quinta-feira, 23 de outubro de 2014

"Brasil não pode ser refém dos pequenos", diz deputado europeu


Por Assis Moreira | De Genebra - Valor Economico
No Parlamento Europeu, a eleição brasileira é acompanhada atentamente em meio à "frustração" de parlamentares com "ambiguidades"' do Brasil na cena internacional e esperanças na área comercial.

O Parlamento acabou de criar uma delegação parlamentar UE-Brasil, para ilustrar a importância que atribui à sexta maior economia do mundo. O grupo é presidido pelo deputado português Paulo Rangel (PPE, centro-direita).

Em entrevista ao Valor, o deputado diz que a expectativa generalizada é de que, qualquer que seja o novo governo no Brasil, na área comercial deve haver impulso rápido, até porque a UE está acelerando acordo com outros parceiros.

Se a paralisação no Mercosul se prolongar, diz que países como Alemanha, Reino Unido, Itália, Franca e Portugal vão apoiar que Bruxelas parta para uma negociação direta da UE com o Brasil.
Segundo ele, é a Espanha que quer manter a negociação com o Mercosul "porque sempre quer o Brasil rodeado por países de língua espanhola".

"O Brasil não pode ser refém de pequenas economias que estão a impedir que o país aprofunde sua integração internacional", disse. Rangel nota que o simples fato de a UE ter feito parceria estratégica com o Brasil em 2007, e não com o Mercosul, e agora ter criado o grupo no Parlamento, ilustram a importância que Bruxelas dá ao Brasil.

"A UE já fez acordo com México, Canadá, Peru e Colômbia e está negociando com os EUA. Se fechar esse acordo ambicioso com os Estados Unidos, haverá impacto muito forte e pode prejudicar muito o Atlântico Sul. Ou seja, o Atlântico Norte (EUA, Canadá, México) será mais contemplado com preferências comerciais. Se o Brasil quer exportar mais produtos agrícolas, precisa do acordo", acrescentou.

Por outro lado, o deputado aponta preocupações no Parlamento Europeu com duas plataformas de política externa do Brasil.

A primeira é a preocupação dominante nos partidos de centro-direita com o "respaldo" que consideram que a presidente Dilma Rousseff dá a governos bolivarianos, como Bolívia, Equador, Cuba e sobretudo Venezuela "onde os padrões de democracia estão em perigo".

A segunda inquietação, segundo Rangel, é também de partidos de centro-esquerda mais simpáticos ao governo do PT, envolvendo a "ambiguidade" brasileira sobre crises da Líbia, Síria, programa nuclear do Irã, crise na Ucrânia.

"Estranhamos a posição brasileira, porque o país é uma democracia com pluralismo, liberdade de imprensa, respeito aos direitos humanos, deu exemplo ao mundo na área social, mas parece aceitar esses regimes."

A expectativa é de que a partir de janeiro de 2015 o Brasil tenha uma "visão nova" na área externa e dê exemplo aos outros países em desenvolvimento.

Já o professor Alfredo Valladão, da Universidade Science Po, em Paris, minimiza o interesse sobre posição brasileira na Europa.

"A Europa está numa crise gravíssima e sua grande prioridade é sair dessa crise, tanto política quanto econômica, e a eleição no Brasil é um sideshow (evento secundário)."

Para Valladão, o pouco interesse na UE, como um todo, se explica pelo fato de o Brasil não ter impacto na cena internacional, estar distante de qualquer teatro estratégico, não ameaçar ninguém e não ser ameaçado por ninguém, e a diplomacia brasileira não ter existido nos últimos quatro anos.

Ele avalia que o Brasil teve uma "pequena influência" no jogo internacional com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o país não teve meios de manter isso, e pouco a pouco o resto do mundo não se importou. Além disso, a presidente Dilma Rousseff "não fez nenhuma iniciativa diplomática importante".

Estima que o interesse pela eleição no Brasil foi sobretudo no primeiro turno, em razão da biografia de Marina Silva, ex-seringueira, pobre. Mas quando Marina perdeu, perdeu-se também o interesse, com os europeus tendo a percepção de jogo clássico de esquerda e direita.

Com buscas previstas na próxima semana, Lava-Jato pode ter delação de executivos


Por Juliano Basile | De Brasília
 
Ruy Baron/Valor

A Operação Lava-Jato deve entrar numa nova fase na semana que vem, depois do segundo turno das eleições, com a realização de buscas e apreensões de documentos, pedidos de diligências, como quebra de sigilos bancário e fiscal, e eventuais cumprimentos de mandados de prisão contra suspeitos.

