Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O
Programa de Aceleração do Crescimento, ou PAC, hoje conta com 54 obras
ligadas a infraestrutura de energia, que vão desde usinas de geração até
linhas de transmissão. Essas obras são alvo, atualmente, de 205 ações,
que geraram 524 medidas judiciais até o dia 26 de janeiro deste ano. E
dessas medidas, 284 ainda estão em tramitação, ante as 240 já
arquivadas.
As informações foram obtidas pela revista eletrônica Consultor Jurídico
junto à Procuradoria-Geral Federal (PGF), o braço da Advocacia-Geral da
União responsável por representar as autarquias e fundações federais.
De acordo com a PGF, as 205 ações judiciais resultaram em 83 liminares
que pararam as obras em algum momento. Ou seja, 40% das obras foram
interrompidas por alguma medida judicial. Até o dia 26, entretanto,
nenhuma dessas liminares estava em vigor.
Segundo a PGF, quase
todas as impugnações são feitas pelo Ministério Público Federal e a
maioria delas contesta o licenciamento ambiental, “suas diversas fases e
o cumprimento de condicionantes”. O licenciamento é um documento
produzido pelo Ibama em que são discutidos, até via audiência pública,
os impactos ambientais e sociais de determinada obra e o que o
empreendedor e a administração podem fazer para mitigá-los. É uma forma
de gerenciar o impacto de uma obra de infraestrutura e compensar os
eventuais danos causados.
Outros motivos para a impugnação
judicial das obras envolvem a Convenção OIT 169, que prevê a consulta de
populações indígenas e povos tradicionais das áreas impactadas. Também
existem questionamentos com base no artigo 231, parágrafo 3º, da
Constituição Federal, que prevê a necessidade de autorização do
Congresso para o “aproveitamento” de recursos naturais que estejam em
terras indígenas.
Questão ideológica
Para o procurador-geral Federal, Renato Rodrigues Vieira,
esses são “os motivos jurídicos”. O que ele chama de motivo real é o
fato de membros do MPF, em alguns casos concretos, serem “filosófica e
ideologicamente contra a realização de grandes obras na região
amazônica”.
Vieira está no cargo desde a primeira quinzena de
janeiro, quando o PGF anterior, Marcelo Siqueira, deixou Procuradoria
para ser o secretário executivo do Ministério do Planejamento. Antes
disso, porém, era o substituto de Siqueira e conhece bem a estrutura do
órgão que hoje chefia.
Participou de quase todos os mutirões de
procuradores organizados quando se aproximam leilões de grandes
empreendimentos, ou na véspera do início de alguma grande obra. Por isso
conhece as motivações dos pedidos do MP, sempre baseados em argumentos
ambientais.
“Não tenho a menor dúvida de que são profissionais
sérios e muito bem preparados, mas adotam uma estratégia que tem se
mostrado ineficaz”, afirma Vieira. Ele explica que os procuradores da
República, em vez de impugnarem o parecer de que discordam, tentam parar
toda a obra porque discorda do parecer.
O resultado são liminares
cassadas dias depois, quando a Procuradoria Federal vai à segunda
instância. Para Renato Vieira, aliás, a contagem que se faz não é das 83
liminares concedidas, mas das 122 negadas. Ou seja 60% dos pedidos do
Ministério Público Federal para impugnar obras de energia do PAC não
foram aceitos. A usina Santo Antônio, no rio Madeira (Rondônia), teve as obras paralisadas pela Justiça, mas hoje já está funcionando. As preferidas
Os maiores alvos de ações judicial são as usinas hidrelétricas. São 35
as obras de hidrelétricas em andamento, mas são 165 as ações principais.
Isso quer dizer que 80% das ações ajuizadas contra obras de
infraestrutura energética do PAC são contra usinas hidrelétricas.
Essas
165 ações resultaram em 446 medidas judicias — das quais 247 ainda
tramitam — e em 69 liminares concedidas. Ou seja, o Judiciário concedeu
liminares em 42% dos pedidos de impugnação.
Talvez por isso, o
ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, quando comenta a crise
energética pela qual passa o país, fala no Ministério Público e na
intervenção judicial. Como principal vilão, no entanto, ele aponta que o
principal motivo para a falta de energia é que o Brasil passa pela
segunda estiagem em dois anos, o que é raro na história do país.
Belo Monte
A usina hidrelétrica de Belo Monte é a maior obra de energia em
andamento da história do país. E figura em 30 processos originários e em
105 medidas judicias. Entre os processos está até uma Reclamação no
Supremo Tribunal Federal (RCL 14.404).
Das medidas judiciais, 54
foram arquivadas e 51 ainda estão em tramitação, segundo os dados da
PGF. Renato Vieira conta que a maioria dos pedidos de liminar é negada,
mas as que são concedidas são logo cassadas pelo Tribunal Regional
Federal da 1ª Região.
Em um dos pedidos de liminar negados
referentes a Belo Monte, o juiz aproveita para criticar a postura do MP.
