O Brasil figura entre os países mais atrasados na adoção de automação industrial. Segundo levantamento da Pollux Automation, empresa de automação e robótica de Santa Catarina, o país tem somente dez robôs por cada grupo de dez mil trabalhadores nas fábricas – enquanto Coreia do Sul e Japão chegam a ter mais de 300. Mas o que segura o avanço brasileiro nesse processo?
A Pollux fez essa pergunta a 502 engenheiros, gerentes e diretores das principais empresas do setor automobilístico que participaram de eventos da Pollux Automation nas cidades de Santo André (SP), Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Contagem (MG). Para eles, o que mais atrasa a automação industrial brasileira é a própria instabilidade econômica nacional (13,9%). “Certamente está por trás deste resultado a redução de investimentos nos dias de hoje”, comentou José Rizzo Hahn Filho, fundador e diretor presidente da Pollux, sobre a enquete realizada entre os dias 9 e 18 de junho deste ano.
Na sequência, os representantes do setor automotivo apontam como fatores para o atraso também a acomodação e falta de visão nas empresas nacionais (11,4%); a falta de incentivos por parte do governo (10,4%); a falta de uma política estratégica (9,4%); orçamento limitado (8,4%); e a falta de capacitação tecnológica no país (7,8%). Veja a lista completa ao final desta reportagem.
 A combinação desses fatores, na percepção de Rizzo, tem dificultado o investimento em tecnologia e, principalmente, afetado negativamente a produtividade da indústria brasileira. Para ele, se não houver uma ação rápida para reverter o quadro atual, a indústria brasileira continuará perdendo competitividade em relação aos demais países. “E as consequências podem ser bastante graves, pois o Brasil não está em posição de abrir mão de sua base industrial, pela sua contribuição com o PIB e pela quantidade de empregos gerados”, complementa Rizzo.
Em matéria publicada na edição 309 de AMANHÃ, em novembro de 2014, Rizzo já alertava para a urgência da necessidade das empresas brasileiras, independentemente do porte, adotarem a automação para aprimorar a produção e se tornarem competitivas no mercado exterior. “O  Brasil estava olhando para fora, achando que iria competir com países de mão de obra barata, como a China, mas a realidade é que a competição está se voltando novamente para os países mais ricos, com fábricas extremamente automatizadas, onde o custo de mão de obra sai de cena”, observou na época. No ano passado, a Pollux trouxe para o mercado nacional – para comercialização e locação – os robôs colaborativos, braços automatizados e de pequeno porte que podem trabalhar lado a lado com as pessoas.

Quais fatores impedem o avanço mais rápido da automação industrial no Brasil?

Instabilidade econômica
13,9%
Acomodação e falta de visão nas empresas nacionais
11,4%
Falta de incentivos por parte do governo
10,4%
Falta de uma política industrial nacional estratégica
9,4%
Orçamento limitado (CAPEX)
8,4%
Falta de capacitação tecnológica no país
7,8%
Retorno sobre investimento não é atrativo
6,8%
Falta de iniciativa dos gestores de manufatura
6,0%
Desconhecimento das tecnolgias
5,4%
Falta de capacidade técnica das empresas
5,2%
Baixa oferta de provedores e integradores de tecnologia
4,6%
Falta de investimento das empresas multinacionais
4,0%
Baixa inserção no mercado global. Falta competição
3,4%
Barreiras e reserva de mercado não incentivam ganhos de produtividade
2,4%
Compromissos assumidos quanto à geração e manutenção dos empregos
1,2%