Com rápida expansão, os bolinhos de vó saem do Rio de Janeiro para o Brasil e, em breve, para o exterior
Por Priscila Zuini com Rennan A. Julio - 07/07/2015
Em 2007, durante o feriado de Páscoa, Alzira Ramos, aos 60 anos de
idade, perdeu sua mãe. Triste por perder uma pessoa tão amada, Dona
Alzira, como era conhecida, não conseguia ficar em casa sozinha. Fugindo
do luto, aceitou o convite de sua amiga para um chá. Naquela tarde,
comeu um bolo de iogurte com canela. “Qual é a receita desse bolo?”, perguntou, para depois testar em casa. Ali começava a Fábrica de Bolo, franquia que faz mais de 150 mil bolos por mês no Brasil inteiro.
“Meu marido Cláudio tinha um lugarzinho no bairro, onde vendia pipoca.
Seu amigo trabalhava em um botequim do lado e os dois falaram para eu
tentar vender uns pedaços de bolo por lá”, diz Alzira.
No primeiro dia,
todos foram vendidos em menos de duas horas. “No segundo já fui com três
bolos.
Foi um sucesso, todo mundo comeu”. Em poucos meses, Dona Alzira
já estava fazendo de 20 a 30 bolos por dia. “Era bom porque ajudava a superar aquele sentimento triste”
No entanto, pouco tempo depois disso, ao perder o irmão, a boleira
sentiu o pior dos baldes de água fria. “Foi muito ruim. Fiquei muito mal
mesmo. Sempre dizia que Deus tinha me dado um pai, uma mãe e um irmão
para cuidar de mim”, afirma.
E por morar no apartamento de seu irmão, Alzira logo teve que procurar
opções para sobreviver. “Tinha um forno muito pequeno, eu realmente
precisava de mais espaço. Aí decidi ir para a loja do meu marido,
dividir tudo com ele. Fizemos uma obra e ficamos por lá.”
O local, no centro do Rio, era bastante movimentado. “A rua tinha
delegacia e muito comércio. O pessoal sentia o cheirinho e a nossa loja
enchia. Falei para o Cláudio desistir das pipocas de uma vez para me
ajudar com os bolos”, diz Alzira. Em 2010, a pequena lojinha ganhou o
primeiro letreiro "Fábrica de bolo".
“A fábrica começou a crescer e conseguimos juntar um bom dinheiro.
Até abri uma poupança.” Com o dinheiro, a família Ramos decidiu
investir em uma loja maior, no bairro da Tijuca – local onde Alzira
trabalha até hoje.
O sucesso e as franquias
Com o aumento das demandas, a equipe de 15 funcionários não conseguia
mais dar conta do atendimento. Em 2013, a Fábrica de Bolo Vó Alzira deu
seu primeiro passo em direção ao mercado de franquias. Para dar forma ao
projeto, foram necessários oito meses testando receitas. A ideia era
conseguir uma fórmula de bolos que “mantivesse o sabor original”.
Com o pensamento focado em praticidade, Fábio Prata, consultor de
franquias da empresa, tomou conta dessa mudança. “O Sr. Cláudio
desenvolveu um mix especial, com 80% do padrão do bolo.
Depois disso, a
gente entrou no processo de criação da marca, profissionalizamos as
equipes. Tudo isso sem perder a essência.”
Para Prata, a expansão das franquias aconteceu de maneira muito rápida.
“Ultrapassamos as 100 lojas em menos de dois anos. Produzimos mais de
150 mil bolos por mês. É muito difícil replicar o carinho da Dona Alzira
com os clientes, por isso, cobramos comprometimento dos nossos
parceiros”, diz Prata, que também é franqueado da marca.
Para entrar na família
Quem quiser fazer parte da Fábrica de Bolo precisa desembolsar um
investimento inicial de R$ 100 mil, em média. Além do dinheiro, os
interessados devem saber que é necessário manter o estilo caseiro – além
do bolo, é claro. “Quando desenhamos a primeira opção de franquia,
parecia um Starbucks, todo moderno. Mas a Dona Alzira olhou o projeto e,
de cara, perguntou onde estava o balcão de alumínio. Colocamos todo o
projeto abaixo”, diz Prata.
Agora, os próximos desafios da empresa estão no crescimento. No
projeto, duas metas: entrar no Estado de São Paulo pela primeira vez e
levar o sabor de vó da Dona Alzira para os Estados Unidos.
“Fizemos
alguns testes na Flórida e o público parece ter aprovado. Vamos ver o
que acontece”, disse Prata.
Com o sonho inimaginável da senhora de 68 anos alcançando terras
estrangeiras, fica até difícil acreditar que Dona Alzira não come mais
os bolos que faz. “É tanto bolo na nossa vida que a gente acaba
enjoando. Do pessoal de casa, só a minha netinha ainda come. Mas é muito
bom saber que faz sucesso quase no Brasil inteiro”, diz Alzira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário