domingo, 13 de abril de 2014

Faltando 60 dias da Copa, policiais federais prometem parar

 

 

Cerca de 300 policiais e familiares marcharam para reivindicar melhores condições de trabalho, reajuste salarial e reestruturação da carreira

Akemi Nitahara, da
Tomaz Silva/Agência Brasil
greve polícia federal
De acordo com o Sindicato, a categoria está há sete anos sem aumento

Exatos 60 dias para o início da Copa do Mundo, policiais federais fizeram um protesto na Praia de Copacabana na manhã de hoje (13) e prometem fazer greve durante o evento esportivo. Cerca de 300 policiais e familiares marcharam pela Avenida Atlântica com cinco elefantes brancos infláveis, para reivindicar melhores condições de trabalho, reajuste salarial e reestruturação da carreira.

O presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal do Estado do Rio de Janeiro, André Vaz de Mello, explica que a Marcha dos Elefantes, junto com uma paralisação de um dia, é para mostrar para a sociedade as condições precárias de trabalho dos policias e a ineficiência do atual modelo de segurança pública.

“A gente pede a reestruturação das carreiras, com as atribuições dos cargos de papiloscopista, agente e escrivão definidas por lei, porque não tem isto até agora, e no mínimo uma reposição inflacionária para a gente poder sentar e conversar. O elefante branco é a ineficiência do nosso modelo de segurança pública, no qual 96% dos inquéritos não dão em nada, só 2% apontam realmente e punem os culpados. Em nenhum lugar do mundo isso existe”,disse.

De acordo com ele, a categoria está há sete anos sem aumento. “Toda vez que a gente tem sentado com o governo, por meio da Federação Nacional dos Policiais Federais que está negociando lá [em Brasília], é sempre um passo para trás, o governo vem sempre com um desrespeito total. A gente aguarda até a Copa do Mundo, mas estamos com a mesma proposta de Brasília e dos outros estados: é parar na Copa do Mundo, principalmente os aeroportos”.

Mello diz que os serviços essenciais serão mantidos em uma eventual greve, como foi mantido na paralisação de hoje. Mas, segundo ele, uma greve da Polícia Federal representa risco para a segurança do país.

“O governo federal tem dito que consegue nos substituir com outros servidores, como Exército, Força Nacional e outros policiais, só que dentro do aeroporto não tem como, é uma função muito específica, a imigração requer que o cara tenha experiência naquilo ali. Pode substituir, mas o governo vai ter que abrir a porteira e deixar entrar procurados de fora [do país], terroristas, que são um risco para a sociedade e para o Brasil nesse evento grande, que é a Copa do Mundo”,observou.

Este foi o sétimo protesto organizado neste ano pela categoria. Os sindicatos denunciam gestão ineficiente, segregação funcional, evasão de servidores qualificados, falta de atribuições por lei, sucateamento funcional e material, congelamento salarial e gestão precária dos recursos humanos dentro do órgão.

Petrobras teria pago R$ 31 bi a empresas suspeitas, diz Veja


De acordo com a reportagem, o valor teria sido pago pela estatal aos fornecedores desde 2003, ano em que PT assumiu a Presidência

Sérgio Moraes/Reuters
Chaminé em plataforma de Petróleo da Petrobras
Petrobras: dinheiro teria sido repassado para fornecedoras suspeitas de participar de esquema

São Paulo – A Petrobras teria pago 31,1 bilhões de reais para um conjunto de empresas suspeitas de participar da Operação Lava-Jato, que investiga sinais de corrupção nos contratos da estatal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

As informações foram levantadas pelo site de Veja.
De acordo com a reportagem, o valor teria sido pago pela Petrobras aos fornecedores desde 2003, ano em que o PT assumiu a Presidência da República.

Entre as empresas suspeitas estariam as maiores empreiteiras do país.
O site levantou os contratos fechados pela estatal com 14 fornecedores que estão sendo investigados por suspeita de destinar recursos a empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef.

Ele e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teriam montado um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por meio do qual a MO Consultoria, uma firma em nome de laranjas de Youssef, recebia dinheiro dessas fornecedoras da estatal.

Ainda sob investigação, o esquema tem como objetivos cogitados o enriquecimento ilícito da quadrilha e o financiamento de partidos e políticos, segundo a Polícia Federal.

