terça-feira, 4 de julho de 2017

Odebrecht Transport vende controle na concessionária Ótima


Segundo fontes, a empresa RuasInvest, que já tem 17,65% da Ótima, vai pagar cerca de R$ 50 milhões pela participação de 58,7% da Odebrecht 

 





São Paulo – A Odebrecht Transport fechou a venda de sua participação na concessionária de mobiliário urbano Ótima para o grupo RuasInvest Participações, apurou o Estado.

A empresa é responsável pela instalação e manutenção dos pontos de ônibus em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de fazer a exploração comercial dos painéis publicitários instalados junto aos abrigos.

Em São Paulo, o contrato da empresa com a prefeitura envolve investimentos de R$ 636 milhões durante 25 anos de concessão. No Rio, a concessionária tem contrato para atender os pontos da área do Porto Maravilha por 15 anos.

Segundo fontes, a empresa RuasInvest – que já tem 17,65% da Ótima – vai pagar cerca de R$ 50 milhões pela participação de 58,7% da Odebrecht na concessionária. Com isso, o grupo passará a deter 76,35% da empresa.

As negociações para a venda da Ótima começaram no segundo semestre do ano passado. Com o envolvimento da Odebrecht na Operação Lava Jato e necessidade de fazer caixa para honrar outros compromissos, quase todos os ativos foram colocados à venda, especialmente aqueles que não fazem parte de seus negócios estratégicos, afirmou uma fonte próxima à empreiteira.

Durante esse tempo, a Ótima foi oferecida – sem sucesso – para alguns fundos de investimento e quase foi vendida para a multinacional francesa JC Decaux, responsável pelos relógios públicos em algumas cidades do Brasil, como São Paulo.

No entanto, a RuasInvest sempre teve o direito de preferência, ou seja, ainda que um outro comprador se interessasse, a empresa poderia intervir e comprar a participação.

O grupo é dono da Caio – Induscar, empresa do segmento de carrocerias para ônibus. Além disso, tem participação na concessionária da Linha 4 do Metrô de São Paulo; na concessionária Move São Paulo, responsável pela construção da Linha 6 de Metrô de São Paulo; e no Banco luso-brasileiro.

Agora, o grupo será controlador da Ótima ao lado dos acionistas Band (17,65%) e Kalitera (6%). A concessionária tem dívida de quase R$ 250 milhões e faturou cerca de R$ 150 milhões em 2016.

Neste ano, com a crise econômica, as receitas devemcair. Uma fonte a par do assunto afirma que a empresa ainda não está dando lucro, já que está em fase de realização de investimentos pesados.

A venda da concessionária já foi aprovada pelo Conselho de Administração da Odebrecht TransPort e está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Mas a expectativa é que não haja nenhum entrave na conclusão do negócio.


Ativos à venda


Além da Ótima, vários outros ativos da Odebrecht Transport estão sendo negociados no mercado. A canadense Brookfield, por exemplo, assinou contrato de exclusividade com a empresa para avaliar todos os ativos rodoviários, que somam 1.779 quilômetros de estradas.

Na concessionária RioGaleão, que administra o aeroporto do Rio, a participação da Odebrecht deve ficar com o grupo chinês HNA, sócio da Azul Linhas Aéreas. Na Embraport, terminal portuário em Santos, a expectativa é que sócia DP World fique com a fatia da empreiteira.

Procuradas, Odebrecht e RuasInvest não se manifestaram. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cade aprova aquisição de fatia de 30% da Nextel pela AINMT


O contrato ainda confere à AINMT a opção de ampliar sua participação para 60%, assumindo o papel de acionista controlador da Nextel

 



São Paulo – O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a aquisição de uma participação de 30 por cento da Nextel pela AINMT Brasil Holding, que é controlada pelo Grupo Access e ainda não opera no Brasil, segundo despacho publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira.

Em 6 de junho, a Reuters noticiou que acordo entre a NII Holdings, dona da marca Nextel no Brasil, e o grupo escandinavo AINMT, por meio do qual a controladora da operadora norueguesa Ice poderia investir até 200 milhões de dólares na brasileira Nextel.

Inicialmente, a AINMT investiu 50 milhões de dólares em uma fatia de 30 por cento da Nextel.

