quinta-feira, 9 de junho de 2016

Por que a tensão está explícita na agenda dos executivos






Thinkstock/Dieter Meyrl
executivo olha para pilha de papéis
Executivo olha para pilha de papéis: menos inspiração e mais transpiração
 
 
 
 
São Paulo – “O ano de 2016 tem sido especialmente tenso para as lideranças das empresas com atuação no Brasil”, escreve Daniel Motta, presidente da consultoria BMI, no relatório da pesquisa anual C-Suite que traz os resultados de seis meses de entrevistas com mais de 100 executivos de algumas das principais grandes e médias empresas do Brasil.

Neste contexto de crise, o estudo revela quais são os principais desafios e impactos levados em consideração na maneira como presidentes, VPs, diretores e gerentes tomam suas decisões de negócios e como organizam suas agendas de trabalho. A pesquisa indica também que dia a dia e anseios andam em desarmonia.
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Estes são os maiores impactos na hora de decidir sobre os negócios:

 
Transparência na comunicação


As grandes operações da Polícia Federal de combate à corrupção e o maior controle do governo em relação ao cumprimento das obrigações fiscais das empresas lançam luz para um tradicional calcanhar de Aquiles do mundo corporativo: a comunicação.

“O desconforto causado pelas operações da PF trouxe como consequência a busca por mais transparência e estão todos preocupados com isso”, diz Motta. Segundo a pesquisa, 95% das empresas têm ações específicas de comunicação.
 

Conflito entre curto e longo prazo


O estudo indica a força do conflito entre curto e longo prazo e mostra que 78% das empresas precisam administrar esse problema, procurando o equilíbrio. Os executivos, explica Motta, enfrentam, com a crise, pressão maior dos acionistas, conselheiros e investidores para que o foco fique nos resultados imediatos.

“O que temos visto são executivos relatando que precisam entregar resultados de curto prazo para ter credibilidade perante conselho de administração e, aí sim, tratar de ações para longo prazo”, diz Motta.
 

Busca de significado e propósito


Grande parte das organizações já percebeu a importância de significado e propósito na vida dos profissionais e, por isso, comunicação e engajamento são desafios prioritários, segundo os executivos consultados.

“A busca de propósito tem sido um contra movimento importante para segurar o engajamento”, diz Motta. A pesquisa indica que 85% das empresas estimulam essa procura e a principal maneira é atraindo funcionários que tenham valores e propósitos parecidos com os da organização.
 

Experiência para os clientes


Esse também é um item que ganhou impacto na tomada de decisão dos líderes das empresas consultadas. Segundo o levantamento, 70% das empresas posicionam-se para melhorar as experiências de seus clientes.

Estudar, entender as suas necessidades e reforçar canais de relacionamento são as ações preponderantes nesse sentido. “É interessante notar como a preocupação com a jornada de cliente entra agora no jargão dos presidentes de empresa como alavanca de diferenciação diante da padronização generalizada de qualidade de serviço e tecnologia de produto”, diz Motta.
 

A agenda dos líderes (na prática)


Tendo em vista os quatro principais desafios identificados pelos líderes, como tem sido organizada a agenda de trabalho? É aí que se vê a dissonância entre o que eles querem fazer e o que estão, de fato, conseguindo.

A pesquisa mostra que a maioria dos executivos quer ser admirada, vista como exemplo para os funcionários. Eles também querem estar próximos da equipe e atuar de forma colaborativa e ainda desejam ser mentores catalisadores das mudanças. Mas, na prática sobra bem pouco tempo para isso.

O estudo divide a atuação dos executivos em liderança em execução (aquela que garante os resultados financeiros para a organização) e em pactuação (voltada para inspiração e engajamento das pessoas).

As ações ligadas à execução estão tomando muito mais tempo e respondem por 67,1% da agenda, enquanto atividades ligadas a promoção de engajamento, inspiração e fortalecimento de vínculos ficam com 32,5%.

O foco no curto prazo tem sido predominante diante de pressões crescentes dos acionistas para entrega de resultados. E isso impõe atenção demasiada na liderança tática, maquinista e feudal, com a mobilização como contraponto visualizando mais o longo prazo, diz o presidente da BMI.

