sexta-feira, 31 de julho de 2015

Salário a conta-gotas




Em meio à crise financeira, governo do RS confirma parcelamento da folha do funcionalismo público

Por Laura D'Angelo

laura.cauduro@amanha.com.br



O governo do Rio Grande do Sul, através do secretário da Fazenda Giovani Feltes, confirmou o parcelamento do salário de 48,2% dos funcionários públicos do Estado em coletiva na manhã desta sexta-feira (31). Profissionais da educação, da segurança, do Executivo e pensionistas receberam R$ 2.150. 

O governo estima que, até 25 de agosto, os servidores que possuem um salário superior ao pago hoje, receberão o restante do valor. A medida não era adotada desde o governo Yeda Crusius, em 2007.

Conforme Feltes, o Estado teve uma queda de recursos em tributos estaduais e em transferências da União em julho. No total, foram R$ 70 milhões a menos no caixa. Para equilibrar as finanças públicas e cumprir a integralidade da folha salarial, o Estado postergou, novamente, o pagamento da dívida da União assim como os repasses e pagamentos a fornecedores. Também fez uso de R$ 200 milhões dos depósitos judiciais e de R$ 50 milhões disponíveis no caixa único. Mesmo assim, segundo Feltes, o déficit estadual é de R$ 360 milhões. “Mostra a ‘agudeza’ da situação atual, e o esforço que fizemos nos meses anteriores para pagar em dia e fazer nossa obrigação”, complementou.


No início do ano, o governo estadual tentou o parcelamento, mas foi impedido por ações judiciais que, inclusive, ainda são válidas. “A situação é insuperável. Falta dinheiro, não vontade ou compromisso”, argumentou Feltes. Questionado sobre a possibilidade de não pagar a parcela de R$ 280 milhões referente à dívida com a União, o secretário afirmou que o Estado não está em condições financeiras de enfrentar as rigorosas regras de contrato que o não-pagamento imputaria, como o represamento de recursos federais. 

“O volume de recursos do Tesouro é bem maior do que a dívida. Teríamos prejuízo”, explicou.
A previsão é que, no dia 13 de agosto, mais R$ 1 mil seja depositado ao funcionalismo. Assim, 70% dos servidores estariam com seus salários integrais em dia. O complemento será possível devido aos recursos do ICMS. Sem entrar em detalhes, Márcio Biolchi, chefe da Casa Civil, disse que “projetos estruturais” serão encaminhados para votação da Assembleia Legislativa a partir da próxima semana. Ao que tudo indica, serão três pacotes que vão tratar desde a revisão de benefícios a funcionários públicos até medidas econômicas e fiscais, que devem incluir o aumento de impostos. “Todos vão sofrer um pouco. Não se trata só de alíquotas, pois precisamos fazer medidas visando o longo prazo”, apontou Biolchi. Professores e Brigada Militar já anunciaram que vão fazer paralisações na próxima segunda-feira (3).

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