta disso, o balanço para a questão macroeconômica é levemente negativo no Brasil, mas ainda "não o suficiente para que haja alteração na nota", completa. Ele falou durante evento do EMTA, na sede do HSBC, em são Paulo.

PF faz buscas na sede da Petrobras, no Rio


Polícia Federal está cumprindo 21 mandados de busca, apreensão e prisão em nova fase da Operação Lava Jato, de combate a lavagem de dinheiro

Idiana Tomazelli e Andreza Matais, do
Galdieri/Bloomberg
Homem fala ao celular em frente à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro: de acordo com segurança, policiais entraram a pé e foram recebidos por funcionários do setor jurídico da estatal
 
Rio - Agentes da Polícia Federal (PF) chegaram à sede da Petrobras antes das 10 horas desta sexta-feira, 11, de acordo com informações de um segurança da entrada do estacionamento do prédio, na Avenida Chile, no centro do Rio. A PF está cumprindo 21 mandados de busca, apreensão e prisão em nova fase da Operação Lava Jato, de combate a lavagem de dinheiro.

Na primeira etapa, desencadeada em março, a polícia prendeu o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, agora, o foco da operação são as relações do esquema criminoso com a Petrobras.

Segundo o profissional da estatal, ele foi informado da entrada dos agentes pelo colega do turno anterior. A passagem de turno ocorre às 10 horas. Por isso, o segurança ouvido pelo jornal não soube precisar se os policiais ainda estariam no prédio, nem o horário exato da chegada.

De acordo com o segurança da sede da Petrobras, os policiais entraram a pé, pelo estacionamento, e foram recebidos por funcionários do setor jurídico da estatal, que desceram para receber os agentes da PF. Perguntado se os policiais foram cumprir mandados de busca, o segurança respondeu: "Não eram mandados, mas intimações".

Questionados sobre se ele ou o colega haviam visto os documentos mostrados pelos policiais, o segurança respondeu negativamente, creditando a informação aos advogados da Petrobras.

Entidades condenam prisão de jornalista em reintegração


Repórter de O Globo registrava imagens da ação da PM no terreno que ficou conhecido como Favela da Telerj quando foi imobilizado com uma chave de braço

Douglas Corrêa, da
Vladimir Platonow/Agência Brasil
Entidades condenam prisão de jornalista em reintegração de prédio da Oi

Desintegração de prédio da Oi: de acordo com a Abraji, ao prender Bruno Amorim e ameaçar com prisão outros repórteres, a Polícia Militar do Rio presta um desserviço ao direito à informação

Rio de Janeiro - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) condenaram a prisão do repórter Bruno Amorim, de O Globo, durante cobertura de reintegração de posse no terreno da Oi, na zona norte do Rio, e pediram apuração do caso pelas autoridades.

O jornalista registrava imagens da ação da Polícia Militar no terreno que ficou conhecido como Favela da Telerj quando foi imobilizado com uma chave de braço e teve os óculos arrancados por um policial sem identificação. Levado a uma delegacia, teve o celular apreendido por mais de uma hora.

A polícia do Rio de Janeiro já havia ameaçado jornalistas no começo da reintegração de posse, no fim da madrugada de hoje (11). O repórter Leonardo Barros, também de O Globo, foi ameaçado com voz de prisão caso não “corresse” dali. De acordo com a Abraji, ao prender Bruno Amorim e ameaçar com prisão outros repórteres, a PM do Rio presta um desserviço ao direito à informação.

As entidades também condenaram a reação dos manifestantes que resistiam à desocupação e atacaram veículos da TV Globo, do SBT e da Record. Para a Abraji, ao depredar automóveis dos meios de comunicação, "os manifestantes se unem à polícia no ataque ao direito à informação de toda a sociedade". Na mesma linha, a Abert destacou que "é extremamente preocupante" o uso de métodos violentos empregados tanto pela Polícia Militar como por cidadãos civis, com o objetivo de impedir o trabalho jornalístico e privar a sociedade do acesso à informação.