“A distribuição de tempo entre a execução e a pactuação confirma que a aspiração dos executivos não se realiza hoje”, diz Daniel Motta. De acordo com ele, essa gestão mais imediatista é vista como necessária no contexto atual adverso.

Os diferentes papéis exercidos e o peso de cada um deles na agenda explicitam isso. Confira:
 

1. Papeis de execução
 
Tático:
 

Durante 22,5% do tempo, os líderes tomam decisões tempestivas e centralizadas e comandam, com pulso firme, planos de ação. Não há espaço para articulação política nesse papel. “A pressão por resultados é tão grande que presidentes, VPs e diretores estão atuando na linha de frente”, diz Motta.
 

Maquinista:
 

O papel de maquinista, ou seja, de tomar para si o protagonismo, determinar rumo, impor ritmo e velocidade aos processos toma 13,4% do tempo dos líderes. Mais um sinal do cenário atual de tensão, segundo Motta. “A liderança está preferindo sentar na locomotiva e conduzir o processo”, diz o presidente da BMI.
 

Feudal:
 

O estilo feudal de liderar é, segundo Motta, mais um expediente que tem sido utilizado para garantir os resultados de curto prazo tão cobrados por acionistas e conselheiros. O momento tem obrigado líderes a exercer seu poder por meio do aumento das equipes e do orçamento ainda que isso traga mais carga de tensão e desconfiança.
 

Tarefeiro:
 

Mais de 10% da agenda dos líderes (11,1%) está tomada com execução de processos e atividades. Como consequência, esses executivos mantêm a curva de desempenho atrelada ao seu envolvimento direto.
 

Conquistador:
 

Mais um papel diretamente relacionado ao curto prazo. A atuação conquistadora tem como objetivo definir ritmo de conquista de espaço com foco central na superação das metas de desempenho e, segundo a pesquisa, é exercida pelos líderes durante 6,7% do tempo.
 

2. Papeis de pactuação
 

Mobilizador:
 

É o papel mais frequente ligado à motivação e inspiração da equipe, um importante contraponto ao excesso de ações relacionadas à execução. A pesquisa indica que 14,6% da agenda é reservada para mobilizar pessoas para a busca da melhor forma de trabalho em conjunto, tendo em vista metas ambiciosas que mantenham a tensão criativa dentro da empresa.
 

Embaixador:
 

Propostas de desenvolvimento de longo prazo com metas compartilhadas respondem por 6,7% da agenda dos líderes, segundo o levantamento. Esse papel de “embaixador” é relacionado à promoção de um vínculo longevo de confiança.
 

Facilitador:
 

Apesar de a pesquisa indicar que 31% dos executivos entendem que ser um mentor e agente catalisador de mudanças é a forma mais adequada de despertar o melhor dos indivíduos e das equipes, o papel de facilitador é exercido só durante 5,6% do tempo.

Isso significa que uma pequena parcela da agenda é, de fato, dedicada para estimular nas equipes a busca por alternativas, facilitar a tomada de decisão, delegar responsabilidades e monitorar o desempenho. Em vez de delegar, fica claro que os líderes estão colocando a mão na massa e tomando para si a execução das tarefas.
 

Colaborativo:
 

Mais uma prova de que, na prática, os executivos não têm tempo para atuarem no que consideram, de fato, importante para um líder. Exercer influência colaborando em uma agenda transparente e demonstrar seu impacto na empresa a partir das relações e conexões são ações que tomam somente 3,4% do tempo.
 

Orquestrador:
 

É o papel de liderança que recebe a menor dedicação, confessaram os executivos entrevistados pela BMI. Eles passam somente 2,2% do tempo buscando o máximo potencial de cada pessoa e, assim, dar mais autonomia às equipes para atuar com desempenho coletivo e meritocracia individual.