Uma nova agência que será o principal parceiro dos anunciantes

 

 


Série Mad Men da HBO mostra a publicidade de 50 anos atrás (mas poderia ser ano passado)


Nos últimos 50 anos os papéis das diferentes agências de comunicação são muito claros.  A agência de propaganda é a chefe responsável por desenvolver o conceito master da campanha e pelo nobre papel de comprar toda a mídia.  A agência de promoções é quem tem o papel não tão nobre, financeiramente falando, de colocar o conceito na rua.  A agência digital é quem tem o papel ainda menos nobre de transformar o conceito em site e, eventualmente, num advergame bacaninha.  A agência de RP resolve as eventuais crises. O que não é nada nobre, financeiramente falando.

Só que da mesma forma que colocou de pernas para o ar a industria fonográfica e de conteúdo em geral, a tecnologia vem mudando rapidamente a forma como as empresas se relacionam com  seus consumidores e, consequentemente, o negócio das agências de comunicação.

Sentar numa mesa de briefing hoje está bem mais complicado e delicado.  O conceito master que funciona na mídia de massa, entendido por 100% da população, já não necessariamente funcionará bem na mídia social, onde precisa ser de alguma forma disruptivo para ser viralizado. Então quem fica responsável pelo conceito master? Também não está claro se o relacionamento com formadores de opinião será feito pela agência de RP ou pela agência digital, já que na internet todo mundo é um formador de opinião.

Ou seja, os rótulos que funcionavam na cabeça do anunciante já não estão funcionando tão bem e as sobreposições são cada vez maiores.

O consenso geral é que agências especializadas não vão desaparecer, mas que um novo formato de agência vai subir em importância estratégica junto  aos clientes.  O que começamos a ouvir e é minha aposta para esta nova agência, ainda não rotulada, envolve as seguintes 4 competências:
    • Domínio do ambiente digital: simplesmente porque será cada vez mais insustentável a mídia de massa.  Novos produtos e serviços surgem numa velocidade maior do que conseguimos consumi-los. Ter um punhado de veículos que promova o encontro entre a oferta destes novos produtos e a sua demanda num ambiente analógico fica impossível do ponto de vista da relevância e, em breve, será mais caro do que tentar atingir o mesmo público de forma fragmentada.  A agência precisa estar preparada para trabalhar numa realidade que performance é a palavra chave e precisará contratar muitos engenheiros para construir uma mensagem que utilize todas as possibilidades desta comunicação em rede.

    • Técnicas de RP: neste mundo da mídia socializada, onde cada pessoa é ao mesmo tempo consumidora e veículo de comunicação, é preciso saber a diferença básica entre o que é notícia e o que não é notícia. Pensando como RP, Steve Jobs fez um telefone celular que é notícia, saindo espontaneamente na capa de todas revistas do mundo e a cada upgrade do sistema operacional vira trend topic no Twitter. As agências precisam pensar campanhas como notícia.

    • Talento editorial: as empresas descobriram o que o mundo do entretenimento já sabe há muito tempo: é muito bom ter fãs, pois eles falam apaixonadamente dos seus ídolos e compram tudo que podem sobre eles.  Se antes apenas artistas e atletas tinham fãs, hoje a tecnologia que permite qualquer um atingir grandes audiências, faz com que qualquer marca possa (e deva) ter fãs.  E para alimentar DIARIAMENTE 
      • DNA Social: se você não notou, a mídia socializou.  Hoje qualquer pessoa produz conteúdo em texto, áudio ou vídeo e, mais importante, consegue distribuir este conteúdo para uma grande audiência.  A agência precisa ter na veia a habilidade de introduzir as marcas nesta conversa global que os mercados se transformaram.  Sem medo de ouvir críticas ou de não agradar a todos.

      Estes milhões de fãs que algumas marcas já possuem em seus canais proprietários nas plataformas sociais, é preciso que a agência saiba desenvolver um editorial próprio para cada posicionamento de marca que também consiga entreter sua base de fãs-consumidores.

Má-fé justifica análise de registro de marca

 
 
 
 
Valor 
Por Beatriz Olivon | De São Paulo
 
 
O Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região confirmou a anulação da marca Figgo em processo movido pela detentora da Fico, mesmo após o prazo para contestar o registro ter vencido. O desembargador Paulo Espírito Santo, relator do caso, considerou a ocorrência de má-fé, com base na Convenção da União de Paris, para permitir que o processo continuasse a correr.

