sexta-feira, 31 de março de 2017

A dinâmica da economia chinesa em 2017




A China tem apresentado um crescimento econômico formidável nas últimas décadas, mesmo durante a crise econômica  de 2008. Apesar de 2016 ter sido o ano com o menor crescimento em 26 anos, as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) dizem que os chineses terão um papel crucial para a recuperação econômica mundial. Segundo Zhang Tao, diretor de gestão do FMI, não obstante o crescimento de apenas 6,7% em 2016, o crescimento cada vez mais sustentável da economia chinesa beneficiará o mundo todo.

Economia chinesa


A economia chinesa e os BRICS

O ministro de finanças chinês, Xiao Jie, recentemente afirmou que a China planeja aumentar a cooperação financeira com os países dos BRICS, bloco formado por Brasil,Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo o ministro, os países do bloco estão comprometidos a manter uma colaboração constante no setor financeiro, além de trabalhar em conjunto para o crescimento das economias do bloco e também da economia mundial. Xiao Jie também enfatizou as conquistas do bloco nesse setor, como o Novo Banco de Desenvolvimento e o Arranjo de Reserva Contingente, todos eles fundamentais para manter o ritmo de crescimento da economia chinesa.


Economia chinesa


Para o ano de 2017, a China tem como meta promover mais os mecanismos de cooperação já existentes dos BRICS. Ademais, o país tem a intenção de trabalhar também nos campos de parcerias público-privadas, na parte de reforçar a convergência das normas contabilísticas em matéria de emissão de obrigações e auditorias conexas, além da área fiscal, numa tentativa de elevar a atual cooperação financeira a um novo nível. O diretor do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, disse que os países dos BRICS irão trabalhar para reforçar ainda mais as parcerias entre os países do G-20, bloco das 20 economias mais desenvolvidas do mundo, principalmente na área de financiamento “verde”.

Embora haja o desaquecimento da economia chinesa, de acordo com estudos da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), há fortes indícios de que os chineses estão se adaptando ao novo cenário econômico mundial. Um exemplo que demonstra claramente quais são as novas diretrizes do crescimento industrial chinês é o mercado de produção e venda de bicicletas. A China é mundialmente conhecida por ser o “reino das bicicletas”, visto que esse é o meio de transporte mais popular no país. Todavia, uma fatia cada vez maior desse mercado está sendo preenchido por bicicletas cheias de tecnologia e com menor impacto ambiental. O que o mercado das bicicletas na China aponta para o mundo é que cada vez mais os chineses estão se movendo para um novo modelo de crescimento, o qual inclui a tecnologia da Internet, um vasto mercado, e a sustentabilidade ambiental.

O novo modelo de crescimento da economia chinesa


Esse novo modelo de crescimento tem trazido resultados vantajosos à China e às grandes empresas que trabalham com alta tecnologia. A Tesla, fabricante de carros elétricos, por exemplo, teve suas vendas duplicadas desde que a companhia veio para o país asiático, sendo que os chineses são os principais compradores de seus produtos. A Apple planeja abrir duas novas fábricas em Shanghai e Suzhou, demonstrando a confiança que as empresas têm no crescimento econômico da China.
 
O presidente do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AAIB, em inglês), Jin Liqun, defende que a globalização do comércio mundial traz muitos benefícios para os chineses. Assim sendo, a economia chinesa colherá muitos benefícios se promover ainda mais a abertura de seu mercado para o exterior.


Por Victor Fumoto, diretamente de Marília, SP, Brasil
Fontes: CCTV, China Daily

quinta-feira, 30 de março de 2017

Advogado do Mossack Fonseca afirma que negócio offshore caiu 40%


Em 2015 foram criadas 26.865 sociedades anônimas no país, enquanto em 2016 o número diminuiu até 18.593

 






Cidade do Panamá – O negócio das sociedades offshore no Panamá sofreu um diminuição de 40% no último ano e o principal beneficiado dessa queda é Miami, afirmou nesta quinta-feira a defesa do escritório Mossack Fonseca, epicentro do escândalo dos Panama Papers.

“A indústria está sendo seriamente afetada pelos ataques que o país está sofrendo de organizações internacionais que, como dissemos uma e mil vezes, o que querem realmente é o mercado que nós temos”, disse o advogado Jorge Hernán Rubio, da equipe de defesa do escritório panamenho.

