quinta-feira, 6 de novembro de 2014

FALTA DE INFORMAÇÃO

Muitas vezes os imigrantes ignoram os direitos que lhes são garantidos pelo Acordo de Livre Transito e Residência do Mercosul.

A fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina (SRTE/SC), junto à Polícia Federal flagrou situações irregulares em plantações no Sul do Estado. Denúncias possibilitaram o flagra de 20 paraguaios sem autorização de trabalho em uma plantação de fumo em Sombrio, no Sul do Estado.

O principal problema dos 20 paraguaios que foram flagrados trabalhando irregularmente em Sombrio, no Extremo Sul, é a documentação. Os estrangeiros entraram como turistas no Brasil.

— Eles são estrangeiros que vieram trabalhar desamparados pela legislação. Não era uma questão de refúgio, como o caso dos ganeses. Eles entraram como turistas, pelo acordo Mercosul, com a intenção de trabalhar — explica o delegado Nelson Luiz Confortin Napp.

Os trabalhadores sabiam das condições quando vieram de ônibus do Paraguai, há cerca de dois meses, para escapar de uma situação ainda pior em seu país. Apesar do cheiro forte de fumo, da presença de insetos e do calor das estufas, eles dispunham de proteção adequada para o trabalho, além de água potável, alimentação e local para dormir.

Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal e o Ministério do Trabalho fiscalizaram a situação dos estrangeiros, que foram notificados com uma multa de cerca R$ 160 cada um e têm um prazo de oito dias para deixar o país, sob pena de deportação. O empregador foi noticiado com uma multa de R$ 2.500 por funcionário.


Kiara Domit

(editado)
(A Notícia – 30/10/2014)

FORMANDO OPINIÃO

Comissão de Relações Exteriores vai debater situação de imigrantes no Brasil. 


A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou, quinta-feira passada (30/10), sete requerimentos de audiências públicas apresentados pelo presidente do colegiado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Um dos temas a serem discutidos é a situação dos imigrantes no Brasil. Ferraço disse que vai tentar realizar todas as audiências ainda este ano.

Ferraço quer saber o nível de preparação do país para lidar com o aumento expressivo no número de estrangeiros em território nacional. O senador sugeriu a presença do secretário nacional de Justiça, Paulo Abraão Pires Júnior, e do diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, João Guilherme Lima. Também devem ser convidados o chefe da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Veiga Rios, e a professora de Relações Internacionais da USP Rossana Rocha Reis.

- Nos últimos anos o nosso país vem sendo destino de muitos imigrantes, não apenas da América do Sul, mas de outros continentes. Há necessidade de o Estado brasileiro se organizar, se estruturar em torno dessa questão, porque não apenas acolher, mas dar um caminho seguro a essas pessoas que buscam em nosso país uma alternativa de vida – disse Ferraço.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) pediu a presença de uma entidade que represente os imigrantes e da Polícia Federal para dar informações sobre a fiscalização de fronteiras. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu convidar o padre Paolo Parise, que, em São Paulo, trabalha com a Pastoral do Imigrante.

- Ele é justamente o pároco da principal igreja católica em São Paulo que tem recebido e acolhido, inclusive foi feito um entendimento junto à prefeitura municipal de São Paulo, para melhor acolher os haitianos, senegaleses, angolanos – justificou Suplicy.

O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) falou de sua preocupação com a entrada de imigrantes no Acre.
- Penso que seria prudente que o governo brasileiro reforçasse a fiscalização, o tratamento na área de saúde, para que nós possamos dar tranquilidade à população brasileira. O número de imigrantes é grande, as condições em que eles chegam ao nosso país são as piores possíveis – afirmou.


Marilia Coêlho
(Senado Notícias – 30/10/2014)

OS MILHÕES QUE FALTAM

Cada profissional estrangeiro empregado no Brasil gera entre 1,3 e 4,6 empregos para brasileiros.


A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) estima, com base em um levantamento feito por uma comissão de especialistas e pesquisas com empresas e o público em geral, que é necessário trazer cerca de 6 milhões de profissionais estrangeiros qualificados para suprir a demanda nacional.