A ação foi proposta pela Israco Indústria e Comércio, detentora da Fico, que pedia a anulação do ato administrativo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que concedeu o registro da marca Figgo em 2007. Na 1ª instância, o magistrado decretou a nulidade do registro e condenou a empresa a não usar a marca sob pena de multa diária de R$ 10 mil, a partir do trânsito em julgado da sentença.

No TRF, os desembargadores negaram o pedido do detentor da marca Figgo e do INPI, mantendo a decisão do juiz da 25ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Eduardo André Brandão de Brito Fernandes.

Em seu voto, o desembargador citou o artigo 6º da Convenção da União de Paris, segundo o qual não será fixado prazo para requerer o cancelamento ou a proibição do uso de marcas registradas ou usadas de má-fé.

No processo no TRF, o então detentor da marca Figgo alegou que não foi comprovada a má-fé e, por isso, deveria ser aplicada a prescrição, que teria ocorrido em outubro de 2012. A ação foi proposta somente em janeiro de 2013.

De acordo com a empresa, atitudes passadas demonstraram sua boa-fé, pois ela já havia pedido o registro da marca Ficco, mas desistiu após ser avisada de possível semelhança. A empresa alegou ainda a existência de outras marcas semelhantes no mercado, a atuação em Estados e segmentos de mercado diferentes e também que a Fico não está classificada como marca notória pelo INPI.

Em seu voto, o desembargador Federal Paulo Espírito Santo, afirmou que a comprovação da má-fé está atrelada à impossibilidade de desconhecimento da marca Fico, pois ela já havia apresentado notificação extrajudicial ante a marca Ficco. Outra evidência de má-fé, segundo o desembargador, seria a marca Figgo apresentar uma estilização gráfica para as letras "GG" muito semelhante às letras "CC", ficando próxima da expressão Ficco.

O advogado da Israco Indústria e Comércio, detentora da marca Fico, José Eduardo Louzã Prado, afirmou que a empresa demorou para ingressar com o processo porque quase não havia publicidade da Figgo durante o período inicial da marca.

Segundo Guilherme Anders, advogado da área de propriedade intelectual do Machado Meyer Advogados, o fato de ser uma outra linha de produtos não muda a situação. "Tem que proteger o investimento. A marca tem um valor. Não dá pra pegar carona sem autorização", disse.

Com a globalização, segundo Anders, os conflitos de marca têm surgido com maior frequência, antes as marcas ficavam mais nos seus próprios territórios. De acordo com o advogado, a empresa pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os representantes da detentora da marca Figgo não foram localizados pela reportagem. O INPI não quis comentar o caso e informar se recorrerá da decisão.

Mercosul fecha oferta única para acordo com UE


Por Denise Neumann, Daniel Rittner e Catherine Vieira | De São Paulo e Brasília

Ana Paula Paiva/Valor / Ana Paula Paiva/Valor 

Mauro Borges, do Desenvolvimento: "A reunião foi extremamente proveitosa e temos as condições para a oferta"


Os países do Mercosul fecharam na quarta-feira a oferta conjunta para um acordo de livre comércio com a União Europeia. A lista comum prevê a eliminação completa das tarifas de importação cobradas pelos países do bloco a 87% do volume de comércio com os europeus, mas pode chegar a 90%, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges.

Segundo o ministro, estão faltando apenas alguns detalhes, e são eles que podem elevar a oferta para uma cobertura de 90%. O avanço foi obtido em reunião técnica do Mercosul, na quarta-feira, em Montevidéu. 

A costura final dos detalhes deve ser feita no dia 29, em nova reunião já marcada para a capital uruguaia, onde os quatro sócios do bloco - a Venezuela não participa das negociações com a UE - pretendem bater o martelo.

Ao contrário do que ocorria até o mês passado, quando a construção de uma proposta única esbarrava na relutância argentina em abrir mais rapidamente seu mercado, os parceiros do Mercosul contornaram suas principais divergências. A mudança de postura da Argentina nas últimas negociações surpreendeu o governo brasileiro. O relato dos negociadores é que os argentinos teriam se dado conta de que, também para eles, o acordo com a UE é bom e o país não pode ficar isolado.

Não se fala mais, segundo um técnico diretamente envolvido nas negociações, de propostas separadas. Brasil, Uruguai e Paraguai cogitavam apresentar ofertas individuais à UE como forma de se contrapor à lentidão da Argentina nas discussões de um acordo com os europeus. Essa possibilidade foi descartada em Montevidéu.