Rubio denunciou em entrevista coletiva que o centro financeiro de Miami está se aproveitando do fato que “estejam matando a galinha dos ovos de ouro do Panamá”, e que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) não exige os mesmos padrões de transparência a todos os países, já que os Estados Unidos e Reino Unido “fazem o mesmo que o Panamá faz, ou mais”.

Em 2015 foram criadas 26.865 sociedades anônimas no país, enquanto em 2016 o número diminuiu até 18.593, segundo dados do Cartório Público divulgados hoje pelo jornal “La Estrella de Panamá”.

Na próxima segunda-feira se completa um ano desde que uma centena de veículos de comunicação revelaram que personalidades de todo o mundo contrataram os serviços do Mossack Fonseca para criar sociedades offshore em diferentes paraísos fiscais e supostamente sonegar impostos.

O escândalo do Panama Papers suscitou um vendaval de críticas contra o país e sua primeira consequência foi a decisão da França de voltar a incluir a nação centro-americana em sua lista de paraísos fiscais.

O advogado declarou que um dos principais “afetados” pela queda do negócio de serviços financeiros offshore é o próprio Mossack Fonseca, cujos sócios principais, Ramón Fonseca Mora e Jürgen Mossack, se encontram detidos provisoriamente por seu envolvimento em casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.

“Um efeito do que está acontecendo é a morte civil da firma Mossack Fonseca (…) Apesar de seus donos estarem detidos, a empresa seguiu funcionando, mas de forma reduzida, e teve que liquidar uma grande quantidade de pessoal”, detalhou Rubio, que acaba de se incorporar à equipe de defesa do escritório.

O Ministério Público do Panamá acusou no último dia 9 de fevereiro os dois sócios do escritório e dois funcionários, Edison Teano e María Mercedes Riaño, de integrarem uma “organização criminosa” que ajudava a lavar dinheiro através de sociedades offshore investigadas pela Lava Jato.

“No espelho de Mossack Fonseca devemos nos ver todos os advogados que, em um determinado momento, vendemos sociedades anônimas”, comentou Rubio, que voltou a denunciar que a detenção provisória decretada contra seus clientes não está justificada porque, em sua opinião, não existe risco de fuga ou de destruição de provas. 

Airbus tem 62 encomendas de aviões junto a aéreas do Brasil


Segundo o presidente da empresa na América Latina, a demanda doméstica por voos vai ter uma expansão média anual de 4,8% até 2035

 





Rio de Janeiro – A fabricante europeia de aviões Airbus tem encomendas de ao menos 62 aeronaves junto a companhias aéreas brasileiras para serem entregues nos próximos cinco a oito anos, afirmou nesta quarta-feira o presidente da empresa para América Latina, Raphael Alonso.

Segundo ele, a demanda doméstica por voos vai ter uma expansão média anual de 4,8 por cento até 2035, ante a média mundial estimada em 4,5 por cento.

“O Brasil vem de crise econômica e vemos a luz no fim do túnel e crescimento potencial”, disse o executivo.

“As economias que estão emergindo e quem têm população maior terão maior movimento (…) Estamos vindo de um período difícil e vamos para céu de brigadeiro”, acrescentou.

A expectativa da Airbus é de um aumento no índice de voos no Brasil nos próximos anos, saindo de um indicador de 0,5 per capita em 2015 para 1,1 per capita em 2035. Nos Estados Unidos, o índice é de 4 per capita.

Alonso afirmou que mais 825 aeronaves serão adicionadas à frota brasileira para atender a demanda local até 2035. No ano passado, a frota comercial era de 686 aeronaves.

A Airbus tem como objetivo capturar uma participação de mercado de cerca de 60 por cento até a data, disse o executivo.

A fabricante europeia estima que entre 2016 e 2035 a América Latina precisará de 2.570 novas aeronaves de passageiros e carga, incluindo 2.030 de corredor único e 540 de corredor duplo, com valor estimado em 350 bilhões de dólares.

Os clientes atuais da Airbus no Brasil incluem as companhias áreas Latam, Azul e Avianca.

JBS dará férias coletivas de 20 dias para 10 unidades de abate de bovinos



JBS dará férias coletivas de 20 dias para 10 unidades de abate de bovinos


JBS dará férias coletivas de 20 dias para 10 unidades de abate de bovinos 

 A JBS vai dar férias coletivas aos funcionários de dez de suas 36 unidades de abate bovinos no Brasil, a partir da próxima segunda-feira, para ajustar a capacidade da empresa às restrições impostas ao setor, impactado pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

De acordo com comunicado da maior processadora de carne bovina do mundo, o período de férias será de 20 dias, que podem ser prorrogados por mais dez se necessário.

"A medida é necessária em virtude dos embargos temporários impostos à carne brasileira pelos principais países importadores, assim como pela retração nas vendas de carne bovina no mercado interno nos últimos dez dias", disse a JBS.

Próximo do fechamento, as ações da JBS caíam 0,76 por cento, cotadas a 10,47 reais, enquanto o Ibovespa subia 1,3 por cento.

As unidades da JBS que terão férias coletivas estão localizada nos Estados de Mato Grosso (4), Mato Grosso do Sul (3), São Paulo (1), Goiás (1) e Pará (1).

A JBS não informou a representatividade dessas plantas em sua produção total.

Dados na apresentação dos resultados de 2016 mostraram que a unidade JBS Mercosul abateu 40.600 bovinos por dia, sendo que, desse total, 89 por cento foram no Brasil, equivalente a cerca de 36 mil por dia. De acordo com cálculo da Reuters, a paralisação em 10 unidades pode --levando em consideração a produção média e não as particularidades de cada planta-- pode reduzir o abate em cerca de 10 mil unidades por dia, totalizando uma queda de 200 mil bois abatidos no período de 20 dias de vigência das férias.

Nesta quarta-feira, a empresa disse ser "imprescindível ajustar os volumes de produção para normalizar os níveis de estoques de produtos destinados ao mercado interno, assim como reescalonar a programação de embarques de produtos para os clientes do mercado externo que ficaram represados durante esse período, de forma a não sobrecarregar os sistemas de recebimento e estocagem dos mesmos".

A JBS anunciou na semana passada a suspensão por três dias da produção de carne bovina em 33 de suas 36 unidades no país e a redução na sua capacidade produtiva desde o começo desta semana, enquanto monitorava os desdobramentos das restrições à carne do Brasil por vários mercados consumidores. A empresa disse que operaria em todas as suas unidades de carne bovina com uma redução de 35 por cento da sua capacidade produtiva.

Desde então, China e Hong Kong, entre outros importantes mercados, retiraram bloqueios para a importação de carne brasileira.

As suspensões ocorreram após operação Carne Fraca da Polícia Federal, deflagrada no último dia 17, que investiga supostas propinas pagas para venda de produtos sem inspeção em dezenas de frigoríficos brasileiros.

A JBS reiterou nesta quarta-feira que está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil funcionários no Brasil.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), contudo, disse estar preocupada com o anúncio sem a garantia da manutenção do emprego quanto ao retorno às atividades e cobrou intervenção do governo.
 
Em nota, a entidade disse estar atenta "a qualquer tentativa de ameaça de demissões" e preparada para contestar e cobrar responsabilidades, por meio de manifestações, ações judiciais e denúncias internacionais (Reuters, 29/3/17)

 
CNTA Afins manifesta preocupação com férias coletivas em unidades da JBS


A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) divulgou, nesta quarta-feira, 29, comunicado em que manifesta preocupação com o anúncio de férias coletivas em dez unidades de abates de bovinos da JBS na manhã desta quarta-feira. Em comunicado divulgado hoje, a JBS afirmou que "está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil".

A CNTA afirmou que, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado realizada nesta terça-feira (28), sobre os impactos da Operação Carne Fraca, apresentou uma proposta de criação de um compromisso público-privado pela manutenção dos empregos no setor, com pelo menos seis meses de duração. "O governo deve intervir junto aos frigoríficos, principalmente, aqueles ligados à JBS, que foram financiados com verba pública e, inclusive, contam com participação acionária do BNDES", disse o sindicato em nota.
 