Entre os países com menor número de estrangeiros per capita, o Brasil apresenta hoje, segundo o ministro-chefe interino da SAE, Marcelo Neri, um “fechamento ao fluxo de pessoas”: os estrangeiros representam apenas 0,2% da população, porém, com os seis milhões previstos, o percentual subiria para 3%.
Trata-se de trazer mão de obra qualificada, sobretudo para as áreas da construção, engenharia e saúde, sugere Neri – isto é, entre os seis milhões de novos profissionais, um contingente de arquitetos, urbanistas e engenheiros civis estrangeiros.

A estratégia é vista pelo ministro como suplementar à qualificação da mão de obra nacional, que, segundo associações sindicais, é suficiente em termos numéricos mas precisa, de fato, ser melhor valorizada e qualificada.


“Apagão”


A expressão “apagão de mão de obra” é frequentemente empregada por analistas para se referir a uma suposta escassez de mão de obra de profissionais altamente qualificados no Brasil. Segundo país com maior dificuldade para preencher vagas, o Brasil está apenas atrás do Japão nessa lista, e a falta de candidatos disponíveis e de especialização são apontadas por empresários como as duas principais razões do problema.

Entretanto, uma pesquisa de 2011 promovida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) negou a existência desse “apagão” no topo da pirâmide profissional. “O verdadeiro apagão está na base, na mão de obra pouco qualificada, que é onde os salários estão subindo mais”, diz o ministro Marcelo Neri.

Neri aponta que nos últimos anos algumas áreas começaram a dar sinais de que a oferta interna de profissionais não seria suficiente para acompanhar o mercado em crescimento do país. Um levantamento da Brasil Investimentos e Negócios (Brain) – consultoria que realiza pesquisas sobre a inserção do Brasil no mercado internacional e colabora com a SAE – afirma que arquitetura, engenharia civil, engenharia química e medicina são éreas em que o país precisa de mais profissionais do que os disponíveis.

Segundo o Brain, outro benefício da importação de profissionais são os empregos criados a partir dessa estratégia: cada profissional estrangeiro empregado no Brasil poderia gerar entre 1,3 e 4,6 empregos para brasileiros.

“Temos claramente obras paradas porque não tem engenheiro civil. Quando se coloca um engenheiro civil lá, se gera emprego para mestres de obras e outros. Isso é bom para a economia”, afirma Luiz Sacconato, analista da Brain. “É algo complicado, vai mexer com sindicatos e associações de classe. Mas não queremos tirar o emprego de ninguém, são empregos complementares.”


Divergências


A maior parte dos profissionais estrangeiros que chegam hoje ao Brasil são qualificados para trabalhar nas indústrias de extração de petróleo e construção civil – sobretudo em obras de infraestrutura.

Todavia, a falta de arquitetos e engenheiros locais para atender a demanda é questionada por muitos, entre os quais o presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Jeferson Salazar, e o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Pinheiro.

Salazar afirma ainda que, apesar da demanda, o setor público ainda não absorve a quantidade de profissionais arquitetos e urbanistas que chegam todos os anos ao mercado de trabalho – aproximadamente 7 mil e todo o Brasil.

“Nos últimos 25 anos, o número de escolas no Brasil cresceu 6 vezes. A quantidade de jovens arquitetos com subemprego ou desempregados no país é imensa e o governo não tem nenhum plano para utilizar esse exército de mão de obra”, comentou o presidente da FNA.

Com um pensamento semelhante, Pinheiro aponta: “A demanda por profissionais nessas áreas realmente aumentou, mas não está faltando. Se for preciso trazer um engenheiro de uma matéria que não existe aqui, (a importação) é de fato interessante, mas não entendo a necessidade de trazer amplamente engenheiros civis.”

A opinião geral entre os que questionam a posição da SAE é de que a “importação” de mão de obra qualificada é interessante, contanto que se justifique de algum modo – como por exemplo, trazendo contribuições em áreas específicas ainda inexistentes ou embrionárias no Brasil – , mas a simples necessidade de trazer mão de obra qualificada estrangeira parece não convencer líderes de entidades de classe, sindicatos e os próprios profissionais. 

Romullo Baratto
(ArchDaily Brasil – 03/11/2014)


Trabalhar perto de casa equivale a 20 dias de folga, diz estudo


A busca por melhores condições de trabalho é motivada pela atual questão da qualidade de vida, cada vez mais presente no consciente do trabalhador



Trabalhar perto de casa e ter mais tempo para a família e o lazer é um dos novos sonhos dos brasileiros. Afinal, todos querem ganhar mais tempo livre e simplicidade na locomoção para o trabalho. De acordo com uma pesquisa do portal Emprego Ligado, os profissionais que trabalham perto de casa podem ganhar 20 dias livres por ano com a dispensa de congentionamentos, por exemplo.

