segunda-feira, 13 de julho de 2015

Dar chances iguais às mulheres é bom para todos, diz CEO do Women's Forum


Para Jacqueline Franjou, discussão sobre igualdade de gêneros ganhou mais espaço

Fabiana Pires -
Jacqueline Franjou, CEO do Women's Forum (Foto: Divulgação)

 Jacqueline Franjou, CEO do Women's Forum (Foto: Divulgação)



Em 2005, um grupo de influentes mulheres francesas se reuniu para criar um evento que discutisse o papel da mulher na sociedade atual. As empresárias Aude de Thuin, Verónique Morali, Anne Lauvergeon, Laurence Parisot e Dominique Hériad Dubreuil queriam juntar opiniões de líderes homens e mulheres – tanto do setor público quanto privado – para identificar maneiras de aumentar a participação feminina no desenvolvimento da economia global e da sociedade. Nascia, então, o Women’s Forum for the Economy and Society.

Por meio de encontros globais e regionais, o Women’s Forum se tornou um dos mais importantes eventos para empreendedoras, executivas e líderes de todo o mundo. Em sua última edição, por exemplo, realizada em junho do ano passado, em Deauville, na França, o fórum discutiu como é possível usar a inovação para acabar com a desigualdade de gênero e o papel das leis na luta contra a discriminação. Entre as convidadas, estavam a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), a francesa Christine Lagarde, e a atriz mexicana Salma Hayek. 

O empreendedorismo feminino é tema da reportagem de capa de Pequenas Empresas & Grandes Negócios deste mês. Por isso, conversamos com a CEO do Women’s Forum, Jacqueline Franjou, para saber quais os últimos avanços na discussão sobre a igualdade de gêneros e como o perfil das empreendedoras mudou nos últimos anos.
 
A senhora vê mudança no perfil das mulheres empreendedoras ao longo dos últimos dez anos?

Nós recebemos muitas empreendedoras para o encontro global do Women’s Forum, em Deauville, na França, e em muitas outras cidades ao redor do mundo. É difícil falar sobre apenas uma mudança no perfil de tantas mulheres, mas algo que acompanho é o interesse cada vez maior pelos negócios de impacto social. Desde 2006, o Women’s Forum realiza uma competição internacional de planos de negócios (criada em 2006 juntamente com a Cartier, McKinsey & Company e a escola de negócios INSEAD) para identificar, apoiar e encorajar projetos de mulheres empreendedoras que tem algum impacto na sociedade. Começamos com apenas uma dúzia de finalistas em 2007. Em nosso último encontro, estavam concorrendo mais de 140 negócios que melhoram a vida das pessoas.
 
Quais as principais conquistas na luta pela igualdade feminina nos últimos anos? 

Dez anos atrás, nossa discussão focava na igualdade de gêneros. Queríamos procurar maneiras de incentivar mulheres a empregar outras mulheres, de dar a elas salários proporcionais aos recebidos pelos funcionários homens e permitir que mais mulheres avançassem para posições de liderança. Com toda a modéstia, eu poderia dizer que esse tipo de discussão – junto com o trabalho incansável de mulheres e homens ao redor do mundo, tanto na esfera pública quanto privada para mudar costumes, leis e mentalidades – levou a um maior entendimento de que dar às mulheres chances iguais nos negócios é bom para as empresas, bom para a sociedade e bom para todos. Mas é claro, eu não estou dizendo que nosso trabalho terminou. O Women’s Forum é mais vital do que nunca como uma plataforma de discussão sobre o papel da mulher na economia e na sociedade.
 
E o progresso já é visível neste sentido?

Eu vi recentemente os resultados de um estudo feito pela E&Y em que foram analisadas empresas que receberam aportes nos Estados Unidos. O estudo mostra progresso no número de startups com mulheres no time executivo: a quantidade triplicou de 5% para 15% entre os negócios analisados. Por outro lado, o estudo mostra também que 85% dos 6.793 negócios que receberam investimento entre 2011 e 2013 não tinham nenhuma mulher em seu time. Além disso, apenas 2,7% das companhias pesquisadas tinham uma mulher como CEO. E isso nos Estados Unidos, onde as empreendedoras são consideradas uma força na economia. O fato de que as mulheres CEO representam um percentual tão pequeno das companhias que receberam investimentos é realmente perturbador.
 