Em uma Ação Civil Pública, o pedido é para que seja declarada a
nulidade da licença prévia e da licença de instalação, além da
“determinação de que o Ibama se abstenha de emitir novas licenças para a
usina de Belo Monte” enquanto outro estudo não atestar a “viabilidade
da obra”.
O juiz federal Arthur Pinheiro Chaves, da 9ª Vara
Federal de Belém, escreve que “não há nos autos, em face da manifestação
dos órgãos competentes em âmbito de licenciamento (Ibama e Funai) e da
inércia ou pouca efetividade probatória prática do autor no processo,
premissa fática que afaste o entendimento de que se está a realizar obra
que respeita a ideia de desenvolvimento sustentável”.
Pinheiro
Chaves aproveita para criticar a ação do MPF de forma geral. Afirma que,
“como soi ocorrer em outras ações desse jaez, [o autor] se limita à
juntada de excessiva e desnecessária prova documental produzida de forma
repetitiva e que avoluma de maneira inútil os autos, dificultando de
forma despicienda até o seu manuseio e tramitação processual”.
Na
opinião de Renato Vieira, o PGF em exercício, o quadro indica que a
estratégia jurídica dos procuradores da República já se esgotou. Para
ele, os juízes já perceberam que não é produtivo, ou eficaz, mandar
parar a obra por conta de divergências técnicas na produção da licença
de instalação ou na licença ambiental. Mais eficiente seria, diz o PGF,
impugnar a própria licença — e não a obra, com base em deficiências da
licença.
Investidores estimam que o PIB deve contrair 0,42% enquanto inflação pode ficar acima de 7,2%
Por Agência Brasil
Investidores e analistas do mercado
financeiro estimam que a economia deve encolher 0,42% em 2015. Os
números estão no Boletim Focus divulgado semanalmente pelo Banco
Central. A produção industrial também deve encolher 0,43%, informa a
publicação. Para a inflação apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), o mercado elevou o índice de 7,15% para 7,27%. A taxa de
câmbio até o fim do ano seria de R$ 2,90 para cada 1 US$ e a taxa básica
de juros de 12,75% ao ano. Os preços administrados, que tem o controle
do governo, como as tarifas de luz e gasolina têm elevação estimada em
10% ante os 9,48% previstos.
O mercado financeiro não está
otimista também em relação a Dívida Líquida do Setor Público, que
passaria de 37,2% para 38% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma
de todas as riquezas do país.
O deficit em Conta Corrente, um
dos principais indicadores das contas externas, permaneceria em US$ 78
bilhões na estimativa do mercado, com o saldo da balança comercial
previsto em US$ 5 bilhões e os investimentos estrangeiros diretos em US$
60 bilhões.
Como a AEL Sistemas desbancou a Whirlpool e se tornou a empresa mais criativa do sul do país
Por Andreas Müller
É quase meio-dia quando
o alarme de incêndio começa a soar no interior dos prédios da AEL
Sistemas, em Porto Alegre. Felizmente, não há qualquer sinal de fogo na
casa – trata-se apenas de um exercício de treinamento. De qualquer
forma, o ritual é seguido à risca: um a um, os funcionários do prédio
largam seus afazeres e se encaminham para as rotas preestabelecidas de
saída. Fora do prédio, são levados a uma área segura sob as orientações
dos brigadistas de incêndio. Tudo sem sobressaltos e na mais perfeita
normalidade, a não ser por um detalhe curioso: dos cerca de 300
funcionários em fuga, mais de metade veste impecáveis jalecos brancos.
Nem todos são doutores, mestres ou laboratoristas. Mas todos eles têm
em comum o fato de lidarem com um negócio de alta intensidade
tecnológica e importância estratégica para o país. Fundada em 1983, a
AEL é uma das poucas empresas brasileiras que atuam no mercado de
sistemas eletrônicos militares e espaciais. De suas linhas de
desenvolvimento e produção saem equipamentos e softwares que ajudam a
controlar aeronaves, drones, navios e até tanques de guerra. São
soluções como displays de combate, radares, computadores de bordo,
simuladores de guerra e sistemas optrônicos e eletro-ópticos, usados em
redes de vigilância e monitoramento de fronteiras. Com um detalhe: cada
produto é resultado de um projeto de longa maturação, que envolve a
construção de tecnologias e soluções verdadeiramente únicas. “Para nós,
não existe mercado de varejo”, resume Sérgio Horta, presidente da AEL.
“O que fazemos aqui são inovações customizadas, que se aplicam a
demandas muito específicas de cada cliente.”
Trata-se de um
trabalho de alta complexidade, que exige conhecimento especializado,
habilidade técnica e destreza manual – além de uma equipe com
qualificação rara. Em uma conta rápida, Horta estima que 40% dos
funcionários da AEL são engenheiros, 30% são técnicos e o restante atua
nas áreas de administração e apoio. Os de jaleco, acrescenta ele, são
aqueles que literalmente põem a mão na montagem de cada sistema, em
áreas que envolvem desde o manuseio de placas de microeletrônica até a
operação de simuladores de guerra e salas limpas. Juntos, eles formam
uma verdadeira usina de inovações, com produtos que equipam alguns dos
mais avançados veículos e equipamentos das forças armadas dentro e fora
do Brasil.