Fazenda reduz carência para dívida dos estados





Adriano Machado
Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, dia 24/05/2016
Fazenda: os estados não pagariam nada no primeiro mês de carência, mas teriam o desconto reduzido em 5,55 pontos percentuais a cada mês


O Ministério da Fazenda apresentou hoje (9) aos representantes dos estados uma contraproposta que muda o período de carência do pagamento das parcelas da dívida dos estados com a União.

Com a contraproposta, o prazo de carência das prestações cai de 24 meses para 18 meses, com descontos escalonados. À saída do encontro, secretários de Fazenda disseram-se insatisfeitos com a proposta da equipe econômica.
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Pela proposta, os estados não pagariam nada no primeiro mês de carência, mas teriam o desconto reduzido em 5,55 pontos percentuais a cada mês.

No 19º mês, eles voltariam a pagar o valor integral das parcelas. A primeira proposta do governo previa um desconto de 40% na parcela da dívida por 24 meses e custaria R$ 26 bilhões para a União.

Segundo a Fazenda, a nova proposta terá impacto estimado de R$ 28 bilhões para o governo federal. A reunião ocorreu no Ministério da Fazenda, em Brasília, com a nova secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, Eduardo Guardia, que será nomeado para o cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda na próxima semana, no lugar de Tarcísio Godoy, também participou do encontro.

“Os estados queriam 24 meses com desconto de 100% da prestação. Eles reescalonaram essa proposta em 18 meses, começando com desconto de 100% e redução de [cerca de] 5 pontos percentuais até o 18º mês. O governo federal também disse que não dará desconto das dívidas questionadas por ações no Supremo Tribunal Federal (STF). Isso frustrou todos os estados obviamente”, disse o secretário de Fazenda de Santa Catarina, Antonio Gavazzoni.

De acordo com o secretário, no conjunto da obra, “os estados ficam satisfeitos com o posicionamento do Ministério da Fazenda e a franqueza da equipe econômica”.

No entanto, destacou Gavazzoni, as ações sobre a mudança na cobrança de juros compostos para simples continuarão no Supremo.

No fim de abril, o STF deu 60 dias para que Estados e União cheguem a um entendimento sobre a disputa judicial no tribunal sobre a cobrança de juros simples ou compostos sobre esses débitos.

“O prazo de suspensão termina nos próximos 15 a 20 dias. Os estados já começam a se articular para ir ao STF e defender seus argumentos e se preparar para o julgamento de mérito. Antes disso, haverá uma reunião do presidente da República com os governadores. Talvez isso possa sensibilizar o governo federal a mudar a proposta”, disse Gavazzoni.


George Soros alerta para colapso da UE em caso de "Brexit"





Getty Images
Magnata húngaro George Soros
George Soros: "Se o Reino Unido sair, isso poderia desencadear em um êxodo geral e a dissolução da União Europeia passará a ser praticamente inevitável"


Washington - Dono de uma fortuna de US$ 24 bilhões, o megainvestidor George Soros disse nesta quinta-feira que há boa chance de a União Europeia (UE) entrar em colapso caso o Reino Unido opte por deixar o bloco (ação conhecida como "Brexit"), além de uma crise imigratória e desafios com a Grécia.

"Se o Reino Unido sair, isso poderia desencadear em um êxodo geral e a dissolução da União Europeia passará a ser praticamente inevitável", disse ele.
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Ainda assim, Soros disse que a força recente na libra britânica é um sinal de que uma votação pela saída da UE é menos provável.

"Os mercados nem sempre têm razão, mas neste caso eu concordo com eles", disse o investidor em uma entrevista ao The Wall Street Journal.

O bilionário de 85 anos, dono de um fundo que administra cerca de US$ 30 bilhões, também mostrou preocupação e ceticismo em relação à economia chinesa.

"A China continua a sofrer com a fuga de capitais e tem esgotado suas reservas em moeda estrangeira, enquanto outros países asiáticos têm acumulado moeda estrangeira", disse Soros.

"A China está enfrentando um conflito interno dentro de sua liderança política e durante o próximo ano isso irá dificultar a sua capacidade de lidar com questões financeiras", destacou.

Soros teme que novos problemas surgirão na China, em parte porque o país não parece disposto a abraçar um sistema político transparente que ele afirma ser necessário para aprovar reformas econômicas duradouras.

Pequim iniciou reformas no ano passado, mas voltou atrás em alguns esforços em meio a mercados turbulentos.

Alguns investidores estão começando a antecipar o aumento da inflação em meio a ganhos salariais recentes nos EUA, mas Soros disse que está mais preocupado que a fraqueza continue na China e exerça uma pressão deflacionária - uma espiral prejudicial de queda dos salários e preços - sobre os EUA e economias globais.

Fonte: Dow Jones Newswires.

Curitiba recebe projeto de luxo da KSM Realty




Gestora do Banco Modal lança condomínio de R$ 127 milhões

Da Redação

redacao@amanha.com.br



Será em Curitiba o primeiro projeto residencial da gestora de recursos KSM Realty, braço imobiliário do Banco Modal. Neste mês, a companhia lança na capital paranaense, em parceria com a incorporadora local AG7 Realty, o Ícaro Jardins do Graciosa, condomínio de luxo com Valor Geral de Vendas [soma do valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento] de R$ 127 milhões. O preço médio por metro quadrado será de R$ 12,5 mil. O preço inicial dos apartamentos varia de R$ 4 milhões a R$ 11,5 milhões.

Localizado em bairro nobre, o projeto utiliza o conceito de casas suspensas, com cada unidade ocupando um andar. Serão três torres com o total de 21 unidades. A expectativa é que pelo menos 50% do Ícaro seja vendido nos próximos seis meses. A KSM Realty é detentora de 65% do projeto no qual atuará como co-incorporadora e gestora. Esse é o primeiro lançamento do fundo residencial de R$ 100 milhões da KSM, criada há pouco mais de dois anos. Para além do terreno e do desenvolvimento do projeto em Curitiba, o recurso está destinado para a compra de mais quatro terrenos (três em São Paulo e um no Rio de Janeiro). A unidade paranaense foi comprada por R$ 14 milhões, ainda em setembro de 2014. 

Nos próximos dois meses, a KSM Realty planeja iniciar a captação de US$ 200 milhões, junto a investidores americanos, para outro fundo residencial, focado em empreendimentos "long stay" (serviços destinados a hospedagem por períodos mais longos). A intenção é lançar de seis a dez prédios no mesmo formato em São Paulo. Além do Banco Modal, a KSM tem como sócios Oscar Segall, Raul Amorim de Souza, Jorge Felipe Lemann, João Amorim de Souza Neto, Carlos Eduardo Malagoni e Carolina Burg.



quarta-feira, 8 de junho de 2016

Investidores estrangeiros apostam na recuperação do país






Bloomberg News
bandeira do brasil
Bandeira do Brasil: demanda por análises de integridade e risco político, investigações e diligência prévia para fusões e aquisições aumentou de forma significativa


Geert Aalbers, diretor sênior e chefe da Control Risks no Brasil, parece estar no lugar certo, na hora certa. A consultoria global de risco, que opera no país há cerca de 20 anos, registra crescimento substancial desde o ano passado.

Sem antecipar os números, Aalbers diz que 2016 será o melhor ano da companhia no Brasil. Com a crise política e o escândalo da Petrobras, a demanda por análises de integridade e risco político, investigações e diligência prévia para fusões e aquisições aumentou de forma significativa.
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“Estamos vendo um grande interesse de investidores internacionais, fundos de private equity, fundos de pensão, grandes conglomerados, todos tentando compreender o cenário e buscando boas oportunidades para colocar os pés na América Latina”, diz.

Os ativos brasileiros se tornaram tão baratos que alguns analistas chegaram a qualificar o Brasil, junto com outros mercados emergentes, como o negócio desta década. A moeda brasileira se desvalorizou de forma significativa em relação ao dólar em 2015 e apesar da recuperação vista nos primeiros meses deste ano ainda está no menor valor desde 2003.

Com a recessão e a desvalorização do real, as companhias brasileiras nunca estiveram tão baratas. Muitas delas, afetadas pela crise e pelo escândalo de corrupção na Petrobras, estão vendendo boa parte de seus ativos. É o caso do BTG Pactual, maior banco de investimento independente da América Latina.

