Um dos mais famosos executivos americanos reflete sobre o pânico (natural) que uma promoção traz e mostra como transformar isso em produtividade
O seu último projeto na empresa foi considerado um sucesso e, no final,
você acabou conseguindo uma promoção para administrar um departamento
inteiro pela primeira vez. Sua primeira reação, claro, é de entusiasmo.
Mas então, você pensa bem. E começa a refletir sobre todas as novas
responsabilidades. Talvez você não esteja pronto, não saiba direito o
que está fazendo ou sente que ainda não é esse o momento de seguir para
um novo desafio. É, bem vindo aos dilemas da liderança.
"Não deve haver um bom gestor no mundo - mesmo aquele que está no mesmo
emprego há anos - que não tenha tido um ataque de pânico (internamente)
referente à algo que viria e que ele não sabia se realmente poderia
suportar", escreve Jack Welch, um dos executivos mais respeitados dos
Estados Unidos. Em sua página no LinkedIn,
Welch, que é autor de diversos livros sobre liderança e gestão,
comentou sobre por que acredita que as pessoas devem, de certo modo,
"temer" uma promoção.
Segundo ele, qualquer promoção, independente do estágio da carreira ou
do cargo, é uma faca de dois gumes: tão excitante quanto aterrorizadora.
"Você é o único que entende o quão pouco realmente sabe sobre o novo
trabalho, especialmente quando comparado com aquelas grandes
expectativas ousadas que seus patrões criam", analisa. É neste momento
em que você mais quer gritar, segundo ele, mas é justamente quando você
mais quer parecer ter calma e controle sobre a situação. É quando, ele
diz, você percebe que os líderes devem olhar e agir como líderes por
causa do respeito e confiança que seus subordinados lhe depositam e da
dinâmica da empresa em que está.
Welch defende que esse medo é completamente natural, mas não é porque
você virou um líder ou gestor que você não deve fazer perguntas na hora
de aceitar o desafio. "Bons líderes são, por definição, alunos vorazes,
que aprendem com as pessoas ao seu redor para ter mais ideias e
insights.
São construtores de relacionamento". Para o executivo, parecer
curioso no momento em que se é promovido e assume-se uma posição de
liderança não é sinal de fraqueza. Pelo contrário. Parecer disposto a
conhecer todos os aspectos do negócio e mostrar-se apaixonado pelos
funcionários só aumentarão sua autoridade.
Mas, e se você não tem esse perfil, a saída é fingir curiosidade,
tranquilidade e disposição? Welch argumenta que não, mas algum esforço
de mudança comportamental será necessário. Seja reinventando sua
percepção do ambiente ou das pessoas. "Estar no comando de algo novo é
como começar do zero um jogo. Não importa tudo que você fez antes", diz.
Ele afirma que é neste momento que você provavelmente estará olhando em
volta para sua equipe e perguntando: "Quando eles vão perceber que eu
só tinha um pequeno projeto que deu certo?". Você provavelmente estará
sentado em reuniões, escutando conversas que acontecem rápido demais
sobre produtos e clientes e que são cheias de novos nomes e jargões que
parecem grego. Você provavelmente lerá e-mails do seu chefe sobre os
resultados do próximo trimestre e você nem sequer sabe o seu fluxo de
caixa atual ainda.
Tudo isso, de acordo com Welch, vai te levar à inquestionável
afirmação: "eu não estou pronto". Mas neste momento, o que ele sugere é
que você simplesmente pense que tudo aquilo é normal. "Claro, você
acabará vindo a saber mais sobre seu trabalho. E você não vai se sentir
por dentro em dias, semanas, meses ou um ano. Mas os negócios nos dias
de hoje mudam muito rápido e têm variáveis demais para permitir a
qualquer gestor sentir toda a segurança pela qual a maioria de nós
anseia".
Para Welch, faz parte do próprio aperfeiçoamento da liderança estar
pronto para viver com esse sentimento de receio e frio na barriga todo o
tempo. A dica dele é clara: não entre mais em pânico.
Ao invés disso,
considere se esse sentimento está te sobrecarregando demais. Não deixe.
Pense como algo positivo, tanto para você quanto para sua empresa. "Todo
mundo sabe que o excesso de confiança pode levar à arrogância e uma
espécie de "isso é como nós fazemos por aqui" - algo que leva à
inércia", diz. O frio na barriga, por outro lado, pode gerar aquela
"fome insaciável por novas idéias e busca por fazer as coisas melhores".
Uma fome que, segundo Welch, faz você lutar como poucos - e realmente
para ganhar.
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