O Super Tucano A-29, por exemplo, usado na supervisão
das fronteiras e da Amazônia, conta com sistemas e serviços de
manutenção da AEL. O caça F-5M da Força Aérea Brasileira (FAB) carrega
um painel de acionamento de aviônicos, um display multifuncional, um
computador de missão e um gravador de vídeo, entre outros equipamentos
desenvolvidos pela empresa. Para treinar os pilotos do tanque Guarani, o
exército brasileiro está em busca de fornecedores para um novo tipo de
simulador – e, se vencer o pleito, a companhia já tem toda tecnologia
necessária para desenvolvê-lo em sua sede, em um terreno contíguo ao do
Aeroporto Salgado Filho, na zona norte de Porto Alegre. Isso sem contar o
novo cargueiro KC-390, que traz diferentes equipamentos de navegação e
processamento de dados desenhados pela AEL – entre eles, um computador
de missão com alta capacidade de processamento, além de instrumentos que
ampliam a chamada “consciência situacional” do piloto.
E não só
isso. Quem bate à porta do prédio de engenharia da AEL – onde atua a
maior parte da equipe dos jalecos – se depara com um ambiente propício à
criatividade. Em uma das salas, é possível ver esboços feitos à mão de
aviões e radares em quadros colocados na parede. Na entrada, há a
réplica de uma bomba de gravidade, conhecida no setor de defesa como
“bomba burra”. Tradicionalmente, a precisão desse tipo de artilharia era
baixíssima: cabia ao piloto, enclausurado na cabine da aeronave,
escolher o momento certo para soltar a carga, na esperança de que ela
caísse o mais próximo possível do alvo. A AEL, porém, fabrica um
acessório com pequenas asas direcionais e um computador de bordo que
pode ser acoplado à bomba e corrigir sua trajetória até o destino. A
solução aumenta consideravelmente a precisão do tiro – a um custo que,
segundo Horta, representa apenas uma fração do que seria necessário no
desenvolvimento de um míssil. “Basicamente, estamos transformando uma
bomba burra em uma bomba inteligente”, resume. Muitos desses projetos
ficam à vista de qualquer pessoa que ande pelo interior do departamento
de engenharia da AEL. Mesmo assim, a reportagem de AMANHÃ foi impedida
de fotografá-los devido aos contratos de confidencialidade mantidos
entre a empresa e seus clientes.
Resultados na mira
O
vice-presidente de operações da AEL, Vitor Neves, faz questão de
ressaltar que nada está ali por acaso. “Não somos um instituto de
desenvolvimento e nem um centro de pesquisas. Somos uma empresa e
estamos buscando oportunidades para gerar resultados”, ressalta ele.
Neves é o mais antigo funcionário da casa. Começou em 1976, como
estagiário de engenharia da Aeromot, a precursora da AEL. De lá para cá,
viu a companhia se transformar radicalmente. Em 1983, lembra ele, o
quadro de funcionários tinha apenas 15 pessoas. Hoje, são cerca de 300 –
20 vezes mais. Com o tempo, o negócio foi ganhando corpo e conquistando
projetos promissores, como o fornecimento de sistemas para o Tucano
T-27 e para o caça ítalo-brasileiro AM-X. Até que, em 2001, depois de um
período de baixo crescimento, a AEL teve parte do capital adquirido
pelo grupo israelense Elbit.
A operação abriu espaço para a empresa se consolidar em um
patamar mais elevado de competitividade. Isso ficou claro a partir de
2007, quando a AEL enviou um grupo de engenheiros a Israel com o
objetivo de participar da elaboração de um projeto na matriz da Elbit.
Com 12 profissionais, a equipe passou cerca de dois anos na cidade de
Haifa, onde fica o centro de engenharia do grupo israelense,
acompanhando de perto o que havia de mais moderno em tecnologias de
defesa militar. “Paralelamente, a nossa equipe de marketing foi buscando
novas oportunidades aqui no Brasil. E a primeira oportunidade apareceu
quando a FAB decidiu modernizar uma de suas aeronaves, o Bandeirante. Aí
chamamos os nossos engenheiros de volta”, recorda Neves. No retorno a
Porto Alegre, eles formaram uma equipe maior e mais qualificada para dar
conta das demandas do governo brasileiro. “Foi uma forma de aprender
fazendo”, conta o vice-presidente.
Uma nova oportunidade surgiu
em 2011, quando a Embraer decidiu ampliar suas atividades na área de
defesa e segurança – e se aliou à AEL para acelerar o plano. Nascia,
ali, a Harpia Sistemas, a primeira empresa brasileira focada no
desenvolvimento de aeronaves pilotadas remotamente (ARPs), popularmente
conhecidas como drones. Na constituição do negócio, 25% do capital da
AEL foi parar nas mãos da Embraer e os 75% restantes ficaram em poder da
Elbit. Segundo Sérgio Horta, essa composição foi fundamental para
ampliar a envergadura dos negócios. “Hoje, nós exportamos muita coisa
através das aeronaves que a Embraer comercializa lá fora”, ressalta ele.