"Estamos atentos a qualquer tentativa de ameaça de demissões e preparados para contestar e cobrar, por meio de manifestações, ações judiciais e denúncias internacionais, as responsabilidades das empresas e do governo", completou a CNTA Afins (Agência Estado, 29/3/17)

Brasil ficou em posição muito difícil e complicada, diz Maggi

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reafirmou nesta quarta-feira, 29, durante cerimônia de assinatura do novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), que o setor exportador de carne bovina brasileira ficou "muito ameaçado" e em "posição muito difícil e complicada" após a Operação Carne Fraca. Maggi lembrou que, logo após a ação ser deflagrada, o presidente Michel Temer (PMDB) avaliou que a "situação era de emergência e que o fechamento de mercados seria danoso".

Para o ministro, apesar de a preocupação inicial ser salvar o mercado externo, o mercado interno não foi deixado de lado. Maggi reafirmou ainda que, apesar de a reabertura de mercados ser uma ação política dos países compradores, a reconquista (econômica) desses mercados será outra luta. "Acho que vencemos boa parte da batalha, mas outra é reconquista de mercados", concluiu Maggi (Agência Estado, 29/3/17)


Sobe para 7 número de mercados que revisaram bloqueio total à carne


Balanço divulgado nesta quarta-feira, 29, mostra que subiu de 6 para 7 o número de mercados que revisaram suas medidas de bloqueio total à carne brasileira. Em comparação com ontem, a lista dos mercados reabertos foi acrescida do Irã.

Até ontem, a pasta dizia que o Irã havia apenas pedido informações adicionais. Hoje, porém, foi informado que as importações estavam suspensas mediante paralisação do desembaraço aduaneiro. Essa medida foi revisada e o mercado foi reaberto hoje.

Assim, a lista de mercados reabertos passou a ser: Hong Kong, China, Chile, Egito, Coreia do Sul, Barbados e Irã. Outros 10 mercados limitaram, desde o início da crise, a suspensão aos 21 frigoríficos investigados na operação. São eles: Japão, África do Sul, União Europeia, Suíça, Arábia Saudita, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Vietnã, Peru e Bahrein. A União Europeia pode endurecer sua posição, conforme informou mais cedo o comissário europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis.

Hoje, mais um país anunciou bloqueio total à carne brasileira: Belize. O país também está promovendo um recall de produtos no mercado interno. Assim, são 14 os países com suspensão total: Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Catar, México, Bahamas, São Vicente e Granadinas, Granada, São Cristóvão e Névis, Marrocos, Zimbábue, Santa Lúcia e Belize. Segundo dados da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec), eles compram menos de 2% da produção exportada.

Outros quatro mercados apenas reforçaram a fiscalização sanitária na entrada. São eles: Estados Unidos, Malásia, Argentina e Benin.

Pelo balanço da Agricultura, Rússia apenas pediu informações adicionais. O país cassou os certificados de exportação de dois frigoríficos, o JBS de Mineiros e o JJZ, de Goiás. Esses, porém, estão na lista dos 21 investigados e por isso já estavam impedidos de exportar pelo governo brasileiro. Outro país que pediu informações adicionais foi Israel (Agência Estado, 29/3/17)

Laboratório de biossegurança para pecuária será inaugurado nesta 5ª feira

Será inaugurado às 14 horas desta quinta-feira (30), em Campo Grande (MS), o Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária (Biopec), considerado o mais moderno para pesquisa em segurança e qualidade da carne da América Latina. Está prevista a presença do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, e do governador do Estado, Reinaldo Azambuja.

 As instalações, que demandaram investimento de R$ 10 milhões, ficam na Embrapa Gado de Corte e são a primeira estrutura do Brasil de laboratórios de alto nível de biossegurança para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em bovinos, aves e suínos, podendo também ser utilizado em outras cadeias produtivas de carne.

 Em nota, a Embrapa destacou que a unidade aumenta a capacidade do Brasil de garantir a qualidade sanitária dos rebanhos, tema que ficou em evidência após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. De acordo com o chefe geral da Embrapa Gado de Corte, Cleber Soares, "com o Biopec o Brasil muda de estágio no desenvolvimento de um conjunto significativo de pesquisas em pecuária".

 O Biopec está configurado para trabalhar com patógenos de animais, mas pode atender micro-organismos agrícolas. Também será possível estudar em um mesmo laboratório bactérias causadoras de tuberculose bovina, botulismo, antrax, salmonelose e de intoxicações alimentares. A área total do Biopec é de aproximadamente mil metros quadrados.