Você vê o empreendedorismo como uma boa maneira de empoderar mulheres?

Isso tudo depende da mulher e do contexto. Para algumas mulheres, é melhor trabalhar e lutar nas companhias em que estão para chegarem ao topo. Para outras, contudo, a melhor maneira de ter sucesso é começar pelo rascunho de um negócio. Uma das mais importantes iniciativas do Women’s Forum é o programa Rising Talents. Cada ano, convidamos 20 jovens empreendedoras para participar do nosso encontro mundial e fazer networking com mulheres que já passaram por esse programa e outras participantes do fórum. São mulheres que demonstraram uma coragem marcante em seus ambientes profissionais e também habilidade para assumir riscos e agir como catalisadoras de empresas e da comunidade.
 
Neste cenário, por que eventos como o Women’s Forum são tão importantes?

O conceito do fórum não é falar sobre um assunto específico, mas de trazer poder às mulheres para elas conseguirem superar as questões mais importantes da atualidade. Como empoderar as mulheres? Nós consideramos essa pergunta sob muitos aspectos, desde como atingir equilíbrio econômico até como fazer as instituições políticas assumirem mais responsabilidade sobre o tema em suas constituições. Tópicos como criar ecossistemas econômicos saudáveis para pequenas e médias empresas e trabalhar junto com a comunidade para administrar recursos naturais estão tipicamente na agenda de diversos eventos internacionais.


Empreendedora de 68 anos planeja levar franquia de bolos para os Estados Unidos

Com rápida expansão, os bolinhos de vó saem do Rio de Janeiro para o Brasil e, em breve, para o exterior

Por Priscila Zuini com Rennan A. Julio - 07/07/2015

Dona Alzira, dona da franquia Fábrica de Bolo (Foto: Divulgação)


Em 2007, durante o feriado de Páscoa, Alzira Ramos, aos 60 anos de idade, perdeu sua mãe. Triste por perder uma pessoa tão amada, Dona Alzira, como era conhecida, não conseguia ficar em casa sozinha. Fugindo do luto, aceitou o convite de sua amiga para um chá. Naquela tarde, comeu um bolo de iogurte com canela. “Qual é a receita desse bolo?”, perguntou, para depois testar em casa. Ali começava a Fábrica de Bolo, franquia que faz mais de 150 mil bolos por mês no Brasil inteiro.

“Meu marido Cláudio tinha um lugarzinho no bairro, onde vendia pipoca. Seu amigo trabalhava em um botequim do lado e os dois falaram para eu tentar vender uns pedaços de bolo por lá”, diz Alzira. 
No primeiro dia, todos foram vendidos em menos de duas horas. “No segundo já fui com três bolos. 

Foi um sucesso, todo mundo comeu”. Em poucos meses, Dona Alzira já estava fazendo de 20 a 30 bolos por dia. “Era bom porque ajudava a superar aquele sentimento triste”

No entanto, pouco tempo depois disso, ao perder o irmão, a boleira sentiu o pior dos baldes de água fria. “Foi muito ruim. Fiquei muito mal mesmo. Sempre dizia que Deus tinha me dado um pai, uma mãe e um irmão para cuidar de mim”, afirma.

E por morar no apartamento de seu irmão, Alzira logo teve que procurar opções para sobreviver. “Tinha um forno muito pequeno, eu realmente precisava de mais espaço. Aí decidi ir para a loja do meu marido, dividir tudo com ele. Fizemos uma obra e ficamos por lá.”

O local, no centro do Rio, era bastante movimentado. “A rua tinha delegacia e muito comércio. O pessoal sentia o cheirinho e a nossa loja enchia. Falei para o Cláudio desistir das pipocas de uma vez para me ajudar com os bolos”, diz Alzira. Em 2010, a pequena lojinha ganhou o primeiro letreiro "Fábrica de bolo".

“A fábrica começou a crescer e conseguimos juntar um bom dinheiro. Até abri uma poupança.” Com o dinheiro, a família Ramos decidiu investir em uma loja maior, no bairro da Tijuca – local onde Alzira trabalha até hoje.
 