A Elbit exerce papel semelhante. Os israelenses têm o hábito de
promover uma concorrência interna para decidir qual de suas subsidiárias
no mundo terá a primazia de desenvolver determinados projetos
internacionais. Em duas ocasiões, a AEL foi a vencedora dessa disputa.
“E isso acaba se transformando em exportação também”, destaca Vitor
Neves.
Os resultados vêm a reboque. Em média, o faturamento da
AEL tem crescido cerca de 20% ao ano – para 2014, a meta é fechar em
aproximadamente US$ 100 milhões. Para completar, a companhia se
consagrou, neste ano, como a mais inovadora do sul do país, segundo o
ranking Campeãs de Inovação, elaborado por AMANHÃ e Edusys com o aval
técnico da Fundação Dom Cabral. Não deixa de ser uma conquista
surpreendente. Até 2013, a AEL sequer aparecia no levantamento. Neste
ano, estreou logo na primeira posição, quebrando uma hegemonia de três
anos da toda-poderosa Whirlpool, dona das marcas Cônsul e Brastemp.
“Dois atributos chancelam as iniciativas da AEL. O primeiro deles é o
tratamento e a orientação dados à inovação. O segundo é o conjunto de
resultados que ela obtém a partir desse esforço”, analisa Mauro
Anderlini, sócio-diretor da Edusys.
Radar de negócios
Na
maioria das empresas, o departamento de marketing entra em cena somente
no final dos processos de inovação, quando o produto já está pronto
para ser testado e lançado no mercado. Na AEL, é exatamente o contrário:
o desenvolvimento de novos produtos, serviços e tecnologias começa
justamente pela equipe de marketing, que emprega cerca de 15
profissionais em Porto Alegre. Em um mercado fechado, repleto de
restrições e extremamente técnico como o de segurança e defesa militar,
seu papel é atuar como um radar de oportunidades. Ou seja: firmar
relacionamentos duradouros, entender as necessidades dos clientes e
identificar onde há espaço para o desenvolvimento de novas soluções. “A
inovação na AEL nasce com o marketing, que tem a função de verificar
essas necessidades do mercado e trazê-las para dentro da empresa”,
resume Vitor Neves. As
oportunidades identificadas pelo marketing são compartilhadas com toda a
empresa. A partir daí, cada departamento tem liberdade para propor
caminhos na busca de uma solução. “A ideia pode vir da área de
tecnologia, de produção ou de engenharia. Uma vez que a alta
administração aprova o projeto, o desenvolvimento é feito lá”, detalha
Neves. A elaboração da ideia respeita uma sequência predefinida de
etapas. Primeiro, faz-se o projeto e as respectivas especificações.
Depois, é construído um “modelo de engenharia”, uma espécie de
pré-protótipo que permite à AEL testar as funcionalidades da ideia.
“Normalmente, é uma coisa muito feia, cheia de fios soltos sobre a
mesa”, conta Neves. A etapa seguinte é a do “modelo de qualificação”,
quando o produto adquire contornos quase definitivos e é submetido a
inúmeros testes de qualidade. O formato final do produto é conhecido
como “modelo de voo”. “Esse, sim, é o que vai ser efetivamente colocado
para voar”, completa Sérgio Horta.
Como uma metralhadora
Para garantir que tudo funcione perfeitamente, a AEL opera avançados
sistemas de testes e simulações. Um dos destaques é a sala de simulações
ambientais, com câmaras que submetem os produtos a situações críticas
de operação. Uma delas faz a temperatura oscilar de -40 para +80 graus
Celsius em poucos segundos. Outra vem equipada com um shaker, que
reproduz as trepidações de uma metralhadora em ação. “Nossos produtos
precisam ser muito bem feitos. Se há algum problema, é essencial que ele
seja detectado aqui, e não na aeronave. Estamos falando de sistemas de
defesa, e não produtos de prateleira”, ressalta Horta. O cerco contra as
falhas se torna ainda mais evidente na divisão de sistemas para o setor
espacial, que envolve o desenvolvimento de micro e nanossatélites.
“Depois que lança para o espaço, acabou. Aí você não tem mais margem
para reparo ou manutenção. Os equipamentos têm de funcionar bem por
décadas sem que ninguém toque neles”, diz o presidente da AEL Um dos
possíveis frutos desse trabalho é o projeto do primeiro microssatélite
com tecnologia 100% brasileira, o MMM-1 (leia mais no Box "Fora de
órbita").
Por trás das
inovações há uma necessidade vital para a AEL: alcançar a
autossustentação em um país que ainda carece de tradição no
desenvolvimento de tecnologias, especialmente nas áreas de defesa e
segurança. Nos Estados Unidos, as empresas que atuam no setor têm o
governo como um cliente cativo – e generoso. Só em 2013, os gastos
militares norte-americanos chegaram a US$ 682 bilhões, cerca de 20 vezes
o orçamento do Brasil, que foi de US$ 33,1 bilhões, segundo um
levantamento do Stockholm International Peace Research Institute. Como
não há tantos recursos aqui, o próprio governo brasileiro incentiva as
companhias do setor a ser duais. “Ou seja: que tenham capacidade de
atender às necessidades das Forças Armadas e que, ao mesmo tempo,
desenvolvam negócios complementares para crescer e sobreviver por conta
própria”, explica Horta. No caso da AEL, a “dualidade” já está
plenamente atendida. Cada vez mais, a empresa desenvolve soluções para
as áreas de segurança pública, como câmeras de vigilância com longa
distância. O próximo passo é expandir as exportações, um desafio que, de
certa forma, implica vender mais também no Brasil. “No mercado de
defesa, se você não consegue vender um produto no seu próprio país, fica
muito difícil exportá-lo”, descreve Sérgio Horta.
Resta
saber como a AEL deverá se sair nas próximas edições do especial
Campeãs de Inovação. Mauro Anderlini, da Edusys, ressalta que a empresa
tem qualidades únicas. “O desenvolvimento de inovação sob demanda é uma
das competências mais sofisticadas das companhias voltadas para
inovação”, explica ele. Ao mesmo tempo, porém, organizações como
Braskem, Grendene e a própria Whirlpool vêm aprimorando seus métodos de
governança. Afinal, elas também têm armas poderosas para se sobressair
no ranking das mais inovadoras do sul do Brasil.
Fora de órbita Um impasse político pode atrasar o sonho do polo espacial gaúcho, liderado pela AEL
Em
abril de 2013, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, firmou
um protocolo de intenções com a AEL Sistemas para a concretização de um
projeto ambicioso: o primeiro Polo Espacial Gaúcho – um consórcio entre
empresas, universidades e órgãos de fomento (no caso, a Finep) para
inserir o Brasil na área de tecnologias aeroespaciais. Pelo protocolo, a
AEL seria a empresa-âncora do polo e buscaria sinergias com os demais
participantes para desenvolver equipamentos orbitais, veículos aéreos
não tripulados e outros aparelhos de pilotagem remota. Um dos frutos
dessa parceria seria o Microssatélite Militar Multimissão (MMM1), cujo
lançamento estava previsto para 2015. Do tamanho de uma caixa de sapatos
e pesando menos de dez quilos, o equipamento poderia representar um
salto tecnológico para a economia gaúcha. “O potencial do segmento é
enorme. Os Estados Unidos estão utilizando cada vez mais microssatélites
para observação e controle. Embora ainda não seja um polo tecnológico
como São Paulo, o Rio Grande do Sul tem na sua mão de obra qualificada
uma grande vantagem”, exaltava Vitor Neves, vice-presidente de operações
da AEL, em uma reportagem publicada por AMANHÃ no final de 2013.
Os
movimentos mais recentes, porém, revelam que o Polo Espacial Gaúcho vai
demorar para se tornar realidade. No início de dezembro, o governador
Tarso Genro publicou uma carta afirmando que os recursos liberados pela
Finep eram insuficientes para a materialização do projeto. E que, nesse
cenário, o protocolo de intenções firmado com a AEL havia ficado “sem
objeto”. Na prática, foi um cancelamento do acordo, em um ato reforçado
por um detalhe diplomático: a carta era diretamente endereçada à
Federação Palestina do Rio Grande do Sul – que vinha criticando o
governo gaúcho por estabelecer uma parceria desse tipo com a subsidiária
de um grupo israelense.
Na AEL, a expectativa é de que o
projeto ainda seja retomado mais cedo ou mais tarde. Se for
concretizado, o Polo Espacial poderá dar origem a pelo menos mais dois
modelos de microssatélites, um deles com sistemas de propulsão para
controle orbital. Além das quatro maiores universidades do Estado, o
projeto deverá abranger empresas como Digicon, TSM e GetNet.
O que faz a AEL Conheça alguns dos projetos que ajudam a entender a alma do negócio da empresa mais inovadora do sul do país
EGI
- Atualmente, a AEL trabalha em um sistema de navegação inercial. A
tecnologia é estratégica para o país, na medida em que permite às Forças
Armadas guiar veículos e aeronaves sem depender de um único sistema de
geolocalização – como o GPS, de propriedade dos Estados Unidos. O
segredo está na combinação de diferentes tipos de geolocalização.
Programa OBC
- Depois de dois anos de trabalho, a AEL entregou ao Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe) o primeiro computador brasileiro de bordo
capaz de controlar o posicionamento de satélites de baixa órbita. O
OBC, como é conhecido, será interligado a equipamentos como GPS, sensor
de estrelas, rodas de reação, giroscópios e magnetômetros.