 A previsão é de que comece a funcionar em abril, com início de operação pelas salas de apoio, onde há infraestrutura em biologia molecular e para operações de suporte. Logo depois começa o funcionamento dos laboratórios dos níveis mais avançados e o biotério de experimentação (Agência Estado, 29/3/17)

Chega ao Brasil casco de plataforma que atuará no pré-sal em 2018


Casco do navio-plataforma P-69 da Petrobras chegou ao país para a conclusão das obras no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ)

 





São Paulo – O casco do navio-plataforma P-69, com início de produção no pré-sal previsto para 2018, chegou ao Brasil nesta semana para a conclusão das obras no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), informou a Petrobras nesta quinta-feira.

O FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás) será instalado no campo de Lula, módulo de Lula Extremo Sul, na Bacia de Santos.

O bloco é operado pela Petrobras (65 por cento) em parceria com a BG E&P Brasil, companhia subsidiária da Royal Dutch Shell (25 por cento), e a Petrogal Brasil (10 por cento).

A plataforma terá capacidade de processamento diário de 150 mil barris de óleo e de 6 milhões de metros cúbicos de gás. Além disso, conta com estrutura capaz de estocar 1,6 milhão de barris de óleo e deverá atuar em profundidade d’água de 2.200 metros, segundo nota da Petrobras.

No estaleiro, será feita a instalação dos módulos sobre o casco, a interligação de todos os equipamentos da plataforma e o comissionamento dos sistemas operacionais –conjunto de testes para verificar se os sistemas estão de acordo o projetado.

O casco, que tem 288 metros de comprimento, 54 metros de largura (boca) e 31,5 metros de altura (altura do fundo dos tanques até o convés principal), veio do estaleiro Cosco, em Zhoushan, na China, onde foi construído.

Esta varejista cresceu 20 vezes em cinco anos – como?


Como a varejista de produtos odontológicos Dental Cremer deixou de ser uma divisão de negócios deficitária para se tornar independente e crescer muito

 





São Paulo — Em tempos de crise, boa parte das empresas busca a sobrevivência. Oportunidades de crescimento acelerado resistem em poucos nichos, como segmentos pulverizados em que ainda é possível consolidar a participação de mercado. Foi nessa trilha que se formaram — e continuaram ganhando corpo — líderes de setores como o de educação, caso da Kroton, e o de farmácias, como a Raia Drogasil. A trajetória da Dental Cremer inclui nesse fenômeno um setor bem menos conhecido e pouco charmoso — o de varejo de produtos odontológicos.

Com faturamento de 530 milhões de reais em 2016, a companhia tem uma escala bem menor em relação à das outras empresas citadas — que faturam alguns bilhões de reais. Mas seu caso chama a atenção pelo salto. Nos últimos cinco anos, as vendas da Dental Cremer cresceram 20 vezes. O número de clientes subiu de 15 000 para 84 000. O portfólio aumentou de 1 800 para 38 000 itens — de folhas de ofício e cartucho para impressora a pacotes de viagens para congressos, além de suprimentos e equipamentos especializados. 

Hoje, a companhia detém uma participação de mercado de 30% entre mais de 1 000 concorrentes. 

“Nenhuma outra empresa do setor vende tanta coisa para tantos clientes como nós”, diz Paulo Batista, sócio e presidente da Dental Cremer, com sede em Blumenau, em Santa Catarina.

É curioso notar que, até 2011, a distribuidora era uma divisão quase invisível da fabricante de produtos médicos Cremer. O faturamento de 28 milhões de reais representava apenas 6% das receitas totais da companhia, que vende produtos como esparadrapos e luvas cirúrgicas a redes de farmácias e hospitais. O negócio vinha dando prejuízo e era visto como uma distração para os vendedores, que se desdobravam em segmentos muito diferentes. Levou dois anos para que a gestora de recursos Tarpon, desde 2009 no comando da empresa (cujo controle até então era pulverizado), decidisse vendê-la.