O ministro comparou o sócio do Mercosul a um vizinho com o qual você precisa estabelecer uma cooperação, apesar dos problemas. "A Argentina é igual ao vizinho que você tem na Vieira Souto. Você está em um andar, e ele mora em cima. Eu nunca vou sair da Vieira Souto, acredito que ninguém vai sair, de vez em quando dá umas pingadas, o vizinho não faz manutenção direito, pinga, da infiltração, de vez em quando faz um pouco de barulho, incomoda, a gente não dorme direito. Agora, eu nunca vou sair de lá, nem eles. Qual que é a solução nesse dilema do prisioneiro? É cooperar. É o que a gente fez agora na oferta", acrescentou.

Até março, um dos obstáculos para avançar em uma oferta única não era propriamente o nível de cobertura da lista argentina, mas o cronograma proposto para a abertura do mercado vizinho. Isso significa que, embora tivesse alcançado uma proposta para eliminar mais de 85% de suas tarifas de importação, a Argentina jogava um grupo considerável de produtos para as cestas de redução tarifária com períodos mais longos. Com essas ressalvas, a oferta argentina ficava incompatível com a dos outros três sócios.

Os países do Mercosul, conforme informou o ministro, começaram de uma lista comum que abrangia 60% do comércio. Esse foi o percentual obtido quando os negociadores cruzaram a lista individual das ofertas de cada país. A partir dessa lista, começaram as negociações que permitiram alcançar o patamar de 87%, encarado como piso pelo governo brasileiro, que ainda acredita que essa proposta possa crescer até 90%. Também já está decidido, segundo Borges, que a proposta será única, sem produtos diferenciados e sem velocidades diferentes de adesão, uma possibilidade cogitada algumas semanas atrás.

"A reunião de ontem [quarta-feira] foi extremamente bem-sucedida e nós temos, a partir de agora, todas as condições de fazer uma oferta", disse o ministro. Para o Brasil, segundo ele, o acordo com a União Europeia é estratégico. "A economia brasileira é inteiramente integrada ao mundo, e essa integração comercial com a Europa é decisiva, é o primeiro passo de um novo ciclo de integração comercial brasileira."

"É um bom sinal", afirmou o diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Carlos Abijaodi, um dos empresários mais ativos no acompanhamento das negociações, ao ser informado dos avanços. "Mas esperamos que isso se confirme no fim do mês", completou, com um toque de cautela.

A expectativa do governo brasileiro é que essa oferta possa ser apresentada aos europeus entre o fim de maio e o começo de junho. "Eles [os europeus] dizem que estarão prontos para a oferta, é isso que eles falam, nós não vimos a oferta deles ainda", disse Borges. A negociação do acordo birregional de livre comércio já dura 14 anos, foi interrompida seis vezes e envolve remover ou reduzir barreiras para produtos agrícolas e industriais, abrir mercados para serviços, investimentos, compras governamentais e inclui questões regulatórias.

Para os europeus, de um lado o Mercosul já fez progresso, tendo assegurado que virá mesmo com oferta comum e não separada por país. De outro, a expectativa é de que o bloco apareça com uma oferta de liberalização mais abrangente do que tem sinalizado até agora. Em maio de 2004, o Mercosul teve recusada pela UE sua oferta cobrindo 86,7% do comércio. Em 2010, quando as discussões foram retomadas, ficou acertado que a oferta deveria assegurar liberalização perto de 90%.

Outras dificuldades podem surgir. Primeiro, o negociador-chefe da UE para a negociação com o Mercosul, o português João Machado, deixa o cargo no fim do mês. O substituto será o alemão Rupert Schlegelmilch, que conhece o andar das discussões, mas não no mesmo nível de detalhe. Segundo, o Parlamento Europeu, agora com voz forte nas negociações, será renovado em eleição no fim de maio. Em seguida, haverá a briga pela escolha dos novos comissários da Comissão Europeia, o braço executivo da UE. E tudo isso retarda processos decisórios. Além disso, a UE coloca ênfase na negociação de acordo de comércio e investimentos com os EUA.

