Luísa Melo/Exame.com
Dafiti: controlador da varejista online levantou aporte de 150 milhões de euros para fechar negócio
São Paulo - De olho em novos públicos no mercado brasileiro, o GFG, controlador da Dafiti, comprou as lojas online Kanui, de materiais esportivos, e Tricae, de artigos infantis.
Para fechar o negócio, foi levantado um aporte de 150 milhões de euros (algo em torno de 515 milhões de reais), segundo o grupo.
A transação, porém, não deve trazer nenhuma alteração imediata para os
consumidores nem para os trabalhadores das três empresas.
"A pior coisa que podemos fazer agora é mudar tudo. A Kanui e a Tricae
têm fundadores fortes e equipes dedicadas para perfis segmentados e essa
é a razão do sucesso delas", diz Philipp Povel, presidente de operações
do GFG e co-fundador da Dafiti.
Segundo o executivo, a nova holding buscará sinergias por meio do
compartilhamento de "boas práticas". "Obviamente tentaremos unificar
alguma coisa, mas isso não significa que vamos cortar funcionários",
garante.
As empresas manterão suas marcas e presidentes atuais e continuarão a ter seus próprios centros de distribuição e SACs.
"Pessoas de uma companhia poderão acumular posições em outra e em algum
momento a plataforma deve ser unificada, mas os sites para o cliente
permanecerão independentes", afirma.
De acordo com ele, não há nenhuma intenção de unir os três e-commerces em um único endereço e nem de lançar lojas físicas da Kanui e da Tricae, nicho no qual a Dafiti se aventurou recentemente.
Com a aquisição,
o portfólio do GFG crescerá de 110.000 para 170.000 produtos
diferentes. Alguns deles, agora, poderão ser compartilhados pelas três
empresas. Ou seja: itens hoje vendidos pela Kanui, poderão ser
oferecidos também pela Dafiti, por exemplo.
"Mas isso vai ser estudado com muito detalhe, porque o posicionamento
das marcas é e continuará sendo diferente", explica Povel.
E o resultado?
Apesar de ter crescido 41% em faturamento em 2014 e mirar "um número agressivo" neste ano, a Dafiti ainda não lucra. Seu prejuízo líquido chegou a 223 milhões de reais no ano passado.
A compra da Tricae e da Kanui pelo seu controlador "teoricamente vai
acelerar" a busca por um resultado positivo, mas o objetivo da transação
não é esse, segundo Povel.
"Queremos ganhar relevância nessas outras categorias, que são muito
atrativas e têm uma margem para crescimento muito bom, principalmente no
segmento para crianças (área da Tricae)".
O executivo acredita que o GFG tem capacidade para operar as três
varejistas online ao mesmo tempo e que pode trazer melhorias para as
recém-adquiridas.
"Nosso negócio é de grande escala, temos uma estrutura complexa e cara,
uma máquina que funciona tanto para 10.000 pedidos quanto para
100.000", diz.
O GFG (Global Fashion Group) foi criado pelos fundos de investimento
Kinnevik e Rocket Internet em 2014 e já abarcava, além da brasileira
Dafiti, a Jabong, da Índia, Lamoda, da Rússia, Namshi, do Oriente Médio e
Zalora, da Ásia e Austrália.
O Rocket Internet, entretanto, já era sócio da Tricae e da Kanui. Com a aquisição das duas empresas, ele passa a ter uma participação de 21,9% no GFG, enquanto o Kinnevick fica com uma fatia de 25%.
Após a transação, o GFG terá cerca de 5 milhões de clientes na América
Latina e empregará aproximadamente 3.100 funcionários, 2.400 deles no
Brasil.
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