O sucesso e as franquias


Com o aumento das demandas, a equipe de 15 funcionários não conseguia mais dar conta do atendimento. Em 2013, a Fábrica de Bolo Vó Alzira deu seu primeiro passo em direção ao mercado de franquias. Para dar forma ao projeto, foram necessários oito meses testando receitas. A ideia era conseguir uma fórmula de bolos que “mantivesse o sabor original”.

Bolo de coco com cobertura de leite condensado da Dona Alzira (Foto: Divulgação)

Com o pensamento focado em praticidade, Fábio Prata, consultor de franquias da empresa, tomou conta dessa mudança. “O Sr. Cláudio desenvolveu um mix especial, com 80% do padrão do bolo. 
Depois disso, a gente entrou no processo de criação da marca, profissionalizamos as equipes. Tudo isso sem perder a essência.”

Para Prata, a expansão das franquias aconteceu de maneira muito rápida. “Ultrapassamos as 100 lojas em menos de dois anos. Produzimos mais de 150 mil bolos por mês. É muito difícil replicar o carinho da Dona Alzira com os clientes, por isso, cobramos comprometimento dos nossos parceiros”, diz Prata, que também é franqueado da marca.
 

Para entrar na família


Quem quiser fazer parte da Fábrica de Bolo precisa desembolsar um investimento inicial de R$ 100 mil, em média. Além do dinheiro, os interessados devem saber que é necessário manter o estilo caseiro – além do bolo, é claro. “Quando desenhamos a primeira opção de franquia, parecia um Starbucks, todo moderno. Mas a Dona Alzira olhou o projeto e, de cara, perguntou onde estava o balcão de alumínio. Colocamos todo o projeto abaixo”, diz Prata.

Agora, os próximos desafios da empresa estão no crescimento. No projeto, duas metas: entrar no Estado de São Paulo pela primeira vez e levar o sabor de vó da Dona Alzira para os Estados Unidos. 

“Fizemos alguns testes na Flórida e o público parece ter aprovado. Vamos ver o que acontece”, disse Prata.

Com o sonho inimaginável da senhora de 68 anos alcançando terras estrangeiras, fica até difícil acreditar que Dona Alzira não come mais os bolos que faz. “É tanto bolo na nossa vida que a gente acaba enjoando. Do pessoal de casa, só a minha netinha ainda come. Mas é muito bom saber que faz sucesso quase no Brasil inteiro”, diz Alzira.

Loja que nasceu no Facebook alcança faturamento de R$ 750 mil


Clariça De Luca começou a negociar biquínis pela rede social. Depois, abriu um e-commerce e, agora, uma loja física

Por Adriana Fonseca - 13/07/2015
Clariça De Luca começou vendendo peças para suas amigas (Foto: Divulgação)

Apaixonada por biquínis, Clariça De Luca começou a vender algumas peças para suas amigas. No início, as vendas eram realizadas pelo Facebook e o Instagram, usando o WhatsApp para fechar os pedidos. Mas, com o aumento da procura, ficou difícil administrar e atender todo mundo. “Foi quando percebi que precisava montar um e-commerce e profissionalizar o meu negócio”, conta Clariça.

Assim, em 2014 ela investiu R$ 30 mil e fundou a loja virtual Ateliê Cla De Luca. “Como não tinha uma infraestrutura de pessoal e também de loja física, resolvi abrir um e-commerce pela facilidade do negócio e também por não saber o que iria acontecer”, conta a empreendedora.

Há dois meses, no entanto, Clariça deu mais um passo, desta vez fora da internet, ao inaugurar uma loja física no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “O comércio online permanece em nosso DNA”, diz Clariça. “A ideia é uma plataforma complementar a outra.

Com a loja física, eu tenho a possibilidade de ter contato direto com as minhas clientes e elas, de experimentarem os produtos.

Além disso, a loja física funciona como uma loja conceito para lançar coleções e expandir a operação de atacado, utilizando o espaço como um show-room.”

Para montar a loja física, a empreendedora investiu cerca de R$ 80 mil e a expectativa é que o novo ponto de venda dobre o faturamento da empresa em 2015.

Neste ano, a meta é faturar R$ 750 mil, cerca de 25% a mais que em 2014.

Mulheres empreendedoras são mais felizes, diz pesquisa


Levantamento do GEM mostra que as donas de negócios pelo mundo têm mais qualidade de vida e querem mudar o mundo a seu redor

Da Redação - 07/03/2014
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Um dos critérios para medir o índice de felicidade das empreendedoras foi o balanço entre vida pessoal e carreira (Foto: Think Stock)
 Um dos critérios para medir o índice de felicidade das empreendedoras foi o balanço entre vida pessoal e carreira (Foto: Think Stock)

Você é mulher e empreendedora? Sim? Então tem muitos motivos para sorrir. Pelo menos é o que aponta o resultado do último Global Entrepreneurship Monitor, o maior levantamento sobre empreendedorismo do mundo, que afirma: as donas de empresas estão entre as pessoas mais felizes de todo o planeta.

Para chegar a esse resultado, a pesquisa analisou o nível de bem estar e satisfação com o trabalho de empreendedores e não empreendedores em 70 países. A maior parte dos empresários usou as respostas "minha vida está próxima do ideal" e "se eu pudesse começar tudo de novo, não mudaria absolutamente nada" para falar sobre como se sentem a respeito de suas carreiras.

É claro que toda essa felicidade não apareceu da mesma forma em todas as regiões analisadas. Na África Subsariana o nível registrado foi o mais baixo, enquanto a América Latina e América do Norte apresentaram os índices mais altos. Mas, na comparação entre gêneros, as mulheres a frente de empresas se mostraram mais contentes com seu trabalho de uma maneira geral em todo o mundo. O GEM não deixa claro o porquê de as empreendedoras se sentirem mais felizes, mas outros dados apurados pelo levantamento podem explicar os motivos.

Para medir o índice de felicidade das empreendedoras o GEM levou em conta o balanço entre vida pessoal e carreira. O rígido modelo corporativo não consegue acomodar todas as necessidades das mulheres. Como elas ainda são as principais responsáveis pela criação e pelos cuidados de crianças e idosos na família, a falta de flexibilidade de horários e tempo livre nas organizações dificulta - e muito - a conciliação entre a vida pessoal e a carreira. Muitas são atraídas pelo empreendedorismo justamente pela possibilidade de montar sua própria agenda.

Outro fator que torna as empreendedoras mais felizes é o fato de o dinheiro não ser tão importante quando a mudança que elas geram na sociedade. O projeto "1.000 Stories", que conta as histórias de empreendedoras pelo mundo, fez uma pesquisa para saber o que motiva as mulheres a começarem um negócio. As respostas surpreenderam: para as entrevistadas, fazer a diferença e mudar o mundo são fatores muito mais importantes do que ganhar dinheiro e gerar riqueza. Um dado do GEM também comprova esse resultado. Segundo a pesquisa, o número de mulheres criando empreendimentos sociais está ultrapassando o de homens em países como Rússia, Argentina, Israel, Líbano e Islândia. No Brasil e nos Estados Unidos esse índice é equilibrado. Ter um trabalho com uma causa por trás, capaz de mudar a sociedade ao seu redor, é um fator que gera felicidade.

E vocês, leitoras empreendedoras, também se sentem felizes?

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Juro de empréstimo para o consumidor é o maior desde 2009


Daniel Acker/Bloomberg
Pagamento: cartões de crédito
Cartões de crédito: taxa de juros média das linhas de crédito atingiu 123,71% ao ano em junho, a maior desde novembro de 2009
São Paulo - A taxa de juros média dos empréstimos para os consumidores atingiu 123,71% ao ano em junho. É a maior taxa registrada desde novembro de 2009, segundo pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Em junho, a taxa de juro média para pessoa física, cobrada nas seis principais linhas de crédito do mercado, subiu 0,7 ponto percentual, passando de 6,87% ao mês (121,96% ao ano) para 6,94% (123,71% ao ano).

O consumidor que tenha uma dívida de 100 reais terá de pagar, após um ano 223,71 reais para quitar o empréstimo e arcar com os juros, de 123,71 reais. Ou seja, o débito mais do que dobra nesse período.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, afirma que a alta dos juros foi impulsionada pelo aumento do risco de inadimplência dos consumidores, causado por índices de inflação mais elevados e aumento de impostos, que reduzem a renda das famílias.

O crescimento do desemprego, provocado pela desaceleração da economia, também faz com que os bancos subam as taxas de empréstimos para compensar eventuais perdas, caso os consumidores não consigam quitar os débitos.