 (Colaboraram Assis Moreira, de Genebra, e Marli Olmos, de Buenos Aires)

Dilma libera construção de usina hidrelétrica na Nicarágua

A construção da hidrelétrica, um dos maiores projetos do governo, começará após processo de negociação que precisou contar com a intervenção da presidente

Wilder Pérez Roque, da
Divulgação / AES Tietê
Usina de Água Vermelha, da AES Tietê
Hidrelétrica: negociações entre a Nicarágua e empresários brasileiros foram destravadas graças à intervenção do presidente nicaraguense Daniel Ortega e de Dilma


Manágua - A construção da hidrelétrica Tumarín, na Nicarágua, um dos maiores projetos de infraestrutura do governo do sandinista Daniel Ortega, começará em 2014 com quatro anos de atraso e após um processo de negociação que precisou contar com a intervenção da presidente Dilma Rousseff.

Em julho de 2009, a Assembleia Nacional aprovou a execução do projeto Tumarín em Apawás, comunidade de difícil acesso localizada no município de La Cruz de Río Grande, na Região Autônoma do Atlântico Sul (Raas).

O projeto previa a construção de uma usina, com uma represa de 2.590 hectares de área e com capacidade de geração de 253 megawatts. Como indenização pela perda de terras, o plano era transferir os moradores de Apawás para um lugar seguro, com casa para cada família, serviço de água potável, energia elétrica, três igrejas, uma casa comunitária e um centro comercial.
O custo total de Tumarín seria de US$ 800 milhões, e a responsabilidade da obra ficaria com a companhia Centrais Hidrelétricas da Nicarágua (CHN), criada pela Eletrobras e a construtora Queiroz Galvão.

Ortega anunciou Tumarín como o maior projeto de geração de energia da história da Nicarágua.
Por se tratar de energia limpa, a hidrelétrica permitirá ao país vislumbrar uma mudança de sua matriz energética, predominantemente térmica e dependente dos derivados do petróleo.

Com a usina, a Nicarágua não só reduziria o impacto dos altos preços do petróleo, mas também obteria prestígio na corrida contra a mudança climática. No entanto, não se passaram seis meses até surgirem os primeiros problemas.

Os tribunais da Região Autônoma do Atlântico Sul exigiram a paralisação do projeto devido a uma suposta irregularidade em sua aprovação.

A questão foi resolvida e, em julho de 2010, Ortega anunciou a iminente construção de Tumarín e até convidou o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para lançar a pedra fundamental do projeto.

Tudo parecia funcionar, a CHN contratou funcionários, construiu uma estrada na região da central e iniciou a capacitação de seus futuros trabalhadores.

Enquanto isso ocorria, o governo nicaraguense promoveu outro projeto hidrelétrico: Brito, que seria tão grande quanto Tumarín, porém mais barato (US$ 600 milhões).

Brito causou polêmica porque cortaria o fluxo do rio San Juan, quase sagrado para os nicaraguenses, transferiria uma cidade já urbanizada e desembocaria no recife de corais mais ricos do litoral pacífico do país. Um ano depois, esse projeto fracassou.

O ano de 2011 foi ruim para a CHN, principalmente em relação à indenização pelas terras que seriam afetadas pela usina de Tumarín. A empresa e os proprietários inicialmente tinham chegado a um acordo para o pagamento de US$ 800 por cada 0,70 hectare de terra, mas uma suposta falta de liquidez fez com que nem todos os afetados recebessem o valor.

Paralelamente, questões burocráticas tornaram o andamento do processo mais lento do que o esperado, e o preço das matérias-primas aumentou.

Como resultado, o preço final da central aumentou para US$ 1,1 bilhão, e a esperança de que fosse concluído diminuiu.

Além disso, a rodovia de 50 quilômetros construída para se chegar a Apawás fez com que as exigências de compensações dos moradores locais aumentassem, e agora os afetados exigiam indenizações de US$ 1 mil a US$ 1,5 mil por cada 0,70 hectare.

Em 2012, a população local começou a viajar mensalmente para a capital Manágua para protestar e exigir o pagamento das compensações.

Já o governo exigia 10% de participação de que tinha direito na CHN, mantendo a cláusula que apontava que em 30 anos obteria 100% do consórcio, como estabelecido por lei.

As negociações entre o governo da Nicarágua e a CHN foram feitas de forma praticamente oculta, e a companhia anunciava o início das obras a quase cada seis meses.

Em 2013, a única face visível do problema eram os habitantes de Apawás, com suas frequentes visitas a Manágua.