Mas, antes, seria preciso torná-la mais atraente. Para isso, Batista foi contratado e tornou-se sócio minoritário da nova empresa. Aos 27 anos, ele assumiu a presidência em novembro de 2011 como dono de 10% das ações. “Montei o projeto de separação da empresa e coloquei a sociedade como condição”, afirma Batista, advogado que fez carreira no mercado financeiro e havia ajudado a gestora numa empreitada semelhante, a criação de uma startup de etanol, mais tarde vendida ao grupo Odebrecht.

A missão de Batista foi cumprida em janeiro, quando a americana Henry Schein — maior distribuidora de produtos médicos, odontológicos e veterinários do mundo — completou a aquisição de mais de 90% de participação da Dental Cremer, por um múltiplo equivalente a 15 vezes o lucro operacional, o dobro do que pagou em outras negociações na Europa, segundo apurou a reportagem de EXAME. O interesse se explica: o Brasil tem a maior população de dentistas do mundo, com 289 597 profissionais habilitados — 47% maior do que a americana, por exemplo. Procurada, a Tarpon, que vendeu totalmente sua participação na empresa, não quis comentar. “Procuramos por décadas uma empresa que pudesse nos ajudar a ter uma participação relevante num mercado com alto potencial como o brasileiro”, diz Stanley Bergman, presidente da Henry Schein, cujo valor de mercado hoje é de 14 bilhões de dólares.

Para crescer, Batista e seus sócios na Tarpon — que tiveram menos sorte na BRF (veja reportagem na pág. 76) — empregaram na companhia parte da fórmula de sua atual controladora, fundada em 1932 em Nova York. Com a lógica de fidelizar clientes, a Henry Schein cresce a uma média de 15% ao ano desde que abriu o capital em 1995. Uma das medidas responsáveis por seu sucesso foi investir no desenvolvimento de um software capaz de ajudar os dentistas na gestão financeira, no controle de estoque e na agenda de consultas. Na Dental Cremer, que copiou a ideia, uma compra de qualquer valor dá acesso a um programa semelhante. Mas, para usá-lo, é preciso continuar comprando pelo menos uma vez por mês.

Com a intenção de acelerar o crescimento, a companhia brasileira passou a fazer também algo diferente — ampliou drasticamente o portfólio além dos produtos especializados. A ideia é vender qualquer coisa que o dentista precise em seu consultório. Para isso, Batista estabeleceu a seguinte regra: a cada três dentistas que telefonassem para a central de vendas em busca de um produto, o item entraria imediatamente para a lista de compras e passaria a fazer parte do catálogo. Em paralelo, a empresa atraiu pacientes às clínicas, distribuindo panfletos com 100 reais de desconto em consultas.

O mesmo valor podia ser trocado pelos dentistas por produtos. “Muitas dessas ideias foram sugestões dos próprios vendedores”, diz Batista, que também investiu em incentivos. O treinamento deles se tornou mais técnico e, com o portfólio maior, aumentou de duas para 12 semanas. As comissões sobre vendas agora compõem 60% dos salários, antes eram 5%. Na outra ponta, o executivo negociou descontos com 90 dos principais fornecedores e a exclusividade na distribuição de cinco deles, como a fabricante de cadeiras e instrumentos de mão Gnatus, dona de 25% do mercado de equipamentos.

A contrapartida que ele oferece é ganho de escala, potencializado pela abertura de uma loja online em 2012. Hoje, a cesta de compras na Dental Cremer está de 10% a 25% mais barata do que a oferecida pelas rivais. Não demorou para a concorrência sofrer. “Algumas dentais fecharam e muitas estão em recuperação judicial”, diz Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da associação da indústria de equipamentos médicos.

A tônica na companhia continua a ser abrir novas frentes de expansão. Em agosto, a Dental Cremer passou a prestar consultoria para construir ou reformar clínicas odontológicas. A divisão já representa 6% das vendas. Como ampliar o portfólio sem aumentar demais a complexidade do negócio? Batista fechou contratos com empresas especializadas, que mantêm funcionários de atendimento exclusivo. É o que acontece também no caso de pacotes de viagens. As semelhanças da Dental Cremer com a nova controladora facilitaram a ausência, pelo menos até agora, de choque cultural. Leia também: Como programas de incentivo podem engajar o time e otimizar custos? Patrocinado