A expectativa de fontes que acompanham o passo a passo das investigações é a de que essa fase operacional da Lava-Jato tenha início a partir da segunda quinzena de novembro. Boa parte desses procedimentos ainda não foi realizada porque os técnicos da Polícia Federal estão identificando cada uma das informações prestadas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, para preparar os novos passos da apuração.

As prisões estão proibidas até terça-feira, segundo determinação da legislação eleitoral que tem o objetivo de evitar o uso político de detenções às vésperas do pleito e nos primeiros dias que o sucedem. Desse modo não são esperadas ações "espetaculares" entre os dias que antecedem as eleições e imediatamente depois da votação de domingo.

As novas ações devem ocorrer dentro de um prazo um pouco maior, pois os técnicos responsáveis pela apuração terão que pedir diligências para confirmar as informações dadas nos depoimentos de Costa. A partir do acordo de delação premiada que foi feito com as autoridades para auxiliar nas investigações em troca de redução de pena, Costa revelou o pagamento de propina em valores entre 1% e 3% dos contratos da Petrobras, num esquema que envolveria dezenas de políticos e empresas que disputaram concorrências da estatal.

Como o ex-diretor teria detalhado um esquema que funcionou por muitos anos envolvendo várias pessoas, esses técnicos terão que separar as informações para requisitar procedimentos de apuração específicos seja na sede de empresas ou nas residências de suspeitos. A expectativa é a de que o número de diligências seja elevado e, por isso, houve reforço na equipe que trabalha na operação.

Os técnicos da PF terão que analisar as informações de Costa ao lado de outros depoimentos, como o do doleiro Alberto Youssef, que seria o responsável pela remessa de valores para o exterior, para organizar as próximas ações da Operação. Caso haja contradição entre a informação dada por um com a prestada por outro eles deverão pedir diligências para verificar qual está mais próxima da verdade, como a confirmação de movimentação financeira por bancos ou empresas.

Mesmo se houver convergência entre os depoimentos os investigadores devem requisitar novos procedimentos para checar o que foi falado. Quanto mais verificações eles fizerem maiores são as chances de o Judiciário aceitar as provas e garantir a legalidade das investigações.

O Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, apurou que advogados que defendem as empresas citadas por Costa e pelo doleiro contam com a possibilidade de os novos passos da Lava-Jato serem tomados logo depois do segundo turno. O "timing" exato para a ocorrência das diligências depende da celeridade da PF em organizar as informações obtidas até aqui e planejar os próximos atos. Daí o pedido de reforço na equipe.

Também foi cogitada pela defesa uma estratégia de delação conjunta pela qual as empresas prestariam informações simultaneamente às autoridades em troca de redução de punições no futuro. Caso seja levada a cabo essa estratégia representaria uma espécie de "cartel na delação", já que, ao invés de se prontificarem individualmente a colaborar com as autoridades, as empresas o fariam em conjunto. No entanto, o Ministério Público Federal em Brasília ainda não recebeu qualquer pedido formal de delação das companhias que foram citadas no caso.

UE espera que sucessão destrave relação com Mercosul


Por Assis Moreira | De Genebra - Valor Economico
Christian Lutz/AP 
Jean-Claude Juncker: luxemburguês, confirmado para a presidência da Comissão Europeia, buscará o aprofundamento da parceria estratégica
A União Europeia (UE) acredita que a eleição no Brasil e a nova liderança na Europa abrirão uma "janela de oportunidade" para aprofundar a parceria estratégica bilateral em áreas que vão de comércio a segurança internacional.

A nova Comissão Europeia, o braço executivo da UE, presidida pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker, foi confirmada pelo Parlamento Europeu nesta quarta-feira e tomará posse no dia 1º de novembro, já sabendo quem será o presidente do Brasil pelos próximos quatro anos.

Apesar da acumulação de problemas econômicos e políticos, que vão da ameaça de terceira recessão em cinco anos a dificuldades no abastecimento de gás para o inverno que se aproxima, a Europa sinaliza que segue atentamente a "muito sensível" eleição no Brasil, sexta maior economia do mundo e principal parceiro econômico dos europeus na América Latina.

A expectativa em Bruxelas é de que os dois lados podem fazer muito mais e realmente "entregar" resultados concretos nos próximos anos.