Veja na tabela abaixo as taxas médias praticadas em seis linhas de crédito em junho, segundo o levantamento da Anefac.
Tipo de taxa/empréstimo Taxa média acumulada em 2015 Taxa média acumulada em 12 meses Taxa mensal média em junho Taxa anual média em junho
Selic (taxa básica) 5,92% 11,89% 0,96% 13,75%
Juros do comércio 35,01% 77,91% 5,13% 84,36%
Cartão de crédito 97,25% 266,15% 11,99% 312,75%
Cheque especial 73,74% 184,09% 9,64% 214,19%
Cdc bancos 12,74% 26,60% 2,02% 28,32%
Empréstimo pessoal bancos 26,23% 54,08% 3,96% 61,96%
Empréstimo pessoal financeiras 54,62% 135,98% 7,53% 141,93%
Média geral 47,67% 122,68% 6,71% 123,71%
Fonte: Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac)

A Selic aumentou 6,5 pontos percentuais de março de 2013 a junho de 2015, subindo de 7,25% ao ano para 13,75% ao ano, uma alta de 89,66%.

Já a taxa de juros para pessoa física subiu 35,74 pontos percentuais, e passou de 87,97% ao ano para os 123,71%, uma alta de 40,63%.

Para a Anefac, como a tendência é que a Selic continue a aumentar para combater uma inflação mais elevada, o que irá manter o risco de inadimplência alto. Nesse cenário, as taxas de juros das linhas de crédito devem voltar a subir nos próximos meses, .

Sancionada lei que protege novo cônjuge de devedor de pensão


EVARISTO SA/AFP
A presidente Dilma Rousseff, que estará presente na cúpula entre UE e Celac


A presidente Dilma Rousseff sancionou lei que protege o patrimônio do novo cônjuge ou companheiro de um devedor de pensão alimentícia
 
Luci Ribeiro, do Estadão Conteúdo

Brasília - A presidente Dilma Rousseff sancionou lei que protege o patrimônio do novo cônjuge ou companheiro de um devedor de pensão alimentícia, impedindo que parte do valor dos bens seja destinada ao pagamento de pensão.

O texto modifica a Lei 8009/1990, que disciplina o instituto do bem de família.

Segundo a legislação, "a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido", entre outros casos, "pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida".
A nova lei está publicada no Diário Oficial da União.

OAB pede "providências" de Janot e Cardozo para proteger sigilo de advogados



O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, enviou ofícios ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República cobrando “providências” para que a Polícia Federal respeite prerrogativas da advocacia em suas investigações, sem violar materiais sob sigilo profissional.

Trata-se de uma resposta a procedimentos adotados durante a operação “lava jato”, ainda que sem referência expressa ao caso. Um deles foi a interceptação de um bilhete em que o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, orientava a defesa a “destruir e-mail sondas”. Ele já estava preso quando a mensagem foi recolhida por agentes da PF.

Outra medida, revelada pela revista eletrônica Consultor Jurídico, foi a apreensão de cópias de arquivos e mensagens de três diretores da Odebrecht que têm inscrição na OAB. Enquanto o juiz federal Sergio Fernando Moro avaliou que eles não estavam cumprindo o exercício da advocacia, a defesa da empreiteira alegou que ao menos dois deles faziam a ponte entre a empresa e o escritório que a representa na “lava jato”.

Nos documentos enviados ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente da OAB, diz que “a intromissão nas comunicações entre advogado e cliente preso, bem como a busca e apreensão em seu local de trabalho de maneira indiscriminada, (...) calam o advogado e se voltam contra as garantias legais e constitucionais dos profissionais da advocacia”.

Para Coêlho, “a inviolabilidade assegurada ao advogado ergue-se como uma poderosa garantia em prol do cidadão, de modo a permitir que o profissional (...) não se acovarde e nem possa sofrer qualquer tipo de represália”. No dia 29 de junho, o presidente já havia reclamado de alguns procedimentos em entrevista à ConJur.

O juiz Sergio Moro determinou na última quinta-feira (2/7) que o material apreendido na sala dos três diretores-advogados seja aberto na presença da defesa, de representantes da OAB e de membros do Ministério Público Federal. Ele ainda proibiu o uso de qualquer conteúdo protegido por sigilo ligado ao exercício da advocacia.