Os planos da multinacional incluem a expansão nas áreas de produtos odontológicos e veterinários, com novas aquisições. Antes da Dental Cremer, a Henry Schein já havia adquirido 50% da catarinense Speed Graph, em 2014, que fatura 155 milhões de reais. E, em janeiro, 51% da carioca Tecnew, distribuidora de produtos de saúde animal, com vendas de 70 milhões de reais. “O Brasil será nossa base para expansão na América Latina e para vender os produtos brasileiros em nossas outras operações”, diz Bergman. Em 2015, a britânica Bunzl comprou a mineira Dental Sorria, com receitas de 30 milhões de reais por ano. A briga pela consolidação do mercado só começou. E está claro que a Henry Schein não vai querer ficar para trás.


O voto em lista fechada é mesmo uma péssima ideia?


Rechaçada por manifestantes, lista fechada pode ser apresentada para a Comissão de Reforma Política na próxima semana - será que a proposta é mesmo ruim?





São Paulo – Pela enésima vez (ok, estamos sendo hiperbólicos), volta à pauta do Congresso uma lista de propostas de mudanças na maneira como os políticos são eleitos.

A expectativa é que o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da comissão especial da reforma política na Câmara, apresente seu parecer sobre o assunto na próxima semana.

Entre as mudanças que serão recomendadas por Cândido está a proposta de adoção do voto em lista fechada já nas próximas eleições – ideia reprovada por manifestantes que foram às ruas neste domingo (26), em atos organizados por grupos como Vem pra Rua e MBL.

Por esse sistema, o eleitor não vota diretamente no candidato mas sim em uma lista ordenada previamente por cada partido. Ganham mais cadeiras na Câmara e no Senado aquelas siglas que obtiverem mais votos e que deverão preencher as vagas com os primeiros da lista.

Esse é o modelo adotado em países como Itália, Portugal, Espanha, Argentina e África do Sul, segundo estudo do professor Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentado este mês na Câmara dos Deputados.

Para alguns, a proposta é mais uma manobra dos políticos envolvidos na Operação Lava Jato para se manter no poder. Para outros, como o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma alternativa mais democrática para o atual sistema.


O QUE TEMOS HOJE


No Brasil, por ora, deputados, senadores e vereadores são eleitos por meio do sistema proporcional com lista aberta. De acordo com esse modelo, os eleitores votam diretamente em cada candidato. No entanto, os mais votados nem sempre serão eleitos – e essa é a principal crítica do ministro Barroso.

Isso porque o que importa nesse sistema é o número de votos que cada partido recebeu. Uma legenda só elege um candidato ao atingir o chamado quociente eleitoral (que é o total de votos válidos em cada circunscrição pelo número de eleitores).

Quanto mais votos o partido ou a coligação receber, mais cadeiras terá direito. Só então essas vagas serão preenchidas pelos candidatos mais votados daquele grupo.


POR QUE PODE SER BOM


Transparência: Um dos pontos positivos da lista fechada é que essa relação entre voto e quem é eleito ficaria mais transparente. Ao votar naquela ordenação de políticos, o eleitor teria consciência exata de quem poderia ganhar o pleito – o que, no fim das contas, não acontece agora.

Além disso, segundo os defensores da medida, de certa forma, os partidos já têm uma espécie de “lista fechada velada” quando decidem distribuir recursos da legenda para um grupo de candidatos em detrimento de outros. Saiba mais: PSDB irá apresentar proposta com lista fechada em 2018

Equilíbrio: Segundo especialistas, se bem regulada, a lista fechada poderia também tornar mais equilibrada a representação de gêneros e minorias no Congresso.

Pela lei, cada partido ou coligação devem ter a cota mínima de 30% de mulheres entre seus candidatos. Mas entrar para uma corrida eleitoral é bem diferente de ganhá-la – principalmente, quando os recursos são distribuídos de maneira desigual. No fim, as mulheres representam apenas 10,8% do total de membros do Congresso.

Para minimizar esse problema, o modelo que será proposto pelo relator da comissão especial da reforma política prevê que a cada três candidatos ordenados na lista fechada, um seja mulher.

Custo: Para os especialistas consultados por EXAME.com, o voto em lista pode reduzir drasticamente os custos de campanha já que o embate seria entre as siglas e não mais entre candidatos.