Mas o contrato confere à AINMT a opção de ampliar sua participação para 60 por cento, assumindo o papel de acionista controlador da Nextel, conforme parecer no site do Cade.

O documento ressalta, ainda, que a operação “não oferece riscos ao cenário concorrencial brasileiro”, já que o Grupo Access não possui em seu portfólio empresas que atuam no mesmo segmento da Nextel.
  

Governo italiano assume o controle do Monte dei Paschi di Siena


Controle formal ocorreu no mesmo dia em que a Comissão Europeia aprovou o pedido de recapitalização da instituição em 5,4 bilhões de euros do banco

 




Milão – O governo da Itália assumiu formalmente o controle do banco Monte dei Paschi di Siena, no mesmo dia em que a Comissão Europeia aprovou o pedido de recapitalização da instituição em 5,4 bilhões de euros (US$ 6,1 bilhões).

O governo italiano trabalhava para formalizar a medida nos últimos meses. Na semana passada, o banco central do país havia declarado que um acordo de socorro estava perto de ser finalizado.

“O controle do Monte dei Paschi di Siena pelo governo está totalmente de acordo com o que é permitido pelas diretrizes da União Europeia”, informou o ministro de Economia da Itália, Pier Paolo Padoan, em coletiva de imprensa.
 

Dono da Zara é o homem mais rico da Europa, segundo revista


Segundo a revista econômica "Bilan", Amancio Ortega tem uma fortuna estimada em 73,089 bilhões de euros

 




Genebra – Fundador do grupo Inditex, que detém marcas como a rede de lojas Zara, o espanhol Amancio Ortega é o homem mais rico da Europa, segundo a classificação da revista econômica “Bilan” divulgada nesta terça-feira e na qual o brasileiro Jorge Paulo Lemann aparece em nono.

Ortega tem uma fortuna estimada em 73,089 bilhões de euros, segundo a publicação, que afirma que a riqueza acumulada das cem pessoas com os maiores patrimônios no Velho Continente aumentou 19% em comparação com a lista de 2016.

Em segundo lugar aparece o francês Bernard Arnault, proprietário do conglomerado de moda de luxo LVMH, que subiu três posições e possui uma fortuna de 46,588 bilhões de euros, um aumento de 70% em relação ao ano passado. Este aumento se deve, sobretudo, à grande valorização das ações das suas participações na LVMH e na Hermès, segundo a “Bilan”.

Em terceiro lugar está a família Kamprad, fundadora da gigante sueca de móveis Ikea, com um patrimônio de 39,554 bilhões de euros, 15% a mais que em 2016, e em quarto aparece a herdeira do grupo francês de produtos cosméticos L’Oréal, Liliane Bettencourt, com 36,549 bilhões de euros.

O brasileiro Jorge Paulo Lemann, do grupo 3GCapital e que vive na Suíça, é o nono colocado, com 26.765 milhões de euros.

A lista é dominada por alemães que controlam ou têm participação em empresas como as automobilísticas BMW e Porsche, a de consumo Henkel e as de supermercados Aldi e Lidl, assim como por multimilionários russos nos setores de matérias-primas e aço.

A Alemanha lidera o ranking por países com 27 representantes, seguida pela Rússia, com 16, a França, com 14, e a Itália, com 10.

15 compras bilionárias que sacudiram o ano – até agora

Seja para abocanhar uma concorrente ou para entrar em um segmento novo, dezenas de companhias realizaram fusões e aquisições de peso

 






São Paulo – O ano mal chegou na metade e grandes negociações já abalaram diversos mercados. Seja para abocanhar uma concorrente ou para entrar em um segmento novo, dezenas de companhias realizaram operações de peso.

A Amazon fez sua maior aposta no mundo físico, a Heineken se tornou a segunda maior companhia de cervejas do Brasil e a Natura ganhou o mercado internacional com a compra da The Body Shop.

Confira um resumo das 15 principais fusões e aquisições bilionárias que sacudiram o mercado no primeiro semestre do ano.

Luxottica e Essilor

 

Uma companhia de armações de óculos se uniu à uma que fabrica as lentes. A empresa francesa de lentes ópticas Essilor International e a fabricante de armações de óculos italiana Luxottica anunciaram, em 16 de janeiro, um acordo de fusão que dará origem a um gigante do setor com valor de mercado estimado em 46,3 bilhões de euros.