Desde que o fundador e CEO do banco, André Esteves, foi preso sob a acusação de tentar atrapalhar as investigações do esquema de corrupção, o BTG se desfez de ativos importantes, como o controle do banco suíço BSI e ações na Rede D'Or São Luiz, a maior rede de hospitais privados do país.

De acordo com relatório da área de inteligência da Thomson Reuters, o banco atuou em dez negociações apenas no primeiro trimestre deste ano, totalizando US$ 2,779 bilhões.

A Petrobras, com uma dívida que supera os US$ 130 bilhões, também planeja vender US$ 15 bilhões em ativos até o fim do ano.

Robert Abad, fundador da consultoria em mercados emergentes EM+BRACE, baseada na Califórnia, diz que o Brasil ainda é uma das nações mais promissoras da América Latina. “Há uma filosofia que todo investidor em mercados emergentes precisa ter. Se o país tem uma boa base, se houve progresso ao longo dos anos, então quando uma crise dessas acontece é o momento certo para investir”, diz.

Dados da plataforma financeira Dealogic mostram que o número total de fusões e aquisições no Brasil atingiu US$ 22,59 bilhões no último trimestre de 2015, o melhor quarto trimestre desde 2013 e o terceiro melhor desde que os dados começaram a ser registrados, em 1995.

Outro relatório, da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), apontou que o número de fusões e aquisições no Brasil em 2015 diminuiu 16% quando comparado com o ano anterior.

Mas, se consideradas apenas as negociações fechadas por investidores estrangeiros no país, o número sobe 1%, de 338 em 2014 para 342 em 2015. Pela primeira vez, desde que o relatório começou a ser feito, mais acordos foram firmados por investidores de outros países do que por brasileiros.

A consultoria Control Risks vê oportunidades em uma série de setores, como infraestrutura, energias renováveis, serviços, saúde e educação. “O Brasil é um país imenso, com grandes necessidades em áreas básicas, como infraestrutura. O novo ciclo de desenvolvimento vai exigir investimentos e o governo vai trabalhar para melhorar os incentivos e o retorno para os investidores”, afirma Aalbers.

Depois de atingir, em janeiro, o menor valor desde 2008, o Índice Bovespa, principal indicador da bolsa de valores de São Paulo, teve alta de mais de 23% nos primeiros meses deste ano, e se tornou um dos investimentos com a melhor performance do mundo em 2016.

A alta foi influenciada pelo avanço do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, já que o fim do impasse político é visto pelos investidores como um importante passo rumo à retomada do crescimento da economia.

Caio Mesquita, fundador da consultoria independente de investimentos Empiricus, diz que o mercado deve continuar a reagir positivamente à mudança de governo. “O que vai acontecer daqui pra frente depende muito do tipo de governo que será formado, mas, de qualquer forma, se você tem uma visão de longo prazo, é um bom momento para investir no Brasil.”

Aalbers, da Control Risks, vive no Brasil há 18 anos e diz que há duas maneiras de olhar para o país. “O primeiro é com euforia, como vimos durante o boom do país. O segundo, é com realismo. Os riscos e custos de fazer negócios no Brasil são altos e continuarão sendo pelo menos por um tempo. Os investidores que estiverem preparados para entender o cenário e absorver esses custos, terão sucesso.”

Meirelles diz que governo busca crescimento sustentável






Ueslei Marcelino / Reuters
Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, dia 08/06/2016
Henrique Meirelles: o ministro admitiu que o Brasil vive a crise econômica mais “intensa” de sua história


O Brasil está vendo hoje um novo discurso e uma nova direção que pretende alterar o curso da economia brasileira, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao discursar nesta quarta-feira (8) para empresários no Palácio do Planalto.

Meirelles acompanhou o presidente interino, Michel Temer, que se reuniu com mais de 100 representantes do setor para ouvir sugestões a fim de solucionar a crise econômica.
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“Os senhores ouvem hoje um novo discurso, uma nova direção, que pretende alterar o curso da economia para termos crescimento, mais oportunidade, maior produtividade, emprego e renda. São intenções declaradas por todos os governos, mas este está tomando medidas concretas, avaliando a crise e buscando um crescimento sustentável para o Brasil nas próximas décadas”, destacou.