Na área comercial, a UE quer apertar o acelerador para afinal concluir acordo de preferenciais para suas respectivas empresas após 15 anos de discussões. Estima que "no momento" a única opção possível é continuar a negociação com o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela). Ou seja, não vai partir de Bruxelas qualquer iniciativa para negociar diretamente com o Brasil.

Uma vez passadas as eleições no Brasil e Uruguai, a UE espera que haja condições para a troca de ofertas de liberalização entre os dois blocos. Bruxelas aguarda que o Mercosul respeite o parâmetro mínimo de inclusão de 87% de abertura do comércio de mercadorias, como acertado em 2010.

Se houver uma mudança de governo no Brasil, e a abordagem brasileira passar a ser de negociação comercial direta com a UE, a reação em Bruxelas é de que vai evidentemente levar isso em consideração, mesmo se sua linha geral tem sido de defender a integração regional como a melhor opção.

Na verdade, o que a diplomacia europeia aborda com muita precaução, o Parlamento Europeu é bem mais direto. O presidente da recém-criada delegação para o Brasil no Parlamento, o deputado português Paulo Rangel (PPE, centro-direita), disse que se o bloqueio no Mercosul continuar, por causa de reticências da Argentina, a Europa certamente vai querer e negociar diretamente com o Brasil, que afinal representa 75% do bloco do Cone Sul.

Existe a esperança em Bruxelas de, qualquer que seja o resultado da eleição presidencial no Brasil, vai significar um avanço para estreitar as relações econômicas e comerciais.

A UE nota que é o maior parceiro comercial do Brasil. Mais de 20% das exportações brasileiras vão para a UE e mais de 20% das importações do país são provenientes da UE. O volume de investimento direito da UE no Brasil, que era de 70 bilhões ha dez anos, hoje alcança cerca de € 250 bilhões, cerca de 45% de todo o investimento estrangeiro no Brasil. A UE é também o principal destino do investimento externo brasileiro.

Bruxelas espera que a economia brasileira melhore também seu desempenho econômico, o que seria benéfico igualmente para os europeus, que dependem muito da demanda externa para sair da crise. A UE continua "encorajando" o Brasil a liberalizar seu mercado, que considera ainda bem fechado.

Outra prioridade europeia é fechar o acordo de "céus abertos" com o Brasil, que vem sendo negociado há anos para liberalizar o numero de voos entre os dois lados do Atlântico e dar mais espaço para capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras. As estimativas são de que haveria redução de tarifas e aumento de 10% no volume anual de passageiros.

Segundo fonte brasileira, os textos do acordo continuam engavetados na Casa Civil da Presidência da República.

A Europa coloca ênfase também em mais coordenação com o Brasil sobre segurança global e mais participação do Brasil em situações de crise.

Bruxelas oferece ao Brasil, por exemplo, participação em missões europeias de segurança, como a que tem atualmente no Mali para por exemplo no Mali para treinar a policia local. Trata-se de esforço para estabilizar esse país africano, depois que a Franca lançou ofensiva militar contra militante do Al-Qaeda tinham tomado o controle de parte do território. O Brasil poderia participar de missão, por exemplo, em países de língua portuguesa, como em Guiné Bissau, país com persistente instabilidade política.

Atualmente, a UE e o Brasil têm 32 diálogos setoriais ditos estratégicos, que vão de energia a não proliferação nuclear. Dois novos setores vão ser integrados nessa agenda: ciberseguranca e migração.
A Europa espera viabilizar mais rapidamente também a construção de um cabo ótico submarino para facilitar a comunicação eletrônica com a Europa. É uma das prioridades do governo brasileiro depois que vieram à tona suspeitas de espionagens dos Estados Unidos a cidadãos de vários países, dentre eles a própria presidenta Dilma Rousseff.

Ainda não são claros quais serão os membros do consórcio. A indústria gostaria de ter mais dinheiro público na construção, mas Bruxelas acha que a maior parcela tem que ser mesmo do setor privado.

 A expectativa é de que esse projeto estimule a cooperação bilateral em pesquisa e desenvolvimento.
A UE buscará estreitar a posição com o Brasil para a conferência sobre mudança climática, que ocorrerá no ano que vem em Paris. Bruxelas acha que dá para os dois lados atuarem ainda mais em conjunto.

Marcas do varejo sofrem com clientes cada vez mais 'infiéis'


REUTERS/Nacho Doce
 
Comércio: Consumidores observam alto-falantes em loja da Casas Bahia em São Paulo
Guilherme Dearo, de EXAME.com

São Paulo - Os consumidores estão cada vez mais "infiéis" na hora de comprar.
Essa é uma das conclusões do novo estudo da CVA Solutions, que pesquisou a força da marca e o valor percebido na percepção dos consumidores.