O governo já não falava com entusiasmo de Tumarín, e o Ministério de Minas e Energia chegou a anunciar que tinha um plano caso o projeto não fosse executado. A CHN, porém, nunca deixou de anunciar que o projeto seria realizado.

O assessor econômico de Ortega, Bayardo Arce, anunciou que a obra de Tumarín seria executada com a participação do conglomerado brasileiro ou não. Momentos depois da declaração, ambos os lados se comprometeram de forma definitiva a realizar a obra.

O acordo garantiu um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE) e da Queiroz Galvão. Além disso, foi mencionada a possível entrada do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial no negócio.

As negociações entre o governo da Nicarágua e os empresários brasileiros foram destravadas em 21 de março graças à intervenção do presidente nicaraguense Daniel Ortega e de Dilma Rousseff, segundo o ministro de Energia da Nicarágua, Emilio Rappaccoli.

Agora, o país espera que os 253 megawatts que Tumarín deve começar a produzir a partir de 2019 forneçam 30% da energia nacional, que enfim conseguiria ter pelo menos 74% de produção limpa.

Custo do investimento no Brasil registra queda

Segundo estudo do Ministério da Fazenda, desde 2004, custo de se investir no País recuou 14%; mesmo assim, investimento tem avanço tímido

JOÃO VILLAVERDE / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
 
Investir no Brasil ficou mais barato, segundo o Ministério da Fazenda. Estudo técnico preparado pelo órgão aponta que, entre 2012 e 2013, o preço relativo do investimento caiu 2,6%. Do pico, atingido em 2004, até o ano passado, o custo de se investir no País caiu quase 14%.

Isso é resultado, principalmente, das desonerações de tributos concedidas a empresas de diversos setores, em especial para os fabricantes de máquinas e equipamentos e o segmento de construção civil.

Além disso, a criação de linhas especiais de crédito, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES e da Finep, e outras mudanças microeconômicas no mercado financeiro têm permitido, no geral, um barateamento do investimento no País.

O levantamento do Ministério da Fazenda aponta que o deflator do PIB aumentou 7,69% em 2013, enquanto o deflator dos investimentos subiu bem menos, 4,83%. O deflator é um cálculo de inflação específico para cada indicador. Em outras palavras, os dados mostram que a inflação para o empresário foi menor do que para o conjunto da economia em 2013.

Isso tudo, no entanto, não fez o investimento aumentar tanto. Segundo as contas nacionais do IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que contabiliza os gastos com máquinas e equipamentos e também construção civil, atingiu 18,4% do PIB em 2013, ante 18,2% do PIB em 2012. Os melhores indicadores da série, iniciada em 1995, foram obtidos em 2008 (19,1% do PIB), 2010 (19,5%) e 2011 (19,3%), quando o preço relativo do investimento era mais alto do que agora.


Confiança.  


Segundo críticos da política econômica do governo Dilma Rousseff, a queda no custo do investimento no País é inegável, mas o fenômeno só terá efeito de impulsão da taxa de investimento quando o empresário confiar que haverá crescimento sustentável por um período prolongado. Já o governo avalia que as medidas de redução de custos para o empresário brasileiro investir começaram a surtir efeito nos dois últimos anos, e em especial em 2013. 

"A crise mundial reduziu drasticamente os nossos mercados para exportação, ao mesmo tempo que freou o ritmo interno de crescimento. Mas a taxa de investimento aumentou no ano passado, e em parte, é possível dizer que isso se deu graças à redução do custo de se investir", afirmou o secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Márcio Holland.

Autor do estudo sobre o preço relativo do investimento, Holland defende as diversas medidas tomadas pelo governo desde 2011. Segundo ele, o aumento de 6,3% da FBCF no ano passado foi resultado direto dessas medidas. 

No grupo das 20 maiores economias do mundo, o G-20, o avanço da taxa de investimento em 2013 no Brasil ficou atrás somente dos expressivos 19,6% de alta na China. Países em patamar de desenvolvimento semelhante ao do Brasil registraram elevações muito inferiores, como África do Sul (4,7%) e Turquia (4,1%).

"O investimento ficou mais barato, e isso terá efeito em cascata, aos poucos, ficando evidente no médio prazo", afirmou Holland, para quem a melhora da logística é a próxima fronteira para barateamento dos investimentos no País.