British American Tobacco (BAT) e Reynolds

 

A British American Tobacco (BAT) assumiu o controle total da Reynolds, dona do Camel, por 49,4 bilhões de dólares. Com a operação, a BAT, dona da marca Lucky Strike, incorpora as 57,8% ações restantes que não estavam sob seu controle e cria a maior companhia de tabaco listada em receita e valor de mercado. A compra foi fechada no dia 17 de janeiro.

Reckitt Benckiser e Mead Johnson Nutrition

 

A Reckitt Benckiser afirmou, em 10 de fevereiro, que comprou a Mead Johnson Nutrition, fabricante do suplemento alimentar Sustagen. A RB é dona dos materiais de limpeza Veja e Vanish, além dos preservativos Durex e das pastilhas Strepsils. O valor total da aquisição foi de cerca de 16,7 bilhões de dólares. A compra deverá impulsionar os ganhos da RB, que em 2016 cresceu mais lentamente por conta de dificuldades na Europa e em países emergentes como o Brasil.

Heineken e Brasil Kirin

 

O mercado de cerveja no Brasil ficou mais concentrado. No dia 13 de fevereiro, a Heineken anunciou que adquiriu a Brasil Kirin, dona da Schin e Devassa. Com a compra, a companhia holandesa passa a ser a segunda maior fabricante de cervejas do mercado brasileiro, atrás da Ambev. A japonesa Kirin diz que deixou o Brasil por conta da crise econômica. O valor da aquisição foi de 664 milhões de euros. Em comunicado, a Heineken afirmou que o portfólio da Brasil Kirin é complementar ao seu negócio. Os fluxos da internacionalização: O Mundo Corporativo te mostra que conexão é a palavra de ordem da nova globalização
 

Johnson & Johnson e Actelion

 

O gigante americano da farmácia e dos produtos de higiene Johnson & Johnson pagou 30 bilhões de dólares pelo para tomar o controle do laboratório suíço Actelion, a maior empresa biofarmacêutica da Europa. A Johnson & Johnson prevê que esta transação, fechada em 26 de janeiro, leve imediatamente a uma alta de seu lucro líquido.

Restaurant Brands Internacional e Popeyes Louisiana Kitchen

 

Depois que sua oferta de 143 bilhões de dólares pela Unilever foi recusada, a Kraft Heinz, do fundo 3G Capital e da Berkshire Hathaway, buscou novas oportunidades de compra. A Restaurant Brands International, rede controlada pelos fundos, fechou em fevereiro a aquisição da rede Popeyes Louisiana Kitchen, baseada em frango frito. A RBI é controladora do Burger King e, desde 2014, da canadense Tim Hortons, de doughnuts e cafés. Agora, acabou de abocanhar mais uma concorrente. O valor da aquisição é de 1,8 bilhão de dólares.

Opel, da GM, para Peugeot e BNP Paribas

 

A General Motors (GM) vendeu sua unidade europeia, a Opel, para a Peugeot e o BNP Paribas, por 2,2 bilhões de euros (US$ 2,33 bilhões). Pelo acordo, firmado em 6 de março, a Peugeot pagará 1,3 bilhão de euros pelas marcas Opel e Vauxhall. Já as operações financeiras da Opel serão adquiridas em conjunto pela Peugeot e pelo BNP Paribas, por cerca de 900 milhões de euros. Com a transação, a GM ganha a possibilidade de adquirir até 4,2% do capital da Peugeot.

HPE e Nimble Storage

 

A Hewlett Packard Enterprise informou que vai comprar a empresa de soluções de armazenamento de dados Nimble Storage, como parte de sua estratégia voltada ao mercado de tecnologia da informação, em rápido crescimento. A compra foi feita no dia 7 de março por 1,09 bilhão de dólares em dinheiro. Além disso, em janeiro, a HPE adquiriu a empresa de software em nuvem SimpliVity por 650 milhões de dólares em dinheiro.