A pesquisa foi feita com 7.705 pessoas em agosto desse ano em todas as regiões do Brasil. 63 lojas do varejo foram citadas no total.

Segundo a pesquisa, por mais que eles visitem as lojas físicas de eletrônicos e eletrodomésticos, dificilmente eles são "fisgados". No fim, compram pela internet depois de pesquisar o menor preço. 
O fenômeno é chamado de “show rooming” e já foi utilizado por 76% dos consumidores. Ou seja, o consumidor visita uma loja física, conhece o produto, mas antes de comprar pesquisa preços na internet.

Esse comportamento influencia na percepção das marcas pelos compradores.
A líder da Força de Marca é a Lojas Americanas, seguida das Casas Bahia. Nesse quesito, se beneficiam as empresas maiores, com mais presença no Brasil.

Em Valor Percebido a liderança é da Lojas Cem, seguida por Big e Pernambucanas. Aqui as empresas menores entram com mais força na competição, já que podem ser mais regionais, mas apresentam boa relação custo-benefício.


Desafios


Para Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA Solutions, o varejo precisa investir em tratamento diferenciado para evitar a infidelidade dos clientes. Ele conta uma história para inspirar as marcas brasileiras:

"Recentemente, visitei a loja da Apple em Nova York e lá fui atendido por somente uma pessoa, da abordagem inicial ao pagamento final. O mesmo vendedor me explicou sobre os produtos, me convenceu a comprar, foi até o estoque pegar o produto, passou o cartão de crédito no caixa e ainda me entregou a sacola", conta.

"Isso fisga o consumidor. Há uma atenção especial. Quando há váriar pessoas nesse processo - uma pra abordar, outra pra buscar a caixa, outra para fazer o pagamento etc - o cliente pode fugir. Usa do velho 'vou dar uma olhada em outros lugares e qualquer coisa eu volto'. Mas ele não volta", explica Cimatti.

Já para o fenômeno crescente e inevitável das compras online, Cimatti sugere o básico: que as lojas melhorem os seus sites, deixando-os mais claros e com os dados técnicos dos produtos bem escritos, para facilitar a pesquisa e a comparação.


Força da marca


Na pesquisa, essas foram as marcas mais bem avaliadas, onde podiam ser citadas como "as melhores" e tinham índices de atração e rejeição por parte dos compradores. 

A conta é a atração menos a rejeição perante clientes e não clientes. Essas são as 10 mais fortes:

1 Lojas Americanas
2 Casas Bahia
3 Magazine Luiza
4 Fast Shop
5 Extra
6 Walmart
7 Ponto Frio
8 Carrefour
9 Bemol
10 Fnac  
 

Valor Percebido


O Valor Percebido é o custo-benefício percebido no mercado. Os 10 mais bem cotados:
1 Lojas Cem
2 Big
3 Pernambucanas
4 Bemol
5 Colombo
6 Casas Bahia
7 Ricardo Eletro
8 Eletro Shopping
9 Fast Shop
10 Magazine Luiza
Os preferidos online
A pesquisa levantou que 65% das pessoas já compraram eletrônicos ou eletrodomésticos pela internet.

Esses são os sites mais populares:
1 Lojas Americanas
2 Submarino
3 Walmart
4 Extra
5 Casas Bahia
6 Shoptime
7 Magazine Luiza
8 Ponto Frio
9 Ricardo Eletro
10 Compra Fácil

O Alibaba quer investir no Brasil



alibaba


Depois de levantar 25 bilhões de dólares na maior abertura de capital da história, em setembro, a gigante chinesa de internet Alibaba começou a procurar empresas para comprar no Brasil. O ex-professor de inglês Jack Ma, que fundou o Alibaba em 1999 e hoje é presidente do conselho da empresa, escalou o vice-presidente de operações, Daniel Zhang, para buscar alvos por aqui.

Nas últimas semanas, Zhang e sua equipe procuraram controladores de algumas das principais empresas de comércio eletrônico brasileiras e deixaram claro que têm dinheiro e querem gastá-lo. Hoje, o Brasil já é um grande mercado para o Alibaba. O site Aliexpress, operação do Alibaba que vende produtos de atacadistas chineses a preço de loja de 1,99, já é o sétimo de comércio eletrônico mais acessado no Brasil. Está à frente de sites como Dafiti, Livraria Saraiva e Centauro. Segundo dados da consultoria ComScore, o número de visitantes únicos em setembro deste ano chegou a 9,6 milhões, mais do que o dobro que no mesmo período do ano passado.