Vigilância de fronteiras
- A AEL é responsável por fornecer os equipamentos eletro-óticos que o
Exército Brasileiro deverá usar no Sistema Integrado de Monitoramento de
Fronteiras (Sisfron). Lançada em novembro, no Mato Grosso, a iniciativa
vai monitorar toda a fronteira oeste do Brasil. Algo semelhante deverá
ocorrer com o SisGAAZ, que monitora a “Amazônia Azul”.
Displays para navegação
- Uma das vocações da AEL é a concepção de displays que facilitam a
operação de aeronaves e outros veículos. Em Porto Alegre, a empresa vem
testando um modelo conhecido como WAD, em formato widescreen. O display
aceita comandos com toque na tela e ainda mescla as informações de
navegação, sobrepondo-as umas às outras – o que dá mais agilidade ao
piloto.
“Acessórios” - Imagine um capacete
inteligente munido de visores que dão ao piloto a oportunidade de
enxergar tudo que acontece do lado de fora da aeronave, em tempo real.
Agora adicione a isso um sistema de leitura ocular que permite mirar no
alvo apenas com o ato de olhar. Eis aí uma pequena amostra das soluções
que a AEL vem testando em seus simuladores.
Optrônicos
- São sistemas eletro-óticos utilizados em atividades de vigilância. Um
exemplo são as supercâmeras Atena, utilizadas em helicópteros,
planadores e em outras plataformas aéreas, marítimas ou terrestres.
Superpotentes e com imagens em altíssima resolução, permitem a
observação detalhada de alvos a quilômetros de distância.
Bilhões
e bilhões de dólares circularam (é possível que ainda circulem, porque é
infinita a desfaçatez, a temeridade e o desvanecimento do sistema
financeiro mundial) em contas secretas do HSBC (106 mil clientes em 203
países), particularmente em uma das suas agências na Suíça. Se os
correntistas desonestos (sonegadores, evasores, corruptores, corruptos
etc.) fossem tratados pelas autoridades fiscais como os trombadinhas o
são pelos policiais, certamente todos estariam destruídos. Um
funcionário do banco (Falciani) destapou a monstruosidade da SwissLeaks,
revelando os nomes dos clientes (que estariam agora prestando contas
aos fiscos dos seus respectivos países; Espanha já recuperou 260 milhões
de euros). Um Consórcio de Jornalistas (ICIJ) está divulgando o
escândalo no mundo todo. O HSBC é acusado de ter ajudado 8,7 mil
clientes brasileiros a depositar cerca de U$ 7 bilhões em seu banco na
Suíça, sem que a origem do dinheiro fosse declarada (ver Jamil Chade, Estadão).
Parte do dinheiro lavado é fruto da corrupção na Petrobras, como é o
caso da conta do ex-diretor da empresa petrolífera, Pedro Barusco.
“O que se rouba, aqui se lava” (HSBC, Citibank, Bank of America, UBS…)
Dentre tantos outros, eis alguns dos clientes do HSBC, listados no SwissLeaks:
Selim Alguadis (empresário turco), Timchenko (bilionário associado a
Vladimir Putin), Rachid Mohamed Rachid (ex-ministro de Comércio do
Egito), Frantz Merceron (responsável por conduzir dinheiro do
ex-presidente do Haiti Jean Claude “Baby Doc” Duvlaier, acusado de
roubar US$ 900 milhões antes de fugir de seu país), Aziza Kulsum
(apontado pela ONU como financiador da guerra civil no Burundi, na
década de 90), Fana Hlongwane (político e empresário da África do Sul), o
rei de Marrocos, Mohammed VI, o rei da Jordânia, Abdullah II, o
designer de moda Valentino, a modelo Elle McPherson, o ator Christian
Slater, o banqueiro Edouard Stern, o motociclista Valentino Rossi,
Alejandro Andrade, ex-segurança do falecido presidente venezuelano Hugo
Chávez e depois alto funcionário de seu governo, o também falecido
banqueiro espanhol Emilio Botín (Santander), jogadores de futebol como o
uruguaio Diego Forlán, Álvaro Noboa (que foi candidato à presidência do
Equador), Fernando Alonso (piloto), Schumacher (piloto), John Maldovich
(ator americano), Gad Elmaleh (humorista francês), Jacques Dessange
(empresário francês de salões de beleza), Rami Majluf (primo do
presidente sírio), Edmond Safra (banqueiro brasileiro), David Bowie,
Tina Turner, Sanjay Sethi, condenado em 2013 por despistar autoridades
do fisco dos EUA, Marat Safin etc.
Na França, o gerente do HSBC
Nessim el-Maleh permitiu o depósito na conta de clientes respeitáveis de
dinheiro vindo em sacos plásticos, obtidos com a venda de maconha nos
subúrbios de Paris. Uma conta na Suíça foi usada para reembolsar
traficantes de drogas. Na Bélgica, o juiz, que indiciou em novembro o
HSBC Private por fraude fiscal e lavagem de dinheiro, disse que chegou o
momento de o banco “colaborar”, e que estuda “emitir ordens de captura
internacional” contra seus dirigentes. Nos EUA o HSBC foi condenado por
lavar dinheiro do narcotráfico mexicano.