“É qualidade de vida aliada à questão da produtividade. O empregado fica mais feliz e o empregador ganha em produtividade, conseguindo reter ainda mais o funcionário”, explica Jacob Rosenbloom, CEO da Emprego Ligado.

Com o trânsito caótico das grandes cidades, muitos profissionais têm optado por vagas próximas de suas residências. “O profissional quer mais tempo para o lazer e para a família. E quando ele precisa pegar mais de duas conduções para o trabalho, ele começa a não ter tanta disposição para cumprir as horas estabelecidas no contrato. E muitas vezes saí antes de completar seis meses, onerando ainda mais o RH. Segundo dados da mesma pesquisa, 37% das pessoas saíram do último trabalho devido à distância entre a sua casa e o local de trabalho. Trabalhando perto de casa e reduzindo o trajeto de três para uma hora em ida e volta de condução, o profissional consegue economizar quase um mês a mais por ano. Além disso, ele falta e se atrasa menos, se tornando mais produtivo e realizado com seu trabalho”, afirmou Rosenbloom.

A busca por melhores condições de trabalho é motivada pela atual questão da qualidade de vida, cada vez mais presente no consciente do trabalhador.

Atualmente, um dos grandes questionamentos de gestores de Recursos Humanos é a questão da retenção de profissionais em suas empresas. Afinal, "segurar" um profissional evitar o gasto com encargos durante a sua saída e com a abertura de nova vaga, seleção, contratação, capacitação de um novo profissional e integração, o que demanda tempo e muito mais trabalho. Com isso, segundo o CEO da Emprego Ligado,  "o que se pensava que era irrelevante até pouco tempo, tornou-se determinante para quem procura um emprego ou uma recolocação: a localização da empresa”.

Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) no Brasil: o papel da sociedade civil


Este artigo da advogada Gisela Hathaway procura avaliar o estado da implementação nacional da Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), assinada em Estocolmo, Suécia, em 2001, e em vigor internacional e nacional desde 2004.

Os desdobramentos nacionais dos compromissos assumidos internacionalmente apresentam vícios de convencionalidade. Há falhas nos processos de elaboração e discussão dos documentos, por ausência ou insuficiência de consulta pública. Percebe-se um descompasso entre o conteúdo técnico da Convenção de Estocolmo e as diretrizes e normas publicadas ou em tramitação, com prevalência de uma disposição para amenizar ou evitar o estrito cumprimento das regras internacionais.

O principal exemplo é a abertura para que os POPs sejam eliminados através de métodos precursores de POPs, como a incineração. O envolvimento de organizações internacionais nos projetos de cooperação que dão apoio a tais iniciativas é preocupante porque há expressa disposição para alienar a participação das organizações não-governamentais e movimentos sociais.

A não conformidade dos processos e dos resultados da implementação nacional da Convenção POPs impõe a tomada de providências em tempo hábil para que se reoriente o curso e se proceda a uma ampla revisão dos documentos gerados ou em elaboração, de modo a que se chegue a um exemplo de sucesso de aprendizagem institucional.


Artigo completo aqui: Controle da convencionalidade de planos de ação, diretrizes e normas para cumprimento dos compromissos da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) no Brasil: o papel da sociedade civil

Sustentabilidade na relação com investidores





O uso de critérios sociais e ambientais nas decisões de investimento e o crescimento no número dos chamados “investidores responsáveis” lança desafios – e também oportunidades – para as empresas no relacionamento com seus stakeholders.

Há uma demanda crescente para que os CFOs tenham uma responsabilidade maior com os temas de sustentabilidade, destacou Regi Magalhães, diretor do Uniethos e professor de finanças sustentáveis no Master de Sustentabilidade da FGV-SP. Ele conduziu palestra sobre o tema em café da manhã promovido pela Comissão de Sustentabilidade, na terça-feira (04), na sede do IBEF SP.

“Os CFOs têm um papel importante de responder ao relacionamento com bancos e investidores. E cada vez mais os investidores e as instituições financeiras estão pedindo informações sobre sustentabilidade para as empresas”, afirmou Magalhães.