“Hoje, o candidato a vereador e deputado têm que competir pelos votos com outros candidatos mais parecidos com ele. Por isso, a questão do dinheiro é fundamental”, afirma Wagner Romão, professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a EXAME.com.


POR QUE PODE SER RUIM


Uma das principais consequências da lista fechada é o (maior) fortalecimento de partidos. O porém: isso poderia acentuar alguns dos principais problemas do sistema partidário brasileiro.

Afastar (ainda mais) eleitores da política: Em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo, o ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto afirmou que a lista fechada poderia instalar uma “partidocracia” – um sistema de governo que transfere o poder dos eleitores para as legendas.

Esse é um problemão em um contexto de descompasso entre partidos e cidadãos. O efeito poderia ser perverso: sem identificação com quem está no poder, os eleitores poderiam se afastar ainda mais da política.

Mais força para os caciques: Sem ferramentas democráticas para compor as listas e com eleitores mais distantes da política, o resultado é um só: sobra espaço e poder para os líderes partidários – que já não são fracos hoje. Eles é que teriam liberdade para ordenar, sozinhos, cada lista. E o que era para ser um governo de muitos, na teoria, viraria um governo de poucos.

Manutenção do status quo: Nessa toada, chegamos ao risco Lava Jato. Um dos principais argumentos propagados contra a lista fechada é de que ela permitiria que políticos suspeitos de corrupção e, portanto, desacreditados da opinião pública, tivessem condições para se manter no poder.

Um levantamento do Broadcast Político, do Grupo Estado, revela que políticos na mira da Lava Jato ocupam cargos de comando em nove dos 10 partidos com as maiores bancadas na Câmara dos Deputados.

Como já vimos, num cenário mais realista, são essas pessoas que influenciariam a escolha dos candidatos – e salvar a própria pele das investigações, de fato, seria uma das prioridades.

Mais do que isso: em um contexto de fortalecimento dos atores da velha política, não haveria espaço para o novo – uma das principais demandas dos eleitores nos últimos anos. E aí voltamos ao primeiro problema dessa série.


REFORMA DA REFORMA


O professor Wagner Romão, da Unicamp, contesta esses argumentos com uma ideia simples: “Vai ganhar quem tiver a lista mais coerente”. Ponto.

Ou seja: caberia exclusivamente ao eleitor rechaçar e punir qualquer time de candidatos com problemas – mesmo que pontuais – de ordem ética (ou outras questões). Com isso, na visão do professor, os partidos se veriam forçados a pender para a coerência ideológica e a selecionar candidatos cada vez mais qualificados (mesmo).

De qualquer forma, é unânime entre analistas políticos a ideia de que mudanças isoladas no sistema não são suficientes para revolucionar, de fato, a maneira como se faz política no Brasil. Se o voto em lista for realmente aprovado, ele deveria vir acompanhado de outras reformas – a começar pela estrutura interna dos partidos.

“Nós devemos parar de pensar pontualmente. Se for fazer reforma política tem que ser pensada em algumas frentes. Lista fechada? Desde que a gente mexa nos partidos. Não dá para entregar um cheque em branco para os partidos. O cidadão tem que fazer parte de direito e de fato”, diz Diogo Rais, professor de Direito Eleitoral da FGV-Direito SP.

Estudos (como um de 2013 do professor Jairo Nicolau, da UFRJ) mostram que crises políticas – como a do mensalão, em 2005, e a onda de protestos de 2013 – são contemporâneas de períodos em que propostas para reformar a política dominaram a pauta do Congresso (e dos veículos de imprensa).

As mudanças que serão apresentadas na próxima semana também não podem ser vistas como fenômenos isolados da atual crise política – que tem a Lava Jato como sua principal protagonista. E isso deve, sim, ser levado em conta durante o debate – inclusive para se pensar em propostas para mitigar os fatores que propiciaram um dos maiores escândalos de corrupção do país.

As campanhas altamente custosas e a doação eleitoral como método para maquiar propina estão no cerne desse problema. Logo, medidas que reduzam os custos da corrida eleitoral e reformulem a relação já contaminada entre empresas e políticos são bem-vindas.

A lista fechada seria uma das alternativas para resolver o primeiro problema. Mas, se aprovada, não pode vir sozinha sob a pena de endossar os vícios da velha política.