Também os “petroleiros”
mantiveram contas na filial suíça do banco britânico HSBC, nos anos de
2006 e/ou 2007 (ver Fernando Rodrigues, Folha). A lista que segue movimentou US$ 110,5 milhões: ( veja aqui )
Outros
brasileiros fizeram circular na citada agência mais de US$ 7 bilhões
(nos anos de 2006/2007) em 5.549 contas secretas do HSBC (private bank).
Seus nomes? Por ora, guardados a sete chaves. Dizem que o fisco está
atrás dos larápios. A checagem dos mais de 5 mil nomes ainda não
terminou. Considerando toda a América Latina, os depósitos passam de US$
31 bilhões. Alguns delatores do caso da Petrobrás indicaram que abriram
19 contas em nove bancos suíços para receber a propina. O escândalo
HSBC nada mais revela que o crime organizado mundial formado por grandes
lideranças dos mundos empresarial, político e financeiro (a troyka
maligna da era da globalização).
Jurista
e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do
Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de
Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).
[ assessoria de comunicação e imprensa +55 11 991697674 [agenda de
palestras e entrevistas] ]
Ministros das Finanças que participam do encontro do BRIC posam para
uma foto oficial: “três anos realmente não servem de base para uma
conclusão como essa”, disse Jim
Rio de Janeiro - O Brasil ainda merece um lugar no grupo de economias emergentes Bric
mesmo após vários anos de crescimento lento, segundo Jim O’Neill, o
ex-economista-chefe do Goldman Sachs Group Inc. que cunhou a sigla.
“Três anos, que é o período que o Brasil tem decepcionado, realmente
não servem de base para uma conclusão como essa”, disse, quando
perguntaram a ele se estava na hora de tirar o Brasil do grupo composto
também pela Rússia, Índia e China.
“É claro que, se continuarem no mesmo caminho, não há garantia de que o
Brasil e a Rússia continuarão sendo considerados Bric” até o fim da
década, disse ele.
A presidente Dilma Rousseff promete aumentar a confiança do investidor
reduzindo o déficit e freando a inflação, que está acima da meta, com a
aplicação de limites aos gastos e incrementos às taxas de juros.
Os analistas consultados pelo Banco Central projetaram que as medidas
provocarão uma desaceleração do crescimento em 2015 pelo segundo ano
consecutivo, mas estimaram que a economia começará a se recuperar em 2016.
A expansão do Brasil em 2016 ainda ficaria atrás da observada na Índia e
na China, cujas economias crescerão mais de 6 por cento cada, segundo a
estimativa média dos analistas consultados pela Bloomberg.
O produto interno bruto da Rússia se expandirá menos de 1 por cento no ano que vem, após encolher em 2015, segundo a pesquisa.
Países como o Brasil estão sofrendo com a queda nos preços das
commodities, que tem revelado “maus hábitos comportamentais”, como a
interferência estatal na economia e a reduzida independência do Banco
Central, que no governo Dilma é chefiado por Alexandre Tombini, disse
O’Neill, colunista da Bloomberg View e ex-presidente do conselho da
Goldman Sachs Asset Management International.
‘O problema’
“Eu dou aulas a alguns dos estrategistas brasileiros, como meu colega
Tombini, do Banco Central, e eu digo a eles, vocês são mais chineses do
que os chineses”, disse O’Neill, por telefone.
“Os chineses não querem mais ser chineses, e vocês acreditam que o Estado deve ser usado para tudo. E esse é o problema”.
A assessoria de imprensa presidencial não respondeu a um e-mail enviado
após o horário comercial em busca de comentário sobre o papel do Estado
na economia e a autonomia do BC.
Os estrategistas do Brasil precisam criar um fundo soberano de riqueza
para acumular reservas quando os preços de commodities como o minério de
ferro e a soja estiverem altos, disse O’Neill.
Eles também deveriam impulsionar a produtividade nos demais setores
além das commodities, talvez recorrendo ao fundo soberano para investir
em inovação, disse ele.
O’Neill disse que há muito tempo existe um ceticismo em relação à
economia do Brasil, acrescentando que durante uma viagem ao país, em
2003, as pessoas o acusaram de colocar o Brasil ao lado da Rússia, Índia
e China simplesmente para que a sigla soasse bem.
“Esta é, em parte, a razão pela qual foi tão fácil todos se apaixonarem
pelo país quando viram que o Brasil estava tendo todo aquele
crescimento”, disse ele. “É por isso também que foi tão fácil desapontar
as pessoas” com a desaceleração da economia brasileira, disse ele.
São Paulo - Entre 2003 e 2013, o Partido dos Trabalhadores (PT) teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em pagamentos de propina de contratos da Petrobras, segundo os jornais Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.
A estimativa foi feita por Paulo Barusco, ex-gerente de engenharia da
estatal, em depoimento à Polícia Federal prestado em acordo de delação
premiada. O depoimento aconteceu no último dia 20 de novembro, mas só
veio à tona nesta quinta-feira.