Situação das empresas brasileiras


Uma pesquisa realizada pelo Uniethos em 2014, com as 100 maiores empresas brasileiras e 20 bancos apontou que um terço dessas companhias (34%) apresenta informações socioambientais “adequadas” para seus investidores.

Apenas 18% das maiores empresas brasileiras reportam informações sociais e ambientais nos relatórios trimestrais. E somente 16% publicam relatos integrados.

Chama atenção o fato de que nenhuma das empresas pesquisadas apresenta os resultados financeiros das suas estratégias de sustentabilidade para os investidores.

“Mais importante do que as informações sobre o que as empresas estão fazendo em relação a políticas sociais e ambientais, os CFOs poderiam contribuir para apresentar a investidores e bancos quais os valores financeiros que podem ser alcançados pelas ações de sustentabilidade”.


Trabalho em conjunto


Magalhães complementou que há um desafio importante de desenvolver metodologias que ajudem a valorar os ativos e passivos ambientais das empresas.

“Para que isso possa ser utilizado pelos investidores no cálculo do valor das companhias e para que os bancos possam também analisar melhor os riscos e as oportunidades de negócios quando fazem um investimento ou um financiamento para uma empresa”.

Essa tarefa exigirá um maior entrosamento entre os profissionais de finanças e os da área de sustentabilidade para que essa análise possa ser construída em conjunto; unindo conhecimentos essenciais das duas áreas.

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“Existem poucas empresas no Brasil e no mundo que estão fazendo esse tipo de trabalho, então há uma oportunidade de inovação muito importante. As empresas que fizerem esse tipo de análise estariam saindo na frente e abrindo novas oportunidades de negócios muito relevantes”, completou o diretor do Uniethos.
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Acesse as conclusões de um estudo exclusivo feito pelo Uniethos, em 2014, sobre o que os investidores pensam a respeito das informações divulgadas pelas empresas brasileiras: http://www.irmagazine.com/articles/sustainability/20296/sustainability-and-ir-emerging-markets/

Pequenas superam obstáculos para entrar em novos mercados

Taxa de câmbio, custos, escassez de crédito. É possível superar barreiras se a exportação for estratégia da empresa


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Na contramão do que recomendam os especialistas em comércio exterior, as exportações de micro, pequenas e médias empresas brasileiras estão em queda. Um mau sinal, considerando que a participação no mercado internacional torna as empresas mais eficientes, rentáveis, sólidas ou bem mais preparadas para competir dentro e fora do Brasil.

Indústrias desses três portes venderam lá fora no ano passado cerca de US$ 7,5 bilhões ou cerca de US$ 400 milhões a menos do que em 2012, segundo levantamento do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Os valores tanto de 2012 como de 2013 são ínfimos, já que representam menos de 3% das exportações brasileiras, que somaram US$ 242,2 bilhões em 2013. No setor de comércio e serviços, os embarques das pequenas e médias empresas até ensaiaram um crescimento no período, da ordem de US$ 2 bilhões para US$ 2,1 bilhões, porém, considerado irrisório. Pior, não há sinais de mudança dessa tendência neste ano.

“O empresário está acostumado com o mercado interno. Quando fala em exportação, ele surta, acha que é impossível, e por isso não corre atrás”, afirma Gilberto Campião, consultor de negócios do Sebrae-SP. “Mas deve entender que é possível, sim, exportar, é só querer e se preparar.” O esforço para conquistar o cliente internacional é compensador, de acordo com consultores em comércio exterior e empresários que já passaram por todo o processo para enviar seus produtos para fora do Brasil.

Em curto prazo, vender no exterior é bom porque traz receita em dólar, reforça o caixa, especialmente quando o mercado interno dá sinais de desaquecimento, como acontece neste momento no Brasil. Em médio e em longo prazo, a empresa se fortalece, torna-se inovadora, competitiva e com maior longevidade, segundo vários estudos.

Sabe-se de tudo isso, mas…“infelizmente a tendência neste ano é de que as pequenas empresas diminuam novamente as exportações”, afirma Joseph Coury, presidente do Simpi, sindicato que representa cerca de 285 mil pequenas indústrias no Estado de São Paulo.

O desinteresse pelo comércio exterior tem vários motivos. Para começar, o empresariado brasileiro só tem olhos para o mercado interno. Coury cita ainda a escassez de dinheiro para fazer prospecção em outros mercados, as barreiras não tarifárias impostas pelos países importadores, a taxa de câmbio desfavorável, a falta de garantias para obter crédito em instituições financeiras e os altos custos para levar os produtos até os clientes. Essas são, na verdade, reclamações históricas das PMEs no país.