Medida provisória dá calote nos direitos do trabalhador

 

 

 

 

Quando a medida estiver vigorando plenamente, qualquer ação, inclusive a trabalhista, que não estiver averbada na matrícula de um imóvel não terá validade para terceiros


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O DIA


Rio - Ao apagar das luzes no Congresso Nacional, a presidenta Dilma Rousseff edita a Medida Provisória 656, que, segundo a sua ementa, cuida de matéria econômica-financeira, de matéria tributária e de criação de um novo título de crédito. Em momento algum, como legalmente deveria fazê-lo, menciona a nova sistemática sobre a compra e venda de imóveis e sua repercussão no direito processual civil (artigos 10 a 17). Tal omissão é bastante estranha, pois o Artigo 62, Letra B, da nossa Constituição veda a edição de MP em matéria de direito processual civil.

Quando a medida estiver vigorando plenamente, qualquer ação, inclusive a trabalhista, que não estiver averbada na matrícula de um imóvel não terá validade para terceiros. Ou seja, os credores (os trabalhadores brasileiros) não conseguirão alcançar esse imóvel. Com isso, construtoras, incorporadoras e agentes financeiros do setor imobiliário (bancos) ficam isentos do pagamento de dívidas fiscais, civis e da justiça do trabalho, podendo vender seus imóveis sem quaisquer restrições.

Tal medida vai de encontro às normas do Conselho Nacional de Justiça, que recomendou a apresentação da certidão da Justiça do Trabalho nas escrituras, com a finalidade de proteger os trabalhadores, geralmente as pessoas mais humildes do povo brasileiro, de fortes grupos econômicos como bancos e indústrias da construção civil (Recomendação CNJ 3/2012). 

Além disso, ao invés de desburocratizar a compra e venda de imóveis, a medida provisória cria uma nova certidão para os registros de imóveis, tornando onerosos esses registros — que atualmente são gratuitos —, aumentando, assim, de forma desmedida, a receita dos donos de cartório de registro de imóveis.

PT e PSDB fazem acordo e desistem de todas as representações no TSE




As duas chapas que concorrem à Presidência da República nas eleições deste ano desistiram de todas as representações que têm em trâmite no Tribunal Superior Eleitoral. A decisão foi tomada depois de os dois partidos que estão no segundo turno, PT e PSDB, terem se comprometido a fazer uma “campanha mais propositiva” nos dois últimos dias de propaganda eleitoral.

O acordo foi comunicado aos ministros do TSE nesta quarta-feira (22/10) pelos advogados Arnaldo Versiani, advogado da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, e Carlos Caputo Bastos, que representa Aécio Neves. O acordo envolve cerca de 30 representações, 15 de cada lado, segundo os representantes jurídicos das campanhas.

Depois do comunicado, o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, elogiou o acordo, classificando-o de “imenso gesto para a democracia”. “É um momento histórico desta corte, as duas campanhas se comprometendo a fazer campanhas mais propositivas e programáticas. Gostaria de parabenizar, emocionado, pelo acordo formulado”, declarou Toffoli.

Com esse acordo, as campanhas desistem de todos os processos em trâmite. Os que já foram alvo de decisão monocrática terão (ou já tiveram) a liminar cumprida. Agora, só haverá representação se houver novas agressões entre os candidatos.

O acordo foi em certa medida forçado por uma mudança de jurisprudência do TSE. Em uma representação ajuizada pela campanha de Aécio Neves, ele reclamava que o programa eleitoral da presidente Dilma fazia ofensas pessoais a ele. A propaganda dizia que Aécio agiu “como no tempo da ditadura” quando governou Minas Gerais.

E foi nessa representação que o TSE decidiu que as propagandas veiculadas em horário eleitoral gratuito devem se limitar a fazer propostas, e não a fazer ataques pessoais aos concorrentes. Na ocasião, o ministro Toffoli afirmou que a decisão “sinaliza para o futuro um outro tipo de estilo de propaganda eleitoral ao mesmo tempo em que insta o Congresso Nacional a fazer uma alteração legislativa”.

De ambos os lados da disputa, o acordo foi tratado como “histórico”. E ambos encararam o acerto como uma forma de garantir que pelo menos o final da campanha transcorrerá sem agressões.