Segundo Barusco, João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, teria
participado no recebimento do suborno. Ele foi detido para depoimento na
Polícia Federal nesta quinta-feira na nona fase da Operação Lava Jato.
Os pagamentos de propina teriam sido feitos em cerca de 90 contratos de
grandes obras da estatal vinculados às diretorias de Abastecimento, Gás
e Energia e Exploração e Produção, além da Diretoria de Serviços. Entre
as obras listadas por Barusco estão a Refinaria Abreu e Lima e o
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Segundo Barusco, em todas as diretorias, o percentual de propina cobrado por contrato variava de 1% a 2%.
Na diretoria de Abastecimento, por exemplo, o percentual de propina
cobrado por contrato era, geralmente,de 2% - "sendo que 1% era
gerenciado por Paulo Roberto Costa, o qual promovia a destinação, e os
outros 1% eram divididos entre o Partido dos Trabalhadores, na proporção
de 0,5% representada por João Vaccari, e a "Casa", na proporção de 0,5%
representada por Renato Duque, o declarante [Barusco] e uma terceira
pessoa", segundo texto do termo de delação divulgado pelo site do jornal
Estado de S. Paulo.
Barusco afirmou que só do estaleiro Kepell Fels, Vaccari Neto teria recebido 4,25 milhões de dólares.
Até a publicação desta reportagem, o Partido dos Trabalhadores ainda não havia se pronunciado sobre o assunto.
Por
sete votos a um, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 592377 em que o Banco Fiat S/A
questionava decisao do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS)
que declarou inconstitucional dispositivo de uma medida provisória
editada em 2000, que permitiu a capitalização mensal de juros no sistema
financeiro. Em razão da repercussão geral reconhecida neste processo, a
decisão desta tarde tem impacto em 13.584 processos que estavam
sobrestados (com tramitação suspensa) em todo o País e que agora serão
solucionados.
No julgamento de hoje não se discutiu o mérito da
questão, ou seja, a possibilidade de haver capitalização de juros
(incidência de juros sobre juros) nas operações inferiores a um ano, mas
sim se os requisitos de relevância e urgência, necessários a edição das
MPs, estavam presentes no momento da edição do ato normativo. A questão
da capitalização mensal de juros é objeto de outro processo em
tramitação no STF, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2316,
que está pendente de conclusão.
Relator do RE, o ministro Marco
Aurélio foi o único a votar pela negativa de provimento. Para ele, não é
possível que um instrumento precário e efêmero como a medida
provisória, editado para viger por período limitado, continue surtindo
eternamente efeitos no cenário normativo sem a suspensão pelo Supremo.
No caso da MP 1.963-17/2000, reeditada 36 vezes até a Medida Provisória
2.170-36/2001, durante 15 anos. “Não imagino medida provisória a vigorar
por prazo indeterminado”, afirmou.
Segundo a votar, o
ministro Teori Zavascki abriu a divergência e foi acompanhado pelos
demais ministros. Zavascki ponderou que, embora o Poder Judiciário possa
aferir a presença dos requisitos que autorizam a edição de uma medida
provisória, para declarar a inconstitucionalidade de uma MP em razão da
ausência de tais requisitos, é preciso uma demonstração cabal nesse
sentido, o que é muito difícil obter depois de tantos anos.
“É
difícil declarar que não havia relevância na matéria, em se tratando de
regular operações do sistema financeiro. No que se refere à urgência,
também vejo dificuldade de agora, já passados 15 anos, nos
transportarmos para o passado - numa época em que a situação econômica e
o sistema financeiro eram completamente diferentes -, e afirmarmos,
hoje, que a medida provisória deve ser considerada nula porque faltou
urgência naquela oportunidade”, ressaltou o autor da divergência.
O
ministro Teori também lembrou os efeitos que uma eventual declaração de
inconstitucionalidade desta MP poderia causar em milhares de operações
financeiras. Ele afirmou que a jurisprudência do STF considera que não
há inconstitucionalidade nas disposições normativas que estabelecem
critérios de remuneração no sistema financeiro diversos dos previstos na
Lei da Usura, chegando a editar súmula a esse respeito (Súmula 596).
Além disso, segundo ressaltou o ministro Teori Zavascki, a Emenda Constitucional 32 – que alterou o artigo 62 da Constituição Federal
– dispôs que as medidas provisórias editadas em data anterior à sua
publicação (11 de setembro de 2001) continuam em vigor até que medida
provisória posterior as revogue explicitamente ou até deliberação
definitiva do Congresso Nacional. Acompanharam a divergência aberta pelo
ministro Teori Zavascki os ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Dias
Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski (presidente).
VP/FB
Supremo
Tribunal Federal (STF) é a mais alta instância do Poder Judiciário do
Brasil e acumula competências típicas de Suprema Corte (tribunal de
última instância) e Tribunal Constitucional (que julga questões de
constitucionalidade independentemente de litígios concretos). Sua função
institucional ...