Coach e Kate Spade

 

De olho na Geração Y, A Coach anunciou no dia 8 de maio que comprou a Kate Spade por US$ 2,4 bilhões. A varejista de luxo estava à venda desde o início do ano. Para Victor Luis, CEO da fabricante de bolsas e acessórios de luxo, “a Kate Spade tem uma posição de marca verdadeiramente única e diferenciada com amplo sortimento de produtos de estilo de vida e de forte reconhecimento entre os consumidores, especialmente millienials”.

Itaú Unibanco e XP Investimentos

 

Em maio, uma operação surpreendeu a muitos. O Itaú Unibanco comprou uma participação de 49,9% da XP Investimentos por 6,3 bilhões de reais.  A maior corretora independente do país cresceu se dizendo contrária a cultura dos bancos. A companhia acalmou o mercado e fez questão de frisar que o Itaú não terá voz no comando da corretora, já que os papéis com direito a voto continuam, pelo menos até 2023, com o fundador Guilherme Benchimol e seus sócios originais.

Neoenergia e Elektro

 

O grupo de energia elétrica Neoenergia irá incorporar a Elektro. As duas elétricas têm como sócio comum a espanhola Iberdrola. A fusão, anunciada em 8 de junho, irá criar a maior empresa de distribuição de energia do Brasil, com faturamento próximo de R$ 20 bilhões. A Neoenergia ainda tem como sócios a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e o Banco do Brasil.

Natura e The Body Shop

 

Com uma aquisição, a Natura entrou com força no mercado internacional. A fabricante de cosméticos brasileira disse em dia 9 de junho que comprou a The Body Shop, da francesa L’Oréal, por 1 bilhão de euros. Com o negócio, a companhia atinge números grandiosos: o faturamento salta para 11,5 bilhões de reais, serão 17.000 funcionários, 3.200 lojas espalhadas pelo mundo e um portfólio de mais de 2.000 produtos. A Natura já havia comprado a Aesop no ano passado.

Amazon e Whole Foods Market

 

Em 16 de junho, aconteceu uma transação que sacudiu o varejo internacional. A Amazon comprou a rede de supermercados Whole Foods Market por cerca de 13,7 bilhões de dólares, incluindo dívida.

A Whole Foods, uma rede de lojas com foco em produtos naturais e orgânicos, continuará a operar sob sua marca, disseram as empresas. A Amazon, que até então operava principalmente por meio de vendas online, fez sua maior aposta no mundo físico. Com a aquisição, ela ganhou uma importante rede logística e novos pontos de contato com o cliente.

Triunfo e TIL

 

A Triunfo Participações vendeu 50% no terminal portuário Portonave para a TIL, do MSC Mediterranean Shipping, parceiro da empresa no empreendimento. O valor da operação, feita em 20 de junho, foi de 1,3 bilhão de reais.

Casamigos e Diageo


Três amigos decidiram começar a fabricar tequila para suas festas no México. A marca se tornou tão conhecida que foi comprada pela Diageo, dona de marcas como Smirnoff, Guinness e Johnnie Walker, por 1 bilhão de dólares. A história já seria surpreendente, mas se torna ainda mais impressionante quando o dono da tequila comprada é ninguém menos que George Clooney. A marca de bebida Casamigos foi criada pelo ator com com Rande Gerber (marido de Cindy Crawford) e Mike Meldman e comprada no dia 22 de junho.

EUA adiarão decisão para evitar comprar etanol do Brasil


 


A possibilidade de as refinarias importarem etanol do Brasil e biodiesel da Argentina para cumprir as metas de mistura obrigatória de biocombustíveis nos Estados Unidos levou o chefe da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Scott Pruitt, a repensar os índices atuais. É o que dizem fontes próximas à administração do programa.

Teria sido esse o motivo do atraso na publicação da proposta da EPA para 2018, segundo quatro fontes que estão acompanhando as deliberações. Pruitt estuda uma redução nos volumes obrigatórios para que as refinarias possam preenchê-los majoritariamente com etanol de milho e biodiesel de fabricação local.

A EPA já havia enviado uma proposta à Casa Branca, que fixava o volume de mistura em 15 bilhões de galões (57 milhões de litros) de combustível renovável, mas, por temor às importações, o órgão está sendo levado a refazer suas contas, segundo fontes que pediram anonimato.