“Se uma empresa faz uma exportação para a Alemanha e utiliza caixas de madeira, tem de arcar com o custo de trazer toda a embalagem de volta para o Brasil”, afirma. “A cada ano surgem novas barreiras não tarifárias e ambientais, que dificultam enormemente as exportações”. Para complicar, crescem as exigências sanitárias de produtos.

Todas essas questões capazes de desanimar os exportadores podem ser superadas, de acordo com especialistas em comércio exterior, se a empresa encarar e planejar a exportação como uma decisão estratégica.

CeciexApex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), só para citar alguns, têm programas, em conjunto com entidades de vários setores, para que os pequenos empresários sejam capazes de desbravar novos mercados.

Ao superar os choques culturais, a MN passou a vender mundo afora a própolis produzida no Brasil


ULTRAPASSAR BARREIRAS


Fundada em 1982, a MN Própolis levou dez anos para poder enviar própolis para o Japão. A maior dificuldade da empresa foi se adequar às diferentes normas e exigências do país. Todo o trabalho compensou.

Hoje, a MN exporta entre 30 e 40 toneladas de própolis por ano para Japão, China, Coreia do Sul, América do Norte, Europa e Ásia e já tem planos de internacionalização por meio da instalação de uma fábrica na China. “As dificuldades existiam, sim, como diferenças de interpretação, de linguagem e culturais, mas não foram obstáculos para a empresa exportar e se manter até hoje nos vários mercados”, afirma Jeferson Tsuyoshi Umezaki, gerente de exportação da MN Própolis.

Um dos principais entraves para impulsionar as exportações das pequenas e médias empresas brasileiras é a falta de conhecimento da cultura dos países em que desejam atuar. Esse quesito chega a ser tão importante que só depois de superado a empresa deve encarar as outras etapas do processo de exportação, na avaliação de Rita Campagnoli, diretora da Dahll Internacional.

Ela mesma chegou a presenciar o quanto as diferenças culturais podem atrapalhar uma negociação comercial entre dois povos. Um grupo de executivos espanhóis e brasileiros do setor metalúrgico se reuniu para tratar de uma joint-venture no Brasil. A certa altura da negociação, um executivo espanhol deu um soco na mesa, o que chocou os colegas brasileiros. O negócio, bom para os dois lados, acabou fechando, mas só porque, com eles, havia uma equipe de consultores que conhecia bem a cultura espanhola e apaziguou a situação.

O desconhecimento no contato com os estrangeiros levou a própria Dahll a criar uma célula de negócios para assessorar as pequenas e médias empresas com interesse no mercado externo – hoje, esse departamento conta com uma carteira de aproximadamente 200 clientes ativos.

A empresa que quer exportar precisa, primeiro, entender o “modus operandi” do país comprador. Os japoneses, por exemplo, são formais, não falam da vida pessoal, nem de outras pessoas. Os brasileiros já comentam dos parentes, dos vizinhos. “Durante uma reunião de negociação, essas diferenças podem atrapalhar, e muito”, diz Rita, que ensina diariamente tudo isso para os clientes.


PRÁTICAS PARA EXPORTAR


Há outros quesitos que fazem a diferença na hora de conquistar o cliente estrangeiro. E nada melhor do que quem já superou todos eles, e com sucesso, para dar dicas de como cativar o mercado externo.
Um estudo recente feito pela UPS, empresa de logística, com a participação de 40 principais empresários latino-americanos de PMEs bem-sucedidas, identificou as melhores práticas que serviram para iniciar e ou alavancar as exportações de suas companhias.

 Eis as sugestões:


Empresas que participaram do estudo possuem até 200 funcionários e faturamento anual de até US$ 10 milhões. Nos últimos três anos, elas conseguiram elevar em cerca de 50% as vendas para o exterior. Os países abrangidos no levantamento foram Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, México, Panamá e Peru.

Os executivos entrevistados também enfatizaram a importância de a empresa exportadora manter parcerias com centros de pesquisa e instituições acadêmicas, estar sempre antenada com novas tecnologias de produção e comunicação, além de treinar periodicamente os funcionários.
Fonte: Diário do Comércio