Meirelles admitiu que o Brasil vive a crise econômica mais “intensa” de sua história. Não será surpresa se o Produto Interno Bruto (PIB), [a soma de todas as riquezas], for o menor desde o “início do século 20”.

Mas destacou que, após a aprovação de medidas propostas pelo governo ao Congresso Nacional, será possível retomar o crescimento nos próximos trimestres. Disse, ainda, que é cauteloso e prefere “a máxima de prometer menos e entregar mais”.
 

Crise intensa


“Estamos vivendo a crise mais intensa da história do Brasil. Vamos esperar, mas não será surpresa se contração deste ano for a mais intensa desde que PIB começou a ser medido no início do século 20. É uma crise que gerou 11 milhões de desempregados. Temos que reverter esse processo”, disse.

O ministro enfatizou que o número de desempregados no país é similar à população de Cuba. “Temos que reverter este processo”, afirmou.

Henrique Meirelles disse, ainda, que diagnósticos equivocadas no passado levaram a economia à atual situação e a equipe econômica tem trabalhado para mudar a situação que levou a erros causando consequências graves à economia, como a intervenção em preços e medidas que inibiram os investimentos.
 

Gastos limitados


O ministro criticou também o crescimento da dívida pública nos últimos anos. Uma das medidas do governo para reverter essa situação é a de limitar os gastos públicos, iniciativa já anunciada pelo presidente interino Michel Temer.

E, mais uma vez, voltou a dizer que a falta de clareza e o endividamento no atual patamar levaram a uma falta de confiança dos investidores.

O ministro da Fazenda prometeu a continuidade das medidas econômicas e disse o trabalho da equipe para recuperar a economia é intenso, “dia e noite”.

Citou, ainda, o esforçou para resolver as mudanças na Previdência Social e sanar o déficit do setor. Ao encerrar o discurso, ele conclamou os empresários ao trabalho: “Vamos trabalhar e sucesso a todos”.


Recessão amplia necessidade de capital da Caixa, diz Moody's






Lia Lubambo/EXAME
2 - Caixa Econômica Federal
Caixa: os analistas da Moody's afirmaram que a injeção de capital não deve exceder 0,3% do PIB ou 1% das receitas do governo
 
Flavia Alemi, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A agência de classificação de risco Moody's afirmou em relatório divulgado nesta quarta-feira, 8, que a Caixa Econômica Federal pode precisar de apoio do governo caso não consiga vender ativos ou reduzir dividendos.

E, segundo a agência, é mais provável que esse apoio venha na forma de tolerância regulatória do que como injeção de capital, já que o governo convive com um enorme déficit fiscal.
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No entanto, caso uma injeção de capital seja necessária, os analistas da Moody's afirmaram que o montante requerido não deve exceder 0,3% do PIB ou 1% das receitas do governo, e que este poderia arcar com tal demanda apesar de sua situação fiscal.

O panorama montado pela agência sobre a situação da Caixa ressalta o aumento dos gastos com provisões, decorrente de uma combinação entre crescente inadimplência e desaceleração do volume de negócios. Segundo a Moody's, isso resultou no consumo total das receitas antes das provisões desde 2015.

Além disso, na visão da agência, a Caixa é mais sensível à recessão econômica que outros grandes bancos brasileiros, uma vez que seu enfoque está na concessão de crédito para setores em que a capacidade de honrar a dívida está intimamente ligada ao aumento do desemprego e à inflação.

"Historicamente, o foco da Caixa em classes de empréstimos com garantia como crédito imobiliário e consignado ajudou a entidade a manter taxas de inadimplência abaixo da média do sistema, mas a forte expansão em carteiras não tradicionais para o banco expuseram a instituição a classes de ativos de maior risco", afirmou Ceres Lisboa, vice-presidente sênior da Moody's.

"Esperamos que a atual recessão resultará em aumento das provisões para o banco."