O debate surge num momento em que o presidente Donald Trump começa a botar em prática a política America First nas relações comerciais. Numa tentativa de respaldar empresas americanas e resguardar a segurança nacional, o governo estuda a imposição de tarifas alfandegárias sobre produtos importados como o aço e o alumínio. Após reunir-se com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, na última quinta, Trump afirmou que o país asiático precisa parar de exportar “aço com dumping” (preço artificialmente baixo para destruir a concorrência) para o mercado americano.

No começo de junho, num discurso em Iowa tratando dos esforços para priorizar a energia gerada nos Estados Unidos, Trump declarou: “Por sinal, estamos salvando as usinas de etanol”. Na semana passada, ele exaltou ainda a “superioridade energética americana” e a capacidade de as exportações americanas suprirem as demandas energéticas mundiais.

As controvérsias comerciais já contaminaram o mercado de biocombustíveis. Produtores americanos de biodiesel entraram com uma representação contra as importações vindas da Argentina e da Indonésia, pedindo que o governo crie tarifas alfandegárias para compensar os subsídios injustos e o dumping praticado por esses países.

Ao contrário do que acontece com essas investigações comerciais, a EPA tem um poder limitado para desestimular a importação de biocombustíveis pelas regras do programa, instituído pelo Congresso. O programa visa a fomentar a produção de combustível local, mas suas cotas se aplicam a todos os combustíveis renováveis, não importando a origem.

Se a EPA vier mesmo a tomar medidas para restringir as importações, o resultado pode ser um salto no valor dos créditos usados para o cumprimento das metas, o que “encareceria o custo para o consumidor de forma expressiva”, segundo Mike McAdams, presidente da Advanced Biofuels Association.

“Se você quer mandar a conta para o consumidor, Sr. Secretário, vá em frente e reduza a cota para combustíveis importados com sua míope política de América em primeiro lugar”, afirmou o presidente da associação, que conta com produtores brasileiros entre seus filiados. “É preciso importar para atender às metas”, acrescentou.

Os atrasos podem dificultar o cumprimento do prazo legal (até 30 de novembro) para finalizar as cotas de biocombustível para o próximo ano. O governo Obama perdeu esse prazo repetidas vezes, só vindo a conseguir divulgá-las a tempo no ano passado. Pruitt prometeu respeitar o cronograma do programa e “honrar a vontade” do Congresso ao promulgar a mistura obrigatória.

Nenhum representante da EPA consultado pela reportagem quis comentar a respeito do assunto.

Pelas regras da Norma para Combustíveis Renováveis (RFS), instituída em 2005 pelo Congresso, as refinarias podem recorrer a importações para cumprir parcialmente as várias metas do programa e sanar déficits de abastecimento. Exemplo: embora utilizem etanol de milho fabricado nos Estados Unidos para cumprir a maior parte do volume obrigatório de 2017 (15 bilhões de galões de renováveis convencionais), as refinarias estão importando biocombustível para fechar a meta.

Segundo dados da Secretaria de Informações Energéticas dos EUA, o país importou 36 milhões de galões (136 milhões de litros) de etanol brasileiro no ano passado. Em 2012, foram 400 milhões de galões (1,5 bilhão de litros). De acordo com esses mesmos dados, as usinas americanas produziram um valor recorde de 15,3 bilhões de galões (58 bilhões de litros) de etanol em 2016.

A EPA é encarregada de fixar as cotas específicas anuais, mas possui autoridade limitada para alterar objetivos estatutários e reduzir metas. Além disso, a margem de atuação da EPA foi posta em dúvida por uma ação movida pelo setor de biodiesel, em tramitação na Justiça federal, questionando os poderes legais conferidos à agência durante o mandato do presidente Barack Obama.

Além da meta global para biocombustíveis, a EPA define parâmetros para o biodiesel, normalmente de soja; para os biocombustíveis avançados, que emitem menos carbono; e para o etanol celulósico, derivado de matérias-primas como resíduos agrícolas e algas.

O etanol de cana fabricado no Brasil entra na categoria “biocombustível avançado”, servindo, portanto, para preencher duas cotas diferentes: a de biocombustíveis avançados e a de combustíveis renováveis global.

