O governo divulgou na quarta-feira (22) o relatório de avaliação de receitas e despesas primárias do terceiro bimestre, no qual reconhece que sua receita primária líquida será R$ 46,7 bilhões menor (leia mais detalhes aqui). Além disso, baixou a meta do superávit primário de 1,13% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), dos quais 0,1% do PIB para o governo central e 0,05% do PIB para estados e municípios (R$ 5,8 bilhões e R$ 2,9 bilhões, respectivamente).
De acordo com a LCA Consultores, as mudanças anunciadas devem ser mal recebidas. "O 'cavalo de pau' no discurso da equipe econômica, que até o final de semana batia e rebatia na tecla de que a meta de superávit primário era factível, será mal recebido pelo mercado e pelas agências de classificação de risco. Por mais que a meta original parecesse ambiciosa demais, a redução efetuada também parece exagerada. Talvez o governo quisesse preservar algum espaço para acomodar uma deterioração adicional da atividade econômica, mas, se assim o for, ele não soube comunicar a prudência", afirmou a consultoria em relatório.
Para a LCA, seria factível o cumprimento de uma meta mais elevada que isto, principalmente para os governos regionais, cujo ajuste fiscal está bem mais avançado que o do governo central. Além disto, o governo está propondo a possibilidade de abater até R$ 26,4 bilhões da meta no caso de frustração de receitas com concessões, Refis e com a regularização de ativos no exterior. "Desse modo, a já baixa meta de R$ 8,7 bilhões poderia ser dada por cumprida mesmo com um déficit de R$ 17,7 bilhões", relata a LCA.