O biodiesel importado é particularmente útil porque vale na composição de três diferentes cotas: a de avançados, a total e a de biodiesel. Pelas regras do programa, as refinarias recebem 1,5 crédito para cada galão de biodiesel misturado aos derivados de petróleo 

(Bloomberg, 3/7/17)

Liberdade econômica cerceada: a vedação ao marketing advocatício no Brasil




Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal


Estratégias de marketing são inerentes a toda e qualquer atividade econômica, visando, essencialmente, a otimização do lucro por meio da adequação da produção e da oferta de mercadorias ou serviços às necessidades e preferências dos consumidores. Recorre-se, com este intuito, a pesquisas de mercado, campanhas publicitárias, atendimentos pós-venda, e outras ações similares.

Todo empreendedor, portanto, precisa preocupar-se com a adequada divulgação de sua marca, mantendo um canal de relacionamento com seus clientes, propiciando-lhes tomar conhecimento dos bens por ele disponibilizados, ressaltando suas características e a conveniência de adquiri-los.

Mas nem todos os empresários, em verdade, estão submetidos a estas leis naturais que norteiam as relações comerciais travadas em um ambiente saudável de trocas voluntárias. Os advogados do Brasil, em especial, são tolhidos da possibilidade de utilizar esta importante ferramenta de ampliação da freguesia por sua própria entidade de classe, a OAB.

O código de ética e disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil é claro a respeito do tema em seu artigo 39:
A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão.
Difícil não notar a mentalidade marcadamente avessa ao capitalismo que predomina na redação do referido diploma legal. Sob o pretexto de preservar a imagem da categoria profissional em questão perante a população, ele regula sua publicidade e a restringe severamente.

Quer dizer que advogados precisam comportar-se como se suas empresas fossem instituições sem fins lucrativos? Seria imoral “captar clientela”? Seria antiético promover o estabelecimento junto ao público visando conquistar mais fatias do mercado – como quaisquer outros empreendimentos de ramos diversos o fazem? Talvez para mentes deturpadas pelo marxismo cultural, quem sabe. Para indivíduos que precisam sempre agradar seus consumidores para fechar as contas no final do trimestre, a realidade é bem outra.


PUBLICIDADE


Em linhas gerais, o conteúdo das propagandas deveria, conforme delimitado pela OAB, ater-se a informações sobre a identificação “pessoal e curricular” do advogado; campos de atuação; títulos acadêmicos e qualificações profissionais relativos a seu ofício; indicação de associações culturais e científicas de que ele faça parte; nome dos integrantes – em caso de associação de advogados; horário de atendimento e afins.

A regra geral, portanto, é a permissão da publicidade, desde que realizada com “discrição e moderação”, sendo permitida em sua modalidade informativa, e vedada em sua forma “indutiva”, conforme depreende-se dos precedentes normativos emitidos pela OAB:
“Publicidade ou Propaganda – Distinção – Moderação e Discrição – Internet e Placas Indicativas. A propaganda está mais vinculada à ideia de comércio ou mercantilização de produtos, e visa alcançar público maior, incentivando a demanda para maior lucro do empresário ou comerciante. A publicidade é a informação mais discreta, sem alardes, para público menor e direto, pressupondo a existência de interesse anterior, por menor que seja. O advogado não vende produto, mas presta serviço especializado. Eventual anúncio de advogado, na internet ou em placas indicativas, deve ser discreto, observando a mesma moderação do veiculado em jornais e revistas especializadas que, em qualquer hipótese, não poderá ser em conjunto com outra atividade.”
Os maiores prejudicados por esta imposição da OAB, sem dúvidas, são os advogados recém-ingressos na profissão, que precisam atrair clientes dos escritórios já consolidados no setor – tarefa dificultada em muito pelas barreiras ao marketing. O resultado é que aqueles empresários já estabelecidos não se veem ameaçados pelos novatos, e a concorrência resta substancialmente reduzida – para o azar dos próprios usuários de serviços advocatícios e para a degradação da já combalida segurança jurídica no Brasil.


Reserva de mercado pura e simples.


Nos Estados Unidos, pesquisas recentes revelaram que a maioria da população daquele país associa uma publicidade competente a profissionalismo e eficiência, o que teria efeito positivo na imagem dos advogados em geral – ao contrário do que afirma a OAB. Após o caso Bates vs State Bar of Arizona, de 1977, a Suprema Corte americana entendeu inconstitucional a vedação à publicidade por advogados, por violação à primeira emenda (que trata da liberdade de expressão).

Aliás, no seriado da rede AMC intitulado Better Call Saul, há uma sequência de eventos muito elucidativa sobre este mister: o protagonista da série, o advogado Saul Goodman, constata que uma clínica de repouso de idosos estaria extorquindo-os indevidamente. Resolve, então, levar ao ar um curto comercial no intervalo de um programa matutino muito apreciado pelo pessoal da terceira idade. Como resultado, centenas deles entram em contato com seu escritório a fim de ajuizar ações de indenização por danos materiais e morais, logrando, ao fim, serem ressarcidos pela atitude lesiva da empresa, e enriquecendo licitamente seu representante legal.

Eis um legítimo cenário de ganha-ganha, cujo roteiro  não tem como repetir-se no Brasil, pois o risco de ser processado por “publicidade abusiva” com base em conceitos tão subjetivos como os adotados pela OAB é deveras elevado.

Mais uma vez, mostra sua face a mentalidade paternalista das instituições brasileiras, as quais, em vez de confiar na capacidade de discernimento dos indivíduos, prefere “protegê-los” preventivamente de profissionais que supostamente estariam visando tão somente, vejam vocês…ganhar dinheiro.

O normal, pois, seria deixar na mão das próprias pessoas a tarefa de julgar a qualidade do serviço prestado pelos advogados, as quais elegeriam para dominar este nicho os melhores (enquanto conseguissem manter satisfeitos seus clientes), e relegariam ao fechamento de portas os piores – como ocorre em qualquer atividade pouco regulada pelo Estado. Se algum advogado veiculasse propaganda enganosa, sua má fama seria espalhada aos quatro ventos – fenômeno potencializado pelas redes sociais.

Mas acho que, na cabeça dos iluminados tecnocratas, jamais atingiremos tal nível de maturidade – para a felicidade dos que vivem de interferir onde não devem. Nas palavras de Thomas Sowell, os “intelectuais ungidos” sentem um profundo incômodo com a imperfeição humana, e veem no poder coercitivo do Estado o instrumento ideal para impor regras e mover os membros de uma população como se peças em um tabuleiro fossem.

Com o advento deste grave entrave à cadeia produtiva da atividade jurídica, aqueles que dela necessitam e os prestadores de serviços que poderiam atender tais demandas ficam impossibilitados de encontrar-se no livre mercado, atrasando, inclusive, a disseminação das soluções transacionais ou autocompostas (técnicas conhecidas como mediação ou arbitragem), as quais possuem o condão de acelerar a resolução de conflitos e reduzir o tempo de tramitação de lides no Judiciário (por dispensarem a prestação jurisdicional estatal).

O intervencionismo governamental no marketing empresarial, na verdade, vem se alastrando bastante nos últimos tempos. Lei Federal aprovada em 2014 proibiu a publicidade voltada para o público infantil, afastando os patrocinadores de programas de desenhos animados e congêneres, e tornando tal programação um privilégio exclusivo das crianças que possuem acesso a canais fechados de televisão. Até mesmo refrigerantes estão na mira do Legislativo e podem ter suas ações de divulgação afetadas por leis arbitrárias em breve. Propagandas de Cigarros? Nem pensar.

Não há, portanto, como esperar mudanças de postura da OAB neste quesito. Seguirão de mãos amarradas, por tempo indeterminado, os profissionais do Direito em mais este aspecto de sua atuação – sendo que eles já são obrigados a aturar o anacrônico tabelamento de preços imposto pela entidade. Mas pense em atrasar o pagamento da anuidade para ver o que acontece…

Diante de um quadro tão espinhoso pintado pelo próprio Estado na iniciativa privada, que ninguém estranhe o fato de que a maioria dos bacharéis da área saiam das faculdades ávidos por cargos públicos, passando a clamar, dali em diante, por mais concursos, estimulando o inchaço do governo, em um ciclo que se retroalimenta e somente malefícios gera à sociedade.


 http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/liberdade-economica-cerceada-vedacao-ao-marketing-advocaticio-no-brasil/